Eleições 2010: Dilma no discurso de despedida: 'Não somos aqueles que estamos dizendo adeus. Estamos dizendo até breve'
Luiza Damé
O Globo, 31/03/2010
BRASÍLIA - No discurso de despedida do governo a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, disse que não estava dizendo "adeus", mas "até breve". Dilma e mais nove ministros estão deixando o governo nesta quarta-feira para disputar as eleições de outubro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva dá posse coletiva aos dez substitutos.
Não somos aqueles que estamos dizendo adeus. Estamos dizendo até breve. Não vamos nos dispersar
- Não somos aqueles que estamos dizendo adeus. Estamos dizendo até breve. Não vamos nos dispersar. Quem fez tanto sobre a sua liderança está pronto a fazer mais e melhor - disse Dilma, que discursou em nome dos demais ministros.
Ao realizar um balanço do governo, ela disse que o presidente Lula mudou o país em sete anos e meio.
- O próximo período vai ser o das oportunidades - concluiu.
A ministra se emocionou durante o discurso. Em vários momentos sua voz falhou e teve que tomar água.
Saem cinco ministros do PT e quatro do PMDB
Os secretários-executivos vão ocupar a maior parte das pastas. Na disputa por espaço político, os partidos conseguiram manter seus domínios. Cinco dos titulares que saem são do PT, quatro do PMDB e um do PR. O prazo para a desincompatibilização se encerra no sábado, dia 3.
Novo ministro da Agricultura loteou cargos na Conab
Em pelo menos uma situação, a troca obedeceu a critérios políticos, em vez de técnicos. O Ministério da Agricultura será ocupado pelo ex-deputado Wagner Rossi , ex-presidente da Conab, acusado de loteamento de cargos, conforme informou o jornal O GLOBO nesta quarta-feira. Durante a cerimônia, a cerimônia, ele desconversou sobre as denúncias.
quarta-feira, 31 de março de 2010
domingo, 28 de março de 2010
361) O pessimo exemplo do presidente - Merval Pereira
O exemplo de Lula
MERVAL PEREIRA
O Globo, 28.03.2010
O descaso com que o presidente Lula trata as condenações que recebeu do Tribunal Superior Eleitoral resume bem o estado de complacência moral em que o país se debate, gerando o esgarçamento de seu tecido social com graves repercussões.
Está se impregnando na alma brasileira uma perigosa leniência com atos ilegais, que acaba tendo repercussões desastrosas no dia a dia do cidadão comum, que passa a considerar a "esperteza" como um atributo importante para vencer na vida.
Em vez de usar seu imenso prestígio junto ao eleitorado para dar o exemplo de cidadania, de respeito às leis, o presidente Lula vem, não é de hoje, confrontando publicamente as instituições que considera obstáculos a seus objetivos políticos, não apenas os meios de comunicação, a chamada "mídia", mas principalmente órgãos encarregados da fiscalização dos atos governamentais.
Já em 2008, em Salvador, chegou a dizer um palavrão em público criticando a lei eleitoral que dificulta suas viagens pelo país.
Àquela altura, ele já desdenhava das possíveis punições, fingindo ensinar ao povo como deve se comportar para não ferir a lei eleitoral.
Quando a torcida organizada começa a gritar o nome da ministra Dilma, ele se faz de desentendido: "(...) a gente não pode transformar num ato de campanha.
É um ato oficial, é um ato institucional. (...) vocês viram que eu, por cuidado, não citei nomes. Vocês é que, de enxeridos, gritaram nomes aí. Eu não citei nomes".
Igualzinho ao que continua fazendo, mesmo depois de multado.
Nos comícios, não é raro o presidente criticar o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público, por supostos entraves que imporiam à execução de obras, e chegou até mesmo a defender a alteração da Lei das Licitações, uma legislação que foi criada depois dos escândalos do governo Fernando Collor, exatamente para coibir a corrupção.
"Aqui no Brasil se parte do pressuposto de que todo mundo é ladrão", disse o presidente certa vez, com a mesma atitude complacente com que trata os "mensaleiros" e os "aloprados".
Lula se incomoda quando os organismos institucionais atuam para fazer o contraponto exigido pela democracia, que é o sistema de governo de pesos e contrapesos para controlar o equilíbrio entre os poderes.
Se existe uma legislação que impede um determinado ato seu, ele tenta superála com a maioria parlamentar que obteve à custa da divisão do governo em verdadeiros feudos partidários.
O exemplo mais recente é o projeto de lei que transforma os recursos do programa Territórios da Cidadania, que leva a regiões do interior projetos de educação, saúde, saneamento básico e ação fundiária, em transferência obrigatória da União para cidades com menos de 50 mil habitantes, mesmo havendo inadimplência financeira com o governo federal, o que fere a Lei de Responsabilidade Fiscal.
O caráter político da medida pode ser compreendido quando se sabe que 90% das Câmaras de Vereadores estão instaladas em municípios de menos de 50 mil habitantes.
O Tribunal de Contas da União (TCU) é uma vítima recorrente da obsessão de Lula, que o acusa constantemente de atrasar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Para Lula, de fato "quem governa é o TCU, que diz que obra pode ser realizada".
O incômodo é tão grande que chega a existir no Congresso, incentivado pelo governo, um projeto que reduz os poderes do Tribunal de Contas da União (TCU) na fiscalização, com o objetivo de impedir que o TCU paralise obras públicas, mesmo que a fiscalização encontre indícios de irregularidades graves.
Enquanto não consegue seu objetivo de neutralizar a ação do TCU, Lula vai desmoralizando suas decisões.
Recentemente inaugurou a primeira parte da ampliação e modernização da Refinaria Getúlio Vargas (Repar), obra apontada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como suspeita, um dos quatro empreendimentos da Petrobras que não poderiam receber dinheiro público em 2010 por possíveis irregularidades.
A impugnação do TCU foi incluída na Lei Orçamentária para 2010, mas recebeu o veto presidencial, que garantiu a continuidade das obras. A maioria governista na Câmara dos Deputados aprovou o veto.
Na ocasião, fez comício e tudo, com sua candidata Dilma Rousseff a tiracolo, como sempre, e usando os trabalhadores como desculpa para ter ultrapassado a decisão do TCU.
"Quem vai assumir as responsabilidades e explicar para as famílias dos 24 mil trabalhadores que tudo bem, a obra foi suspensa e a gente volta mais tarde?", discursou Dilma, defendendo a decisão do chefe, de quem não discorda "nem que a vaca tussa", como já disse uma vez.
Foi o TCU, um órgão do Poder Legislativo, por exemplo, que levantou os gastos exorbitantes dos cartões corporativos e exigiu maior transparência nas prestações de contas.
Outro órgão que se defronta com sérias críticas presidenciais é o Ibama.
Ainda em 2007 aconteceu a citação aos bagres, que ficaria famosa com o demonstração da veia ecológica do presidente Lula.
Em reunião com o Conselho Político, o presidente não escondeu a sua irritação com o Ibama por causa da demora na concessão de licença ambiental para construção de usinas hidrelétricas no Rio Madeira.
"Agora não pode por causa do bagre, jogaram o bagre no colo do presidente.
O que eu tenho com isso? Tem que ter uma solução".
Dois anos depois, Lula estava em Copenhague, na reunião do clima, no papel de defensor da ecologia.
MERVAL PEREIRA
O Globo, 28.03.2010
O descaso com que o presidente Lula trata as condenações que recebeu do Tribunal Superior Eleitoral resume bem o estado de complacência moral em que o país se debate, gerando o esgarçamento de seu tecido social com graves repercussões.
Está se impregnando na alma brasileira uma perigosa leniência com atos ilegais, que acaba tendo repercussões desastrosas no dia a dia do cidadão comum, que passa a considerar a "esperteza" como um atributo importante para vencer na vida.
Em vez de usar seu imenso prestígio junto ao eleitorado para dar o exemplo de cidadania, de respeito às leis, o presidente Lula vem, não é de hoje, confrontando publicamente as instituições que considera obstáculos a seus objetivos políticos, não apenas os meios de comunicação, a chamada "mídia", mas principalmente órgãos encarregados da fiscalização dos atos governamentais.
Já em 2008, em Salvador, chegou a dizer um palavrão em público criticando a lei eleitoral que dificulta suas viagens pelo país.
Àquela altura, ele já desdenhava das possíveis punições, fingindo ensinar ao povo como deve se comportar para não ferir a lei eleitoral.
Quando a torcida organizada começa a gritar o nome da ministra Dilma, ele se faz de desentendido: "(...) a gente não pode transformar num ato de campanha.
É um ato oficial, é um ato institucional. (...) vocês viram que eu, por cuidado, não citei nomes. Vocês é que, de enxeridos, gritaram nomes aí. Eu não citei nomes".
Igualzinho ao que continua fazendo, mesmo depois de multado.
Nos comícios, não é raro o presidente criticar o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público, por supostos entraves que imporiam à execução de obras, e chegou até mesmo a defender a alteração da Lei das Licitações, uma legislação que foi criada depois dos escândalos do governo Fernando Collor, exatamente para coibir a corrupção.
"Aqui no Brasil se parte do pressuposto de que todo mundo é ladrão", disse o presidente certa vez, com a mesma atitude complacente com que trata os "mensaleiros" e os "aloprados".
Lula se incomoda quando os organismos institucionais atuam para fazer o contraponto exigido pela democracia, que é o sistema de governo de pesos e contrapesos para controlar o equilíbrio entre os poderes.
Se existe uma legislação que impede um determinado ato seu, ele tenta superála com a maioria parlamentar que obteve à custa da divisão do governo em verdadeiros feudos partidários.
O exemplo mais recente é o projeto de lei que transforma os recursos do programa Territórios da Cidadania, que leva a regiões do interior projetos de educação, saúde, saneamento básico e ação fundiária, em transferência obrigatória da União para cidades com menos de 50 mil habitantes, mesmo havendo inadimplência financeira com o governo federal, o que fere a Lei de Responsabilidade Fiscal.
O caráter político da medida pode ser compreendido quando se sabe que 90% das Câmaras de Vereadores estão instaladas em municípios de menos de 50 mil habitantes.
O Tribunal de Contas da União (TCU) é uma vítima recorrente da obsessão de Lula, que o acusa constantemente de atrasar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Para Lula, de fato "quem governa é o TCU, que diz que obra pode ser realizada".
O incômodo é tão grande que chega a existir no Congresso, incentivado pelo governo, um projeto que reduz os poderes do Tribunal de Contas da União (TCU) na fiscalização, com o objetivo de impedir que o TCU paralise obras públicas, mesmo que a fiscalização encontre indícios de irregularidades graves.
Enquanto não consegue seu objetivo de neutralizar a ação do TCU, Lula vai desmoralizando suas decisões.
Recentemente inaugurou a primeira parte da ampliação e modernização da Refinaria Getúlio Vargas (Repar), obra apontada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como suspeita, um dos quatro empreendimentos da Petrobras que não poderiam receber dinheiro público em 2010 por possíveis irregularidades.
A impugnação do TCU foi incluída na Lei Orçamentária para 2010, mas recebeu o veto presidencial, que garantiu a continuidade das obras. A maioria governista na Câmara dos Deputados aprovou o veto.
Na ocasião, fez comício e tudo, com sua candidata Dilma Rousseff a tiracolo, como sempre, e usando os trabalhadores como desculpa para ter ultrapassado a decisão do TCU.
"Quem vai assumir as responsabilidades e explicar para as famílias dos 24 mil trabalhadores que tudo bem, a obra foi suspensa e a gente volta mais tarde?", discursou Dilma, defendendo a decisão do chefe, de quem não discorda "nem que a vaca tussa", como já disse uma vez.
Foi o TCU, um órgão do Poder Legislativo, por exemplo, que levantou os gastos exorbitantes dos cartões corporativos e exigiu maior transparência nas prestações de contas.
Outro órgão que se defronta com sérias críticas presidenciais é o Ibama.
Ainda em 2007 aconteceu a citação aos bagres, que ficaria famosa com o demonstração da veia ecológica do presidente Lula.
Em reunião com o Conselho Político, o presidente não escondeu a sua irritação com o Ibama por causa da demora na concessão de licença ambiental para construção de usinas hidrelétricas no Rio Madeira.
"Agora não pode por causa do bagre, jogaram o bagre no colo do presidente.
O que eu tenho com isso? Tem que ter uma solução".
Dois anos depois, Lula estava em Copenhague, na reunião do clima, no papel de defensor da ecologia.
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sábado, 27 de março de 2010
360) Campanha milionaria: PT Inc. (and Bahamas...)
O kit da candidata e um luxo
Diego Escosteguy
Revista Veja, edição 2158 - 31 de março de 2010
Jatinho, mansões, assessores e salário, tudo pago pelo PT, esperam Dilma Rousseff quando a campanha decolar.
Partido rico é outra coisa...
LOGÍSTICA
A pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, viajará de jatinho e ganhará salário: quem assina o cheque é Vaccari
A petista Dilma Rousseff sairá a pé do Palácio do Planalto nesta quarta-feira para percorrer a jornada eleitoral que, daqui a nove meses, poderá conduzi-la de volta ao poder pelo elevador privativo que leva ao gabinete do presidente da República. Dilma deixará o cargo de ministra da Casa Civil para se consagrar exclusivamente à pré-campanha, que dura até o fim de junho, quando a lei eleitoral estabelece o início oficial do pleito presidencial. O PT montou uma estrutura de primeira linha para a ministra. Ela receberá salário, contará com cinco assessores, voará de jatinho e vai se hospedar em uma confortável casa em Brasília (veja o quadro). Quem fechará esses contratos e pagará todas as despesas? Ele, o novo e já notório tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o homem que, segundo depoimentos em poder da Procuradoria-Geral da República colhidos durante o mensalão, cobrava propina de quem quisesse fechar negócios com os fundos de pensão das estatais – e que, de acordo com o promotor José Carlos Blat, participou dos desvios na Bancoop, a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo. À frente dos gastos com a pré-campanha petista, Vaccari por enquanto é o Delúbio Soares de Dilma. Pelo menos na prática.
Na semana passada, o tesoureiro deveria ter comparecido ao Congresso para prestar esclarecimentos sobre as acusações. Mas escapuliu. Argumentando que seu advogado estava em viagem ao exterior, Vaccari pediu que seu depoimento fosse adiado por duas semanas. Os senadores toparam. Na terça-feira, porém, os parlamentares da oposição puderam confirmar que a justificativa de Vaccari era apenas o que parecia ser mesmo – um álibi para tentar escapar da CPI. Coube ao líder do governo no Senado, o peemedebista Romero Jucá, investigado no Supremo Tribunal Federal por compra de votos, a tarefa de mostrar os dentes. Ele correu à comissão para levar recados ameaçadores. Jucá ensaiou apresentar requerimentos para convocar promotores que investigam ilegalidades cometidas por tucanos no Rio Grande do Sul e no Paraná – e também por democratas em Brasília. "Por mim, podem chamar quem eles quiserem", respondeu o senador tucano Alvaro Dias, autor da convocação de Vaccari. A tentativa de intimidação de Jucá falhou – por enquanto. O tesoureiro terá de depor.
Pressionado por colegas do PT, Vaccari admitiu a pelo menos três deles que realmente recebeu o corretor Lúcio Bolonha Funaro e o deputado Valdemar Costa Neto, réu no STF por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, para uma "conversa rápida", no fim de 2004 – conforme relatado pelo corretor ao Ministério Público Federal e revelado por VEJA. A esses interlocutores, contudo, Vaccari assegurou que, ao contrário do que afirmou Funaro, ali não se discutiram negociatas com os fundos de pensão nem se mencionou a necessidade de pagamento de propina para que as tratativas prosseguissem. O tesoureiro disse que deu detalhes da montagem de um fundo de pensão para os trabalhadores filiados à CUT, a Central Única dos Trabalhadores, aliada do PT, projeto que estaria sendo articulado por ele. Na conversa, jurou Vaccari, Valdemar apresentou Funaro e disse que ambos poderiam "trabalhar juntos" na captação de investimentos para esse fundo. Na versão dele, os três nunca mais se viram.
EXPLICAÇÕES
O tesoureiro do PT, João Vaccari: ele admitiu aos colegas que se encontrou com o corretor e o deputado mensaleiro
A explicação do tesoureiro é tão real quanto os prédios que a Bancoop deveria ter construído. Se Vaccari não tinha nada a ver com o caixa clandestino do PT, o que ele teria a tratar com um deputado poderoso como Valdemar e um corretor especializado em operações heterodoxas, ambos envolvidos com o mensalão? Funaro confessou aos procuradores sua participação no esquema entre 2005 e 2006 e incluiu Vaccari na lista de operadores do PT quando nem sequer havia motivos eleitorais para atingi-lo. O corretor só virou o único réu-colaborador no caso do mensalão porque produziu provas. Flagrado em qualquer mentira, perderia automaticamente os benefícios advindos da colaboração. Em 2006, o ministro Joaquim Barbosa, relator do caso no STF, determinou que as denúncias apresentadas por Funaro fossem compartilhadas com procuradores que investigavam a ramificação do mensalão nos fundos de pensão. A Procuradoria da República em Brasília ainda não revelou qual foi o desdobramento da acusação de que o novo tesoureiro petista cobrava 12% de propina para o caixa do partido. A acusação foi registrada em depoimento oficial. Não vai desaparecer.
