sábado, 26 de setembro de 2009

115) Novidades na disputa presidencial: a ascensao de Ciro Gomes

Ciro é um aliado que incomoda
Paulo Moreira Leite e Guilherme Evelin com Marcelo Rocha e Matheus Leitão
Época, Sábado, 26 de setembro de 2009

A pesquisa do Ibope mostra que Ciro cresceu entre todas as faixas etárias do eleitorado

Na noite de 19 de agosto, o mundo de Brasília prestava atenção nos movimentos da senadora Marina Silva, que naquele dia deixava o PT, após três décadas de militância. Ninguém reparou na presença de um grande número de autoridades no Palácio da Alvorada, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebia convidados para um jantar em que o cardápio eleitoral estava à mesa. Pelo PT, compareceram a ministra Dilma Rousseff, vários deputados, senadores, ministros e lideranças do partido. Pelo PSB, vieram o deputado Ciro Gomes, o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, e outros dirigentes.

O encontro foi amistoso e terminou em ambiente de fraternidade. Nas despedidas, estava claro que havia divergência entre os aliados. Convencido de que a transformação da eleição presidencial de 2010 num plebiscito entre seu governo e o de Fernando Henrique Cardoso será a melhor forma de garantir a vitória, Lula defendeu que o conjunto de partidos que apoiam o Planalto entrasse na campanha em defesa de uma candidatura única, da ministra- -chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que ele mesmo escolheu e impôs ao PT.

Com índices de popularidade nada desprezíveis, além de duas campanhas presidenciais no currículo, Ciro deixou claro que também gostaria de concorrer. Argumentou que sua presença poderia ser uma boa estratégia para vencer a oposição. Quando ficou claro que não seria possível chegar a um acordo, todos decidiram adiar a decisão. "Você faz como quiser, e em março a gente resolve", disse Lula. Ele parecia convencido de que, até lá, seria possível persuadir Ciro a abandonar seus planos presidenciais e entrar na campanha de 2010 como candidato ao governo paulista, num pleito dificílimo contra o tucano Geraldo Alckmin.

Na semana passada, com a divulgação dos números da última pesquisa CNI/Ibope, alguns dos presentes àquele jantar puderam perceber a desvantagem de adiar sua decisão. A pesquisa desenhou um novo panorama para a sucessão:

• como era esperado, Marina cresceu. Com tão pouco tempo de vida útil fora do PT, soma 8% das intenções de voto;

• surpreendentemente, Ciro acumula 17% das intenções de voto, num avanço de 5 pontos em quatro meses;

• Dilma recuou 3 pontos e aparece em empate técnico com Ciro;

• o governador paulista, José Serra, principal candidato no PSDB, ainda lidera a pesquisa, mas perdeu 4 pontos.

É evidente, portanto, que a eleição deixou de se apresentar como um plebiscito entre Dilma e Serra, como desejava o Planalto. A principal novidade é a ascensão de Ciro. "Ele foi o que mais cresceu", diz Márcia Cavallari, diretora do Ibope. Numa simples simulação, quando o Ibope retirou o nome de Serra entre os pretendentes, Ciro ficou em primeiro lugar, com 25% das intenções de voto, o dobro do governador mineiro, Aécio Neves, segunda opção do PSDB.

É verdade que os números do Ibope receberam uma proteína especial. Nos dias anteriores à pesquisa, o PSB inundou as TVs de todo o país com a propaganda política no horário nobre, o que sempre ajuda a ativar a preferência do eleitor ao responder às pesquisas. Mas os dados trazem tendências que podem mudar os rumos da campanha. A alta de Ciro – combinada à entrada de Marina na disputa – obriga todos os participantes a redesenhar suas estratégias. Ciro cresceu em todas as faixas etárias. Entre os brasileiros de nível superior, Dilma caiu 7 pontos, e Serra caiu 5 pontos. Ciro subiu 9. Ciro ainda subiu 4 pontos na Região Sudeste, que abriga o maior colégio eleitoral do país, e 9 pontos no Norte- -Centro-Oeste. No Sul, cresceu 8 pontos. "De uns tempos para cá, Ciro parece outro homem", diz um governador. "Está feliz, sorri, conta piadas. Tudo parece bem para ele."

A dúvida que se coloca agora diante de todos é: será que essa onda Ciro tem sustentação no futuro? Até que ponto ele estará disposto a entrar em disputa com a candidata do presidente mais popular da história do Brasil? Pela coreografia imaginada no Planalto, já era hora de Ciro partir para o sacrifício geográfico e preparar-se para o confronto com Alckmin. Com bons índices de popularidade em São Paulo, ele poderia ajudar a levantar o palanque de Dilma e impedir o PSDB de cravar uma vantagem de até 6 milhões de votos com os paulistas. Essa é uma diferença que mesmo um cabo eleitoral tão poderoso como Lula teria dificuldade para compensar em outras regiões.

Interessada em contar com o prestígio de Lula nos palanques estaduais, a executiva do PSB apoia o acordo paulista por ampla maioria. Antes da pesquisa eleitoral, Ciro estava disposto a cumprir pelo menos uma formalidade indispensável: transferir seu domicílio eleitoral do Ceará para São Paulo, num prazo que vence nesta sexta-feira, 2 de outubro. Seria, pelo menos, um sinal de que ele estaria disposto a entrar no jogo de Lula. Depois da pesquisa, Ciro ficou tão animado com a perspectiva de disputar o Planalto que ele se recusa a fazer isso. Ciro acha que os eleitores podem interpretar a mudança de domicílio como prova de incerteza quanto à candidatura presidencial. Embora diga que está disposto a ouvir argumentos de aliados, em especial do presidente Lula, e reafirme que "cumprirá o que o partido decidir", sua postura é de quem não pretende mudar de ideia. “Antes, a transferência era provável", diz um dos governadores do PSB. "Agora é apenas possível.

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O número 2 de Lula
Otávio Cabral
Veja, Sábado, 26 de setembro de 2009

DIVISÃO DE TAREFAS
Dilma seguirá o roteiro de herdeira de Lula, enquanto Ciro se encarregará de atacar os tucanos: o compromisso fechado com o presidente é que não haja fogo amigo entre seus aliados
OBSESSÃO
Lula quer garantir um candidato oficial no segundo turno. Mas quem?

Para o presidente Lula, eleger o sucessor em 2010 é uma obsessão. Ele é dono de índices espetaculares de aprovação, coleciona comendas mundo afora e está convicto de que a história do Brasil será dividida entre os períodos a.L. e d.L. – antes de Lula e depois de Lula. A derrota nas urnas de um herdeiro político não cabe nesse currículo. Há mais de seis meses o presidente está em campanha apresentando nos palanques sua candidata, a ministra Dilma Rousseff. Até agora, porém, a fama de eficiente dela e a popularidade dele não têm se transformado em intenções de voto no volume esperado. O que parecia ser a receita correta para o continuísmo está se mostrando um fracasso na prática. Diante do quadro até agora desfavorável, Lula pôs em andamento um plano alternativo. O governo decidiu dividir as bênçãos da aprovação plebiscitária de Lula entre Dilma e um segundo nome identificado com a atual administração – o deputado Ciro Gomes, do PSB.

Disputar a eleição presidencial com dois candidatos ungidos pelo Planalto parece, à primeira vista, mais uma daquelas obras de arquitetura política muito atraentes no papel, mas que não se sustentam no mundo do concreto. A estratégia faz mais sentido quando examinada em dois tempos. Dar publicidade a esse caminho agora aumenta, pelo menos teoricamente, a perspectiva de continuidade no poder do atual grupo governante. Isso soa como música aos ouvidos dos potenciais aliados que abominam a ideia de sentir saudade das emas do Palácio da Alvorada a partir de janeiro de 2011. Quanto maior a perspectiva de vitória, maior o poder de atração de apoios. Quem se beneficiou disso foi Ciro Gomes. O deputado apareceu na última pesquisa de intenção de voto empatado na segunda colocação com Dilma Rousseff – ambos muito atrás do governador de São Paulo, José Serra. A diferença é que Ciro está em ascensão, enquanto Dilma vem perdendo fôlego, principalmente depois do anúncio da candidatura da senadora Marina Silva, do PV.

Lula relutou em abraçar a candidatura Ciro Gomes. Nos últimos três meses, o presidente se empenhou em tentar convencer o deputado a transferir o domicílio eleitoral para São Paulo e disputar o governo estadual. Assim, com uma única tacada, ele se livraria de um adversário incômodo no plano federal e ganharia um aliado em São Paulo. As últimas pesquisas, porém, mostraram que Ciro e Dilma podem, pelo menos no primeiro turno, constituir uma aliança informal pelo parentesco ideológico e, principalmente, pelo adversário comum. Ciro é um orador inflamado, exímio construtor de frases que, a despeito da falta de lógica e amparo na realidade, têm poderoso efeito comunicador. Os julgamentos sobre o que é certo ou errado, bom ou ruim, velho ou novo, saem da boca de Ciro com a certeza de um pregador protestante. Ele faz o mundo parecer simples. Isso agrada aos ouvidos de certo tipo de eleitor incapaz ou indisposto diante do desafio de destrinchar discursos mais complexos. Nesse particular, Ciro é o oposto de Dilma. A ministra é quase sempre cerebral ao ponto de enregelar as audiências com o fogo frio de seu olhar e a cordilheira de números que deita sobre seus ouvidos.

O ponto decisivo para convencer Lula foi o fato de a estratégia ter dado certo antes. Eduardo Campos, atual governador de Pernambuco, estava em terceiro lugar, mas acabou vencendo a eleição no segundo turno. Para superar o candidato que liderava com folga todas as pesquisas, PT e PSB, aliados, lançaram cada um seu próprio candidato com o compromisso de que o perdedor apoiaria o vencedor num eventual segundo turno. Deu Campos. Diz Ciro Gomes, que adorou o arranjo: Eu não serei um candidato contra o governo ou contra Dilma. Pelo contrário, a condição para eu ser candidato é ser aliado de Lula. A candidata do partido dele é Dilma, mas ele também vai me apoiar. Na campanha, uma das principais funções do candidato do PSB, segundo o plano traçado pelo governo, será fustigar José Serra. Enquanto Dilma fará uma campanha propositiva, aos moldes do Lulinha paz e amor de 2002, Ciro vai atacar o tucano, relembrando escândalos do governo FHC e mostrando os pontos fracos do governo paulista. Ele não terá dificuldades em cumprir esse papel. Ciro, que já foi do PSDB, tem uma antiga rixa com o governador paulista. Ele abandonou o ninho tucano por desavenças políticas e pessoais com a ala paulista do partido, principalmente com Serra. Na campanha de 2002, ele atribuiu ao tucano o naufrágio de sua candidatura. Havia uma equipe de TV do Serra no meu encalço o tempo todo. Todo escorregão que eu dava estava no dia seguinte no programa de TV do PSDB, conta, ainda demonstrando muita mágoa. Ciro repetirá que o governo de Lula foi melhor que o de Fernando Henrique Cardoso e que a eleição de um novo presidente tucano seria um retrocesso. Não podemos deixar que eles voltem é bordão repetido em entrevistas e debates do candidato.

Eleitoralmente, Ciro também representa um contraponto à própria Dilma, o que pode parecer um problema, mas também já foi devidamente calculado. Lula acredita que essa diferença é útil em uma campanha, pois cada um pode enfraquecer Serra em uma frente distinta. Dilma, a número 1, é novata em disputas eleitorais, enquanto Ciro, o número 2, está no ramo há quase trinta anos. Dilma é mineira e fez carreira no Rio Grande do Sul, enquanto Ciro é paulista e fez a vida no Nordeste. A petista lutou na clandestinidade contra a ditadura quando o socialista ainda nem pensava em fazer política. Pelas pesquisas, Dilma tem mais penetração no eleitorado menos esclarecido, mais pobre e morador do interior, enquanto Ciro se destaca entre os mais escolarizados, com mais dinheiro e moradores de grandes cidades. Parece perfeito, mas o PSB e o governo têm uma preocupação capital: a personalidade do próprio Ciro. Em 2002, quando estava bem cotado nas pesquisas, ele mesmo se derrotou ao chamar um eleitor de burro em um programa de rádio. Depois, disse que a função de sua mulher, a atriz Patrícia Pillar, era apenas dormir com ele. Para tentar evitar novos contratempos, o PSB estabeleceu condições para aprovar a candidatura. Ciro não poderá falar mal de Lula e do governo, nem hostilizar o PT – e terá de manter o equilíbrio, sem reagir a provocações. Diz o deputado: A política é cruel, aprendi. Vão me provocar, mas eu vou ter de engolir, vou ter paciência, dar uma risadinha e deixar pra lá.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

114) Conhecendo o pensamento da candidata oficiosa

Sim, oficiosa, pois oficial ela ainda nao pode ser. Em todo caso, qualquer que seja o nome, sempre é bom conhecer o que pensa a candidata do governo, ou melhor, do presidente Lula.

