Transcrevo abaixo análise de conjuntura elaborada pela CAC, uma empresa de onsultoria política de Brasília:
Quatro elementos do cenário político
Brasília, 02 de julho de 2009 - nº 109
Com o noticiário ocupado pelos desdobramentos da crise no Senado, este talvez seja o momento adequado para desviar o foco da mera conjuntura e analisar a situação de elementos mais permanentes do cenário político. Anotar a evolução recente dos fatores que serão decisivos no ciclo da sucessão e projetar sua trajetória de médio prazo.
1. O ritmo da recuperação econômica
Os números da produção industrial de maio confirmaram uma avaliação familiar. As medidas emergenciais do governo estão contribuindo para alguma retomada em setores chave, mas seu ritmo é lento. As previsões do mercado ainda apontam para uma contração econômica em 2009, apesar dos estímulos fiscais concedidos ao longo do primeiro semestre.
As pesquisas de opinião vêm mostrando que a eficiente comunicação do governo difundiu uma imagem correta de suas ações e diminuiu a percepção da gravidade da crise. Com isso, a popularidade presidencial voltou a patamares elevados, mas a lenta recuperação não permite instalar novamente um clima de entusiasmo social.
Esse clima de entusiasmo é importante para a operação eleitoral do governo Lula. Afinal, não se trata de votar novamente no presidente da República, mas transferir votos para uma liderança ainda relativamente desconhecida.
2. A aliança PT-PMDB
A estabilidade da cooperação eleitoral dos principais partidos da coalizão de governo continua em lento processo de erosão.
Do ponto de vista do PT, suas lideranças sabem que não dispõem do mesmo salvo conduto concedido pelo eleitor ao presidente Lula. Ele pode atravessar ileso os escândalos de corrupção de seu governo, mas seu partido vem pagando um preço pesado: está cada vez mais longe dos governos estaduais relevantes e terá um batalha de vida ou morte para preservar sua bancada no Senado, boa parte dela eleita no clima triunfante de 2002.
Basta um pouco de turbulência e seus eventuais candidatos deixam de lado os planos de cooperação. O ministro da Justiça, Tarso Genro, aos primeiros sinais de confusão no Senado, avisou que a coligação com o PMDB no Rio Grande do Sul era impossível.
O PMDB, por sua vez, conhece bem esse comportamento. Já foi sua vítima em momentos do passado e prefere, há algum tempo, demandar o socorro diretamente ao presidente Lula, que arca com o desgaste de uma defesa explícita das lideranças do aliado. Por enquanto, o dispositivo vem funcionando, mas o arranjo é instável.
3. O exercício da campanha negativa
Eleições com baixo conteúdo ideológico em jogo praticamente pedem o emprego de campanhas negativas. Com relação a 2010, há sinais evidentes de que o recurso será usado.
Nesse momento, existe praticamente uma nuvem de notícias desgastantes para o governo na mídia e a CPI da Petrobras tem potencial para agravar esse ambiente. A estatal é um objeto visível para os grandes eleitorados e denúncias de irregularidades na empresa viriam se somar às muitas outras que já ocupam os jornais.
É importante registrar que campanhas negativas funcionam nas duas direções. As forças governistas ainda não se moveram nesse campo e não se pode lhes atribuir qualquer manobra ainda cujo alvo seja a oposição ou seus candidatos presidenciais.
Pode ser que a péssima experiência com o dossiê Serra em 2006 tenha recomendado prudência, mas a perspectiva de derrota inevitável torna as pessoas menos prudentes.
4. Serra favorecido
A lenta recuperação econômica, os problemas de saúde de Dilma Rousseff e o estresse da relação PMDB-PT estão impedindo a antecipação da campanha eleitoral sonhada pelo presidente Lula. Os eventos públicos se sucedem, mas nem de longe provocam a sensação de campanha em marcha. Curiosamente, Dilma Rousseff vem revelando até uma desconfortável taxa de rejeição.
Esse ambiente está de acordo com os planos do governador José Serra (PSDB-SP), que sempre planejou adiar qualquer definição sobre sua candidatura para 2010. Por razões internas e externas. Sua dianteira confortável nas pesquisas pode sobreviver ainda por alguns meses.
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quinta-feira, 2 de julho de 2009
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