Diego Escosteguy
Revista Veja, edição 2158 - 31 de março de 2010
Jatinho, mansões, assessores e salário, tudo pago pelo PT, esperam Dilma Rousseff quando a campanha decolar.
Partido rico é outra coisa...
LOGÍSTICA
A pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, viajará de jatinho e ganhará salário: quem assina o cheque é Vaccari
A petista Dilma Rousseff sairá a pé do Palácio do Planalto nesta quarta-feira para percorrer a jornada eleitoral que, daqui a nove meses, poderá conduzi-la de volta ao poder pelo elevador privativo que leva ao gabinete do presidente da República. Dilma deixará o cargo de ministra da Casa Civil para se consagrar exclusivamente à pré-campanha, que dura até o fim de junho, quando a lei eleitoral estabelece o início oficial do pleito presidencial. O PT montou uma estrutura de primeira linha para a ministra. Ela receberá salário, contará com cinco assessores, voará de jatinho e vai se hospedar em uma confortável casa em Brasília (veja o quadro). Quem fechará esses contratos e pagará todas as despesas? Ele, o novo e já notório tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o homem que, segundo depoimentos em poder da Procuradoria-Geral da República colhidos durante o mensalão, cobrava propina de quem quisesse fechar negócios com os fundos de pensão das estatais – e que, de acordo com o promotor José Carlos Blat, participou dos desvios na Bancoop, a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo. À frente dos gastos com a pré-campanha petista, Vaccari por enquanto é o Delúbio Soares de Dilma. Pelo menos na prática.
Na semana passada, o tesoureiro deveria ter comparecido ao Congresso para prestar esclarecimentos sobre as acusações. Mas escapuliu. Argumentando que seu advogado estava em viagem ao exterior, Vaccari pediu que seu depoimento fosse adiado por duas semanas. Os senadores toparam. Na terça-feira, porém, os parlamentares da oposição puderam confirmar que a justificativa de Vaccari era apenas o que parecia ser mesmo – um álibi para tentar escapar da CPI. Coube ao líder do governo no Senado, o peemedebista Romero Jucá, investigado no Supremo Tribunal Federal por compra de votos, a tarefa de mostrar os dentes. Ele correu à comissão para levar recados ameaçadores. Jucá ensaiou apresentar requerimentos para convocar promotores que investigam ilegalidades cometidas por tucanos no Rio Grande do Sul e no Paraná – e também por democratas em Brasília. "Por mim, podem chamar quem eles quiserem", respondeu o senador tucano Alvaro Dias, autor da convocação de Vaccari. A tentativa de intimidação de Jucá falhou – por enquanto. O tesoureiro terá de depor.
Pressionado por colegas do PT, Vaccari admitiu a pelo menos três deles que realmente recebeu o corretor Lúcio Bolonha Funaro e o deputado Valdemar Costa Neto, réu no STF por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, para uma "conversa rápida", no fim de 2004 – conforme relatado pelo corretor ao Ministério Público Federal e revelado por VEJA. A esses interlocutores, contudo, Vaccari assegurou que, ao contrário do que afirmou Funaro, ali não se discutiram negociatas com os fundos de pensão nem se mencionou a necessidade de pagamento de propina para que as tratativas prosseguissem. O tesoureiro disse que deu detalhes da montagem de um fundo de pensão para os trabalhadores filiados à CUT, a Central Única dos Trabalhadores, aliada do PT, projeto que estaria sendo articulado por ele. Na conversa, jurou Vaccari, Valdemar apresentou Funaro e disse que ambos poderiam "trabalhar juntos" na captação de investimentos para esse fundo. Na versão dele, os três nunca mais se viram.
EXPLICAÇÕES
O tesoureiro do PT, João Vaccari: ele admitiu aos colegas que se encontrou com o corretor e o deputado mensaleiro
A explicação do tesoureiro é tão real quanto os prédios que a Bancoop deveria ter construído. Se Vaccari não tinha nada a ver com o caixa clandestino do PT, o que ele teria a tratar com um deputado poderoso como Valdemar e um corretor especializado em operações heterodoxas, ambos envolvidos com o mensalão? Funaro confessou aos procuradores sua participação no esquema entre 2005 e 2006 e incluiu Vaccari na lista de operadores do PT quando nem sequer havia motivos eleitorais para atingi-lo. O corretor só virou o único réu-colaborador no caso do mensalão porque produziu provas. Flagrado em qualquer mentira, perderia automaticamente os benefícios advindos da colaboração. Em 2006, o ministro Joaquim Barbosa, relator do caso no STF, determinou que as denúncias apresentadas por Funaro fossem compartilhadas com procuradores que investigavam a ramificação do mensalão nos fundos de pensão. A Procuradoria da República em Brasília ainda não revelou qual foi o desdobramento da acusação de que o novo tesoureiro petista cobrava 12% de propina para o caixa do partido. A acusação foi registrada em depoimento oficial. Não vai desaparecer.
sexta-feira, 26 de março de 2010
359) Campanha eleitoral antecipada: usando e abusando...
Para Lula, acusações de campanha antecipada são 'barulho' da oposição
Agência Estado, 26 de março de 2010
Em entrevista para jornal da Bahia, presidente diz que advogados irão recorrer de decisões do TSE
Em entrevista ao jornal A Tarde, de Salvador (BA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não há campanha eleitoral "antecipada", nem "dissimulada" em favor da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que é pré-candidata do PT à Presidência da República.
A afirmação foi feita ao responder a uma pergunta sobre a multa de R$ 5 mil aplicada a ele pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por propaganda eleitoral antecipada em favor de Dilma em um evento de inauguração de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na comunidade de Manguinhos, no Rio de Janeiro. Nesta quinta-feira, 25, Lula voltou a ser multado, desta vez em R$ 10 mil, pelo mesmo motivo, só que por um discurso feito em São Paulo.
Segundo Lula, a acusação é "barulho" da oposição. O presidente lembrou que a decisão do TSE não é definitiva e disse que seus advogados irão entrar com recurso.
"Espero que a multa seja anulada, uma vez que, no meu entendimento, não houve nem tem havido campanha antecipada, nem dissimulada. O fato concreto é que todo esse barulho é feito pela oposição por razões políticas", disse.
Lula argumentou que quando a oposição estava no poder, ela não tinha empreendimentos para inaugurar, ao contrário do que ocorre em seu governo. Segundo ele, é preciso então prestar contas à população do que foi feito, entregando as obras.
"Não podemos ser penalizados por tomar iniciativas, por criar programas, por investir em obras mais do que necessárias, que há muito tempo já deveriam ter sido feitas por outros governos", disse.
O presidente ainda defendeu a participação da ministra Dilma nesses eventos. "Se a ministra Dilma Rousseff é a coordenadora do PAC, se ela se empenhou, dedicou sua energia, sua inteligência em prol das melhorias que estamos implementando, por que na hora da inauguração tem que ficar recolhida em casa?".
Questionado sobre o risco de que a ministra caia nas pesquisas de intenção de voto à Presidência após deixar o governo e não mais participar de eventos públicos pelo país em sua companhia, Lula disse acreditar que ocorrerá o contrário. Em sua avaliação, quando Dilma deixar o cargo ela terá mais tempo livre para as articulações e para "se dedicar de corpo e alma à campanha".
Na Bahia
Lula participa nesta sexta-feira, 26, da inauguração do Gasoduto Sudeste-Nordeste, em Itabuna (BA), ao lado da ministra. À tarde, em Ilhéus, Lula e Dilma participarão da cerimônia de lançamento dos editais para a licitação da Ferrovia Oeste-Leste e assinatura de contratos do programa Minha Casa Minha Vida para municípios da Bahia
No multa julgada nesta quinta-feira pelo TSE, os ministros entenderam que Lula fez propaganda dissimulada pró-Dilma durante inauguração do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados de São Paulo em janeiro.
"Então, eu penso que a cara do Brasil vai mudar muito. E quem vier depois de mim - e eu, por questões legais, não posso dizer quem é; espero que vocês adivinhem, espero -, quem vier depois de mim já vai encontrar um programa pronto, com dinheiro no Orçamento, porque eu estou fazendo o PAC 2 porque eu preciso colocar dinheiro no Orçamento para 2011, para que as pessoas comecem a trabalhar", disse Lula na ocasião.
O julgamento chegou a ficar em 4 votos a 0, mas o voto do ministro Félix Fischer, que apresentou razões para embasar a interpretação de campanha antecipada, levou o presidente da corte, ministro Ayres Britto a retificar seu voto e comandar uma virada no placar. "Quem fica mais perto da lareira se aquece melhor", comparou Ayres Britto, ao avaliar que o candidato apoiado por quem está no poder tem vantagens. O julgamento terminou em 4 votos a 3 pela punição de Lula. O TSE rejeitou, porém, o pedido para que Dilma também fosse punida.
Provocação
Também nesta quinta, em Osasco, na Grande São Paulo, o presidente voltou a incitar a plateia a gritar o nome de Dilma, durante ato para entrega de moradias do PAC. E ironizou a multa que recebeu na semana passada.
"Eu não posso falar em nomes porque já fui multado pela Justiça Eleitoral em R$ 5 mil, porque disseram que eu falei o nome de uma pessoa", reclamou. As cerca de 500 pessoas que assistiam ao ato e até então ouviam silenciosamente entenderam o recado e começaram a gritar o nome de Dilma. "Se eu for multado vou trazer a conta para você", brincou Lula.
Na mesma solenidade, Dilma fez discurso de candidata. "Nós vamos continuar fazendo habitação, casas, lares aqui em Osasco para vocês", disse.
Agência Estado, 26 de março de 2010
Em entrevista para jornal da Bahia, presidente diz que advogados irão recorrer de decisões do TSE
Em entrevista ao jornal A Tarde, de Salvador (BA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não há campanha eleitoral "antecipada", nem "dissimulada" em favor da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que é pré-candidata do PT à Presidência da República.
A afirmação foi feita ao responder a uma pergunta sobre a multa de R$ 5 mil aplicada a ele pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por propaganda eleitoral antecipada em favor de Dilma em um evento de inauguração de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na comunidade de Manguinhos, no Rio de Janeiro. Nesta quinta-feira, 25, Lula voltou a ser multado, desta vez em R$ 10 mil, pelo mesmo motivo, só que por um discurso feito em São Paulo.
Segundo Lula, a acusação é "barulho" da oposição. O presidente lembrou que a decisão do TSE não é definitiva e disse que seus advogados irão entrar com recurso.
"Espero que a multa seja anulada, uma vez que, no meu entendimento, não houve nem tem havido campanha antecipada, nem dissimulada. O fato concreto é que todo esse barulho é feito pela oposição por razões políticas", disse.
Lula argumentou que quando a oposição estava no poder, ela não tinha empreendimentos para inaugurar, ao contrário do que ocorre em seu governo. Segundo ele, é preciso então prestar contas à população do que foi feito, entregando as obras.
"Não podemos ser penalizados por tomar iniciativas, por criar programas, por investir em obras mais do que necessárias, que há muito tempo já deveriam ter sido feitas por outros governos", disse.
O presidente ainda defendeu a participação da ministra Dilma nesses eventos. "Se a ministra Dilma Rousseff é a coordenadora do PAC, se ela se empenhou, dedicou sua energia, sua inteligência em prol das melhorias que estamos implementando, por que na hora da inauguração tem que ficar recolhida em casa?".
Questionado sobre o risco de que a ministra caia nas pesquisas de intenção de voto à Presidência após deixar o governo e não mais participar de eventos públicos pelo país em sua companhia, Lula disse acreditar que ocorrerá o contrário. Em sua avaliação, quando Dilma deixar o cargo ela terá mais tempo livre para as articulações e para "se dedicar de corpo e alma à campanha".
Na Bahia
Lula participa nesta sexta-feira, 26, da inauguração do Gasoduto Sudeste-Nordeste, em Itabuna (BA), ao lado da ministra. À tarde, em Ilhéus, Lula e Dilma participarão da cerimônia de lançamento dos editais para a licitação da Ferrovia Oeste-Leste e assinatura de contratos do programa Minha Casa Minha Vida para municípios da Bahia
No multa julgada nesta quinta-feira pelo TSE, os ministros entenderam que Lula fez propaganda dissimulada pró-Dilma durante inauguração do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados de São Paulo em janeiro.
"Então, eu penso que a cara do Brasil vai mudar muito. E quem vier depois de mim - e eu, por questões legais, não posso dizer quem é; espero que vocês adivinhem, espero -, quem vier depois de mim já vai encontrar um programa pronto, com dinheiro no Orçamento, porque eu estou fazendo o PAC 2 porque eu preciso colocar dinheiro no Orçamento para 2011, para que as pessoas comecem a trabalhar", disse Lula na ocasião.
O julgamento chegou a ficar em 4 votos a 0, mas o voto do ministro Félix Fischer, que apresentou razões para embasar a interpretação de campanha antecipada, levou o presidente da corte, ministro Ayres Britto a retificar seu voto e comandar uma virada no placar. "Quem fica mais perto da lareira se aquece melhor", comparou Ayres Britto, ao avaliar que o candidato apoiado por quem está no poder tem vantagens. O julgamento terminou em 4 votos a 3 pela punição de Lula. O TSE rejeitou, porém, o pedido para que Dilma também fosse punida.
Provocação
Também nesta quinta, em Osasco, na Grande São Paulo, o presidente voltou a incitar a plateia a gritar o nome de Dilma, durante ato para entrega de moradias do PAC. E ironizou a multa que recebeu na semana passada.
"Eu não posso falar em nomes porque já fui multado pela Justiça Eleitoral em R$ 5 mil, porque disseram que eu falei o nome de uma pessoa", reclamou. As cerca de 500 pessoas que assistiam ao ato e até então ouviam silenciosamente entenderam o recado e começaram a gritar o nome de Dilma. "Se eu for multado vou trazer a conta para você", brincou Lula.
Na mesma solenidade, Dilma fez discurso de candidata. "Nós vamos continuar fazendo habitação, casas, lares aqui em Osasco para vocês", disse.
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358) Como zombar da Justica Eleitoral e ainda ficar sem pagar a conta...
Não sei se existe um Manual da Pilantragem, mas se houver o presidente deveria receber o prêmio "Pilantra do Ano", quem sabe até um diploma e, quem sabe?, uma retribuição em dinheiro, mas acho que isso não vai lhe faltar; ele tem quem pague suas contas do escarnio eleitoral que vem conduzindo com todo desprezo pelas instituições e pelas regras do jogo...
Lula: Outra multa e mais propaganda antecipada
Opinião e Notícia, 26/03/2010
No mesmo dia em que foi multado em R$ 10 mil pelo TSE, presidente da República incitou plateia a gritar nome de Dilma durante ato oficial.
Uma semana depois de um juiz do Tribunal Superior Eleitoral aplicar-lhe uma multa de R$ 5 mil por propaganda eleitoral antecipada em favor da ministra Dilma Rousseff, foi a vez do plenário do TSE punir o presidente da República, desta vez multando-o em R$ 10 mil, em decisão tomada nesta quinta-feira, 25. O tribunal ainda vai julgar outras três representações semelhantes contra Lula.
Nesta própria quinta, antes de levar a segunda multa, em evento na cidade paulista de Osasco para entrega de moradias do PAC, Lula ironizou o TSE. Ao referir-se à sua eventual sucessora, ele disse: “por questões legais, não posso dizer quem é; espero que vocês adivinhem”. Depois, reclamou que foi multado em R$ 5 mil porque havia dito “o nome de uma pessoa”. A plateia entendeu a deixa e começou a gritar o nome de Dilma, que estava no palanque e fez discurso de candidata, prometendo mais casas para Osasco.
Caro leitor, você concorda com a atitude do presidente Lula de brincar e incitar a platéia a continuar a fazer campanha eleitoral antecipada, mesmo depois de receber uma multa de de R$ 10 mil?
* Não. Todos os candidatos e partidos devem seguir a lei, o que não exclui o presidente da República. (100%, 25 Votos)
* Sim. Não vejo problemas em Lula fazer campanha eleitoral antecipada. (0%, 0 Votos)
Total de votantes: 25
Lula: Outra multa e mais propaganda antecipada
Opinião e Notícia, 26/03/2010
No mesmo dia em que foi multado em R$ 10 mil pelo TSE, presidente da República incitou plateia a gritar nome de Dilma durante ato oficial.
Uma semana depois de um juiz do Tribunal Superior Eleitoral aplicar-lhe uma multa de R$ 5 mil por propaganda eleitoral antecipada em favor da ministra Dilma Rousseff, foi a vez do plenário do TSE punir o presidente da República, desta vez multando-o em R$ 10 mil, em decisão tomada nesta quinta-feira, 25. O tribunal ainda vai julgar outras três representações semelhantes contra Lula.
Nesta própria quinta, antes de levar a segunda multa, em evento na cidade paulista de Osasco para entrega de moradias do PAC, Lula ironizou o TSE. Ao referir-se à sua eventual sucessora, ele disse: “por questões legais, não posso dizer quem é; espero que vocês adivinhem”. Depois, reclamou que foi multado em R$ 5 mil porque havia dito “o nome de uma pessoa”. A plateia entendeu a deixa e começou a gritar o nome de Dilma, que estava no palanque e fez discurso de candidata, prometendo mais casas para Osasco.