Entrevista de Dilma Roussef à Folha de São Paulo
21 de setembro de 2009

FOLHA - O ex-presidente FHC disse que é preciso fazer um país mais aberto, não ter uma pessoa só que manda, porque hoje parece que o Brasil depende de um homem só. O que a sra. acha?
DILMA ROUSSEFF - A quem ele está se referindo?

FOLHA - Ao presidente Lula.
DILMA - Se você acha isso, eu não tenho certeza. Se tem um presidente democrático, é o presidente Lula. Agora, ele jamais abrirá mão de suas obrigações. Entre as obrigações está mandar algumas coisas. Por exemplo, fazer o Bolsa Família. Ele mandou que não fizéssemos aventura nenhuma com a taxa de inflação.

FOLHA - A declaração de FHC embute a análise de que no governo Lula houve uma maior intervenção na economia, nas estatais, na vida das empresas.
DILMA - Tinha gente torcendo para ficarmos de braços cruzados na crise. Diziam: "o governo Lula sempre deu certo, mas nunca enfrentou uma crise internacional". Apareceu a maior crise dos últimos tempos, que estamos superando. Eu acho que quem defendia que o mercado solucionava tudo, o mercado provê, é capaz de legislar e garantir, está contra a corrente e contra a realidade. O que se viu no mundo nos últimos tempos é que a tese do Estado mínimo é uma tese falida, ninguém aplica, só os tupiniquins. Nós somos extremamente a favor do Estado que induz o crescimento, o desenvolvimento, que planeja.

FOLHA - Pela declaração do ex-presidente, a sra. avalia que eles não teriam seguido a mesma receita de vocês nessa crise?
DILMA - Eu não gosto de polemizar com um presidente, porque ele tem outro patamar. Agora, os que apostam e ficam numa discussão, que, além de enfadonha, é estéril, de que há uma oposição entre iniciativa privada e governo, gostam de discussão fundamentalista. É primário ficar nessa discussão de que o governo, para não ser chamado de intervencionista, seja um governo omisso, de braços cruzados, que não se interessa por resolver as questões da pobreza nem do desenvolvimento econômico.

FOLHA - Essa maior interferência do governo não levou a uma visão estatizante da economia e a um discurso eleitoreiro, como no pré-sal?
DILMA - As acusações são eleitoreiro, estatizante, intervencionista e nacionalista. Tem algumas que a gente aceita. Nacionalista a gente aceita. Esse país não pode ter vergonha mais de ser patriota. Eu não vi um americano ter vergonha de ser patriota, nunca vi um francês. Que história é essa de nacionalista ser xingamento?

FOLHA - Nacionalista vocês aceitam. E estatizante?
DILMA - Se é o aumento da capacidade de planejar o país, de ter parcerias com o setor privado, de o Estado ter se tornado o indutor do desenvolvimento, concordo.

FOLHA - Intervencionista?
DILMA - Não somos.

FOLHA - Mas eleitoreiro?
DILMA - Não. Sabemos que quem não tem projeto vai achar tudo eleitoreiro.

FOLHA - Quando o presidente pressiona um dirigente de empresa privada, como Roger Agnelli, da Vale, não é uma ingerência indevida?
DILMA - Você acha certo exportar minério de ferro e importar produtos siderúrgicos? Ela é uma empresa privada delicada. Porque ela está explorando recursos naturais do Brasil. Você não pode sair por aí explorando os recursos naturais e não devolver nada. O presidente ficou chocado com empresas que demitiram bastante na crise sem ter consideração pelos empregos do país.

FOLHA - Isso representa prejuízo para uma empresa privada.
DILMA - Não se trata de prejuízo, se trata do tamanho do lucro, a mesma coisa da Petrobras. O que vale para a Petrobras vale para a Vale. A preocupação com a riqueza nacional é uma obrigação do governo. Eu não acho que o presidente foi lá interferir na Vale. O presidente manifestou, assim como muitas vezes os empresários manifestam, seu descontentamento, e não implica uma interferência, a gente tem de democraticamente aceitar as observações, ser capaz inclusive de aprender com críticas. Por que o presidente não pode falar?

FOLHA - A sra. acha que uma empresa privada tem de abrir mão de uma parte do lucro...
DILMA - Não estou discutindo isso. Estou discutindo é que ela, assim como a Petrobras, nem sempre pode. Se a Petrobras quiser o lucro dela só, vai fazer uma coisa monotônica.

FOLHA - O presidente pensou em tirar o Agnelli da Vale?
DILMA - Que eu saiba não. Ele não tem poder para isso. Como você disse, é uma empresa privada. O que ele fez foi externar seu descontentamento com a forma que demitiram gente. Ele não fez só para a Vale. Eu acho interessante essa história, os empresários podem falar o que quiserem que é democrático, o presidente não pode dar uma opiniãozinha que é intervencionista. Isso, diríamos assim, não é justo.

FOLHA - Durante o governo houve um grande processo de fusões de empresas no Brasil. Deu-se por um estímulo direto do governo Lula?
DILMA - São sinais dos tempos. Não tem nada de artificial. Ninguém falou "eu vou ali criar uma empresa fortíssima". As empresas estavam maduras. As que não se fundiram aqui compraram coisas lá fora.

FOLHA - A sra. defende um Banco Central independente, por lei?
DILMA - Não acho que seja necessário isso. Não vejo nenhum motivo para criar esse tipo de problema agora no Brasil, abrir esse tipo de discussão.

FOLHA - Candidata a presidente tem necessariamente de ser simpática e ter jogo de cintura?
DILMA - De preferência, ser simpático e ter um de jogo de cintura.

FOLHA - E não tendo essas características?
DILMA - A pessoa sofre.

FOLHA - A sra. vai sofrer?
DILMA - Eu não sei ainda. Mas a gente sempre sofre, não dá para achar que o mundo é um paraíso, que a gente vive em um mar de rosas.

FOLHA - O presidente tem falado, nos últimos dias, abertamente da sua candidatura a presidente...
DILMA - Pois é.

FOLHA - A sra. imaginou um dia disputar esse cargo?
DILMA - Se você perguntar para mim se alguma vez imaginei disputar, não. Imaginei não.

FOLHA - O que é ser candidata a presidente da República?
DILMA - Olha, [reflete por alguns segundos], eu acho que é para qualquer pessoa, brasileiro ou brasileira, é algo muito... Primeiro, honroso, a pessoa tem de se sentir muito honrada. Segundo, eu acho que é algo que o pessoal da minha geração, ela queria mudar o Brasil, o mundo, e queria um mundo mais justo, um Brasil mais avançado. A minha geração foi contra a pobreza, a favor dos trabalhadores, a favor do desenvolvimento do país, da riqueza do Brasil. Então eu acho que o governo Lula nos deu a possibilidade de tornar isso real. Ainda no meu período de vida, porque podia ter passado por esse período e não ter se tornado realidade. Então essa experiência no governo Lula já foi avassaladora. Eu acho, para qualquer pessoa, estou falando do meu lado, do pessoal que está tocando o governo Lula, é uma honra. E, mais do que isso, é a continuidade disso que importa.

FOLHA - A sra. poder continuar isso é uma honra?
DILMA - É uma honra, é uma honra, sem sombra de dúvidas.

FOLHA - A sra. se sente preparada para isso?
DILMA - Eu não sei, porque essa, daqui para a frente, você não me pega em mais nenhuma, tá? Porque eu não vou entrar na sua, especulando sobre candidatura.

FOLHA - Mas a sra. já falou tanto sobre isso.
DILMA - Não, não vou. Não. Agora encerramos essa conversa de candidatura. A gente retomará, oportunamente, se for o caso, em 2010. Eu todas as vezes falei do ponto de vista conceitual. Isso é um assunto para ser tratado depois das convenções dos partidos, do PT.

FOLHA - Mas a sra. disse que é uma honra?
DILMA - Para todos nós será. Para todos nós, da minha geração e dos que participam do governo Lula, é uma honra. Porque tem isso no governo Lula. A gente tem esse lado, considera uma coisa muito importante.

FOLHA - A sra. teve, na infância, esse desejo de um dia ser presidente?
DILMA - Não, eu não tive não. Isso, eu acho que é mais de homem. Na minha época eu queria ser bailarina.

FOLHA - De bailarina a presidente da República.
DILMA - Não, mas é bailarina. Menina queria ser bailarina, princesa, Cinderela. Quando menina, da minha geração, queria ser bailarina, a gente gostava muito de bailarina.

FOLHA - A sra. fez exames na semana passada...
DILMA - Não, não fiz. Vou fazer, porque na semana passada, eu ia lá fazer, mas eu saí em férias e perguntei se precisava ir. Como estava em férias, tanto faz fazer numa semana, duas semanas depois. Vou fazer no final da próxima semana. Aí nós vamos fazer de fato o anúncio oficial da minha situação de saúde. Mas eu tenho absoluta certeza de que estou curada.

FOLHA - A doença mudou o comportamento da sra.?
DILMA - Muda, muda. Você dá mais importância a coisas menores. Por exemplo, você dá importância ao sol batendo nas folhas, você olha o mundo com outros olhos. Você dá importância maior para a vida. É sobretudo isso. Quer uma síntese. Dá uma imensa importância para a vida e suas manifestações. Árvores, flores, você olha mais, e dá mais importância para o mundo de uma forma mais tranquila, mais calma. Mesmo trabalhando 24 horas por dia.

113) Por acaso, 13 corresponde ao numero do PT, mas nao com potencial 100, ao contrario

"Identificação ao PT derrota Dilma"
Heloisa Magalhães, do Rio
Valor Econômico, Quarta-feira, 23 de Setembro de 2009

A população não quer mais quatro anos de PT sem Luiz Inácio Lula da Silva, avalia o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro. Para ele, a alta popularidade do presidente República não está sendo transferida para a ministra Dilma Rousseff em grande parte devido ao desgaste do PT.

Ao comentar a pesquisa CNI/Ibope divulgada ontem, Montenegro voltou a afirmar que a ministra não tem chance. Para ele, o eleitor cada vez mais vai ficar com o sentimento de que Dilma vencendo serão "quatro anos com as coisas ruins do PT e sem as coisas boas de Lula".

Montenegro diz que, nas últimas eleições, quem estava à frente nessa altura da campanha, acabou levando. A seguir, a entrevista:

Valor: Não é cedo para tanta certeza de que Dilma não se elege?

Carlos Augusto Montenegro: Lula está tentando fabricar alguém. O PT sofreu desgaste com mensalão e aloprados. O partido perdeu a identidade, a ética, e o charme. O PT mobilizava formuladores de opinião, atores, artistas e estudantes. Tudo isso foi para o saco, acabou. Nos últimos dez anos, o PT só perdeu gente. Erundina, Plínio de Arruda Sampaio, Heloísa Helena, Luciana Genro, Marina, [Fernando] Gabeira. Só se vê gente saindo, ninguém entrando. Outros foram cassados ou se esconderam como [Luiz] Gushiken, [Antonio] Palocci, [José] Genoino, João Paulo [Cunha], José Dirceu. E os que ficaram perderam expressão, como [Aloizio] Mercadante e [Eduardo] Suplicy. O partido não tem liderança e o Lula resolveu inventar uma pessoa. Acho que o Brasil está diferente. É difícil eleger um poste, independentemente dele [Lula] estar muito bem avaliado. Principalmente sendo uma pessoa que nunca participou de eleição que não tem voto, carisma ou simpatia.

Valor: Mas diante do desgaste do PT será que Dilma não seria favorecida exatamente por não ter tido cargo eletivo no PT?

Montenegro: O candidato precisa ter currículo, história. É a primeira vez que Lula não será candidato. Muitas pessoas de baixa renda que melhoraram de vida podem até votar no candidato de Lula por gratidão. Por isso mesmo Dilma tem de 13% a 15% das intenções de voto. Sem Lula, teria 1%. Qualquer um que Lula apoiasse teria 13% a 14% [das intenções de voto] pois é o que pode transferir. A rejeição a Dilma ter chegado a 40% significa que ela anda para trás. Possivelmente, foi o episódio da Receita [Federal, quando a secretária Lina Vieira declarou que ouviu da ministra pedido para apressar investigação em torno da família Sarney].

Valor: O senhor acha que uma pesquisa um ano antes das eleições retrata o quadro para daqui a 12 meses?

Montenegro: Por acaso nas últimas quatro eleições presidenciais quem estava na frente um ano antes, ganhou. Isso aconteceu na segunda eleição de Fernando Henrique Cardoso e nas duas vezes em que Lula venceu.

Valor: Mas na de Fernando Collor foi diferente.

Montenegro: Collor não conta pois foi a primeira eleição presidencial após a ditadura. E ainda: eram 12 candidatos numa eleição. A primeira eleição de FHC também foi diferente pois foi muito influenciada pelo Real. Lula estava na frente, veio o Real e FHC ganhou no primeiro turno. Depois dessa quem estava na frente [um ano antes nas pesquisas] venceu. FHC em 1997, Lula em 2001 e Lula em 2005 exatamente neste período. Não é uma regra, mas hoje é difícil mudar. É preciso fato muito forte para mudar. Dilma não é um fato forte.

Valor: E os 80% de popularidade de Lula? Não contam?