Caro leitor, você concorda com a atitude do presidente Lula de brincar e incitar a platéia a continuar a fazer campanha eleitoral antecipada, mesmo depois de receber uma multa de de R$ 10 mil?
* Não. Todos os candidatos e partidos devem seguir a lei, o que não exclui o presidente da República. (100%, 25 Votos)
* Sim. Não vejo problemas em Lula fazer campanha eleitoral antecipada. (0%, 0 Votos)
Total de votantes: 25
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quinta-feira, 18 de março de 2010
357) Pesquisas Eleitorais - comentarios Cesar Maia
IBOPE: TUDO NA MESMA E DILMA PERDENDO FÔLEGO!
Ex-Blog do Cesar Maia, 18.03.2010
1. Mesma diferença que últimas pesquisas: Serra 38%, Dilma 33%, Marina 8%. Com Ciro, diferença aumenta para Serra 35%, Dilma 33%. Segundo turno: Serra 44%, Dilma 39%.
2. 43% votam independente da opinião de Lula. 53% preferem votar em candidato de Lula. A palavra é "preferem", ou seja, depende de quem seja.
3. Serra amplia diferença no Norte/Centro-Oeste para 45% a 28% de Dilma e 13% de Marina. Dilma mantém vantagem no Nordeste com 42% contra 30% de Serra e 7% de Marina. No Sudeste Serra mantém vantagem em 41% a 28%. No Sul Dilma reduz diferença agora tem 37% contra 41% de Serra.
4. Dos entrevistados que manifestam preferência por Ciro Gomes (PSB), 52% afirmam optar, caso ele não concorra, por Serra e 28% por Dilma.
5. Números mostram que mais cedo do que se esperava a curva ascendente de Dilma começa a se tornar horizontal.
Ex-Blog do Cesar Maia, 18.03.2010
1. Mesma diferença que últimas pesquisas: Serra 38%, Dilma 33%, Marina 8%. Com Ciro, diferença aumenta para Serra 35%, Dilma 33%. Segundo turno: Serra 44%, Dilma 39%.
2. 43% votam independente da opinião de Lula. 53% preferem votar em candidato de Lula. A palavra é "preferem", ou seja, depende de quem seja.
3. Serra amplia diferença no Norte/Centro-Oeste para 45% a 28% de Dilma e 13% de Marina. Dilma mantém vantagem no Nordeste com 42% contra 30% de Serra e 7% de Marina. No Sudeste Serra mantém vantagem em 41% a 28%. No Sul Dilma reduz diferença agora tem 37% contra 41% de Serra.
4. Dos entrevistados que manifestam preferência por Ciro Gomes (PSB), 52% afirmam optar, caso ele não concorra, por Serra e 28% por Dilma.
5. Números mostram que mais cedo do que se esperava a curva ascendente de Dilma começa a se tornar horizontal.
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356) Eleitores chilenos e envolvimento presidencial - Cesar Maia
ELEITOR NO CHILE REAGIU CONTRA PARTICIPAÇÃO DE MINISTROS E DA PRESIDENTE NA CAMPANHA!
Ex-Blog do Cesar Maia, 18.03.2010
1. Na transição de governo no Chile, foram divulgadas as pesquisas semanais que fazia o gabinete do ministro das comunicações da presidente Bachelet. Estas estavam preocupadas em como estava reagindo e reagiria o eleitor chileno em relação à participação ostensiva de ministros e da própria presidente na campanha de Frei, candidato do governo.
2. As pesquisas foram realizadas pela empresa TNS Time. Uma pergunta que se repetia: Você considera adequado à Presidente tornar pública a sua escolha? A pesquisa mostrou que, enquanto 41% acreditavam ser "adequado" ou "muito adequado", a maioria, 56% viam como algo "inapropriado" ou "muito inadequado".
3. Foi perguntado se o governo interveio positivamente durante a campanha de Frei. 40% concordaram e 46% rejeitaram. Quanto à participação de funcionários do governo na campanha, 32% concordaram e 56% discordaram. Em relação à participação dos ministros a crítica foi mais dura. A rejeição foi de 53%.
4. Finalmente, no segundo turno, perguntou-se sobre a participação de autoridades do governo em atos de campanha: 29% apoiaram e 66% rechaçaram.
5. São números que apontam para uma maioria silenciosa, que sem ruído, rechaçou o uso da máquina, o que afetou o resultado eleitoral, na avaliação pós-eleitoral de analistas da Concertación. E lá, a presidente em si, foi muito, muito menos ostensiva que o presidente aqui. Essa insistência, aqui, pode estressar o eleitor. Se é que já não começou a estressar.
Ex-Blog do Cesar Maia, 18.03.2010
1. Na transição de governo no Chile, foram divulgadas as pesquisas semanais que fazia o gabinete do ministro das comunicações da presidente Bachelet. Estas estavam preocupadas em como estava reagindo e reagiria o eleitor chileno em relação à participação ostensiva de ministros e da própria presidente na campanha de Frei, candidato do governo.
2. As pesquisas foram realizadas pela empresa TNS Time. Uma pergunta que se repetia: Você considera adequado à Presidente tornar pública a sua escolha? A pesquisa mostrou que, enquanto 41% acreditavam ser "adequado" ou "muito adequado", a maioria, 56% viam como algo "inapropriado" ou "muito inadequado".
3. Foi perguntado se o governo interveio positivamente durante a campanha de Frei. 40% concordaram e 46% rejeitaram. Quanto à participação de funcionários do governo na campanha, 32% concordaram e 56% discordaram. Em relação à participação dos ministros a crítica foi mais dura. A rejeição foi de 53%.
4. Finalmente, no segundo turno, perguntou-se sobre a participação de autoridades do governo em atos de campanha: 29% apoiaram e 66% rechaçaram.
5. São números que apontam para uma maioria silenciosa, que sem ruído, rechaçou o uso da máquina, o que afetou o resultado eleitoral, na avaliação pós-eleitoral de analistas da Concertación. E lá, a presidente em si, foi muito, muito menos ostensiva que o presidente aqui. Essa insistência, aqui, pode estressar o eleitor. Se é que já não começou a estressar.
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355) Eleitores confiam em Lula
Da coluna diária Luis Nassif online (18.03.2010):
Eleitores vão votar no candidato de Lula
A maioria dos eleitores vai votar no candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva – no caso, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Segundo a pesquisa CNI/Ibope, 53% dos brasileiros admitem endossar a indicação de Lula para sua sucessão. No entanto, 42% dos eleitores desconhecem que Dilma é a candidata de Lula. "O levantamento revela o elevado patrimônio eleitoral do presidente", disse Rafael Lucchesi, diretor de operações da CNI.
Eleitores vão votar no candidato de Lula
A maioria dos eleitores vai votar no candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva – no caso, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Segundo a pesquisa CNI/Ibope, 53% dos brasileiros admitem endossar a indicação de Lula para sua sucessão. No entanto, 42% dos eleitores desconhecem que Dilma é a candidata de Lula. "O levantamento revela o elevado patrimônio eleitoral do presidente", disse Rafael Lucchesi, diretor de operações da CNI.
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domingo, 14 de março de 2010
354) 30 Anos de Lulismo - Andre Singer
André Singer - "O lulismo pode durar 30 anos"
Mariana Sanches
Rvista ÉPOCA, domingo, 14 de fevereiro de 2010
Para o ex-porta-voz de Lula, a conquista dos eleitores pobres levará o
PT à hegemonia política
Autor de um artigo que causou grande repercussão nos meios acadêmicos e políticos, o cientista político e ex-porta-voz da Presidência André Singer diz que as eleições presidenciais de 2010 serão o grande teste de força do lulismo. Para Singer, o lulismo alia um projeto de redistribuição de renda à manutenção da ordem social, o que atraiu eleitores conservadores e de baixa renda historicamente avessos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Singer acompanhou Lula ao longo do primeiro mandato e estudou o comportamento eleitoral brasileiro nas cinco últimas eleições para presidente. Segundo ele, o lulismo reorganizou o eleitorado brasileiro e poderá virar uma força política hegemônica por décadas.
ENTREVISTA - ANDRÉ SINGER
ÉPOCA – Como o senhor define o lulismo?
André Singer – O lulismo é a execução de um projeto político de redistribuição de renda focado no setor mais pobre da população, mas sem ameaça de ruptura da ordem, sem confrontação política, sem radicalização, sem os componentes clássicos das propostas de mudanças mais à esquerda. Foi o que o governo Lula fez. A manutenção de uma conduta de política macroeconômica mais conservadora, com juros elevados, austeridade fiscal e câmbio flutuante, foi o preço a pagar pela manutenção da ordem. Diante desse projeto, a camada de baixa renda, cerca de metade do eleitorado, começou a se realinhar em direção ao presidente.
ÉPOCA – Quando isso aconteceu?
Singer – Em 2006. Houve um realinhamento eleitoral, um deslocamento grande de eleitores que ocorre a cada tantas décadas. A matriz desse tipo de estudo é americana. Lá, eles acham que aconteceu um realinhamento eleitoral em 1932, quando (Franklin) Roosevelt ganhou a eleição presidencial. Ele puxou uma base social de trabalhadores para o Partido Democrata que não havia antes. Aqui, em 2006 a camada de baixíssima renda da população, que sempre tinha votado contra o Lula, votou a favor dele. A diferença entre 2002 e 2006 foi que Lula perdeu base na classe média, seu eleitorado tradicional, e ganhou base entre os eleitores de baixa renda.
ÉPOCA – O lulismo pode sobreviver sem o Lula? Não é preciso uma liderança carismática à frente desse projeto político?Z
Singer – No lulismo existe um elemento de carisma, mas isso não é o mais importante. A importância do carisma é maior nas regiões menos urbanizadas do país, onde se tende a atribuir a cap cidade de execução de um projeto a características especiais da liderança. Em regiões urbanizadas existe uma adesão mais racional ao programa político. Se minha análise estiver correta, o lulismo sobreviverá sem o Lula. Uma
hipótese é que o lulismo vá desaguar no PT. Essa camada social que a deriu ao Lula pode lentamente começar a votar nos candidatos do PT a prefeito, governador, senador. Vejo indícios de que iss o começou a ocorrer nas eleições municipais de 2008. O PT foi mal nas capitais, mas foi bem nas regiões metropolitanas de São Paulo, Porto Alegre,
Belo Horizonte. Isso pode sinalizar que o voto da camada de menor renda da sociedade está caminhando para o PT.
ÉPOCA – Dilma Rousseff será a herdeira do lulismo? O que acontecerá em 2010? Singer – Mantidas as condições atuais, a tendência é que, à medida que ficar claro para o eleitor que a Dilma é a candidata de continuidade do lulismo, ela aumentará suas intenções de voto com chances consideráveis de ganhar a eleição.
ÉPOCA – Se o lulismo desaguar no PT, o partido terá de abrir mão de bandeiras históricas de esquerda?
Singer – O PT poderá ser uma fusão de duas forças, o petismo e o lulismo, que têm projetos com pontos de contato e diferenças. O PT continua sendo o partido do proletariado organizado, sindicalizado, com carteira de trabalho assinada. Pode vir a ser também o partido do subproletariado. Quando a gente vê a força do PT na periferia de São Paulo pode ser a expressão da confluência dessas duas forças.
ÉPOCA – Se essa convergência ocorrer, haverá uma hegemonia do PT?
Singer – Pode ser. É possível que estejamos assistindo a um realinhamento como foi na época do Roosevelt, que trouxe segmentos da
classe trabalhadora para o Partido Democrata por cerca de 30 anos.
ÉPOCA – Essa camada que era anti-Lula, antiesquerda e a favor da ordem
não teria dificuldades em se associar ao PT?
Singer – Com adaptações de parte a parte parece possível, mas será um processo lento. Não é tão simples porque o PT tem formação ideológica de esquerda e, embora tenha se transformado, mantém a identidade de um partido de esquerda. O PT é herdeiro de uma tradição de crítica ao populismo. Se o partido vier a ser caudatário desse movimento, vai haver o encontro de águas bem diferentes.
ÉPOCA – O que aproxima o lulismo do populismo de Getúlio Vargas?
Singer – Em ambos há uma política de governo voltada para os setores
de menor renda. Mas há uma diferença importante. Getúlio Vargas, ao fazer a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), criou direitos para o setor urbano da classe trabalhadora, em um país predominantemente rural. Deixou de fora um vasto setor da classe trabalhadora que foi incorporado agora.
ÉPOCA – O lulismo pode prejudicar as instituições democráticas?
Singer – O presidente Lula tomou uma decisão fundamental ao não aceitar a proposta do terceiro mandato. Colocou um ponto final nessa questão. O Brasil sai desse processo com institições democráticas ortalecidas. Há problemas na política partidária, cada vez mais pragmática e menos programática. Isso cria a sensação de que a política diz respeito aos políticos, e não à sociedade.
ÉPOCA – Lula e o PT, em sua estratégia eleitoral, fizeram uma guinada ao centro. A política econômica ortodoxa não tem a ver com esse caminho que o partido já vinha tomando antes de chegar ao poder?
Singer – O PT foi se institucionalizando, mas a ida ao centro é relativa se você olhar o aspecto programático. O partido manteve um programa com mudanças relativamente pequenas. E é isso que faz com que o PT mantenha a identidade de esquerda. Onde houve mudança foi na política de alianças do PT. Antes ele recusava alianças até o ponto
de, em 1989, não querer o apoio do PMDB no segundo turno, sem contrapartida. Hoje o PT dá prioridade à aliança com o PMDB. Isso é compreensível do ponto de vista eleitoral, por causa do tempo de televisão, do tamanho do PMDB. Mas é também um problema porque não se sabe qual é a base programática dessa aliança.
ÉPOCA – Com Dilma na Presidência, crescem as chances de o PT aplicar um programa de governo mais à esquerda?
Singer – Depende da política de alianças. Se você tiver um vice-presidente como o Henrique Meirelles (presidente do Banco Central), as probabilidades caem muito. Mas o sentimento do PT é ter um governo mais à esquerda.
ÉPOCA – A emergência dos pobres significará a marginalização da classe média?
Singer – A entrada em cena dessa força nova tirou a centralidade das decisões políticas da classe média. Se o lulismo se consolidar, teremos o setor de baixa renda em um campo político e a classe média tradicional em outro. A nova classe média é dúvida. A oposição em 2010 vai fazer tudo para não se isolar dos eleitores de baixa renda. Vai tentar a mágica de convencer os lulistas de que seu candidato é melhor
para dar continuidade ao projeto do que a candidata da situação.
QUEM É
André Singer é jornalista e professor do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo. Tem 51 anos, é casado e pai de duas filhas
O QUE FEZ
Foi porta-voz da Presidência da República entre 2003 e 2007 e secretário de Imprensa de 2005 a 2007
O QUE PUBLICOU
É autor de Esquerda e direita no eleitorado brasileiro (Edusp, 2000) e de O PT (Publifolha, 2009) e organizador de Sem medo de ser feliz: cenas de campanha (Scritta, 1990)
Mariana Sanches
Rvista ÉPOCA, domingo, 14 de fevereiro de 2010
Para o ex-porta-voz de Lula, a conquista dos eleitores pobres levará o
PT à hegemonia política
Autor de um artigo que causou grande repercussão nos meios acadêmicos e políticos, o cientista político e ex-porta-voz da Presidência André Singer diz que as eleições presidenciais de 2010 serão o grande teste de força do lulismo. Para Singer, o lulismo alia um projeto de redistribuição de renda à manutenção da ordem social, o que atraiu eleitores conservadores e de baixa renda historicamente avessos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Singer acompanhou Lula ao longo do primeiro mandato e estudou o comportamento eleitoral brasileiro nas cinco últimas eleições para presidente. Segundo ele, o lulismo reorganizou o eleitorado brasileiro e poderá virar uma força política hegemônica por décadas.
ENTREVISTA - ANDRÉ SINGER
ÉPOCA – Como o senhor define o lulismo?
André Singer – O lulismo é a execução de um projeto político de redistribuição de renda focado no setor mais pobre da população, mas sem ameaça de ruptura da ordem, sem confrontação política, sem radicalização, sem os componentes clássicos das propostas de mudanças mais à esquerda. Foi o que o governo Lula fez. A manutenção de uma conduta de política macroeconômica mais conservadora, com juros elevados, austeridade fiscal e câmbio flutuante, foi o preço a pagar pela manutenção da ordem. Diante desse projeto, a camada de baixa renda, cerca de metade do eleitorado, começou a se realinhar em direção ao presidente.
ÉPOCA – Quando isso aconteceu?
Singer – Em 2006. Houve um realinhamento eleitoral, um deslocamento grande de eleitores que ocorre a cada tantas décadas. A matriz desse tipo de estudo é americana. Lá, eles acham que aconteceu um realinhamento eleitoral em 1932, quando (Franklin) Roosevelt ganhou a eleição presidencial. Ele puxou uma base social de trabalhadores para o Partido Democrata que não havia antes. Aqui, em 2006 a camada de baixíssima renda da população, que sempre tinha votado contra o Lula, votou a favor dele. A diferença entre 2002 e 2006 foi que Lula perdeu base na classe média, seu eleitorado tradicional, e ganhou base entre os eleitores de baixa renda.
ÉPOCA – O lulismo pode sobreviver sem o Lula? Não é preciso uma liderança carismática à frente desse projeto político?Z
Singer – No lulismo existe um elemento de carisma, mas isso não é o mais importante. A importância do carisma é maior nas regiões menos urbanizadas do país, onde se tende a atribuir a cap cidade de execução de um projeto a características especiais da liderança. Em regiões urbanizadas existe uma adesão mais racional ao programa político. Se minha análise estiver correta, o lulismo sobreviverá sem o Lula. Uma
hipótese é que o lulismo vá desaguar no PT. Essa camada social que a deriu ao Lula pode lentamente começar a votar nos candidatos do PT a prefeito, governador, senador. Vejo indícios de que iss o começou a ocorrer nas eleições municipais de 2008. O PT foi mal nas capitais, mas foi bem nas regiões metropolitanas de São Paulo, Porto Alegre,
Belo Horizonte. Isso pode sinalizar que o voto da camada de menor renda da sociedade está caminhando para o PT.
ÉPOCA – Dilma Rousseff será a herdeira do lulismo? O que acontecerá em 2010? Singer – Mantidas as condições atuais, a tendência é que, à medida que ficar claro para o eleitor que a Dilma é a candidata de continuidade do lulismo, ela aumentará suas intenções de voto com chances consideráveis de ganhar a eleição.
ÉPOCA – Se o lulismo desaguar no PT, o partido terá de abrir mão de bandeiras históricas de esquerda?
Singer – O PT poderá ser uma fusão de duas forças, o petismo e o lulismo, que têm projetos com pontos de contato e diferenças. O PT continua sendo o partido do proletariado organizado, sindicalizado, com carteira de trabalho assinada. Pode vir a ser também o partido do subproletariado. Quando a gente vê a força do PT na periferia de São Paulo pode ser a expressão da confluência dessas duas forças.
ÉPOCA – Se essa convergência ocorrer, haverá uma hegemonia do PT?
Singer – Pode ser. É possível que estejamos assistindo a um realinhamento como foi na época do Roosevelt, que trouxe segmentos da
classe trabalhadora para o Partido Democrata por cerca de 30 anos.
ÉPOCA – Essa camada que era anti-Lula, antiesquerda e a favor da ordem
não teria dificuldades em se associar ao PT?
Singer – Com adaptações de parte a parte parece possível, mas será um processo lento. Não é tão simples porque o PT tem formação ideológica de esquerda e, embora tenha se transformado, mantém a identidade de um partido de esquerda. O PT é herdeiro de uma tradição de crítica ao populismo. Se o partido vier a ser caudatário desse movimento, vai haver o encontro de águas bem diferentes.
ÉPOCA – O que aproxima o lulismo do populismo de Getúlio Vargas?
Singer – Em ambos há uma política de governo voltada para os setores
de menor renda. Mas há uma diferença importante. Getúlio Vargas, ao fazer a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), criou direitos para o setor urbano da classe trabalhadora, em um país predominantemente rural. Deixou de fora um vasto setor da classe trabalhadora que foi incorporado agora.
ÉPOCA – O lulismo pode prejudicar as instituições democráticas?
Singer – O presidente Lula tomou uma decisão fundamental ao não aceitar a proposta do terceiro mandato. Colocou um ponto final nessa questão. O Brasil sai desse processo com institições democráticas ortalecidas. Há problemas na política partidária, cada vez mais pragmática e menos programática. Isso cria a sensação de que a política diz respeito aos políticos, e não à sociedade.
ÉPOCA – Lula e o PT, em sua estratégia eleitoral, fizeram uma guinada ao centro. A política econômica ortodoxa não tem a ver com esse caminho que o partido já vinha tomando antes de chegar ao poder?
Singer – O PT foi se institucionalizando, mas a ida ao centro é relativa se você olhar o aspecto programático. O partido manteve um programa com mudanças relativamente pequenas. E é isso que faz com que o PT mantenha a identidade de esquerda. Onde houve mudança foi na política de alianças do PT. Antes ele recusava alianças até o ponto
de, em 1989, não querer o apoio do PMDB no segundo turno, sem contrapartida. Hoje o PT dá prioridade à aliança com o PMDB. Isso é compreensível do ponto de vista eleitoral, por causa do tempo de televisão, do tamanho do PMDB. Mas é também um problema porque não se sabe qual é a base programática dessa aliança.
ÉPOCA – Com Dilma na Presidência, crescem as chances de o PT aplicar um programa de governo mais à esquerda?
Singer – Depende da política de alianças. Se você tiver um vice-presidente como o Henrique Meirelles (presidente do Banco Central), as probabilidades caem muito. Mas o sentimento do PT é ter um governo mais à esquerda.
ÉPOCA – A emergência dos pobres significará a marginalização da classe média?
Singer – A entrada em cena dessa força nova tirou a centralidade das decisões políticas da classe média. Se o lulismo se consolidar, teremos o setor de baixa renda em um campo político e a classe média tradicional em outro. A nova classe média é dúvida. A oposição em 2010 vai fazer tudo para não se isolar dos eleitores de baixa renda. Vai tentar a mágica de convencer os lulistas de que seu candidato é melhor
para dar continuidade ao projeto do que a candidata da situação.
QUEM É
André Singer é jornalista e professor do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo. Tem 51 anos, é casado e pai de duas filhas
O QUE FEZ
Foi porta-voz da Presidência da República entre 2003 e 2007 e secretário de Imprensa de 2005 a 2007
O QUE PUBLICOU
É autor de Esquerda e direita no eleitorado brasileiro (Edusp, 2000) e de O PT (Publifolha, 2009) e organizador de Sem medo de ser feliz: cenas de campanha (Scritta, 1990)
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sábado, 13 de março de 2010
353) Escandalo da Cooperativa do PT - corrupcao da grossa (Veja)
Acredito que vá fazer parte da campanha eleitoral, daí a transcrição aqui:
BOMBA: A CONEXÃO BANCOOP/MENSALÃO
Veja, Sábado, Março 13, 2010
Aqui a íntegra da CARTA AO LEITOR da revista Veja que foi às bancas neste sábado. Explica a reportagem de capa da revista que encontrou o elo perdido do famigerado mensalão. No post abaixo transcrevo na íntegra a reportagem de Veja. Leiam:
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Os corruptos da política pegos em flagrante delito em todos os tempos e latitudes não costumam dar o braço a torcer facilmente. Reconhecer o erro e prontificar-se a ser punido nunca são, é óbvio, as opções escolhidas. A reação imediata deles é recorrer à combinação de características que, em grande parte, os levou a fazer sucesso na atividade. A saber: o dom da retórica, o poder de dissimulação, a forte autoestima, a noção de que as versões podem valer mais do que os fatos e a certeza maquiavélica de que se honra e honestidade regessem o mundo eles próprios não teriam chegado aonde chegaram.
A vida pública brasileira tem sido palco constante desses exercícios de cinismo. Isso vem se repetindo previsivelmente desde a semana passada, quando VEJA revelou que caminha para o desfecho o inquérito em que João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, cotado para a mesma função na campanha presidencial de Dilma Rousseff, é acusado de numerosos crimes – entre eles o desvio de dinheiro público e privado para a formação de caixa dois eleitoral.
Bastou a capa de VEJA chegar à casa dos assinantes e às bancas para que Vaccari e seus correligionários sacassem do bolso do colete as redondilhas já tornadas clássicas nos escândalos dos sete anos de governo petista. Diante das provas dos crimes compiladas pela promotoria e reveladas pela revista, os envolvidos saíram-se com as seguintes desculpas:
■ O assunto é velho e foi requentado.
■ A motivação é eleitoreira.
■ A culpa é da imprensa.
■ Nossos adversários fazem a mesma coisa.
■ No Brasil só se dá destaque a notícia ruim.
Doravante VEJA vai listar as desculpas dadas por corruptos pegos com a boca na botija nas categorias acima. A revista convida os leitores que encontrarem outras dessas pérolas a compartilhar seus achados no site VEJA.com.
Postado por Aluizio Amorim às 3/13/2010 03:17:00 AM 0 comentários Links para esta postagem
REPORTAGEM BOMBA DE VEJA NA ÍNTEGRA!
BRASIL
O pedágio do PT
Além de desviar dinheiro da Bancoop, o tesoureiro do partido arrecadava dinheiro para o caixa do mensalão cobrando propina
Alexandre Oltramari e Diego Escosteguy
O novo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, é uma peça mais fundamental do que parece nos esquemas de arrecadação financeira do partido. Investigado pelo promotor José Carlos Blat por suspeita de estelionato, apropriação indébita, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha no caso dos desvios da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), Vaccari é também personagem, ainda oculto, do maior e mais escandaloso caso de corrupção da história recente do Brasil: o mensalão - o milionário esquema de desvio de dinheiro público usado para abastecer campanhas eleitorais do PT e corromper parlamentares no Congresso. O mensalão produziu quarenta réus ora em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Entre eles não está Vaccari. Ele parecia bagrinho no esquema. Pelo que se descobriu agora, é um peixão. Em 2003, enquanto cuidava das finanças da Bancoop, João Vaccari acumulava a função de administrador informal da relação entre o PT e os fundos de pensão das empresas estatais, bancos e corretoras. Ele tocava o negócio de uma maneira bem peculiar: cobrando propina. Propina que podia ser de 6%, de 10% ou até de 15%, dependendo do cliente e do tamanho do negócio. Uma investigação sigilosa da Procuradoria-Geral da República revela, porém, que 12% era o número mágico para o tesoureiro - o porcentual do pedágio que ele fixava como comissão para quem estivesse interessado em se associar ao partido para saquear os cofres públicos.
Fotos Celso Junior/AE e Eliária Andrade/Ag. O Globo
"Ele (Vaccari) chamava o Delúbio de 'professor'. É homem do Zé Dirceu. Faz as operações com fundos grandes - Previ, Funcef, Petros..."
Corretor Lúcio Funaro, em depoimento ao MP
CAPO
José Dirceu tinha Delúbio Soares (à dir.) e Vaccari como arrecadadores para o mensalão. O tesoureiro atual do PT cuidava dos fundos de pensão
A revelação do elo de João Vaccari com o escândalo que produziu um terremoto no governo federal está em uma série de depoimentos prestados pelo corretor Lúcio Bolonha Funaro, considerado um dos maiores especialistas em cometer fraudes financeiras do país. Em 2005, na iminência de ser denunciado como um dos réus do processo do mensalão, Funaro fez um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. Em troca de perdão judicial para seus crimes, o corretor entregou aos investigadores nomes, valores, datas e documentos bancários que incriminam, em especial, o deputado paulista Valdemar Costa Neto, do PR, réu no STF por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Em um dos depoimentos, ao qual VEJA teve acesso, Lúcio Funaro também forneceu detalhes inéditos e devastadores da maneira como os petistas canalizavam dinheiro para o caixa clandestino do PT. Apresentou, inclusive, o nome do que pode vir a ser o 41º réu do processo que apura o mensalão - o tesoureiro João Vaccari Neto. "Ele (Vaccari) cobra 12% de comissão para o partido", disse o corretor em um relato gravado pelos procuradores. Em cinco depoimentos ao Ministério Público Federal que se seguiram, Funaro forneceu outras informações comprometedoras sobre o trabalho do tesoureiro encarregado de cuidar das finanças do PT:
"Rural, BMG, Santos... Tirando os bancos grandes, quase todos têm negócio com eles."
Corretor Lúcio Funaro, em depoimento ao MP
• Entre 2003 e 2004, no auge do mensalão, João Vaccari Neto era o responsável pelo recolhimento de propina entre interessados em fazer negócios com os fundos de pensão de empresas estatais no mercado financeiro.
• O tesoureiro concentrava suas ações e direcionava os investimentos de cinco fundos - Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica), Nucleos (Nuclebrás), Petros (Petrobras) e Eletros (Eletrobrás) -, cujos patrimônios, somados, chegam a 190 bilhões de reais.
• A propina que ele cobrava variava entre 6% e 15%, dependendo do tipo de investimento, do valor do negócio e do prazo.
• O dinheiro da propina era carreado para o caixa clandestino do PT, usado para financiar as campanhas do partido e subornar parlamentares.
• João Vaccari agia em parceria com o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares e sob o comando do ex-ministro José Dirceu, réu no STF sob a acusação de chefiar o bando dos quarenta.
Fotos Lula Marques/Folha Imagem e Celso Junior/AE
O PATROCINADOR
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, indicou Vaccari para tesoureiro do partido na campanha presidencial da ministra Dilma Rousseff, embora dirigentes da sigla tenham tentado vetar o nome do sindicalista, por ele ter "telhado de vidro"
Lúcio Funaro contou aos investigadores o que viu, ouviu e como participou. Os destinos de ambos, Funaro e Vaccari, se cruzaram nas trilhas subterrâneas do mensalão. Eram os últimos meses de 2004, tempos prósperos para as negociatas da turma petista liderada por José Dirceu e Delúbio Soares. As agências de publicidade de Marcos Valério, o outro ponta de lança do esquema, recebiam milhões de estatais e ministérios - e o BMG e o Rural, os bancos que financiavam a compra do Congresso, faturavam fortunas com os fundos de pensão controlados por tarefeiros do PT. Naquele momento, Funaro mantinha uma relação lucrativa com Valdemar Costa Neto. Na campanha de 2002, o corretor emprestara ao deputado 3 milhões de reais, em dinheiro vivo. Pela lógica que preside o sistema político brasileiro, Valdemar passou a dever-lhe 3 milhões de favores. O deputado, segundo o relato do corretor, foi cobrar esses favores do PT. É a partir daí que começa a funcionar a engrenagem clandestina de fabricação de dinheiro. O deputado detinha os contatos políticos; o corretor, a tecnologia financeira para viabilizar grandes negociatas. Combinação perfeita, mas que, para funcionar, carecia de um sinal verde de quem tinha o comando da máquina. Valdemar procurou, então, Delúbio Soares, lembrou-lhe a ajuda que ele dera à campanha de Lula e pediu, digamos, oportunidades. De acordo com o relato do corretor, Delúbio indicou João Vaccari para abrir-lhe algumas portas.
Para marcar a primeira conversa com Vaccari, Funaro ligou para o celular do sindicalista. O encontro, com a presença do deputado Costa Neto, deu-se na sede da Bancoop em São Paulo, na Rua Líbero Badaró. Na conversa, Vaccari contou que cabia a ele intermediar operações junto aos maiores fundos de pensão - desde que o interessado pagasse um "porcentual para o partido (PT)", taxa que variava entre 6% e 15%, dependendo do tipo de negócio, dos valores envolvidos e do prazo. E foi didático: Funaro e Valdemar deveriam conseguir um parceiro e uma proposta de investimento. Em seguida, ele se encarregaria de determinar qual fundo de pensão se encaixaria na operação desejada. O tesoureiro adiantou que seria mais fácil obter negociatas na Petros ou na Funcef. Referindo-se a Delúbio sempre como "professor", Vaccari explicou que o PT havia dividido o comando das operações dos fundos de pensão. O petista Marcelo Sereno, à época assessor da Presidência da República, cuidava dos fundos pequenos. Ele, Vaccari, cuidava dos grandes. O porcentual cobrado pelo partido, entre 6% e 15%, variava de acordo com o tipo do negócio. Para investimentos em títulos de bancos, os chamados CDBs, nicho em que o corretor estava interessado, a "comissão" seria de 12%. Funaro registrou a proposta na memória, despediu-se de Vaccari e foi embora acompanhado de Costa Neto.
Donos de uma fortuna equivalente à dos Emirados Árabes, os fundos de pensão de estatais são alvo da cobiça dos políticos desonestos graças à facilidade com que operadores astutos, como Funaro, conseguem desviar grandes somas dando às operações uma falsa aparência de prejuízos naturais impostos por quem se arrisca no mercado financeiro. A CPI dos Correios, que investigou o mensalão em 2006, demonstrou isso de maneira cabal. Com a ajuda de técnicos, a comissão constatou que os fundos foram saqueados em operações fraudulentas que beneficiavam as mesmas pessoas que abasteciam o mensalão. Funaro chegou a insinuar a participação de João Vaccari no esquema em depoimento à CPI, em março de 2006. Disse que Vaccari era operador do PT em fundos de pensão, mas que, por ter sabido disso por meio de boatos no mercado financeiro, não poderia se estender sobre o assunto. Sabe-se, agora, que, na ocasião, ele contou apenas uma minúscula parte da história.