Montenegro: A pesquisa mostra que Dilma está descolada do Lula no sentido negativo. Ele manteve quase intacta a aprovação e Dilma caiu quase cinco pontos percentuais. Se ela estivesse totalmente atrelada a Lula, também estaria na onda ascendente. Ele ficou com uma aprovação exuberante e ela caiu. A questão é se a população quer mais quatro anos de PT sem Lula. Depois do mensalão, teve o petismo e o lulismo. Lula se descolou do PT e ficou acima de tudo. Lula foi uma das coisas boas que restaram do PT. E ele agora vai embora. Quem quer quatro anos de PT sem Lula? Na hora de mudar, o PT está ficando com as coisas ruins e o Lula com as boas.

Valor: O senhor não acha que a pesquisa espontânea, a essa altura, é a que melhor reflete o quadro?

Montenegro: Espontânea funciona como quase certeza de voto, mais perto das eleições, quando o eleitor já sabe quem são os candidatos, o programa de governo, o jingle. Quando se pergunta em quem [o eleitor] vai votar sem citar nome e quando já é difícil mudar o nome de quem vai votar.

Valor: Com a alta aprovação a Lula, qual seria a mensagem que a oposição teria a apresentar?

Montenegro: As pessoas já começaram a entender que não é só Lula que faz o governo. O fato da Dilma estar caindo mostra isso. A maioria da classe média já entendeu que PT e PSDB têm propostas [de governo] parecidas. Lula avançou na área social ou talvez outro avance mais na infraestrutura mas as pessoas já perceberam que o ritmo das coisas não muda. O Brasil estava fadado a crescer e a questão é quem vai atrapalhar. Bandeira do PT tem que ser de continuidade e a do PSDB de manutenção da política econômica que foi de estabilidade e talvez falar de reformas política e tributária. Ninguém vai brigar contra ninguém. O PSDB não vai contra o Bolsa Família. A classe média aumentou e muitos saíram da pobreza mas os ganhos não vão para o PT.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

112) Instinto de sobrevivência

Políticos normais só querem estar com os vencedores, daí as hesitações...

PMDB racha e grupo pró-Serra desautoriza Temer a antecipar aliança com PT
Reinaldo Azevedo 22/09/09 19:13

Por Gabriela Guerreiro, na Folha:
Depois do presidente licenciado do PMDB, Michel Temer (SP), cobrar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma definição sobre a candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à presidência da República em 2010, integrantes da cúpula da legenda desautorizaram Temer a negociar em nome do partido uma aliança com o PT.

Rachados, os peemedebistas favoráveis à candidatura do governador José Serra (PSDB) ao Palácio do Planalto querem adiar o fechamento da aliança para a eleição de 2010. O grupo defende que o partido decida o seu apoio somente na convenção do PMDB, prevista para o primeiro semestre do ano que vem.

Aliado de Serra, o ex-governador Orestes Quércia (PMDB-SP) se reuniu com Temer nesta terça-feira para pedir que ele não se precipite na busca de uma aliança formal do PMDB com Dilma.

Temer, cotado como vice de uma possível chapa de Dilma, havia pedido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma definição sobre a aliança até 15 de outubro.

“É muito importante saber que isso só vai ser decidido na convenção do partido, que é quem tem autoridade, soberania, para discutir essa questão. Vamos continuar o diálogo a partir de hoje. Não havia diálogo”, disse Quércia, porta-voz da ala serrista do PMDB.

Apesar de deixar o encontro afirmando que estendeu a “bandeira branca” para Temer, Quércia deixou claro que a ala serrista não vai aceitar a formalização do embarque do PMDB na candidatura Dilma.

“O Michel [Temer] argumenta que temos que apoiar o governo. Mas o nosso compromisso é apoiar o governo no Congresso Nacional, não temos compromisso em apoiar o candidato do governo”, afirmou Quércia.

O ex-governador reconheceu que a ala pró-Serra tem dentro da legenda menos da metade de apoio à candidatura do tucano. Quércia disse acreditar, porém, que até a convenção grande parte dos peemedebistas que hoje apoiam Dilma vão mudar de lado dentro do partido.

“Acredito que provavelmente não tenhamos mais de 50%. Mas até a convenção poderemos ter mais de 50%. Você tem que ver o que está acontecendo nos Estados para se orientar a decisão nacional. E as coisas estão mudando. Não se pode emparedar os Estados”, disse Quércia.

Na conversa, Temer se comprometeu a realizar outras reuniões para definir os rumos do PMDB na disputa ao Palácio do Planalto em 2010. O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), um dos principais opositores ao governo Lula no Senado, participou do encontro e manifestou seu apoio ao nome de Serra.

Pedido
Reportagem da Folha publicada nesta terça-feira afirma que, sob pressão do PMDB, o presidente Lula se comprometeu em convocar uma reunião com o PT entre os dias 2 e 6 do mês que vem, na volta de sua viagem ao exterior, para a construção do que os peemedebistas chamam de ‘relação proveitosa’ nos Estados –ou seja, enquadrar petistas onde há mais hostilidade ao PMDB, como no Pará e Bahia.

Ontem, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) disse que considera possível o PT definir até o mês que vem o candidato do partido à sucessão presidencial.

‘Em princípio, é possível [definir até outubro]. Agora, tem de ver. Nada a gente pode descartar’, disse a ministra ao sair de reunião do Conselho de Administração da Petrobras.

Hoje o mais cotado para a vice de Dilma, Temer reiterou suas declarações ontem. Em São Paulo, ele chegou a admitir a possibilidade de a aliança não se concretizar ao afirmar que é preciso “verificar se há aliança, se não há aliança, que caminho o partido deve tomar”.

111) Mais pesquisa eleitoral: simulações em torno dos candidatos

Ibope - Serra segue em primeiro
Ciro toma o lugar de Dilma, que caminha para o 3º lugar, mas lidera rejeição
Por Fábio Graner, da Agência Estado, , 22/09/2009, 3:04 PM

Pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta terça-feira, 22, confirma o favoritismo do governador de São Paulo, José Serra (PSDB-SP), na corrida pela sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com o levantamento, o pré-candidato tucano lidera todas as simulações de intenção de voto para a Presidência.

A pesquisa indica também uma queda no desempenho da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que tem o apoio do presidente Lula para disputar a eleição de 2010 pelo PT. Nos seis cenários pesquisados pelo Ibope, Dilma recua de três a quatro pontos percentuais, dependendo do nome do candidato do PSDB. Em todos os cenários, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) aparece em empate técnico ou à frente da ministra.

O levantamento revela ainda que quando Aécio Neves substitui Serra como candidato do PSDB, é Ciro Gomes quem lidera as simulações. A pesquisa incluiu, pela primeira vez, o nome da senadora do Partido Verde, Marina Silva, como possível candidata. Porém, o levantamento repetiu duas simulações sem Marina, que mostram Ciro Gomes e Heloísa Helena subindo nas intenções de voto, enquanto Serra e a ministra Dilma Rousseff caem.

No primeiro cenário em que aparecem Serra e Marina Silva, o governador de São Paulo lidera com 34%, seguido de Dilma Rousseff e Ciro Gomes empatados com 14%. Heloísa Helena aparece com 8% e Marina Silva fica com 6%. Com Aécio no lugar de Serra, Ciro Gomes lidera com 25%, seguido de Dilma com 16%, Aécio com 12%, Heloísa Helena com 11%, e Marina Silva, com 8%.

Ao se excluir Heloisa Helena das simulações, Serra lidera com 35%, Ciro Gomes aparece com 17%, Dilma Rousseff soma 15% e Marina Silva, 8%. Com Aécio no lugar de Serra e sem Heloísa Helena, Ciro Gomes lidera com 28%, seguido de Dilma com 18%, Aécio com 13% e Marina Silva com 11%.

Na primeira lista sem o nome de Marina Silva, que permite comparação com a simulação feita em junho, o governador José Serra segue na liderança, mas tem uma queda nas intenções de voto, passando de 38% para 34%. Nessa simulação, Dilma cai de 18% para 15% e Ciro Gomes sobe de 12% para 17%. Heloísa Helena também sobe, de 7% para 10%.

Ainda na simulação sem Marina Silva, com Aécio no lugar de Serra, Ciro Gomes sobe de 22% para 27%, consolidando-se na liderança. A ministra Dilma Rousseff, que antes estava tecnicamente empatada com Ciro Gomes, cai de 21% para 17%. Aécio mantém-se estável, com 12%, mas agora aparece atrás de Heloisa Helena, que passa de 11% para 13%. Vale ressaltar que os dois estão tecnicamente empatados, já que a margem de erro é de dois pontos porcentuais.

Serra tem a menor rejeição
A pesquisa mostrou também que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e a ex-senadora Heloísa Helena têm os maiores índices de rejeição, com 40% dos entrevistados dizendo que não votariam em nenhuma delas para presidente. A menor rejeição é do governador de São Paulo, José Serra, com 30%. O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) tem 33% de rejeição, enquanto o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e a senadora Marina Silva (PV-AC) têm 37% cada.

A pesquisa também perguntou sobre quais áreas seriam prioritárias para o próximo presidente, sendo que os entrevistados poderiam apontar até três itens como temas principais para a próxima gestão. Nessa pesquisa, saúde apareceu em primeiro lugar com 59%, seguida de educação, com 44%, e empregos, com 35%. Segurança pública veio na sequência com 30%.

Completam a lista: drogas (19%), combate à corrupção (18%), salários (15%) e fome/miséria (13%). Habitação e agricultura vieram na sequência, com 8% e 7% respectivamente.

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E para consolar:

José Dirceu questiona índice de rejeição de Dilma
Estadao Nacional 22/09/09 20:45
O ex-ministro e deputado cassado José Dirceu disse hoje, em Fortaleza, que duvida da veracidade do resultado da pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta terça-feira. "Ponho em dúvida o resultado dessa pesquisa", afirmou ao ser questionado sobre o alto índice de rejeição apresentado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

110) Não-candidaturas, capítulo 1

Não canditaturas também fazem parte do processo eleitoral, por isso cabe aqui informar e refletir sobre cada caso.
Algumas não-candidaturas fazem parte de uma estratégia eleitoral, como parece ser o caso do PMDB, o maior partido do Brasil (pelo menos teoricamente) que decidiu não ter candidatura própria, aderiando à do governo ou à da oposição, dependendo do que pagar (ops), render mais em termos eleitorais (ops, em termos de cargos, prebendas, oportunidades de negócios etc, etc, etc, etc, e mais alguns etceteras, mas todos eles muito caros).
Outras não-candidaturas não são por vontade própria, mas por imposição e tramóia, como parece ser o caso da natimorta candidatura do ex-governador e atual senador do DF, Cristovam Buarque.
Como disse alguém, acho que de Minas, a esperteza quando é muita, cresce e engole o dono...
PRA

Lula pediu a Carlos Lupi para barrar candidatura de Cristovam Buarque

Há mais ou menos três semanas, o presidente Lula chamou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e presidente nacional do PDT, para uma reunião em seu gabinete no Centro Cultural Banco do Brasil. Depois de algumas enrolações, Lula finalmente puxou o assunto que o interessava:

Cristovam Buarque, senador pelo PDT do Distrito Federal. Cristovam Buarque foi petista, e disputou o governo do Distrito Federal em 1994, vencendo as eleições. Disputou a reeleição em 1998 e perdeu. Disputou e venceu a eleição de 2002 para Senador. Foi ministro da Educação no primeiro ano do governo Lula, sendo demitido por telefone, quando visitava Portugal em missão oficial, na demissão mais humilhante dos dois mandatos de Lula. Então Cristovam Buarque trocou o PT pelo PDT. Na conversa com Carlos Lupi, Lula pediu para que o PDT não lance Cristovam Buarque candidato ao Senado no próximo ano por Brasília. Todas as pesquisas de intenção de voto aplicadas até agora, no Distrito Federal, apontam Cristovam Buarque como o candidato mais forte para uma vaga no Senado. Ele tem quase 30% do primeiro voto do eleitor (são duas vagas de senador) e pouco mais de 20% do segundo. Lula não se conforma com as críticas que Cristovam faz ao governo em discursos no Senado Federal. Carlos Lupi reagiu à sugestão, dizendo que Cristovam Buarque é um dos nomes do PT com maior número de votos e que o partido não poderia lhe negar legenda. Lula é isso mesmo, ele não suporta crítica. Por isso detesta a imprensa.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

109) Fazendo política com o figado

Este tipo de dado também é relevante para a campanha presidencial, e as eleições em geral, em 2010, por isso vai reproduzido aqui.
O governo atual se julga dono do Brasil, o que inclui pessoas e empresas privadas, atividades empresariais perfeitamente de mercado e que não têm absolutamente nada a ver com o Estado ou suas atividades típicas, enfim, os governantes atuais se julgam no direito de dar ordens aos empresarios e esperar que elas sejam cumpridas, o que obviamente não é só lamentável, como absolutamente indesejável.
Acho que as eleições do próximo ano vão assistir a esse estatismo exacerbado, a essa glorificação das atividades estatais.
Quem não estiver nas boas graças do governo (com g minusculissimo), pode penar um pouco, como acho que o presidente da Vale vai penar...