A história completa já havia começado a ser narrada sete meses antes a um grupo de procuradores da República do Paraná. Em agosto de 2005, emparedado pelo Ministério Público Federal por causa de remessas ilegais de 2 milhões de dólares ao exterior, Funaro propôs delatar o esquema petista em troca de perdão judicial. "Vou dar a vocês o cara do Zé Dirceu. O Marcelo Sereno faz operação conta-gotas que enche a caixa-d'água todo dia para financiar operações diárias. Mas esse outro aqui, ó, o nome dele nunca saiu em lugar nenhum. Ele faz as coisas mais volumosas", disse Funaro, enquanto escrevia o nome "Vaccari", em uma folha branca, no alto de um organograma. Um dos procuradores quis saber como o PT desviava dinheiro dos fundos. "Tiram dinheiro muito fácil. Rural, BMG, Santos... Tirando os bancos grandes, quase todos têm negócio com ele", disse. O corretor explicou aos investigadores que se cobrava propina sobre todo e qualquer investimento. "Sempre que um fundo compra CDBs de um banco, tem de pagar comissão a eles (PT)", explicou. "Vou dar provas documentais. Ligo para ele (Vaccari) e vocês gravam. Depois, é só ver se o fundo de pensão comprou ou não os CDBs do banco."
O depoimento de Funaro foi enviado a Brasília em dezembro de 2005, e o STF aceitou transformá-lo formalmente em réu colaborador da Justiça. Parte das informações passadas foi usada para fundamentar a denúncia do mensalão. A outra parte, que inclui o relato sobre Vaccari, ainda é guardada sob sigilo. VEJA não conseguiu descobrir se Funaro efetivamente gravou conversas com o tesoureiro petista, mas sua ajuda em relação aos fundos foi decisiva. Entre 2003 e 2004, os três bancos citados pelo corretor - BMG, Rural e Santos - receberam 600 milhões de reais dos fundos de pensão controlados pelo PT. Apenas os cinco fundos sob a influência do tesoureiro aplicaram 182 milhões de reais em títulos do Rural e do BMG, os principais financiadores do mensalão, em 2004. É um volume 600% maior que o do ano anterior e 1 650% maior que o de 2002, antes de o PT chegar ao governo. As investigações da polícia revelaram que os dois bancos "emprestaram" 55 milhões de reais ao PT. É o equivalente a 14,1% do que receberam em investimentos - portanto, dentro da margem de propina que Funaro acusa o partido de cobrar (entre 6% e 15%). Mas, para os petistas, isso deve ser somente uma coincidência...
Desde que começou a negociar a delação premiada com a Justiça, Funaro prestou quatro depoimentos sigilosos em Brasília. O segredo em torno desses depoimentos é tamanho que Funaro guarda cópia deles num cofre no Uruguai. "Se algo acontecer comigo, esse material virá a público e a República cairá", ele disse a amigos. Hoje, aos 35 anos, Funaro, formado em economia e considerado até por seus desafetos um gênio do mundo financeiro, é um dos mais ricos e ladinos investidores do país. Sabe, talvez como ninguém no Brasil, tirar proveito das brechas na bolsa de valores para ganhar dinheiro em operações tão incompreensíveis quanto lucrativas. O corretor relatou ao Ministério Público que teve um segundo encontro com Vaccari, sempre seguindo orientação do "professor Delúbio", no qual discutiu um possível negócio com a Funcef, mas não forneceu mais detalhes nem admitiu se as tratativas deram certo.
VEJA checou os extratos telefônicos de Delúbio remetidos à CPI dos Correios e descobriu catorze ligações feitas pelo "professor" a Vaccari no mesmo período em que se davam as negociações entre Funaro e o guardião dos fundos de pensão. O que o então tesoureiro do PT tinha tanto a conversar com o dirigente da cooperativa? É possível que Funaro tenha mentido sobre os encontros com Vaccari? Em tese, sim. Pode haver motivos desconhecidos para isso. Trata-se, contudo, de uma hipótese remotíssima. Quando fez essas confissões aos procuradores, Vaccari parecia ser um personagem menor do submundo petista. "Os procuradores só queriam saber do Valdemar, e isso já lhes dava trabalho suficiente", revelou Funaro a amigos, no ano passado. As investigações que se seguiram demonstraram que Funaro dizia a verdade. Seus depoimentos, portanto, ganharam em credibilidade. Foram aceitos pela criteriosa Procuradoria-Geral da República como provas fundamentais para incriminar a quadrilha do mensalão. Muitos tentaram, inclusive o lobista Marcos Valério, mas apenas Funaro virou réu-colaborador nesse caso. Isso significa que ele apresentou provas documentais do que disse, não mentiu aos procuradores e, sobretudo, continua à disposição do STF para ajudar nas investigações. Em contrapartida, receberá uma pena mais branda no fim do processo - ou será inocentado.
Durante a semana, Vaccari empenhou-se em declarar que, no caso Bancoop, ele e outros dirigentes da cooperativa são inocentes e que culpados são seus acusadores e suas vítimas. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o tesoureiro do PT disse que o MP agiu "para sacanear" e que os 31 milhões de reais sacados na boca do caixa pela Bancoop teriam sido "movimentações interbancárias". Os documentos resultantes da quebra do sigilo bancário da entidade mostram coisa diferente. Entre os cheques emitidos pela Bancoop para ela mesma ou para seu banco, o Bradesco, "a imensa maioria", segundo o MP, continha o código "SQ21" - que quer dizer saque. Algumas vezes aparecia a própria palavra escrita no verso (veja reproduções). Se, a partir daí, o dinheiro sacado foi colocado em uma mala, usado para fazer pagamentos, ou depositado em outras contas, não se sabe. A maioria dos cheques nominais ao banco (que também permitem movimentação na boca do caixa) não continha informações suficientes para permitir a reconstituição do seu percurso, afirma o promotor Blat. "De toda forma, fica evidente que se tratou de uma manobra para dificultar ou evitar o rastreamento do dinheiro", diz ele.
Na tentativa de inocentar-se, o tesoureiro do PT distribuiu culpas. Segundo ele, os problemas de caixa da cooperativa se deveram ao comportamento de cooperados que sabiam que os preços iniciais dos imóveis eram "estimados" e "não quiseram pagar" a diferença depois que foram constatados "erros de cálculo" nas estimativas. Ele só omitiu que, em muitos casos, os "erros de cálculo" chegaram a valores correspondentes a 50% do preço inicial do apartamento. Negar evidências e omitir fraudes. Essa é a lei da selva na política. Até quando?
Cheques à moda petista
VEJA obteve imagens de cheques que mostram a suspeitíssima movimentação bancária da Bancoop. O primeiro, no valor de 50 000 reais, além de exibir a palavra "saque" no verso, traz o código SQ21, que tem o mesmo significado (saque) e se repete na maioria dos cheques emitidos pela Bancoop para ela mesma. O segundo destina-se à empresa Caso Sistemas de Segurança, do "aloprado" Freud Godoy, e pertence a uma série que até agora já soma 1,5 milhão de reais. O terceiro mostra repasse da Germany para o PT, em ano de eleição. A Germany, empresa de ex-dirigentes da Bancoop, tinha como único cliente a própria cooperativa
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Empreitadas-fantasma
Fernando Schneider
"Entre 2001 e 2004, eu dei 15 000 reais em notas frias à Bancoop. Diziam com todas as letras que o dinheiro era para as campanhas do Lula e da Marta."
Empreiteiro "João", que prestou serviços à Bancoop
Um empreiteiro de 46 anos que prestou serviços à Bancoop por dez anos repetiu à repórter Laura Diniz as acusações que passou oficialmente ao promotor do caso Bancoop. O empreiteiro conta como emitiu notas frias a pedido dos diretores da cooperativa, e ouviu que o dinheiro desviado seria destinado às campanhas de Lula à Presidência, em 2002, e de Marta Suplicy à prefeitura de São Paulo, em 2004
Qual foi a primeira vez que a Bancoop pediu notas frias ao senhor?
Quando o Lula era candidato a presidente. O Ricardo (o engenheiro Ricardo Luiz do Carmo, responsável pelas construções da Bancoop) dizia que eram para a campanha. Nunca me forçaram a nada, mas, se você não fizesse isso, se queimava. A primeira nota fria que dei foi de 2 000 reais por um serviço que não fiz em um prédio no Jabaquara. A Bancoop precisava assinar a nota para liberar o pagamento. Quando era fria, liberavam de um dia para o outro. Notas normais demoravam de dez a quinze dias para sair.
Quantas notas frias o senhor deu?
Entre 2001 e 2004, dei 15 000 reais em notas frias à Bancoop. Isso, só eu. Em 2004, havia pelo menos uns 150 empreiteiros trabalhando para a cooperativa. Eles diziam com todas as letras que o dinheiro era para as campanhas do Lula e da Marta e ainda pediam para votar no Lula. Falavam que se ele ganhasse teríamos serviço para a vida inteira. Até disse aos meus empregados para votar nele.
O que o senhor sabe sobre a Germany?
Sei que eles ganharam muito dinheiro. Um dia, ouvi o Luiz Malheiro, o Alessandro Bernardino e o Marcelo Rinaldi (donos da Germany e dirigentes da Bancoop) festejando porque o lucro do mês era de 500 000 reais. Eles estavam bebendo uísque e comemorando num dia à tarde, na sede da Bancoop.
Mais vítimas da Bancoop
Fotos Fernando Schneider
"SE EU PAGAR MAIS, NÃO COMO"
"Eu e meu marido já colocamos todas as nossas economias no apartamento que compramos da Bancoop, mas as cobranças adicionais nunca param de chegar. Já gastamos 90 000 reais, eles querem mais 40 000. Paramos de pagar. Se pagar, não como. Eu me sinto revoltada e humilhada. Tenho muito medo de perder tudo."
Tânia Santos Rosa, 38 anos, ex-bancária
"TENHO 68 ANOS E MORO DE FAVOR"
"Comprei um apartamento em São Paulo, paguei os 78 000 do contrato, mas só ergueram duas das três torres prometidas. A minha parou no meio. Eles queriam mais 30 000 reais, mas eu não tinha mais de onde tirar dinheiro. Queria jogar uma bomba na Bancoop. Hoje, ainda moro de favor na casa da minha sogra, para escapar do aluguel."
Clóvis Pardo, 68 anos, aposentado
"VOU RECLAMAR PARA O LULA?"
"Comprei um apartamento da Bancoop em 2001 e ele nunca saiu do chão. Quitei tudo, os 65 000 reais, mas não tenho esperança de ver o prédio de pé. Queria o dinheiro de volta, mas acho que ele já foi todo gasto em campanhas do PT. Não tenho mais um centavo na poupança e ainda moro de aluguel. O que eu posso fazer? Reclamar para o Lula?"
Alda Cabral Ramos, 58 anos, representante comercial
BOMBA: A CONEXÃO BANCOOP/MENSALÃO
Veja, Sábado, Março 13, 2010
Aqui a íntegra da CARTA AO LEITOR da revista Veja que foi às bancas neste sábado. Explica a reportagem de capa da revista que encontrou o elo perdido do famigerado mensalão. No post abaixo transcrevo na íntegra a reportagem de Veja. Leiam:
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Os corruptos da política pegos em flagrante delito em todos os tempos e latitudes não costumam dar o braço a torcer facilmente. Reconhecer o erro e prontificar-se a ser punido nunca são, é óbvio, as opções escolhidas. A reação imediata deles é recorrer à combinação de características que, em grande parte, os levou a fazer sucesso na atividade. A saber: o dom da retórica, o poder de dissimulação, a forte autoestima, a noção de que as versões podem valer mais do que os fatos e a certeza maquiavélica de que se honra e honestidade regessem o mundo eles próprios não teriam chegado aonde chegaram.
A vida pública brasileira tem sido palco constante desses exercícios de cinismo. Isso vem se repetindo previsivelmente desde a semana passada, quando VEJA revelou que caminha para o desfecho o inquérito em que João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, cotado para a mesma função na campanha presidencial de Dilma Rousseff, é acusado de numerosos crimes – entre eles o desvio de dinheiro público e privado para a formação de caixa dois eleitoral.
Bastou a capa de VEJA chegar à casa dos assinantes e às bancas para que Vaccari e seus correligionários sacassem do bolso do colete as redondilhas já tornadas clássicas nos escândalos dos sete anos de governo petista. Diante das provas dos crimes compiladas pela promotoria e reveladas pela revista, os envolvidos saíram-se com as seguintes desculpas:
■ O assunto é velho e foi requentado.
■ A motivação é eleitoreira.
■ A culpa é da imprensa.
■ Nossos adversários fazem a mesma coisa.
■ No Brasil só se dá destaque a notícia ruim.
Doravante VEJA vai listar as desculpas dadas por corruptos pegos com a boca na botija nas categorias acima. A revista convida os leitores que encontrarem outras dessas pérolas a compartilhar seus achados no site VEJA.com.
Postado por Aluizio Amorim às 3/13/2010 03:17:00 AM 0 comentários Links para esta postagem
REPORTAGEM BOMBA DE VEJA NA ÍNTEGRA!
BRASIL
O pedágio do PT
Além de desviar dinheiro da Bancoop, o tesoureiro do partido arrecadava dinheiro para o caixa do mensalão cobrando propina
Alexandre Oltramari e Diego Escosteguy
O novo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, é uma peça mais fundamental do que parece nos esquemas de arrecadação financeira do partido. Investigado pelo promotor José Carlos Blat por suspeita de estelionato, apropriação indébita, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha no caso dos desvios da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), Vaccari é também personagem, ainda oculto, do maior e mais escandaloso caso de corrupção da história recente do Brasil: o mensalão - o milionário esquema de desvio de dinheiro público usado para abastecer campanhas eleitorais do PT e corromper parlamentares no Congresso. O mensalão produziu quarenta réus ora em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Entre eles não está Vaccari. Ele parecia bagrinho no esquema. Pelo que se descobriu agora, é um peixão. Em 2003, enquanto cuidava das finanças da Bancoop, João Vaccari acumulava a função de administrador informal da relação entre o PT e os fundos de pensão das empresas estatais, bancos e corretoras. Ele tocava o negócio de uma maneira bem peculiar: cobrando propina. Propina que podia ser de 6%, de 10% ou até de 15%, dependendo do cliente e do tamanho do negócio. Uma investigação sigilosa da Procuradoria-Geral da República revela, porém, que 12% era o número mágico para o tesoureiro - o porcentual do pedágio que ele fixava como comissão para quem estivesse interessado em se associar ao partido para saquear os cofres públicos.
Fotos Celso Junior/AE e Eliária Andrade/Ag. O Globo
"Ele (Vaccari) chamava o Delúbio de 'professor'. É homem do Zé Dirceu. Faz as operações com fundos grandes - Previ, Funcef, Petros..."
Corretor Lúcio Funaro, em depoimento ao MP
CAPO
José Dirceu tinha Delúbio Soares (à dir.) e Vaccari como arrecadadores para o mensalão. O tesoureiro atual do PT cuidava dos fundos de pensão
A revelação do elo de João Vaccari com o escândalo que produziu um terremoto no governo federal está em uma série de depoimentos prestados pelo corretor Lúcio Bolonha Funaro, considerado um dos maiores especialistas em cometer fraudes financeiras do país. Em 2005, na iminência de ser denunciado como um dos réus do processo do mensalão, Funaro fez um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. Em troca de perdão judicial para seus crimes, o corretor entregou aos investigadores nomes, valores, datas e documentos bancários que incriminam, em especial, o deputado paulista Valdemar Costa Neto, do PR, réu no STF por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Em um dos depoimentos, ao qual VEJA teve acesso, Lúcio Funaro também forneceu detalhes inéditos e devastadores da maneira como os petistas canalizavam dinheiro para o caixa clandestino do PT. Apresentou, inclusive, o nome do que pode vir a ser o 41º réu do processo que apura o mensalão - o tesoureiro João Vaccari Neto. "Ele (Vaccari) cobra 12% de comissão para o partido", disse o corretor em um relato gravado pelos procuradores. Em cinco depoimentos ao Ministério Público Federal que se seguiram, Funaro forneceu outras informações comprometedoras sobre o trabalho do tesoureiro encarregado de cuidar das finanças do PT:
"Rural, BMG, Santos... Tirando os bancos grandes, quase todos têm negócio com eles."
Corretor Lúcio Funaro, em depoimento ao MP
• Entre 2003 e 2004, no auge do mensalão, João Vaccari Neto era o responsável pelo recolhimento de propina entre interessados em fazer negócios com os fundos de pensão de empresas estatais no mercado financeiro.
• O tesoureiro concentrava suas ações e direcionava os investimentos de cinco fundos - Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica), Nucleos (Nuclebrás), Petros (Petrobras) e Eletros (Eletrobrás) -, cujos patrimônios, somados, chegam a 190 bilhões de reais.
• A propina que ele cobrava variava entre 6% e 15%, dependendo do tipo de investimento, do valor do negócio e do prazo.
• O dinheiro da propina era carreado para o caixa clandestino do PT, usado para financiar as campanhas do partido e subornar parlamentares.
• João Vaccari agia em parceria com o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares e sob o comando do ex-ministro José Dirceu, réu no STF sob a acusação de chefiar o bando dos quarenta.
Fotos Lula Marques/Folha Imagem e Celso Junior/AE
O PATROCINADOR
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, indicou Vaccari para tesoureiro do partido na campanha presidencial da ministra Dilma Rousseff, embora dirigentes da sigla tenham tentado vetar o nome do sindicalista, por ele ter "telhado de vidro"
Lúcio Funaro contou aos investigadores o que viu, ouviu e como participou. Os destinos de ambos, Funaro e Vaccari, se cruzaram nas trilhas subterrâneas do mensalão. Eram os últimos meses de 2004, tempos prósperos para as negociatas da turma petista liderada por José Dirceu e Delúbio Soares. As agências de publicidade de Marcos Valério, o outro ponta de lança do esquema, recebiam milhões de estatais e ministérios - e o BMG e o Rural, os bancos que financiavam a compra do Congresso, faturavam fortunas com os fundos de pensão controlados por tarefeiros do PT. Naquele momento, Funaro mantinha uma relação lucrativa com Valdemar Costa Neto. Na campanha de 2002, o corretor emprestara ao deputado 3 milhões de reais, em dinheiro vivo. Pela lógica que preside o sistema político brasileiro, Valdemar passou a dever-lhe 3 milhões de favores. O deputado, segundo o relato do corretor, foi cobrar esses favores do PT. É a partir daí que começa a funcionar a engrenagem clandestina de fabricação de dinheiro. O deputado detinha os contatos políticos; o corretor, a tecnologia financeira para viabilizar grandes negociatas. Combinação perfeita, mas que, para funcionar, carecia de um sinal verde de quem tinha o comando da máquina. Valdemar procurou, então, Delúbio Soares, lembrou-lhe a ajuda que ele dera à campanha de Lula e pediu, digamos, oportunidades. De acordo com o relato do corretor, Delúbio indicou João Vaccari para abrir-lhe algumas portas.
Para marcar a primeira conversa com Vaccari, Funaro ligou para o celular do sindicalista. O encontro, com a presença do deputado Costa Neto, deu-se na sede da Bancoop em São Paulo, na Rua Líbero Badaró. Na conversa, Vaccari contou que cabia a ele intermediar operações junto aos maiores fundos de pensão - desde que o interessado pagasse um "porcentual para o partido (PT)", taxa que variava entre 6% e 15%, dependendo do tipo de negócio, dos valores envolvidos e do prazo. E foi didático: Funaro e Valdemar deveriam conseguir um parceiro e uma proposta de investimento. Em seguida, ele se encarregaria de determinar qual fundo de pensão se encaixaria na operação desejada. O tesoureiro adiantou que seria mais fácil obter negociatas na Petros ou na Funcef. Referindo-se a Delúbio sempre como "professor", Vaccari explicou que o PT havia dividido o comando das operações dos fundos de pensão. O petista Marcelo Sereno, à época assessor da Presidência da República, cuidava dos fundos pequenos. Ele, Vaccari, cuidava dos grandes. O porcentual cobrado pelo partido, entre 6% e 15%, variava de acordo com o tipo do negócio. Para investimentos em títulos de bancos, os chamados CDBs, nicho em que o corretor estava interessado, a "comissão" seria de 12%. Funaro registrou a proposta na memória, despediu-se de Vaccari e foi embora acompanhado de Costa Neto.
Donos de uma fortuna equivalente à dos Emirados Árabes, os fundos de pensão de estatais são alvo da cobiça dos políticos desonestos graças à facilidade com que operadores astutos, como Funaro, conseguem desviar grandes somas dando às operações uma falsa aparência de prejuízos naturais impostos por quem se arrisca no mercado financeiro. A CPI dos Correios, que investigou o mensalão em 2006, demonstrou isso de maneira cabal. Com a ajuda de técnicos, a comissão constatou que os fundos foram saqueados em operações fraudulentas que beneficiavam as mesmas pessoas que abasteciam o mensalão. Funaro chegou a insinuar a participação de João Vaccari no esquema em depoimento à CPI, em março de 2006. Disse que Vaccari era operador do PT em fundos de pensão, mas que, por ter sabido disso por meio de boatos no mercado financeiro, não poderia se estender sobre o assunto. Sabe-se, agora, que, na ocasião, ele contou apenas uma minúscula parte da história.
A história completa já havia começado a ser narrada sete meses antes a um grupo de procuradores da República do Paraná. Em agosto de 2005, emparedado pelo Ministério Público Federal por causa de remessas ilegais de 2 milhões de dólares ao exterior, Funaro propôs delatar o esquema petista em troca de perdão judicial. "Vou dar a vocês o cara do Zé Dirceu. O Marcelo Sereno faz operação conta-gotas que enche a caixa-d'água todo dia para financiar operações diárias. Mas esse outro aqui, ó, o nome dele nunca saiu em lugar nenhum. Ele faz as coisas mais volumosas", disse Funaro, enquanto escrevia o nome "Vaccari", em uma folha branca, no alto de um organograma. Um dos procuradores quis saber como o PT desviava dinheiro dos fundos. "Tiram dinheiro muito fácil. Rural, BMG, Santos... Tirando os bancos grandes, quase todos têm negócio com ele", disse. O corretor explicou aos investigadores que se cobrava propina sobre todo e qualquer investimento. "Sempre que um fundo compra CDBs de um banco, tem de pagar comissão a eles (PT)", explicou. "Vou dar provas documentais. Ligo para ele (Vaccari) e vocês gravam. Depois, é só ver se o fundo de pensão comprou ou não os CDBs do banco."
O depoimento de Funaro foi enviado a Brasília em dezembro de 2005, e o STF aceitou transformá-lo formalmente em réu colaborador da Justiça. Parte das informações passadas foi usada para fundamentar a denúncia do mensalão. A outra parte, que inclui o relato sobre Vaccari, ainda é guardada sob sigilo. VEJA não conseguiu descobrir se Funaro efetivamente gravou conversas com o tesoureiro petista, mas sua ajuda em relação aos fundos foi decisiva. Entre 2003 e 2004, os três bancos citados pelo corretor - BMG, Rural e Santos - receberam 600 milhões de reais dos fundos de pensão controlados pelo PT. Apenas os cinco fundos sob a influência do tesoureiro aplicaram 182 milhões de reais em títulos do Rural e do BMG, os principais financiadores do mensalão, em 2004. É um volume 600% maior que o do ano anterior e 1 650% maior que o de 2002, antes de o PT chegar ao governo. As investigações da polícia revelaram que os dois bancos "emprestaram" 55 milhões de reais ao PT. É o equivalente a 14,1% do que receberam em investimentos - portanto, dentro da margem de propina que Funaro acusa o partido de cobrar (entre 6% e 15%). Mas, para os petistas, isso deve ser somente uma coincidência...
Desde que começou a negociar a delação premiada com a Justiça, Funaro prestou quatro depoimentos sigilosos em Brasília. O segredo em torno desses depoimentos é tamanho que Funaro guarda cópia deles num cofre no Uruguai. "Se algo acontecer comigo, esse material virá a público e a República cairá", ele disse a amigos. Hoje, aos 35 anos, Funaro, formado em economia e considerado até por seus desafetos um gênio do mundo financeiro, é um dos mais ricos e ladinos investidores do país. Sabe, talvez como ninguém no Brasil, tirar proveito das brechas na bolsa de valores para ganhar dinheiro em operações tão incompreensíveis quanto lucrativas. O corretor relatou ao Ministério Público que teve um segundo encontro com Vaccari, sempre seguindo orientação do "professor Delúbio", no qual discutiu um possível negócio com a Funcef, mas não forneceu mais detalhes nem admitiu se as tratativas deram certo.
VEJA checou os extratos telefônicos de Delúbio remetidos à CPI dos Correios e descobriu catorze ligações feitas pelo "professor" a Vaccari no mesmo período em que se davam as negociações entre Funaro e o guardião dos fundos de pensão. O que o então tesoureiro do PT tinha tanto a conversar com o dirigente da cooperativa? É possível que Funaro tenha mentido sobre os encontros com Vaccari? Em tese, sim. Pode haver motivos desconhecidos para isso. Trata-se, contudo, de uma hipótese remotíssima. Quando fez essas confissões aos procuradores, Vaccari parecia ser um personagem menor do submundo petista. "Os procuradores só queriam saber do Valdemar, e isso já lhes dava trabalho suficiente", revelou Funaro a amigos, no ano passado. As investigações que se seguiram demonstraram que Funaro dizia a verdade. Seus depoimentos, portanto, ganharam em credibilidade. Foram aceitos pela criteriosa Procuradoria-Geral da República como provas fundamentais para incriminar a quadrilha do mensalão. Muitos tentaram, inclusive o lobista Marcos Valério, mas apenas Funaro virou réu-colaborador nesse caso. Isso significa que ele apresentou provas documentais do que disse, não mentiu aos procuradores e, sobretudo, continua à disposição do STF para ajudar nas investigações. Em contrapartida, receberá uma pena mais branda no fim do processo - ou será inocentado.
Durante a semana, Vaccari empenhou-se em declarar que, no caso Bancoop, ele e outros dirigentes da cooperativa são inocentes e que culpados são seus acusadores e suas vítimas. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o tesoureiro do PT disse que o MP agiu "para sacanear" e que os 31 milhões de reais sacados na boca do caixa pela Bancoop teriam sido "movimentações interbancárias". Os documentos resultantes da quebra do sigilo bancário da entidade mostram coisa diferente. Entre os cheques emitidos pela Bancoop para ela mesma ou para seu banco, o Bradesco, "a imensa maioria", segundo o MP, continha o código "SQ21" - que quer dizer saque. Algumas vezes aparecia a própria palavra escrita no verso (veja reproduções). Se, a partir daí, o dinheiro sacado foi colocado em uma mala, usado para fazer pagamentos, ou depositado em outras contas, não se sabe. A maioria dos cheques nominais ao banco (que também permitem movimentação na boca do caixa) não continha informações suficientes para permitir a reconstituição do seu percurso, afirma o promotor Blat. "De toda forma, fica evidente que se tratou de uma manobra para dificultar ou evitar o rastreamento do dinheiro", diz ele.
Na tentativa de inocentar-se, o tesoureiro do PT distribuiu culpas. Segundo ele, os problemas de caixa da cooperativa se deveram ao comportamento de cooperados que sabiam que os preços iniciais dos imóveis eram "estimados" e "não quiseram pagar" a diferença depois que foram constatados "erros de cálculo" nas estimativas. Ele só omitiu que, em muitos casos, os "erros de cálculo" chegaram a valores correspondentes a 50% do preço inicial do apartamento. Negar evidências e omitir fraudes. Essa é a lei da selva na política. Até quando?
Cheques à moda petista
VEJA obteve imagens de cheques que mostram a suspeitíssima movimentação bancária da Bancoop. O primeiro, no valor de 50 000 reais, além de exibir a palavra "saque" no verso, traz o código SQ21, que tem o mesmo significado (saque) e se repete na maioria dos cheques emitidos pela Bancoop para ela mesma. O segundo destina-se à empresa Caso Sistemas de Segurança, do "aloprado" Freud Godoy, e pertence a uma série que até agora já soma 1,5 milhão de reais. O terceiro mostra repasse da Germany para o PT, em ano de eleição. A Germany, empresa de ex-dirigentes da Bancoop, tinha como único cliente a própria cooperativa
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Empreitadas-fantasma
Fernando Schneider
"Entre 2001 e 2004, eu dei 15 000 reais em notas frias à Bancoop. Diziam com todas as letras que o dinheiro era para as campanhas do Lula e da Marta."
Empreiteiro "João", que prestou serviços à Bancoop
Um empreiteiro de 46 anos que prestou serviços à Bancoop por dez anos repetiu à repórter Laura Diniz as acusações que passou oficialmente ao promotor do caso Bancoop. O empreiteiro conta como emitiu notas frias a pedido dos diretores da cooperativa, e ouviu que o dinheiro desviado seria destinado às campanhas de Lula à Presidência, em 2002, e de Marta Suplicy à prefeitura de São Paulo, em 2004
Qual foi a primeira vez que a Bancoop pediu notas frias ao senhor?
Quando o Lula era candidato a presidente. O Ricardo (o engenheiro Ricardo Luiz do Carmo, responsável pelas construções da Bancoop) dizia que eram para a campanha. Nunca me forçaram a nada, mas, se você não fizesse isso, se queimava. A primeira nota fria que dei foi de 2 000 reais por um serviço que não fiz em um prédio no Jabaquara. A Bancoop precisava assinar a nota para liberar o pagamento. Quando era fria, liberavam de um dia para o outro. Notas normais demoravam de dez a quinze dias para sair.
Quantas notas frias o senhor deu?
Entre 2001 e 2004, dei 15 000 reais em notas frias à Bancoop. Isso, só eu. Em 2004, havia pelo menos uns 150 empreiteiros trabalhando para a cooperativa. Eles diziam com todas as letras que o dinheiro era para as campanhas do Lula e da Marta e ainda pediam para votar no Lula. Falavam que se ele ganhasse teríamos serviço para a vida inteira. Até disse aos meus empregados para votar nele.
O que o senhor sabe sobre a Germany?
Sei que eles ganharam muito dinheiro. Um dia, ouvi o Luiz Malheiro, o Alessandro Bernardino e o Marcelo Rinaldi (donos da Germany e dirigentes da Bancoop) festejando porque o lucro do mês era de 500 000 reais. Eles estavam bebendo uísque e comemorando num dia à tarde, na sede da Bancoop.
Mais vítimas da Bancoop
Fotos Fernando Schneider
"SE EU PAGAR MAIS, NÃO COMO"
"Eu e meu marido já colocamos todas as nossas economias no apartamento que compramos da Bancoop, mas as cobranças adicionais nunca param de chegar. Já gastamos 90 000 reais, eles querem mais 40 000. Paramos de pagar. Se pagar, não como. Eu me sinto revoltada e humilhada. Tenho muito medo de perder tudo."
Tânia Santos Rosa, 38 anos, ex-bancária
"TENHO 68 ANOS E MORO DE FAVOR"
"Comprei um apartamento em São Paulo, paguei os 78 000 do contrato, mas só ergueram duas das três torres prometidas. A minha parou no meio. Eles queriam mais 30 000 reais, mas eu não tinha mais de onde tirar dinheiro. Queria jogar uma bomba na Bancoop. Hoje, ainda moro de favor na casa da minha sogra, para escapar do aluguel."
Clóvis Pardo, 68 anos, aposentado
"VOU RECLAMAR PARA O LULA?"
"Comprei um apartamento da Bancoop em 2001 e ele nunca saiu do chão. Quitei tudo, os 65 000 reais, mas não tenho esperança de ver o prédio de pé. Queria o dinheiro de volta, mas acho que ele já foi todo gasto em campanhas do PT. Não tenho mais um centavo na poupança e ainda moro de aluguel. O que eu posso fazer? Reclamar para o Lula?"
Alda Cabral Ramos, 58 anos, representante comercial
sexta-feira, 12 de março de 2010
352) Comparacoes entre presidencias - Merval Pereira
Comparações
MERVAL PEREIRA
O GLOBO, 12/03/10
O presidente Lula alardeia sempre que pode que quer fazer uma campanha sucessória plebiscitária, na qual o povo poderá escolher entre "eles" e "nós", referindo-se ao seu antecessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Mas, se a análise histórica for menos imediatista, o seu mandato até o momento sai-se muito mal na foto no que se refere ao crescimento do PIB, a despeito do alto conceito que Lula tem a respeito de si próprio e de seu governo.
O professor titular de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Reinaldo Gonçalves fez um estudo sobre a evolução da renda no Brasil segundo o mandato presidencial, mostrando a performance da economia brasileira em 120 anos de História da República (1890 a 2009), com comparações não apenas a nível interno, entre os períodos, como também em relação à participação na economia mundial.
Em ambos os critérios, o governo Lula pode ser considerado medíocre. A taxa média de crescimento real do PIB brasileiro é, nesse período, de 4,5%, e a taxa do governo Lula é de 3,6%, ficando em 21 olugar entre 29 governos.
Mesmo que em relação ao governo de seu arquiadversário o crescimento tenha melhorado — o governo Fernando Henrique teve uma média de crescimento do PIB de 2,29% — , a participação média do PIB do Brasil no PIB mundial caiu de 2,93% no governo FHC para 2,74% no governo Lula.
Segundo o trabalho do professor Reinaldo Gonçalves, no conjunto de 29 mandatos, o governo Lula (2003-09) tem até o momento ano na taxa mais baixa de crescimento econômico.
O fraco desempenho do governo Lula implica que o país precisaria de 20 anos para duplicar o seu PIB, quando a taxa secular é de duplicação do PIB em 16 anos.
No período 1890-2009, a economia mundial cresceu à taxa média anual de 3,14%, o que significa que, ao longo do período analisado, o Brasil tem conseguido avançar no processo de desenvolvimento econômico, com tendência de crescente participação na economia mundial.
Entretanto, Gonçalves ressalta que este processo somente começou nos anos 1920 devido ao fraco desempenho e à instabilidade da economia brasileira no período que vai da proclamação da República até o pós-Primeira Grande Guerra. O "salto quântico" de desenvolvimento, de acordo com o professor, é dado pelo presidente Getulio Vargas no entreguerras.
"No período de praticamente meio século que vai de 1930 até 1979, a economia brasileira apresenta taxas de crescimento econômico de longo prazo significativamente elevadas", destaca Reinaldo Gonçalves.
De fato, o país já teve períodos de crescimento de níveis asiáticos: de 1950 a 1959, média de 7,15%; de 1960 a 1969, média de 6,12%; e de 1970 a 1979, de 8,78%.