Um comitê contra Agnelli
Por Marcelo Onaga
Portal Exame, 18/09/2009 - 08:00

A campanha publicitária colocada no ar recentemente ressaltando os investimentos feitos pela Vale no país e os empregos que serão criados pela companhia foi a forma encontrada pelo presidente da empresa, Roger Agnelli, para tentar se manter no cargo. Agnelli tornou-se alvo de um pesado ataque orquestrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que queria tirá-lo do comando da maior mineradora do país. No fim de agosto, Lula criou um comitê formado por ministros e ex-ministros de seu governo com bom trânsito entre empresas e fundos de pensão com a missão de convencer o Bradesco a vender sua participação na mineradora e encontrar um comprador. O objetivo principal de Lula era sacar Agnelli da presidência da empresa. Lula se refere ao executivo como traidor. Diz que Agnelli se aproximou do governo quando quis ajuda no processo de internacionalização da Vale e posou de amigo pessoal do presidente da República, promovendo encontros entre suas famílias e até um jantar em seu apartamento. Mas na hora de retribuir, teria virado as costas.

A mágoa de Lula vem do fim do ano passado. O presidente avalia que no pior momento do atual governo, provocado pela crise internacional, Agnelli demitiu mais de 1 300 funcionários, criando uma onda de más notícias para o governo. Em uma postura pouco recomendada a um chefe de nação em relação a uma empresa privada, Lula reclamou por não ter sido ouvido e também por Agnelli não ter buscado uma saída menos danosa, como negociar licenças parcialmente remuneradas. Mais recentemente, Lula se revoltou com notícias de que a Vale importaria navios em vez de encomendá-los a estaleiros brasileiros. Depois de algumas reuniões entre altas figuras do Planalto com o comando do Bradesco, os ânimos parecem ter sido acalmados. As dificuldades em convencer o banco a sair da Vale e o esforço da companhia em mostrar que voltou a investir no país, fizeram o presidente rever seus planos. Mas ele continua dizendo aos mais próximos que gostaria de ver Agnelli longe do comando da empresa.

Leia mais notícias no endereço http://portalexame.abril.com.br/blogs/primeirolugar/listar1.shtml

108) reinaldo Azevedo sobre a uniao de Minas Gerais e Sao paulo

ALGUMA COISA ACONTECE NO CORAÇÃO DE LULA E DILMA QUANDO CRUZAM A PAULISTA E A MINAS GERAIS…
Reinaldo Azevedo 15/09/09 06:25

Há uma possibilidade de que o fato mais importante de 2010 tenha acontecido ontem, na inauguração do Espaço Minas Gerais, um centro de negócios do estado de Minas em São Paulo, localizado na esquina da Paulista com a rua… Minas Gerais!!! Lá vou eu, sendo um pouco óbvio, mas não resistindo à tentação: alguma coisa acontece no coração do PT quando passa por esse cruzamento. E eu acho que tem cheiro de derrota eleitoral. Ricardo Melo, aquele que vê a oposição vivendo dias verdadeiramente aziagos, certamente discorda. Deve pensar que a eventual união dos governadores José Serra (São Paulo) e Aécio Neves (Minas) prova a falta de rumo da oposição, ou algo assim… Mas eu posso asseverar — talvez ele devesse ouvir os repórteres do seu jornal, já que é secretário adjunto de redação, um cargo importante — que esse é, com efeito, um quadro que o PT e Lula sempre temeram. Daí que contassem, desde sempre, com a eventual dissidência de Aécio das hostes tucanas.

Os dois governadores se mostraram bastante afinados ontem. Destaco trecho de um discurso de Serra (íntegra aqui):
“Até o século 18, nossos dois Estados formavam uma única unidade política, eram um só, e, mesmo depois da separação em dois territórios distintos, essa unidade persistiu, porque não se desfaz com uma penada o que se construiu com muita luta e o que se teceu ao longo do tempo nas malhas do coração. Assim no século 19, com o declínio do ciclo do ouro, o movimento migratório chegou a inverter-se, e os mineiros passaram a povoar, até mesmo a fundar, cidades em território paulista, principalmente nas áreas fronteiras do Estado de origem. Na verdade, o povoamento do Oeste Paulista, que é uma região tão progressista, foi obra desses bandeirantes que voltaram de viagem, na expressão de Antônio Tavares de Almeida.”

Como se nota, Serra já está buscando sinais de que os dois estados estão unidos desde que a história era criancinha. Era tudo o que o Planalto não queria. Ao longo dos últimos anos, Lula tem trabalhado com afinco para opor Minas a São Paulo - na verdade, o esforço petista era para isolar São Paulo do Brasil. Até agora, deu tudo errado.

Serra estava todo parabólico. Leiam isto:

“É significativo, já que eu falei aqui do Tancredo, lembrar a aliança política de São Paulo, naquela época, com Minas Gerais. Do nosso querido governador Franco Montoro e do governador Tancredo Neves. Eu também, por coincidência, estive presente, talvez no primeiro contato político que fizeram com vistas à sucessão no Brasil, lá em Araxá , ainda em 1983. E sou testemunha da importância que esta aliança trouxe para a restauração da democracia no Brasil e abertura de um novo futuro para todos nós.”

Entenderam? Mais claro do que isso, só desenhando. Minas e São Paulo se uniram para pôr fim ao, digamos, antigo regime e, agora, devem se unir de novo para, à sua maneira, encerrar um outro.

Aí vieram os elogios rasgados a Aécio: “Quero lembrar também a importância que Minas Gerais dá, nos últimos anos, através da administração competente, eficiente e de grande qualidade do nosso governador Aécio Neves. Que inovou em muitos aspectos a administração brasileira e abriu um horizonte de otimismo para aquela que é uma das regiões líderes do desenvolvimento brasileiro, e que será cada vez mais nas próximas décadas, porque nós estamos assistindo a um deslocamento do eixo dinâmico da economia brasileira para o Norte de São Paulo, Minas, Goiás, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Espírito Santo.”

E foi além:
“É importante também lembrar que Minas e São Paulo, juntos, constituem uma força apreciável. Basta mencionar que nós temos perto de um terço da população brasileira; que 43% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional é gerado em Minas e São Paulo; e que a União arrecada em Minas e São Paulo 49% dos seus tributos. Isso mostra a importância desse dois Estados, a importância da sua união e a importância de atuarem juntos para conter a volúpia centralizadora federal que hoje prevalece no nosso País.”

Serra não lembrou, mas poderia ter lembrado: São Paulo e Minas têm, juntos, 33,06% do eleitorado brasileiro - um terço! E os dois estados nem estão na região em que os tucanos obtêm o seu melhor desempenho eleitoral, que é a Sul. O PT enfrenta hoje dificuldades no terceiro maior colégio, Rio (10,9%); no quarto, a Bahia (7,2%) , e tem menos chances do que dá a entender no quinto, o Rio Grande do Sul (6,1%).

Uma proximidade tão entusiasmada dos dois governadores evoca, no PT, o temor de uma chapa conjunta, que os próprios petistas não hesitam em classificar de “quase imbatível”. Serra e Aécio se negam a falar sobre tal assunto e preferem dizer que é preciso compor com outros partidos etc. Ora, não precisam dizer nada mesmo. Essa é uma possibilidade que continuará a assombrar o jogo dos adversários.

É claro que a corrida nem começou, mas também é evidente que o Planalto contava, já a esta altura dos preparativos, estar vivendo uma situação eleitoral mais confortável - já que é evidente a produção de boas notícias, aquelas que mesmerizaram o tirocínio do Ricardo Melo. Serra e Aécio, no projeto original, deveriam agora estar se estapeando, e Lula deveria estar livre para dizer a seguinte mensagem: “Ou vota ni mim ou num vota ni mim”. Mas as coisas não vão se dar dessa maneira. O eleitor parece ter descoberto que Lula não é Dilma por mais que Dilma se esforce para ser Lula. O tempo passa, e a ministra vai se revelando uma peça um tanto deslocada do jogo.

Reitero: esse é o retrato de agora. E quando começar a campanha? Pois é… Eu realmente tenho minhas dúvidas se dá para Lula subir no palanque mais do que já sobe hoje. Aparecerá em todos os programas eleitorais de Dilma, como se tutelasse a candidata? Conseguirá realmente convencer o eleitor de que, não fossem ambos, aquele petróleo do pré-sal jamais teria sido encontrado? Conseguirão seqüestrar as obras tocadas pelos governadores nos Estados? Vão satanizar de novo o governo FHC, embora, a esta altura, boa parte dos brasileiros já nem se lembre mais de passado tão remoto? Vamos ver.

Que a união São Paulo-Minas é mais uma péssima notícia para a candidatura Dilma Rousseff, isso é evidente. E, ontem, Serra e Aécio souberam dar o devido peso simbólico a essa aliança. Não custa lembrar que, no cenário mais plausível testado pelo CNT Sensus, Serra lidera no Nordeste com 38,2% das intenções de voto, contra 23,8% de Dilma. Lula já andou ensaiando o discurso de que a sua candidata tem de vencer porque, assim, o governo continuará a realizar seus prodígios… Convenham: tentar colar a pecha de maus gestores a Serra e Aécio, caso estejam realmente unidos, é tarefa bastante difícil.

O dia de ontem, em suma, tem tudo para ser o mais importante da sucessão de 2010. Isso, claro, se Ricardo Melo não estiver coberto de razão, com Antonio Palocci correndo alucinadamente por fora, né?

Ah, sim: uma explícita manifestação de união dos dois governadores mereceu o seguinte título na Folha: “Ao lado de Serra, Aécio rechaça chapa puro-sangue”. Aí fui em busca do, bem…, do rechaço. Leiam: “O tempo é que vai dizer. Minha posição é claramente esta: temos um quadro partidário extremamente plural. É natural que alianças entre partidos se irradiem ou se reflitam na composição de chapa.”

Atenção, leitores! Dia desses, Dona Reinalda chegou com o que eu chamaria plano de médio prazo, envolvendo fim de ano, festividades, início de 2010 etc, e eu rechacei de pronto: “Vamos ver, meu bem, o tempo é que vai dizer”.

Eu, quando rechaço, sou assim: sempre duro, mas sem perder a ternura.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

107) Reinaldo Azevedo sobre a visão de Lula do processo eleitoral

Não tenho um comentário específico sobre este long post de Reinaldo Azevedo sobre uma fala de Lula, além de constatar que todos os candidatos brasileiros às eleições presidenciais são, sim, de "esquerda", ou mais exatamente estatizantes.
O que é uma pena, pois o Estado é hoje o principal obstrutor do processo de desenvolvimento: ele suga quase 40% das riquezas (na prática, mais priovavelmente) e devolve muito pouco à sociedade, operando uma gigantesca transferência de recursos para quem já é rico.
Paulo Roberto de Almeida

Lula entrega os pontos precocemente e já dá como certa a derrota de Dilma
Reinaldo Azevedo, 16/09/09 19:50

Estranhou o título, não é, leitor? É claro que ele não disse o que vai acima. Trata-se de uma interpretação irônica deste escriba. Numa solenidade no Ipea, o presidente da República saudou o fato de que, nas eleições de 2010, não haverá candidatos de direita. Disse Sua Excelência:

“Pela primeira vez, não vamos ter um candidato de direita na campanha. Não é fantástico isso? Vocês querem conquista melhor do que, numa campanha, neste país, a gente não ter nenhum candidato de direita? Uns podem não ser mais tão esquerda quanto eram. Não tem problema. A história e a origem dão credibilidade para o presente das pessoas. Era inimaginável até outro dia que chegássemos a esse momento no Brasil. Não tem um candidato que represente a direita. É fantástico. (…) Antigamente, a campanha era o candidato de centro-esquerda ou de esquerda contra os trogloditas de direita. Começou a melhorar já comigo e com o Fernando Henrique Cardoso, já foi um nível elevado. Depois, eu e o Serra também. Depois veio o Alckmin e baixou o nível, por conta dele, não por minha conta “.

Trata-se de soma impressionante de bobagens, além de revelar uma concepção obviamente autoritária, estúpida, de democracia.

Comecemos pelo óbvio. O próximo pleito, segundo diz, será o primeiro sem candidatos de direita - mas ele próprio admite que já não havia a tal “direita” quando ele disputou com Fernando Henrique, em 1994 e 1998, e com Serra, em 2002. Assim, 2010 será a primeira vez, além, naturalmente, das outras três vezes!!! É um portento da coerência! Em seguida, vem o ataque bucéfalo a Geraldo Alckmin, que mistura um pouco de tudo, especialmente rancor pessoal e frustração.