O maior crescimento do PIB foi de 13,97% em 1973, no auge do "milagre econômico", mas taxas de dois dígitos são exceções, aconteceram somente em seis anos.
O resultado, afirma Reinaldo Gonçalves, é que a par ticipação do país no PIB mundial aumentou de menos de 1% no final dos anos 1920 para 3,6% em 1980.
Nos últimos 30 anos, no entanto, a economia brasileira tem tido um desempenho relativamente fraco em comparação com o conjunto da economia mundial e, principalmente, com o subconjunto de países em desenvolvimento. De 1990 a 2003, o crescimento médio foi de 1,8%; de 80 a 2003, 2%.
Restringindo a análise ao primeiro conjunto, Reinaldo Gonçalves observa "clara tendência" de queda da participação brasileira no PIB mundial a partir de 1980.
Em 2002, esta participação era de 2,81% e, em 2009, era de 2,79%, "próxima daquela obser vada quase quarenta anos antes, no início dos anos 1970, ressalta Reinaldo Gonçalves.
Na análise do professor de economia da U F R J , o governo Luiz Inácio Lula da Silva se beneficiou de uma conjuntura extraordinariamente favorável no período de 2003 até meados de 2008, mas o fato é que a crise global teve for te impacto sobre a economia brasileira (queda do PIB de 0,2% em 2009 anunciada ontem), em que pese o discurso do governo "completamente descolado da realidade".
Gonçalves tem uma visão crítica da atuação do governo na crise, atribuindo o PIB negativo a "erros de política de ajuste", como a instabilidade e o nível da taxa de câmbio, nível da taxa de juros e regressividade do estímulo fiscal.
"Ao fim e ao cabo, a evidência mostra que o desempenho da economia brasileira no período 200309 é medíocre pelos padrões históricos brasileiros e pelos padrões internacionais", sintetiza.
O professor ressalta que no governo Lula "continua ocorrendo o processo de perda de posição relativa do país na economia mundial".
Comparativamente ao final do governo Fernando Henrique Cardoso, na opinião de Gonçalves, o governo Lula tem desempenho "igualmente medíocre".
Em 2002, último ano do segundo mandato de Fernando Henrique, a participação do Brasil no PIB mundial foi de 2,81%, e, em 2009, a participação brasileira ficou em 2,79%.
O professor Reinaldo Gonçalves atribui à "similaridade de modelos de desenvolvimento e de políticas econômicas" o fraco desempenho dos governos FHC e Lula.
MERVAL PEREIRA
O GLOBO, 12/03/10
O presidente Lula alardeia sempre que pode que quer fazer uma campanha sucessória plebiscitária, na qual o povo poderá escolher entre "eles" e "nós", referindo-se ao seu antecessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Mas, se a análise histórica for menos imediatista, o seu mandato até o momento sai-se muito mal na foto no que se refere ao crescimento do PIB, a despeito do alto conceito que Lula tem a respeito de si próprio e de seu governo.
O professor titular de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Reinaldo Gonçalves fez um estudo sobre a evolução da renda no Brasil segundo o mandato presidencial, mostrando a performance da economia brasileira em 120 anos de História da República (1890 a 2009), com comparações não apenas a nível interno, entre os períodos, como também em relação à participação na economia mundial.
Em ambos os critérios, o governo Lula pode ser considerado medíocre. A taxa média de crescimento real do PIB brasileiro é, nesse período, de 4,5%, e a taxa do governo Lula é de 3,6%, ficando em 21 olugar entre 29 governos.
Mesmo que em relação ao governo de seu arquiadversário o crescimento tenha melhorado — o governo Fernando Henrique teve uma média de crescimento do PIB de 2,29% — , a participação média do PIB do Brasil no PIB mundial caiu de 2,93% no governo FHC para 2,74% no governo Lula.
Segundo o trabalho do professor Reinaldo Gonçalves, no conjunto de 29 mandatos, o governo Lula (2003-09) tem até o momento ano na taxa mais baixa de crescimento econômico.
O fraco desempenho do governo Lula implica que o país precisaria de 20 anos para duplicar o seu PIB, quando a taxa secular é de duplicação do PIB em 16 anos.
No período 1890-2009, a economia mundial cresceu à taxa média anual de 3,14%, o que significa que, ao longo do período analisado, o Brasil tem conseguido avançar no processo de desenvolvimento econômico, com tendência de crescente participação na economia mundial.
Entretanto, Gonçalves ressalta que este processo somente começou nos anos 1920 devido ao fraco desempenho e à instabilidade da economia brasileira no período que vai da proclamação da República até o pós-Primeira Grande Guerra. O "salto quântico" de desenvolvimento, de acordo com o professor, é dado pelo presidente Getulio Vargas no entreguerras.
"No período de praticamente meio século que vai de 1930 até 1979, a economia brasileira apresenta taxas de crescimento econômico de longo prazo significativamente elevadas", destaca Reinaldo Gonçalves.
De fato, o país já teve períodos de crescimento de níveis asiáticos: de 1950 a 1959, média de 7,15%; de 1960 a 1969, média de 6,12%; e de 1970 a 1979, de 8,78%.
O maior crescimento do PIB foi de 13,97% em 1973, no auge do "milagre econômico", mas taxas de dois dígitos são exceções, aconteceram somente em seis anos.
O resultado, afirma Reinaldo Gonçalves, é que a par ticipação do país no PIB mundial aumentou de menos de 1% no final dos anos 1920 para 3,6% em 1980.
Nos últimos 30 anos, no entanto, a economia brasileira tem tido um desempenho relativamente fraco em comparação com o conjunto da economia mundial e, principalmente, com o subconjunto de países em desenvolvimento. De 1990 a 2003, o crescimento médio foi de 1,8%; de 80 a 2003, 2%.
Restringindo a análise ao primeiro conjunto, Reinaldo Gonçalves observa "clara tendência" de queda da participação brasileira no PIB mundial a partir de 1980.
Em 2002, esta participação era de 2,81% e, em 2009, era de 2,79%, "próxima daquela obser vada quase quarenta anos antes, no início dos anos 1970, ressalta Reinaldo Gonçalves.
Na análise do professor de economia da U F R J , o governo Luiz Inácio Lula da Silva se beneficiou de uma conjuntura extraordinariamente favorável no período de 2003 até meados de 2008, mas o fato é que a crise global teve for te impacto sobre a economia brasileira (queda do PIB de 0,2% em 2009 anunciada ontem), em que pese o discurso do governo "completamente descolado da realidade".
Gonçalves tem uma visão crítica da atuação do governo na crise, atribuindo o PIB negativo a "erros de política de ajuste", como a instabilidade e o nível da taxa de câmbio, nível da taxa de juros e regressividade do estímulo fiscal.
"Ao fim e ao cabo, a evidência mostra que o desempenho da economia brasileira no período 200309 é medíocre pelos padrões históricos brasileiros e pelos padrões internacionais", sintetiza.
O professor ressalta que no governo Lula "continua ocorrendo o processo de perda de posição relativa do país na economia mundial".
Comparativamente ao final do governo Fernando Henrique Cardoso, na opinião de Gonçalves, o governo Lula tem desempenho "igualmente medíocre".
Em 2002, último ano do segundo mandato de Fernando Henrique, a participação do Brasil no PIB mundial foi de 2,81%, e, em 2009, a participação brasileira ficou em 2,79%.
O professor Reinaldo Gonçalves atribui à "similaridade de modelos de desenvolvimento e de políticas econômicas" o fraco desempenho dos governos FHC e Lula.
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quinta-feira, 11 de março de 2010
351) Debate sobre as eleicoes de 2010
Em 2010 serão realizadas eleições para presidente, governadores e demais cargos do legislativo. Assim, neste ano o Centro de Políticas Públicas focará suas ações em torno dos temas mais importantes na agenda de políticas públicas para o Brasil, com pesquisas, debates e seminários.
O 1º Debate CPP 2010 será realizado dia 31/03, às 18h15. Escolha um tema e faça sua indicação no Blog do CPP:
Qualidade da Educação
Transferência de Renda
Saúde
Participe!
Centro de Políticas Públicas
O 1º Debate CPP 2010 será realizado dia 31/03, às 18h15. Escolha um tema e faça sua indicação no Blog do CPP:
Qualidade da Educação
Transferência de Renda
Saúde
Participe!
Centro de Políticas Públicas
350) FHC faz defesa do resgate do liberalismo
FHC faz defesa do resgate do liberalismo
FOLHA DE S. PAULO, 10.03.2010
Em palestra, ex-presidente diz que discussão no Brasil é se haverá "capitalismo burocrático-corporativo" ou "de competição"
Numa sociedade em que o Estado "é enorme e vai continuar sendo", é preciso valorizar as liberdades individuais, afirma tucano
Claudia Antunes
Da Sucursal do Rio
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou que a "verdadeira discussão" no Brasil hoje é se teremos um capitalismo "burocrático, corporativo", em que o Estado "manda e resolve", ou um "capitalismo de competição", de clara orientação liberal.
Apresentado como "eterno professor", FHC falou a 70 pessoas, que pagaram R$ 100 para ouvi-lo, na Casa do Saber, no Rio. Indagado por que "direita" e "liberal" eram consideradas palavras "feias", brincou: "Liberal e de direita, eu acho feio".
Ele defendeu o resgate do conceito original de liberalismo, de defesa das liberdades do indivíduo e da autonomia da sociedade, num país que "acha que Estado é igual à nação" e no qual o direito individual "vem depois da ideia do coletivo".
"No marxismo, o Estado é visto como expressão da classe dominante. Aqui ele é o libertador da nação, o que inverte as coisas. Já faz tempo que se sabe que competição não significa sufocar liberdade", disse.
Depois, lembrou que o liberalismo e o conservadorismo foram "desmoralizados" ainda no Império, por viverem "montados na escravidão". Mas o "liberal típico não é de direita", ressaltou: nos EUA a palavra quer dizer "progressista".
"É preciso um pouco mais de liberalismo no bom sentido, não contraditório com a ação social do Estado", explicou-se.
O ex-presidente introduziu o tema ao ironizar o PT por romper a defesa que fazia, na Assembleia Constituinte (1987-1988), da pluralidade sindical. Disse que o governo Lula "impôs a unicidade" e cooptou as centrais, ao legalizá-las e estabelecer "ligação direta entre cofre público e cofre sindical".
"Dá a impressão de que essas formas corporativas se comunicam mais facilmente com o sistema decisório político do que a multiplicidade de opiniões, o debate aberto."
A palestra tratou do fosso entre a "opinião pública" e o poder. FHC lembrou que por décadas os partidos foram o elo principal entre as classes e sua representação política.
Hoje, disse, "mesmo que ainda haja distinção entre possuir e não possuir", a sociedade "é muito mais fragmentada em seus interesses". "Achávamos que o florescimento da sociedade seria retransmitido aos partidos e ao poder, mas isso não parece acontecer."
Para ele, embora as informações circulem mais rápido, a ideia de "deliberação consciente" do eleitor deu lugar a uma identificação de sentimentos que, embora brote também de interesses concretos, surge no calor das campanhas.
"Ao invés de você ter um papel menor do indivíduo, ele é maior. [Barack] Obama ganhou porque simbolizou algo, o Lula se elegeu assim também."
À plateia desejosa de medir chances de mudança num sistema político que "olha com desdém" FHC disse que é preciso "lideranças morais, aceitas como virtuosas", para acelerar fatores de "ignição" das transformações. Disse que isso é mais difícil quando a situação econômica é boa.
À Folha o ex-presidente disse que na atual campanha o "ponto de interrogação" é sobre quem "terá capacidade de sintonizar com a sociedade". "Você sabe que eu tenho candidato.
O que tem que ser feito no Brasil ele vai ter que dizer."
Hesitando entre o político e o sociólogo, FHC rebateu um ouvinte que criticou o Legislativo.
Disse que "o baixo clero dominou de tal maneira que hoje não tem mais alto clero", mas viu um ponto positivo. "A camada que começa a mandar é nova. O próprio sindicalismo, sociologicamente é uma nova gente. Sem a erudição dos antigos, expressam o novo Brasil."
FOLHA DE S. PAULO, 10.03.2010
Em palestra, ex-presidente diz que discussão no Brasil é se haverá "capitalismo burocrático-corporativo" ou "de competição"
Numa sociedade em que o Estado "é enorme e vai continuar sendo", é preciso valorizar as liberdades individuais, afirma tucano
Claudia Antunes
Da Sucursal do Rio
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou que a "verdadeira discussão" no Brasil hoje é se teremos um capitalismo "burocrático, corporativo", em que o Estado "manda e resolve", ou um "capitalismo de competição", de clara orientação liberal.
Apresentado como "eterno professor", FHC falou a 70 pessoas, que pagaram R$ 100 para ouvi-lo, na Casa do Saber, no Rio. Indagado por que "direita" e "liberal" eram consideradas palavras "feias", brincou: "Liberal e de direita, eu acho feio".
Ele defendeu o resgate do conceito original de liberalismo, de defesa das liberdades do indivíduo e da autonomia da sociedade, num país que "acha que Estado é igual à nação" e no qual o direito individual "vem depois da ideia do coletivo".
"No marxismo, o Estado é visto como expressão da classe dominante. Aqui ele é o libertador da nação, o que inverte as coisas. Já faz tempo que se sabe que competição não significa sufocar liberdade", disse.
Depois, lembrou que o liberalismo e o conservadorismo foram "desmoralizados" ainda no Império, por viverem "montados na escravidão". Mas o "liberal típico não é de direita", ressaltou: nos EUA a palavra quer dizer "progressista".
"É preciso um pouco mais de liberalismo no bom sentido, não contraditório com a ação social do Estado", explicou-se.
O ex-presidente introduziu o tema ao ironizar o PT por romper a defesa que fazia, na Assembleia Constituinte (1987-1988), da pluralidade sindical. Disse que o governo Lula "impôs a unicidade" e cooptou as centrais, ao legalizá-las e estabelecer "ligação direta entre cofre público e cofre sindical".
"Dá a impressão de que essas formas corporativas se comunicam mais facilmente com o sistema decisório político do que a multiplicidade de opiniões, o debate aberto."
A palestra tratou do fosso entre a "opinião pública" e o poder. FHC lembrou que por décadas os partidos foram o elo principal entre as classes e sua representação política.
Hoje, disse, "mesmo que ainda haja distinção entre possuir e não possuir", a sociedade "é muito mais fragmentada em seus interesses". "Achávamos que o florescimento da sociedade seria retransmitido aos partidos e ao poder, mas isso não parece acontecer."
Para ele, embora as informações circulem mais rápido, a ideia de "deliberação consciente" do eleitor deu lugar a uma identificação de sentimentos que, embora brote também de interesses concretos, surge no calor das campanhas.
"Ao invés de você ter um papel menor do indivíduo, ele é maior. [Barack] Obama ganhou porque simbolizou algo, o Lula se elegeu assim também."
À plateia desejosa de medir chances de mudança num sistema político que "olha com desdém" FHC disse que é preciso "lideranças morais, aceitas como virtuosas", para acelerar fatores de "ignição" das transformações. Disse que isso é mais difícil quando a situação econômica é boa.
À Folha o ex-presidente disse que na atual campanha o "ponto de interrogação" é sobre quem "terá capacidade de sintonizar com a sociedade". "Você sabe que eu tenho candidato.
O que tem que ser feito no Brasil ele vai ter que dizer."
Hesitando entre o político e o sociólogo, FHC rebateu um ouvinte que criticou o Legislativo.
Disse que "o baixo clero dominou de tal maneira que hoje não tem mais alto clero", mas viu um ponto positivo. "A camada que começa a mandar é nova. O próprio sindicalismo, sociologicamente é uma nova gente. Sem a erudição dos antigos, expressam o novo Brasil."
349) Revista Eletrônica de Ciência Política
Segue abaixo edital para o Dossiê Eleições: Mídia e Opinião Pública.
A Revista Eletrônica de Ciência Política é uma revista produzida pelos discentes do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná.
Tem como principal objetivo divulgar a produção científica de jovens pesquisadores - mestrandos, mestres e doutorandos - em temas pertinentes à área de Ciência Política.
No sentido de fomentar intercâmbios de caráter científico entre países latino-americanos, a Revista Eletrônica de Ciência Política propõe a publicação de textos nas línguas portuguesa e espanhola.
Desse modo pretendemos proporcionar um canal de comunicação acadêmico e científico entre jovens pesquisadores, vinculados a núcleos de pesquisa e estudos territorialmente distantes que apresentam convergências temáticas em suas agendas de pesquisa.
Mais informações disponíveis em
www.revistacienciapolitica.ufpr.br
Atenciosamente,
Editores Executivos e Comitê Editorial
--
Revista Eletrônica de Ciência Política
Universidade Federal do Paraná - Brasil
Departamento de Ciências Sociais
Rua Gal. Carneiro, 150 sala 904
CEP 80060-100 Curitiba - PR - BRASIL
Telefone: 041-33605320
revistacienciapolitica@gmail.com
EDITAL 01/2010
CHAMADA DE ARTIGOS PARA A
REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIA POLÍTICA
PPGCP – UFPR
DOSSIÊ ELEIÇOES:
MÍDIA E OPINIÃO PÚBLICA
O Comitê Editorial da Revista Eletrônica de Ciência Política, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política, da Universidade Federal do Paraná, torna público que no período de 08 de março a 08 de maio estará recebendo artigos científicos para publicação.