O rancor pessoal deriva do fato de que o ex-governador de São Paulo, na disputa de 2006, ousou confrontá-lo. Nem entro no mérito se a dureza a que o tucano recorreu nos debates foi eleitoralmente positiva ou não — o resultado demonstra que não era bem aquele o caminho. Mas isso não muda o fato de que Lula ficou com ódio, guardou rancor. Não aceita ser contraditado. Como se nota, ele joga na boca do sapo o nome dos adversários sem hesitar um miserável minuto. Mas considera inaceitável ser contraditado. Ora, qual foi a “baixaria” de Alckmin? Não existiu. A frustração está no fato de que Alckmin vencerá a disoputa ao governo de São Paulo, pouco importa o candidato do PT, se é que haverá um. Trato deste particular no post seguinte.

Agora vamos o mérito político e moral do que ele disse. Concordo com Lula num aspecto: com efeito, não existe direita disputando a eleição, mas o fato antecede 1994. Em 1989, já não havia. Fernando Collor não é de direita - classificá-lo assim, antes ou agora, é puro preconceito contra a… direita! Ademais, ainda que ele fosse, de quem o ex-presidente é aliado hoje em dia?

Saudar o fato de que não existe um candidato de direita e considerar isso uma evolução do processo político corresponde a afirmar que uma parte do espectro ideológico deve ser impedida de se manifestar politicamente. Partidos considerados “de direita” disputam eleições em todas as democracias do mundo. Digam-me uma só em que isso não acontece. Está alijada da disputa, em razão de atos de força, em ditaduras ou protoditaduras.

Mas recorramos a uma sintonia ainda mais fina para desmontar o que disse o valente. Segundo ele, em 2010, não haverá mais direita, embora uns possam “não ser mais tão esquerda quanto eram”. E Lula? Será Lula “tão esquerda” quanto ele era? Será que não aconteceu justamente o contrário? A ESQUERDA É QUE TEVE DE SE FANTASIAR, DE NEGAR O PRÓPRIO CREDO, PARA SE ELEGER. O Lula que foi eleito em 2002 jamais governou. Ou alguém se atreveria, no governo ou fora dele, a apontar o coração vermelho de Henrique Meirelles? A única coisa vermelha que há lá é sangue, não é mesmo?

Lula, para variar, inverte o sinal da história. A esquerda é que está morta no Brasil. Mesmo a marca do estatismo que o Lula do segundo mandato imprime à economia guarda mais semelhança com o capitalismo de estado do Regime Militar do que com qualquer modelo de esquerda.

E agora vamos ao meu título. Lula está entregando os pontos - eu diria que precocemente. Ânimo, presidente! Está avaliando que é difícil emplacar a sua candidata, aquela escolhida na base do dedaço. E, assim, tenta fazer da possível vitória de José Serra, o provável candidato da oposição, uma vitória sua, pessoal, ainda que não do PT.

A história contada por este senhor é falsa. Ele é que teve de escrever a Carta ao Povo Brasileiro para se eleger. Ele é que teve de se ajoelhar no altar do mercado. A esquerda é que perdeu. “Então Dilma não é de esquerda?” É, sim. Mas jamais faria um governo tipicamente ”de esquerda”, o que não quer dizer que não seja estatista e evidencie um óbvio perfil autoritário.

Em todo caso, o que interessa é que Lula se traiu e deu a entender que o governo vai perder as eleições. Tomara que ele esteja certo. Que o povo o ouça!

106) Ascensoa de novos candidatos

Análise efetuada por Maurício David, com base em recentes pesquisas de opinião:

CIRO GOMES VEM AÍ !

1. Coluna recente do Ancelmo, no Globo (09), divulgou como primeira nota uma pesquisa nacional do IBOPE, onde Serra teria 42%, Ciro 14%, Dilma 13% (caindo 5 pontos), Heloísa Helena 7% e Marina Silva 3%. Essa é a informação que se divulga nas esquinas da política desde fins de agosto, com base em pesquisas regionais e nacionais. Com a saída de H. Helena para candidata ao Senado, Marina tende a ocupar o seu lugar, apenas.

2. Nesta semana, o Estadão abriu rasgados elogios a Marina em editorial e, ontem, destacando uma das listas da Sensus (improvável), abriu uma matéria dizendo: "Marina larga com 9,5%", o que é um exagero. Cesar Maia chamou a atenção para pesquisa Sensus, onde em nenhuma lista apareciam Dilma e Ciro juntos, o que certamente mostraria Ciro na frente de Dilma.

3. A percepção crescente das fragilidades da candidatura de Dilma pode ser caricaturizada por sua plástica, onde o cirurgião puxou os cantos da boca como se quisesse soldar um sorriso. O paradoxal é que a mudança plástica de sua expressão de durona, que ajudava numa conjuntura de desgaste dos políticos, foi transferida de mão beijada para o Ciro, que a tem naturalmente.

4. Ciro começa a emergir como o candidato mais forte do campo do governo. Espertamente exalta Lula enquanto desmonta o governo, o que ajudará seu discurso em campanha, num clássico "mantenho tudo o que é bom e corrijo os erros". Ciro tem quatro características que o ajudam em campanha. A primeira é sua expressão de seriedade neste momento.

5. A segunda é estar convencido de que tudo o que diz é verdade e de que sabe o que fala, especialmente em matéria econômica. Isso ajuda muito a imagem na TV, cuja cobertura é diária. A terceira traz votos, mas é perigosa. A maneira com que trata o Congresso, confundindo políticos eventuais com sua rejeição à instituição, sinalizando uma vontade de autoritarismo. Mas é uma comunicação que agrada ao distinto público. E a quarta é já ter aberto vantagem no Nordeste em relação à Dilma.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

105) Infidelidade partidaria: Marina será acionada?

Infidelidade
Advogados pedem cassação de Marina Silva

16/09/2009

Grupo do Rio Grande do Sul entrou com ação no TRE gaúcho contra a senadora por ela ter abandonado o PT e ingressado no PV.

O grupo de advogados, que defendeu vários políticos processados por seus partidos pela mesma razão, diz não ter ligação com qualquer legenda política, e estaria interessado apenas em que a lei seja cumprida. Segundo um representante do grupo, não importa que o PT não tenha reivindicado o mandato de Marina na justiça; ela continua sujeita aos termos da Lei de Fidelidade Partidária.

Pela lei, quando um parlamentar abandona seu partido, a legenda tem 30 dias a partir da data da desfiliação para requisitar o mandato na Justiça. Vencido esse prazo, e se o partido não o fizer, o Ministério Público pode fazê-lo, com prazo de mais 30 dias para isso. Marina Silva deixou o PT no dia 30 de agosto.

104) Tente violar sua urna eletronica

Talvez seja dificil. Mais fácil, provavelmente, seria violar os computadores do TSE...

Hackers x urnas
Carlos Brickman, 15.09.2009

O alto comando da Justiça Eleitoral ofereceu um prêmio aos hackers - especialistas em violar redes de Internet e interferir em portais que se supunha seguros – que conseguirem violar uma urna eletrônica. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas e daí? Em uma urna cabe determinado número de votos - pouquíssimos no universo dos eleitores. Um hacker que se preze não tentaria violar uma única urna: tentaria, isto sim, invadir as centrais que recebem os votos de dezenas, centenas de urnas, para alterar, aí sim, o resultado eleitoral. Que tal um concurso para ver se alguém é capaz de driblar a segurança de todo o complexo de votação, incluindo transmissão, validação, consolidação e soma de votos?

domingo, 13 de setembro de 2009

103) Consideracoes sobre as eleicoes de 2010 - Diogo Mainardi

71 a 29
Diogo Mainardi
Veja, 12.09.2009

José Serra: 57 pontos. Dilma Rousseff: 23 pontos. Esse foi o resultado da última pesquisa eleitoral do Ibope, realizada entre os dias 29 de agosto e 1º de setembro. Os dados correspondem ao que os principais candidatos a presidente da República obteriam num segundo turno, incluindo os votos brancos e nulos. Contando só os votos válidos, José Serra derrotaria Dilma Rousseff com uma folga espantosa de 42 pontos. Na ponta do lápis: 71 a 29.

Caso alguém se interesse por detalhes metodológicos, foram consultados 2 002 eleitores, em 142 cidades brasileiras. Margem de erro: 2 pontos a mais, 2 pontos a menos. A pesquisa ficou escondida até agora porque foi encomendada pelo próprio Ibope, que faz um acompanhamento permanente da disputa presidencial. Em menos de duas semanas, o instituto realizará outra pesquisa, dessa vez para a CNI. Se os números continuarem iguais, a candidatura de Dilma Rousseff desmoronará.

Além de pesquisar o segundo turno, o Ibope pesquisou também, nos mesmos dias, o primeiro turno. Os resultados foram publicados por O Globo, na última quarta-feira. Pode anotar:

José Serra, 42%
Ciro Gomes, 14%
Dilma Rousseff, 13%
Heloísa Helena, 7%
Marina Silva, 3%

Quando Heloísa Helena é retirada da lista, Dilma Rousseff empata com Ciro Gomes e Marina Silva, considerando-se a margem de erro. Isso quer dizer que ela pode estar até mesmo em quarto lugar. A campanha presidencial ainda está longe. Os candidatos nem foram escolhidos por seus partidos. A pesquisa do Ibope, a esta altura, tem um peso limitado. Mais do que representar a certeza de um sucesso de José Serra, ela representa apenas a certeza de uma derrota de Dilma Rousseff. Ninguém jamais perdeu o segundo turno por 42 pontos.Se os dados permane-cerem inalterados por mais algum tempo, ocor-rerá uma debandada dos atuais simpatizantes de Dilma Rousseff, com o peemedebista maranhense pisoteando atabalhoadamente o pedetista paranaense.

Mas a debandada atingirá também uma ala do PT. Já há quem tenha se acertado com José Serra. Antonio Palocci costuma ser visto como uma alternativa a Dilma Rousseff, se a candidatura dela continuar perdendo terreno. Na realidade, Dilma Rousseff irá até o fim, tentando arrumar um lugarzinho no segundo turno, impulsionada pelo departamento de propaganda de Franklin Martins. Enquanto isso, Antonio Palocci se ocupará de construir uma ponte entre Lula e José Serra, impedindo as manobras golpistas dos aloprados do PT e garantindo a imunidade lulista no governo do PSDB.

No fim de agosto, o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, disse a VEJA que a candidatura de Dilma Rousseff seria derrotada. O que já dá para medir agora é o tamanho dessa derrota.

sábado, 12 de setembro de 2009

102) O TSE serve para alguma coisa?

É a pergunta que pode ser feita após tantos e tão reiterados ataques à legislação eleitoral no Brasil, que deveria reprimir esse tipo de publicidade escandalosa e indução inaceitável do voto do eleitor mais simples.
Se ouso expressar uma opinião e antecipar um resultado, minnha certeza absoluta é a de que o TSE não vai fazer absolutamente nada, mesmo depois da reclamação ser formalizada pelo PPS, como abaixo.
Paulo Roberto de Almeida

PPS irá à justiça contra Lula por campanha antecipada
Presidente afirmou que o eleitor 'não pode votar em alguém que não dê continuidade' a seu governo
Carol Pires, da Agência Estado, sexta-feira, 11 de setembro de 2009

BRASÍLIA - O PPS entrará com ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na próxima semana contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na avaliação do partido, expressa em nota divulgada nesta sexta-feira, 11, o presidente fez campanha eleitoral antecipada durante evento no Ceará na última quinta-feira, 10.

Conforme a nota do PPS, na ocasião, Lula disse: "Você (eleitor) não pode arriscar e votar em alguém que não dê continuidade às coisas que estão sendo feitas neste País". "Não posso falar muito porque a TV grava e a Justiça Eleitoral me pega", comentou o presidente, que era acompanhado no palanque do deputado federal Ciro Gomes, presidenciável pelo PSB.

De acordo com a nota do partido, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, disse que Lula, "não satisfeito em desrespeitar a lei, assumiu até um tom debochado com a própria Justiça Eleitoral, ao dizer que não podia falar muito (pedindo voto para o candidato da base aliada) porque seria pego". O PPS informou ainda, na nota, que também pedirá ressarcimento do dinheiro gasto com o evento em Fortaleza.

"O bicho vai pegar"
O conselho que Lula deu aos eleitores de não arriscarem com seus votos, foi dado nesta quinta-feira, 10, em visita que fez às obras de construção do residencial Patativa do Assaré, no bairro Granja Lisboa. O presidente foi ao evento acompanhado do deputado federal Ciro Gomes (PSB) e do governador do Ceará, Cid Gomes. No local estão sendo construídas 576 unidades habitacionais que receberão parte das famílias que atualmente residem em áreas de risco às margens do Rio Maranguapinho.

Além do comentário que agora está gerando a ação do PPS na Justiça, Lula fez uma previsão que o pleito do ano que vem será acirrado: "O bicho vai pegar". O tema eleição continuou sendo abordado, com a crítica de Lula a governantes que chegam ao cargo fazendo discurso para pobre na campanha. "Chegam as eleições, você não vê ninguém falando mal de pobre. Pobre é a figura mais importante durante as eleições e depois é a mais incômoda", afirmou.

101) O Brasil deixou de ser uma Republica democratica e passou a ser uma monarquia absolutista

É o mínimo que se pode dizer deste tipo de atitude:

Lula diz que 'é presidente que decide sobre compra de caças'
Angêla Lacerda e Leonêncio Nossa,
Agência Estado, sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Segundo ele, França apresentou proposta mais flexível, mas está aberto para melhores ofertas
Lula afirma que FAB tem 'conhecimento tecnológico para fazer avaliação', mas ele decide

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta sexta-feira, 11, que a compra de caças para a Força Aérea Brasileira (FAB) será uma decisão "política e estratégica", exclusiva do presidente da República. "A FAB tem o conhecimento tecnológico para fazer avaliações. Agora, a decisão é política e estratégica e essa é exclusividade do presidente da República e de ninguém mais", disse Lula, em entrevista no Porto de Suape, em Ipojuca (PE).

Também sexta o Ministério da Defesa divulgou uma nota afirmando que a empresas envolvidas na licitação de venda dos caças ao Brasil terão até o dia 21 de setembro para fazer novas propostas. Participam do processo a francesa Dassault com o Rafale, a americana Boeing com o F-18 e a sueca Saab com o modelo Gripen NG. O comunicado também informa que a FAB prevê terminar as avaliações técnicas das aeronaves até o final de outubro.

Lula disse que ainda estuda as propostas para a aquisição dos caças, mas deixou claro que a que, por enquanto, apresenta maior flexibilidade é a da França. "O presidente Nicolas Sarkozy foi o único que apresentou para mim, textualmente, uma proposta de repasse de tecnologia para fabricar avião aqui. Se alguém quiser ofertar mais, que oferte", afirmou.

Ele disse que a decisão de compra não está fechada porque a negociação envolve "muito dinheiro". Segundo o presidente o momento é de palpites.

Lula reclamou que em conversa recente com jornalistas no Palácio do Itamaraty, uma ironia feita por ele de que poderia ter os caças de graça foi tratada pela imprensa como uma afirmação. "Fico triste quando a imprensa não sabe o que é brincadeira ou ironia", disse o presidente.

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Acrescento post do blog do Reinaldo Azevedo:

LULA, AVIÃO E AERONÁUTICA: O COMPANHEIRO AINDA NÃO ENTENDEU A DEMOCRACIA. A GENTE EXPLICA COMO FUNCIONA
Reinaldo Azevedo 11/09/09 16:45

Muito já se falou, e ele próprio vive a exaltá-la, que a experiência de Lula como sindicalista o ajudou e ajuda a governar porque isso lhe dá flexibilidade para conciliar pontos de vista divergentes etc. Em parte, é verdade. Mas há também muito de mistificação lulocêntrica nisso. O lulocentrismo é uma terceira visão de mundo, que veio se juntar às duas classicamente conhecidas: o teocentrismo e o antropocentrismo. A partir de 2003, a humanidade conhece essa terceira modalidade: o lulocentrismo. Antes que volte ao ponto, algumas considerações sobre a questão dos aviões.

Na madrugada do dia 7 para o dia 8, este blog reagia:
“Pode parecer que não, mas Lula fez mais uma de suas enormidades ao pré-anunciar ontem que o Brasil vai comprar os caças da França. Ora, coisas assim ou são anunciadas oficialmente ou não são. Não existe uma decisão preliminar, uma pré-compra (…)
O país está devidamente informado a respeito? Claro que não! ‘Ah, Reinaldo, são assuntos militares; é preciso mesmo certo sigilo’. Bobagem! Não para o que está sendo comprado. Notem que os americanos e os suecos também estavam na parada, oferecendo os seus respectivos aviões. A própria Aeronáutica ainda não fez seu relatório afirmando que o Rafale, francês, é melhor para o Brasil do que o F-18, dos EUA, ou o Gripen, da Suécia. Se a Força não havia terminado o seu trabalho específico, o que determinou a escolha? Pode até ser que ela recaísse mesmo sobre o Rafale, mas por que desprezar a formalidade? O que atrasou o trabalho da Aeronáutica, se é que atrasou? E o que determinou que a decisão fosse tomada mesmo assim?”

A reação, como vocês sabem, dado o absurdo, demorou um pouco. Mas, ao menos, veio.

Ora, a situação não poderia ser mais absurda. Como Lula não comunicava oficialmente a vitória do Rafale, americanos e suecos continuaram na disputa, deixando claro que tinham mais a oferecer. Ou seja: Lula tinha feito uma escolha dando de ombros, por definição, para a questão técnica. A evidência escancarada é que a Força que vai receber os aviões, a Aeronáutica, ainda não havia concluído, e não o fez até agora, o seu parecer.

O governo teve de recuar. O comandanta da Aeronáutica, Juniti Saito, atribui tudo a uma confusão da imprensa. Não! Saito está errado. Lula anunciou, sim. A imprensa registrou o que ele falou.

Pois bem, vê-se agora que o presidente busca uma saída retórica para aquilo que, a esta altura, é óbvio: o governo já escolheu os aviões franceses, e não houve rigor técnico nessa escolha. Foi uma decisão que o próprio Lula chama de “política” - o que a palavra “política” significa, meus caros, bem, aí é matéria para o jornalismo investigativo. Eu sei o que ela NÃO SIGNIFICA neste contexto: e ela não significa “DECISÃO TÉCNICA”. De fato, Lula está dizendo quem decide é ele; que isso é matéria privativa do presidente da República.

Administrativamente, é isto mesmo: é Lula quem decide. Assim como, administrativamente, é o Executivo quem concede ou não refúgio. Vejam que essas duas coisas podem andar juntas. Mas isso significa que Lula poderia pagar uma fortuna por uma sucata? Não! Autonomia administrativa para decidir não quer dizer poder discricionário, como Tarso Genro imaginava ter para conceder refúgio e, tudo indica, Lula julga ter para comprar aviões. Se ficar caracterizado que ele fez a pior escolha para o país, comprando um avião mais caro do que outro que oferecesse iguais vantagens, ele tem de ser alcançado pela lei. E sua escolha pode, sim, ir parar nos tribunais.

A conversa de Lula de que a escolha é sua, pessoal, “política”, é coisa de gente que não sabe como funciona uma democracia. Se Lula não pode comprar a tal sucata, temos um sinal de que ele não é tão livre para escolher como supõe. Aliás, quem anseia a liberdade absoluta não deve optar pela política. Que vá ser ermitão numa caverna.

Espero que a Aeronáutica saiba que ela sobreviverá a este governo e aos próximos. Ela é a Força que permanece; é a instituição. Se a escolha do governo não for a mais adequada tecnicamente, que isso fique claro. Já que Lula diz que a decisão política é sua, a Força Aérea tem de lembrar a sua missão constitucional - que não é fazer política.

Volto ao Lula sindicalista
Quando presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, Lula era o soberano absolutista que ele sugere ser na compra dos aviões. Empresários que negociaram, então, com ele sabem disso, em particular a turma do antigo Grupo 14 da Fiesp.

Entre um Block Black Label e outro — quero dizer, entre uns e muitos outros — negociava-se tudo entre quatro paredes: até mesmo como um recuo de Lula seria vendido como um avanço da “craçe trabaiadora”. Lula se preparava, então, para saber que “menas” não existe, que o certo é “interveio” (e não “interviu”) e para empregar “en passant”. Sua linguagem ainda era capenga, mas ele já era o monarca absolutista daquele reino.

Na Presidência, se vocês notarem, ele vive reclamando dos mecanismos de controle e fiscalização. Perguntem a Lula por que o PAC não anda. Ele vai dizer que a culpa é do TCU, da fiscalização. Observem que ele não propõe uma reforma institucional que torne, então, o Estado mais eficiente. Para quê? Afinal, ele é o esperto que se dá bem justamente nessa máquina ineficiente. Mas este particular fica para outra hora. Meu ponto de chegada é outro.

Meu ponto de chegada, nesse caso dos aviões, é evidenciar que o sindicalista Lula tomou o lugar do presidente Lula. O acordo de bastidores, o acerto feito por debaixo dos panos, aquele mundo das trapaças ditas aceitáveis do mundo sindical tomaram o lugar da negociação de estado. É por isso que a Aeronáutica, como se vê, foi obviamente alijada do processo de escolha. “A decisão é política”, diz Lula. E Aeronáutica não faz política, certo?

Espero, então, que a Força não venha a se comprometer com uma eventual escolha técnica infeliz.

Só para registrar: pode até ser que o Rafale seja mesmo o melhor avião e que a escolha “política” de Lula coincida com o rigor técnico. Ainda assim, a questão institucional terá sido rebaixada mais uma vez.

100) Pesquisas eleitorais e de popularidade

O cientita político David Fleischer, da UnB, resumiu todas as pesquisas de opinião mais recentes em sua newsletter sobre atualidade política brasileira, deste sábado 12 de setembro de 2009
Como se trata de um arquivo em Word, com muitas tabulações, estas estarão inevitavelmente desformatadas, ao transpo-las para esta base de blog em html. Com este pequeno incômodo, transcrevo, ainda assim partes substanciais de seu boletim, e todo o crédito lhe é devido pelo resumo dos relatórios das agências de pesquisa de opinião.

New CNT/Sensus poll
David Flesicher
Brazil Focus, weekly report, 5-11 September 2009

The latest CNT/Sensus poll was conducted between 31st Aug. and 4th Sept. among 2,000 voters in 136 municípios in 24 states with a margin of error at 3%. The previous poll was conducted on 25-29 May/09.

In spite of “economic crisis” and the very bad unemployment data in Dec./08 and Jan./09, Pres. Lula’s approval rating continued to increase in late January 2009 (by 2.7 p.p.). BUT in late March 2009, Lula’s personal approval rating as president declined by 7.8 p.p. This trace had seen a “steady increase” since the “dip” in his rating toward the end of 2005 (following the mensalão scandal). This approval rating was the worst since Feb./08 (66.8%). Moreover, the spread (between “Approve” and “Disapprove”) declined precipitously since Jan./09 (+71.8) to +56.3 in March 2009. However – in May/09, the positive evaluation of the Lula Presidency increased by 5.3 p.p. to 81.5% -- close to the “peak” achieved in Jan./09. Another “oscillation” in Sept./09 ⇒ Lula’s approval rating as president “slid” back down (by nearly 5 points) to the level of March 2009, when the economic crisis had impacted Brazil. Detail: In Sept./01, in the 7th year of his government, Fernando H. Cardoso’s approval rating as President was 34.5%.

Evaluation of Lula as President
2005 2006 2007 2008 2009
Nov. Feb. Aug. April June Feb. Dec. Jan. Mar. May Sept.
Approve 46.7% 53.3% 59.3% 63.7% 64.2% 66.8% 80.3% 84.0% 76.2% 81.5% 76.8%
Disapprove 44.2% 38.0% 32.5% 28.2% 29.8% 28.6% 15.2% 12.2% 19.9% 15.7% 18.7%
Don’t Know 9.1% 8.7% 8.2% 8.2% 6.3% 4.6% 4.6% 3.8% 3.9% 2.9% 4.6%
“App. – Dis.” +2.5 +15.3 +26.8 +35.5 +34.4 +38.2 +65.1 +71.8 +56.3 +65.8 +58.1

What are the causes of this “inconsistency”? Apparently, Lula’s very aggressive public positions regarding the crisis – that it was caused by the “greedy” US banks and that Brazil was well-prepared to withstand the impacts of this crisis [“just a ripple for Brazil”] – seem to have struck a “positive” public nerve in January. Also, in Dec./08 and Jan.09 the government adopted several new policy decisions to inject large amounts of funds into the economy plus the Copom decision to reduce the Selic rate. However, since the January Sensus poll no “new” high impact public policies were forthcoming and new [bad] unemployment data for January and even worst GDP data for 4th Q/2008 appeared.

Thus, as might be expected, in March the evaluation of the Lula government suffered a worse decline that the evaluation of “Lula as President” ⇒ -10.1 points. Lula was down by -7.8 points. Again, this was the worst evaluation since Feb./08. The January-March spreads were down (worse) by -12.7 points versus a -15.5 point decline in the spreads Lula’s personal performance rating. Perhaps the difference (larger decline in Lula’s spreads) might be due to the fact that response options for the “Lula government” include a “regular” category.

But – as in the case of “Lula as President” seen above, the decline in the evaluation of the “Lula Government” observed in March was also reversed in May ⇒ to 69.8%, slightly below the “high water mark” observed in Jan./09 (72.5%). Again, In Sept./09, both the evaluations of Lula as President and of the Lula Government declined in Sept/09 – but not as much as Jan.⇒March.

Detail: In Sept./ 2001, in the 7th year of FHC’s term, the approval rating for the Cardoso government was 21.7%.

Evaluation of Lula Government
2005 2006 2007 2008 2009
Nov. Feb. Aug. April June Feb. Dec. Jan. Mar. May Sept.
Positive 31.1% 37.5% 43.6% 49.5% 47.5% 52.7% 71.1% 72.5% 62.4% 69.8% 65.4%
Regular 37.6% 40.0% 39.5% 34.3% 36.5% 32.5% 21.6% 21.7% 29.1% 23.9% 26.6%
Negative 29.0% 21.4% 15.6% 14.6% 14.0% 13.7% 6.4% 5.0% 7.6% 5.8% 7.2%
DK/NR 2.3% 1.2% 1.3% 1.6% 2.0% 1.1% 0.9% 0.8% 0.9% 0.6% 0.8%
“Pos. -Neg.” +2.1 +16.1 +28.0 +34.9 +33.5 +39.0 +64.7 +67.5 +54.8 +64.0 +58.2

Presidential poll ⇒ 2010
Presidential coattails -- The Sept. 2009 poll repeated the Lula coattails question from the Jan./09 and March/09 polls ⇒ Would you vote for the candidate supported by Lula?

Vote for Lula’s Candidate? Jan. March Sept.
“The only one I’d vote for” 15.6% 21.5% 20.8%
“I might vote for Lula’s cand.” 28.9% 29.6% 31.4%
“No, not for that candidate” 18.4% 20.3% 20.2%
“I’d have to know the cand.” 34.0% 25.9% 24.6%
DK/NR 2.3% 3.9% 3.1%

There was a considerable increase in the first alternative, 15.6%⇒21.5% between January and March when Lula formally assumed” Dilma Rousseff as “his” candidate and a slight increase in the third [negative] option, 19.4% ⇒20.3% -- but in the Sept./09 poll both responses were essentially the same as in March/09, perhaps indicating that a limit to Lula’s “coattails” has been reached. The Brazilian press called attention to the proportion of voters who “would” or “might” vote for Lula’s candidate ⇒ 51.1% in March 2009, up 6.6 p.p. since the Jan./09 poll. However – six months later, in Sept./09 this indicator had reached 52.2% -- an increase of only 1.1 points – another indication of the “coattails plateau” hypothesis. Stay tuned for the next poll – probably in Dec./09!!! (This question was not repeated in the May poll.)

First Round Simulations -- As in March, the May Sensus poll ran 4 first round simulations with the pre-candidates who had “visibility” in January and March 2009. The Sept./09 poll ran 8 first round simulations – that included Sen. Marina Silva (PV) and Dep. Antônio Palocci (as the PT’s “Plan B”. In the first four simulations – José Serra does better than Aécio Neves as a PSDB pre-candidate, while Neves “declines” in simulations 2 and 4. Dilma Rousseff runs stronger than Ciro Gomes against both Serra and Neves.

Between the March and May polls: Serra declined 2.9 points against Dilma but gained 1.1 points against Gomes; Dilma increased 7.2 points against Serra and 7.9 points against Neves; and Gomes declined 0.6 points against Serra but gained 0.9 points against Neves. Heloisa Helena declined slightly against Serra but “advanced” in the other three simulations. As Lula’s in pectore candidate, Dilma Rousseff is steadily improving, especially against Aécio Neves where she surpassed 25% in May and broke the 20% plateau against Serra – in spite of Pres. Lula declining slightly in his approval ratings in March.

However – the Sept./09 Sensus poll that ALL candidates declined with the addition of Marina Silva (PV) to these simulations. In Simulation 1, Serra is down by 0.9 points, Dilma declined 4.5 points and Heloisa Helena was down by 1.0 point ⇒ reinforcing the theory that Marina Silva would take more votes (preferences) away from Dilma than Serra. The same tendency is present in Simulation 2, where Aécio Neves loses 2 points (double Serra’s loss), Dilma is down by 4.5 points, but Heloisa Helena loses 4.8 points ⇒ Marina Silva takes preferences away from both Dilma Rousseff and Heloisa Helena.

In Simulations 3 and 4 (with Ciro Gomes), Serra loses 3.7 points with Gomes down 5.6 points and Heloisa Helena down 2.8 points ⇒ Gomes suffers losses similar to Dilma, and Heloisa Helena losses increase some what. In the Aécio Simulation (4), the MG governor loses 1.7 points, while Gomes loses 8.1 points and Heloisa Helena loses 5.8 points. Aécio is impacted less than Serra by the addition of Marina Silva in these two simulations, while Gomes’s losses are similar to Dilma’s (in Simulations 1 and 2).

Simulation 1 Simulation 2 Simulation 3 .
Pre-Candidate Mar. May Sept. Mar. May Sept. Mar. May
J. Serra (PSDB) 45.7% 40.4% 39.5% - - - - - - 43.1% 44.2% 40.5%
A. Neves (PSDB) - - - - - - 22.0% 18.8% 16.8% - - - - - -
D. Rousseff (PT) 16.3% 23.5% 19.0% 19.9% 27.8% 23.3% - - - - - -
A. Palocci - - - - - - - - - - - - - - - - - -
C. Gomes (PSB) - - - - - - - - - - - - 14.9% 14.3% 8.7%
H. Helena (PSoL) 11.0% 10.7% 9.7% 17.4% 18.3% 13.5% 12.8% 13.5% 10.7%
M. Silva (PV) - - - - 4.8% - - - - 8.1% - - - - 7.1%
Blank/Null/DK/NR 27.0% 25.6% 27.2% 40.8% 35.3% 38.5% 29.4% 28.2% 33.1%

Simulation 4 Sim-5 Sim-6 Sim-7 Sim-8
Pre-Candidate Mar. May Sept. Sept. Sept. Sept. Sept.
J. Serra (PSDB) - - - - - - 42.2% - - 40.1% - -
A. Neves (PSDB) 21.2% 19.3% 17.6% - - 18.0% - - 19.5%
D. Rousseff (PT) - - - - - - - - - - 19.9% 25.6%
A. Palocci (PT) - - - - - - 7.0% 8.5% - - - -
C. Gomes (PSB) 19.2% 20.1% 12.0% - - - - - - - -
H. Helena (PSoL) 19.0% 22.4% 16.6% 10.8% 18.0% - - - -
M. Silva (PV) - - - - 9.3% 7.4% 9.8% 9.5% 11.2%
Blank/Null/DK/NR 40.7% 38.2% 45.2% 32.8% 45.9% 40.5% 43.9%

When Dep. Antônio Palocci is added to Simulations 5 and 6 (replacing Dilma as the PT’s “Plan B”), he polls slightly less that Marina Silva – but the “difference” between Dilma and Palocci seems to accrue more preferences to Heloisa Helena than to Serra or Aécio. The best performance by Sen. Marina Silva (PV) is in Simulation 8 – against Aécio Neves (PSDB) and Dilma Rousseff (PT).

Rejection rates – “I would never vote for him/her”
Pre-Candidate May Sept.
J. Serra (PSDB) 24.6% 29.1%
A. Neves (PSDB) 18.5% 26.3%
D. Rousseff (PT) 23.3% 37.6%
A. Palocci (PT) - - 45.8%
C. Gomes (PSB) 29.3% 39.9%
H. Helena (PSoL) - - 43.0%
M. Silva (PV) - - 33.3%

Among the four candidates included in the May/09 poll, ALL saw their rejection rates increase in Sept./09 (Heloisa Helena was not included in this simulation in May/09.). Aécio Neves continues to have the lowest rejection rate in this group (26.3%) followed by José Serra (29.1%). Ciro Gomes (39.9%) and Dilma Rousseff (37.6%) saw their rejection rates increase considerably. In the Sept./09 poll, Sensus included Heloisa Helena, Marina Silva and Antônio Palocci. The former Finance Minister has the highest rejection rate of all seven pre-candidates (45.8%), followed by Heloisa Helena (43.0%), and Marina Silva (33.3%).

“Coattails” - Would you vote for the candidate supported by Pres. Lula?
This so-called “coattails” or “vote transfer” question was simulated in the polls conducted in January, March and September 2009 ⇒ whether Lula’s great popularity (approval ratings in the polls) could be transferred to the candidate of his choice. In 2009, supposedly this candidate is Dilma Rousseff.

Response Jan. March Sept.
“The only one I’d vote for” 15.6% 21.5% 20.8%
“I might vote for Lula’s cand.” 28.9% 28.6% 31.4%
“No, not for that candidate” 18.4% 20.3% 20.2%
“I’d have to know the cand.” 34.0% 25.9% 24.6%
DK/NR 2.3% 3.9% 3.1%

According to these three polls, Lula’s ability to “transfer” his popularity to support of “his” chosen candidate has reached a “plateau” in Sept./09. While those responding “Yes, that’s the only candidate I would vote for” declined slightly between March and Sept. – 21.5%⇒20.8%; those responding, “No, I would not vote for the candidate supported by Lula” also decreased very slightly – 20.3%⇒20.2%. A majority responded “perhaps” – “I might vote for Lula’s candidate” (31.4%) or “I have to know who that candidate is (that Lula supports)” (24.6%).

This reinforces Lula’s possible strategy of taking a leave of absence from the Presidency in July-Sept. 2010 to campaign intensely with Dilma Rousseff (if she becomes the PT’s candidate). Detail: If for what ever reason Vice-President José Alencar (PRB-MG) were not able to substitute for Lula in mid-2010, this task would fall the President of the Chamber of Deputies, Dep. Michel Temer (PMDB-SP). Because Temer probably would be a candidate for reelection or for the Vice-Presidency in 2010, he would not be able to substitute for Lula and this task would fall to the President of the Senate, Sen. José Sarney (PMDB-AP).

⇒ Want more?? Reportedly, the PMDB in Brasília is circulating a recent survey conducted by Ibope that shows Dilma Rousseff declining 18%⇒13%. This result, attributed to Ibope, shows – Serra (42%), Ciro (14%), Dilma (13%), Heloisa Helena (7%), and Marina Silva (3%).

Second Round Simulations
In its Sept./09 poll, Sensus ran six simulations, four of which were continuations from January and May 2009. Simulations 5 and 6 include Dep. Antônio Palocci as the PT’s possible “Plan B” candidate.

In Simulations 1 and 4, José Serra remains more or less constant in his performance against Dilma Rousseff (PT) and Ciro Gomes (PSB) between May and September 2009.

In the Aécio vs. Dilma confrontation (Simulation 2), the MG governor is stable May⇒Sept., but Dilma loses votes to “Undecided”. In the Aécio vs. Gomes confrontation (Simulation 3), both candidates lose about the same proportions of votes to “undecided”.

Simulation 1 Simulation 2 Simulation 3 .
Pre-Candidate Mar. May Sept. Mar. May Sept. Mar. May Sept.
J. Serra (PSDB) 53.5% 49.7% 49.9% - - - - - - - - - - - -
A. Neves (PSDB) - - - - - - 28.3% 25.9% 26.0% 26.8% 27.9% 24.2%
D. Rousseff (PT) 21.3% 28.7% 25.0% 29.1% 39.4% 35.8% - - - - - -
A. Palocci (PT) - - - - - - - - - - - - - - - - - -
C. Gomes (PSB) - - - - - - - - - - - - 31.2% 34.1% 30.1%
Blank/Null/DK/NR 25.3% 21.7% 25.2% 42.7% 34.8% 38.3% 42.2% 38.0% 45.8%

Simulation 4 Sim-5 Sim-6
Pre-Candidate Mar. May Sept. Sept. Sept.
J. Serra (PSDB) 49.9% 51.8% 51.5% 54.8% - -
A. Neves (PSDB) - - - - - - - - 31.4%
D. Rousseff (PT) - - - - - - - - - -
A. Palocci (PT) - - - - - - 11.3% 17.5%
C. Gomes (PSB) 20.3% 19.9% 16.7% - - - -
Blank/Null/DK/NR 29.9% 28.4% 31.9% 44.1% 51.2%

In ALL simulations, the voters marking Blank, Null, DK or NR were less in March than in January – but more frequent in Simulations 2 and 3 when the PSDB candidate was Neves. However, this “uncertain” response increased in Sept./09 to levels higher than in Jan./09. This reflects the uncertainty (or perplexity) of voters with the “reshuffling” of the “succession deck of cards” in August – with the possible entry of Marina Silva and Antônio Palocci, plus doubts as to whether Heloisa Helena will continue as a pre-candidate or whether the PSoL will seal a coalition with the PV in support of Marina Silva.

Conclusions:
1) While Lula’s popularity rating took a 10-point dive – he still has a relatively high approval rating.
2) Dilma has now more or less overtaken Gov. Aécio Neves in this poll, but appears to have reached a “plateau” in Sept./09.
3) As in the previous Datafolha and Ibope polls, Gov. Serra continues to enjoy a large lead in all scenarios.
4) Dep. Ciro Gomes has an improved, stronger showing, more or less equal to that of Dilma in some scenarios in the May/09 poll – but declined considerably in the Sept./09 poll.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

99) Pesquisas eleitorais, a inevitavel leveza de certos candidatos...

Do Ex-Blog do Cesar Maia

CIRO GOMES PASSA A SER COMPETITIVO!
10 de setembro de 2009

1. A coluna do Ancelmo, no Globo (09), divulgou como primeira nota uma pesquisa nacional do IBOPE, onde Serra teria 42%, Ciro 14%, Dilma 13% (caindo 5 pontos), Heloísa Helena 7% e Marina Silva 3%. Essa é a informação que se divulga nas esquinas da política desde fins de agosto, com base em pesquisas regionais e nacionais. Com a saída de H. Helena para candidata ao Senado, Marina tende a ocupar o seu lugar, apenas.

2. Nesta semana, o Estadão abriu rasgados elogios a Marina em editorial e, ontem, destacando uma das listas da Sensus (improvável), abriu uma matéria dizendo: "Marina larga com 9,5%", o que é um exagero. Ontem, este Ex-Blog chamava a atenção da pesquisa Sensus, onde em nenhuma lista apareciam Dilma e Ciro juntos, o que certamente mostraria Ciro na frente de Dilma.

3. A percepção crescente das fragilidades da candidatura de Dilma pode ser caricaturizada por sua plástica, onde o cirurgião puxou os cantos da boca como se quisesse soldar um sorriso. O paradoxal é que a mudança plástica de sua expressão de durona, que ajudava numa conjuntura de desgaste dos políticos, foi transferida de mão beijada para o Ciro, que a tem naturalmente.

4. Ciro começa a emergir como o candidato mais forte do campo do governo. Espertamente exalta Lula enquanto desmonta o governo, o que ajudará seu discurso em campanha, num clássico "mantenho tudo o que é bom e corrijo os erros". Ciro tem quatro características que o ajudam em campanha. A primeira é sua expressão de seriedade neste momento.

5. A segunda é estar convencido de que tudo o que diz é verdade e de que sabe o que fala, especialmente em matéria econômica. Isso ajuda muito a imagem na TV, cuja cobertura é diária. A terceira traz votos, mas é perigosa. A maneira com que trata o Congresso, confundindo políticos eventuais com sua rejeição à instituição, sinalizando uma vontade de autoritarismo. Mas é uma comunicação que agrada ao distinto público. E a quarta é já ter aberto vantagem no Nordeste em relação à Dilma.

98) Estado da campanha (sem campanha ainda) em 10 de setembro

Na verdade, não é um balanço da campanha, apenas referências aos possíveis candidatos, segundo este post do Reinaldo Azevedo. Transcrevi porque é impossível não dar risadas com suas colocações certeiras sobre cada uma das personagens...

Lula, Dilma, Marina e uma campanha mais fria
Reinaldo Azevedo 10/09/09 16:57

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que caberá à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), escolher o seu candidato a vice na disputa pela Presidência da República em 2010. Em entrevista à rádio Verdes Mares, de Fortaleza, Lula afirmou que ele não deve entrar nessa discussão.
“Se a Dilma for consagrada como candidata, ela é que vai ter que escolher o vice junto à sua base aliada. Se eu já escolhi uma candidata e vou escolher o vice? O que é que vão ficar dizendo?”, afirmou o presidente.
Principal aliado do governo Lula, o PMDB é partido cotado para indicar o vice de Dilma. O partido, que fez o maior número de prefeitos nas eleições de 2008, também é assediado pelo PSDB.
Lula disse que o país está vivendo uma “fase importante” de escolher de candidatos a presidente, mas ressaltou que somente em março ou abril de 2010 é que os nomes vão estar definidos.
O presidente lembrou que o PT já apresentou a Dilma, que o PSB “certamente” apresentar o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), que está “ouvindo dizer” que a senadora Marina Silva (PV-AC) vai sair pelo PV, que “não sabe” se a Heloísa Helena (PSOL) vai ser candidata e que o PSDB “está discutindo” entre os governadores José Serra (São Paulo) ou Aécio Neves (Minas Gerais). “As coisas estão caminhando”, afirmou.
Segundo a última pesquisa da CNT/Sensus divulgada na terça-feira (8), Serra venceria Dilma com 39,5% dos votos, enquanto a petista receberia 19%. Em terceiro lugar aparece Heloísa Helena, com 9,7% dos votos, seguida por Marina Silva, com 4,8%.
A pesquisa CNT/Sensus foi realizada entre os dias 31 de agosto e 4 de setembro, em 136 municípios de 24 Estados. Foram ouvidas 2.000 pessoas, e a margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou menos.

Comento
Lula demonstra um interesse não mais do que burocrático pelo assunto, ou é impressão minha? Isso reflete o momento por que passa a candidatura oficial: estagnação, marasmo. Vai ficar assim? Acho que não. Lula vai tentar esquentar essa disputa. Mas é difícil.

Dilma não tem, assim, aquela personalidade que incendeia multidões, que desperta paixões enlouquecidas. A rigor, aquele que é, até agora, o favorito na corrida, também não. Embora Serra deva ser, depois de Lula, a figura política mais popular e mais aceita pelos eleitores, não tem um perfil palanqueiro, que fala o que dá na telha, que começa a pensar logo depois de fazer um discurso…

Quem poderia fazer o apelo eleitoral de caráter mais, como diria?, emocional? Heloísa Helena (PSOL), que seduz bem pouca gente, não estará no palanque. Vai optar por uma vaga certa ao Senado por Alagoas. Ciro Gomes (PSB) é um canhão no convés. É bom de ofensa, mas não comove. Tem a ambição de ser um teórico da economia política e é capaz de dizer coisas incompreensíveis com uma fluência única. Marina Silva é a que tem nas mãos um botão quente: o meio ambiente. O tema tem apelo para a classe média, para os descolados, para os abduzidos pelo mico-leão dourado e pelo minhocuçu.

A verdade é que a ausência de Lula na disputa — a primeira vez desde 1989 — tende a empurrar o debate para um terreno de maior racionalidade. A nota utópica ficará, provavelmente, com Marina. Quase ninguém sabe que, se todas as leis ambientais que há no Brasil forem seguidas para valer, a população meio obesa vai ficar com a cara da senadora verde. Se ela é magra daquele jeito por opção, o país ficaria magríssimo de fome mesmo (nunca digam “magérrimo”, esta aberração aceita por muitos: ou é “magríssimo” ou é “macérrimo”). Sobraria 29% do território brasileiro para as cidades, as obras de infra-estrutura, a agricultura e as pastagens.

Nem daria para substituir grãos por capim. O capim ficaria com as vacas e com os burros. Viveríamos de luz!!!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

97) Pesquisas pre-eleitorais: numeros ainda precarios

Enfim, não tenho a pesquisa completo, por isso apenas transcrevo um post do Reinaldo Azevedo, abusado, como sempre:

Dilma não é a candidata do Nordeste, não é a candidata das mulheres, não é a candidata dos mais pobres…
Blog do Reinaldo Azevedo, 08/09/09 18:54
CNT-Sensus de setembro de 2009 Sucessão 2010

Os blogs a soldo andaram espalhando por aí uma pesquisa mandraque que estaria a indicar a disparada irresistível de Dilma no Nordeste - e até no Sul do país. Não é o que mostra a pesquisa CNT-Sensus por região.

No cenário em que Serra disputa com Dilma, tendo Heloisa Helena e Marina Silva na corrida, os índices do tucano são estes:
Norte/Centro-Oeste - 41,2%
Nordeste - 38,2%
Sudeste - 36,7%
Sul - 48,3%

E Dilma?
Norte/Centro-Oeste - 21,1%
Nordeste - 23,8%
Sudeste - 15%
Sul - 18,9%

Também a candidatura de “Dilma enquanto mulher”, por enquanto, não emplacou: do eleitorado feminino, apenas 16,5% se mostra disposto a votar na petista -38,9% preferem Serra. Entre os homens, Dilma é um pouco mais popular: 21,6% contra 40,1% do tucano.

Quando se vê a escolaridade, surgem alguns dados reveladores. Dilma obtém a sua melhor marca (20,5%) entre os que têm curso superior, e Serra, entre os que têm o segundo grau, 41,3% (empatado com “ginasial”: 41,2%) - embora ele vença com folga em todas as faixas, a saber:
Primário - 17,4% a 38,6%
Ginasial - 19,2% a 41,2%
2º Grau - 20% a 41,3%
Superior - 20,5% a 33,3%

Dilma emplaca como a candidata dos pobres? Por enquanto, o seu melhor desempenho está mesmo entre os mais ricos, que ganham mais de 20 salários mínimos: 22,7% - e é onde Serra obtém o seu pior. O tucano lidera, empatado, entre os que ganham de 1 a cinco salários (41%) e de 10 a 20 (41,4%). Serra está na frente em todas as faixas:
de 0 a 1 - 19,4% a 36,2%
de 1 a 5 - 18,7% a 41%
de 5 a 10 - 20,4% a 37,9%
de 10 a 20 - 15,8% a 41,4%
Mais de 20 - 22,7% a 34,1%

Vejam que coisa: os petistas pretendem que Dilma seja a candidata do “povo”, em oposição a Serra, que seria “dazelite”. Está difícil de criar a fantasia para ela e de colar a pecha nele. Por enquanto, o melhor desempenho de Dilma está mesmo com a Dona Zelite: universitários com mais de 20 salários.

Até agora, Dilma não é a candidata do Nordeste, não é a candidata das mulheres e não é a candidata dos mais pobres. Dilma é a candidata de Lula. Pode até ser muita coisa. Por enquanto, não ganha eleição.

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Mais pesquisa - Dilma, os que não querem saber dela e a transferência de votos
Reinaldo Azevedo 08/09/09 18:00
CNT-Sensus de setembro de 2009 Sucessão 2010

Há um outro dado que pode preocupar os petistas - ou dois. Dilma já não é mais aquela desconhecida dos primeiros dias. Agora apenas 17,1% dizem não saber quem é ela. O índice de Serra é bem menor: só 5,2% não o conhecem. Dizem que SÓ votariam no tucano 20,2% dos eleitores; em Dilma, 11,3%. PODERIAM VOTAR nele 39,7%; nela, 27,3%. As coisas se complicam um pouco para a ministra no quesito NÃO VOTARIAM: aí ela leva uma grande vantagem sobre Serra: 37,6% contra 29,1%.

Todas as esperanças dos petistas, é evidente, estão postas na suposta capacidade de Lula de transferir votos. Só não sei se os números são tão bons quanto alguns supõem. Vejam:
- só votariam no candidato de Lula - 20,8%
- poderiam votam no candidato de Lula - 31,4%
- não votariam no candidato de Lula - 20,2%
- só conhecendo o candidato - 24,6%

Aí muita gente, especialmente aqueles abduzidos pelo Super-Franklin, faz a seguinte conta: “Pô, a soma dos que só votariam no candidato de Lula e dos que poderiam votar dá 52,2%. Pronto! A eleição está no papo”. Pois é… Mas o que significa “poderia”? Ora, somando-se os que SÓ votariam em Serra com os que PODERIAM votar em Serra, chega-se a 59,9%, quase oito pontos a mais. Então quer dizer que o tucano já ganhou? Ora…

A verdade é que, dada a máquina de propaganda, chega a ser surpreendente que apenas 20,8% digam que só votarão no candidato que Lula indicar. Se a gente observar, é o patamar em que Dilma, de fato, está — a despeito de toda propaganda e da máquina. Se Lula mandar votar num poste, seus abduzidos votam. E ele mandou…

O “poderia” quer dizer apenas que o fato de Lula apoiar o candidato não é um empecilho para o voto. Não atrapalha, mas também não define. Em outras palavras: o candidato vai ter de conquistar o eleitor. O desafio do petismo, agora, é criar uma Dilma que não se pareça com aquilo que Dilma é: uma invenção de Lula.

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Pesquisa - Dilma: estagnação e queda
Reinaldo Azevedo 08/09/09 17:14
CNT-Sensus de setembro de 2009 Sucessão 2010

A eleição vai se decidir, tudo indica, é no segundo turno, não é mesmo? E a situação piorou para Dilma Rousseff.

Em maio, Serra vencia a disputa por 49,9% a 25%; 49,7% a 28,7%; agora, por 49,7% a 28,7%. 49,9% a 25%. Alguns dados curiosos de outras simulações. Comento em seguida. Caso Aécio disputasse com a petista, ela ficaria com 35,8% (39,4% em maio); ele, com 26% (25,9% na anterior). Ela cai, mas ele não sobe. Num embate final entre Serra e Ciro, o tucano ficaria com 51,5% (51,8% em maio), mas Ciro cairia: 16,7% (19,9% na anterior).

O quadro é ruim para Dilma. A queda, afinal, é ainda pior do que a estagnação, que já preocupava. É fato que a disputa nem começou, mas é também inegável que, nunca antes nestepaiz, se fez tanta campanha eleitoral antecipada. Lula está na TV exaltando as suas virtudes todos os dias. E sempre propondo o embate plebiscitário. Vem por aí a avalanche de propaganda do pré-sal, da compra de aviões etc… Todos esses futuros gloriosos. Vamos ver.

Quanto ao ninho tucano, mais uma pesquisa evidencia qual é a chance de o PSDB bater o PT nas urnas. Serra vence, com folga, em todos os cenários: 49,9% a 25% contra Dilma; 51,5% a 16,7% contra Ciro e 54,8% a 11,3% contra Palocci. O governador mineiro só vence o embate contra o ex-ministro da Fazenda: 31,4% a 17,5%, mas perde para Dilma (35,8% a 26%) e para Ciro: 30,1% a 24,2%.

“Política não é só voto na urna etc”. Sei disso: ele só é uma precondição que não esgota o assunto, certo?