Serão aceitos trabalhos inéditos, cujos autores sejam mestrandos, mestres ou doutorandos com vinculação ao tema do dossiê Eleições: Mídia e Opinião Pública. Graduandos e graduados terão trabalhos aceitos na condição de co-autoria.
Tendo em vista a centralidade dos meios de comunicação na vida democrática, especialmente nas campanhas eleitorais e, com particular interesse, o modo como eles afetam o processo eleitoral, serão priorizados trabalhos que analisem, discutam e problematizem as questões aqui propostas: o modo como as organizações midiáticas pautam a agenda política, o enquadramento que dispensam aos temas públicos, os dilemas que resultam da tentativa dos meios de conciliar os papéis de observador "objetivo" dos acontecimentos e de ator político, o modo como diferentes tipos de instituições e agentes políticos buscam se valer dos meios de comunicação para atingir seus interesses, as diferentes maneiras pelas quais a opinião pública se converte em objeto e ou sujeito de discursos e ações políticas, e o impacto dos novos dispositivos tecnológicos sobre a dinâmica do debate político.
Contamos com outras duas seções para submissão: uma para artigos cujo tema seja diferente do dossiê, mas tenha relevância para a ciência política hoje; e outra, para diários de pesquisa, procurando fomentar este tipo de produção ainda pouco explorada no Brasil.
Os artigos deverão ser submetidos através do e-mail: revistacienciapolitica@gmail.com sob o título submissão de artigo.
Normas e mais detalhes podem ser obtidos no site: www.revistacienciapolitica.ufpr.br
Curitiba, 08 de março de 2010
COMITÊ EDITORIAL
A Revista Eletrônica de Ciência Política é uma revista produzida pelos discentes do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná.
Tem como principal objetivo divulgar a produção científica de jovens pesquisadores - mestrandos, mestres e doutorandos - em temas pertinentes à área de Ciência Política.
No sentido de fomentar intercâmbios de caráter científico entre países latino-americanos, a Revista Eletrônica de Ciência Política propõe a publicação de textos nas línguas portuguesa e espanhola.
Desse modo pretendemos proporcionar um canal de comunicação acadêmico e científico entre jovens pesquisadores, vinculados a núcleos de pesquisa e estudos territorialmente distantes que apresentam convergências temáticas em suas agendas de pesquisa.
Mais informações disponíveis em
www.revistacienciapolitica.ufpr.br
Atenciosamente,
Editores Executivos e Comitê Editorial
--
Revista Eletrônica de Ciência Política
Universidade Federal do Paraná - Brasil
Departamento de Ciências Sociais
Rua Gal. Carneiro, 150 sala 904
CEP 80060-100 Curitiba - PR - BRASIL
Telefone: 041-33605320
revistacienciapolitica@gmail.com
EDITAL 01/2010
CHAMADA DE ARTIGOS PARA A
REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIA POLÍTICA
PPGCP – UFPR
DOSSIÊ ELEIÇOES:
MÍDIA E OPINIÃO PÚBLICA
O Comitê Editorial da Revista Eletrônica de Ciência Política, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política, da Universidade Federal do Paraná, torna público que no período de 08 de março a 08 de maio estará recebendo artigos científicos para publicação.
Serão aceitos trabalhos inéditos, cujos autores sejam mestrandos, mestres ou doutorandos com vinculação ao tema do dossiê Eleições: Mídia e Opinião Pública. Graduandos e graduados terão trabalhos aceitos na condição de co-autoria.
Tendo em vista a centralidade dos meios de comunicação na vida democrática, especialmente nas campanhas eleitorais e, com particular interesse, o modo como eles afetam o processo eleitoral, serão priorizados trabalhos que analisem, discutam e problematizem as questões aqui propostas: o modo como as organizações midiáticas pautam a agenda política, o enquadramento que dispensam aos temas públicos, os dilemas que resultam da tentativa dos meios de conciliar os papéis de observador "objetivo" dos acontecimentos e de ator político, o modo como diferentes tipos de instituições e agentes políticos buscam se valer dos meios de comunicação para atingir seus interesses, as diferentes maneiras pelas quais a opinião pública se converte em objeto e ou sujeito de discursos e ações políticas, e o impacto dos novos dispositivos tecnológicos sobre a dinâmica do debate político.
Contamos com outras duas seções para submissão: uma para artigos cujo tema seja diferente do dossiê, mas tenha relevância para a ciência política hoje; e outra, para diários de pesquisa, procurando fomentar este tipo de produção ainda pouco explorada no Brasil.
Os artigos deverão ser submetidos através do e-mail: revistacienciapolitica@gmail.com sob o título submissão de artigo.
Normas e mais detalhes podem ser obtidos no site: www.revistacienciapolitica.ufpr.br
Curitiba, 08 de março de 2010
COMITÊ EDITORIAL
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quarta-feira, 10 de março de 2010
348) Raises sociais e ideologicas do Lulismo - Andre Singer
(do Boletim eletrônico do Instituto de Estudos Avançados, da USP):
Conferência Ciência Política
As raízes sociais e ideológicas do lulismo
André Singer
Perfil
André Singer é professor do Departamento de Ciência Política da FFLC-USP e jornalista (foi repórter especial e secretário de redação do jornal "Folha de S.Paulo"). Foi porta-voz da Presidência da República no primeiro mandato do presidente Luis Inácio Lula da Silva. É autor dos livros "Esquerda e Direita no Eleitorado Brasileiro: A Identificação Ideológica nas Disputas Presidenciais de 1989 e 2004" (2000) e "O PT" (2001).
A base social que reelegeu o presidente Lula em 2006 é diferente da que o elegeu em 2002. Entre a eleição e a reeleição, o eleitorado de classe média deixou de apoiar o Partido dos Trabalhadores e os eleitores de renda muito baixa, que nunca haviam apoiado Lula nas eleições presidenciais, optaram por ele em 2006. Essa mudança caracteriza o surgimento do "lulismo", segundo analistas da política brasileira.
Essas alterações no comportamento do eleitorado, suas causas e consequências serão analisadas na conferência "Raízes Sociais e Ideológicas do Lulismo", que o cientista político André Singer, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, faz dia 24 de março, às 10h, no IEA. Os debatedores serão o cientista político José Augusto Guilhon de Albuquerque, do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais (Nupri) da USP, e o economista e sociólogo Luiz Carlos Bresser-Pereira, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.
Singer desenvolveu sua análise do lulismo em ensaio na edição de dezembro de 2009 da revista "Novos Estudos", publicada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Segundo ele, o que caracteriza a fração de classe representada pelo lulismo é "a expectativa de um Estado o suficientemente forte para diminuir a desigualdade, mas sem ameaçar a ordem estabelecida". (Clique aqui para ler a íntegra do ensaio.)
Data: 24 de março, às 10h, no IEA
Local: O IEA fica na Rua da Reitoria (antiga Travessa J), 374, Cidade Universitária, São Paulo, SP (ver localização).
Inscrições: Os interessados devem se inscrever em www.iea.usp.br/inscricao/form3.html.
Transmissão: Ao vivo pela web em www.iea.usp.br/aovivo.
Informações: com Sandra Sedini (sedini@usp.br), tel. (11) 3091-1678.
Boletim do IEA-USP — nº 143 — 1ª quinzena de março de 2010
Todas as edições: www.iea.usp.br/boletim — Cadastro: boletim-iea@usp.br
Conferência Ciência Política
As raízes sociais e ideológicas do lulismo
André Singer
Perfil
André Singer é professor do Departamento de Ciência Política da FFLC-USP e jornalista (foi repórter especial e secretário de redação do jornal "Folha de S.Paulo"). Foi porta-voz da Presidência da República no primeiro mandato do presidente Luis Inácio Lula da Silva. É autor dos livros "Esquerda e Direita no Eleitorado Brasileiro: A Identificação Ideológica nas Disputas Presidenciais de 1989 e 2004" (2000) e "O PT" (2001).
A base social que reelegeu o presidente Lula em 2006 é diferente da que o elegeu em 2002. Entre a eleição e a reeleição, o eleitorado de classe média deixou de apoiar o Partido dos Trabalhadores e os eleitores de renda muito baixa, que nunca haviam apoiado Lula nas eleições presidenciais, optaram por ele em 2006. Essa mudança caracteriza o surgimento do "lulismo", segundo analistas da política brasileira.
Essas alterações no comportamento do eleitorado, suas causas e consequências serão analisadas na conferência "Raízes Sociais e Ideológicas do Lulismo", que o cientista político André Singer, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, faz dia 24 de março, às 10h, no IEA. Os debatedores serão o cientista político José Augusto Guilhon de Albuquerque, do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais (Nupri) da USP, e o economista e sociólogo Luiz Carlos Bresser-Pereira, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.
Singer desenvolveu sua análise do lulismo em ensaio na edição de dezembro de 2009 da revista "Novos Estudos", publicada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Segundo ele, o que caracteriza a fração de classe representada pelo lulismo é "a expectativa de um Estado o suficientemente forte para diminuir a desigualdade, mas sem ameaçar a ordem estabelecida". (Clique aqui para ler a íntegra do ensaio.)
Data: 24 de março, às 10h, no IEA
Local: O IEA fica na Rua da Reitoria (antiga Travessa J), 374, Cidade Universitária, São Paulo, SP (ver localização).
Inscrições: Os interessados devem se inscrever em www.iea.usp.br/inscricao/form3.html.
Transmissão: Ao vivo pela web em www.iea.usp.br/aovivo.
Informações: com Sandra Sedini (sedini@usp.br), tel. (11) 3091-1678.
Boletim do IEA-USP — nº 143 — 1ª quinzena de março de 2010
Todas as edições: www.iea.usp.br/boletim — Cadastro: boletim-iea@usp.br
terça-feira, 9 de março de 2010
347) Politicas publicas: bolha financeira-universitaria
Caixa cobra 37 mil fiadores de universitários
Patrícia Gomes
Folha de S.Paulo, 9/03/2010
Dados mais recentes obtidos pela Folha apontam inadimplência em 50 mil dos 250 mil contratos em fase de pagamento
Quando Daiane Lima, 31, entrou para a faculdade de engenharia, esperava começar a pagar o financiamento estudantil logo que arranjasse o primeiro emprego. As prestações, porém, tomavam quase todo o seu salário e ela não tem conseguido honrar o compromisso.
Passados cinco anos da formatura, ela tem hoje 14 prestações, sua dívida está em R$ 76 mil e sua sogra, a fiadora do empréstimo, corre o risco de perder a casa se nenhuma das duas arranjar o dinheiro.
Ao menos 37 mil fiadores estão na mesma situação: foram acionados pela Caixa Econômica Federal em processos de execução das dívidas do Fies, programa de crédito educativo do governo Fernando Henrique Cardoso que financia estudos de universitários de baixa renda em instituições privadas.
Os dados obtidos pela Folha são de julho de 2009, quando havia cerca de 250 mil contratos em fase de quitação da dívida. Desses, em mais de 50 mil havia inadimplência. Questionada, a Caixa não confirma os números, mas afirma que a taxa de inadimplência do Fies é de aproximadamente 25%.
O problema afeta principalmente quem aderiu ao Fies até 2006, quando os juros anuais eram de 9%, e agora vive a segunda fase de amortização da dívida, em que as parcelas, muitas vezes, são incompatíveis com o orçamento de um recém-formado.
O advogado Antony Argolo, cujo escritório defende mais de 500 causas de estudantes do Fies, critica o programa: "É uma bola de neve. Os juros incidem sobre juros e a dívida aumenta em progressão geométrica". Para ele, portanto, a redução dos juros para 3,5% por parte do MEC não resolve o problema.
No caso de Daiane, o curso de engenharia custou aproximadamente R$ 50 mil, mas ela só arcava com 30% do valor -os 70% restantes eram financiados pelo programa federal.
Com a renegociação proposta pela Caixa, ela teria de pagar R$ 390 por 300 meses, o que significa mais de R$ 116 mil no final do financiamento, além dos cerca de R$ 35 mil que já pagou. Para encaixar a parcela no bolso da família -o filho de dois anos acaba de entrar na escola e o marido começará a pagar o financiamento do curso dele-, ela reivindica estender o prazo para 480 meses, o que é negado pela Caixa.
Na época em que o Fies foi lançado, em 1999, os juros anuais foram calculados de forma a representar um terço da Selic (taxa básica de juros). Em 2006, os juros do programa foram reajustados para 6,5% na maior parte dos cursos e para 3,5% em graduações tidas como prioritárias, como as licenciaturas. Em janeiro deste ano, o percentual de 3,5% passou a valer para todos os cursos.
Questionado sobre a situação dos fiadores dos contratantes antigos do Fies, o MEC informou que essa é uma relação dos estudantes com a Caixa.
Banco afirma que só aplica o que prevê a lei
Questionada sobre o elevado número de execuções de fiadores em um programa social para ajudar estudantes carentes, a Caixa Econômica Federal disse que cumpre a legislação e que dá todas as informações necessárias aos seus clientes.
"Somos um agente financeiro. Obedecemos ao que está na lei", afirmou o gerente nacional de Aplicação Pessoa Física-Renda Básica, Jorge Pedro de Lima Filho.
A Caixa se recusou a confirmar os dados apresentados pela Folha, mas não os negou. A esse respeito, disse apenas que a taxa de inadimplência dos contratos firmados até 2002 chega a 25%.
Sobre o acionamento judicial dos fiadores, Lima Filho explicou o modo como opera. Com 30 dias em atraso, o banco manda uma carta para o fiador e para o aluno.
Ambos passam a ter nome sujo na praça. O tempo que demora uma execução, disse o gerente, depende de muitos fatores, como a região do país de onde vem o contrato e a capacidade produtiva do banco. Mais uma vez, Lima Filho ressaltou que todas essas etapas estão previstas em contrato.
A respeito do caso de Daiane, o gerente nacional da Caixa afirmou que a aluna foi atendida pessoal e virtualmente sempre que precisou e recebeu todas as informações a respeito de sua dívida.
Disse ainda que estender o prazo de pagamento para 480 meses, como ela quer, não é possível porque a lei determina 300 meses como período máximo para quitar a dívida.
Afirmou também que a engenheira não vai ter mais um "tratamento vip" porque procurou a Folha. Lima Filho disse que não prejudicaria a engenheira, mas também não trocaria mais e-mails com ela sobre o seu caso.
Quanto à redução dos juros determinada pelo MEC, Lima Filho disse que a Caixa já aplicou os novos valores e que isso reduziu muitas dívidas.
Fies já chegou a cobrar 9% de juros ao ano
Numa reação à baixa adesão e à alta inadimplência, o MEC decidiu reduzir, mais uma vez, a taxa de juros do Fies para 3,5% em janeiro deste ano -o programa de financiamento estudantil já chegou a cobrar 9%. A intenção é "facilitar o acesso do estudante ao financiamento".
Para Daniela Pelegrino, 36, líder do movimento Fies Justo (www.fiesjusto.com.br), que reúne alunos com problemas em pagar o financiamento, a nova taxa de juros ajuda os novos contratantes. "Quem for fazer o Fies agora vai ficar bem melhor. Os juros deveriam ter sido 3,5% desde o início."
Para os contratos antigos, no entanto, parte do problema persiste. Isso porque os juros de 3,5% serão aplicados apenas no saldo devedor.
Patrícia Gomes
Folha de S.Paulo, 9/03/2010
Dados mais recentes obtidos pela Folha apontam inadimplência em 50 mil dos 250 mil contratos em fase de pagamento
Quando Daiane Lima, 31, entrou para a faculdade de engenharia, esperava começar a pagar o financiamento estudantil logo que arranjasse o primeiro emprego. As prestações, porém, tomavam quase todo o seu salário e ela não tem conseguido honrar o compromisso.
Passados cinco anos da formatura, ela tem hoje 14 prestações, sua dívida está em R$ 76 mil e sua sogra, a fiadora do empréstimo, corre o risco de perder a casa se nenhuma das duas arranjar o dinheiro.
Ao menos 37 mil fiadores estão na mesma situação: foram acionados pela Caixa Econômica Federal em processos de execução das dívidas do Fies, programa de crédito educativo do governo Fernando Henrique Cardoso que financia estudos de universitários de baixa renda em instituições privadas.
Os dados obtidos pela Folha são de julho de 2009, quando havia cerca de 250 mil contratos em fase de quitação da dívida. Desses, em mais de 50 mil havia inadimplência. Questionada, a Caixa não confirma os números, mas afirma que a taxa de inadimplência do Fies é de aproximadamente 25%.
O problema afeta principalmente quem aderiu ao Fies até 2006, quando os juros anuais eram de 9%, e agora vive a segunda fase de amortização da dívida, em que as parcelas, muitas vezes, são incompatíveis com o orçamento de um recém-formado.
O advogado Antony Argolo, cujo escritório defende mais de 500 causas de estudantes do Fies, critica o programa: "É uma bola de neve. Os juros incidem sobre juros e a dívida aumenta em progressão geométrica". Para ele, portanto, a redução dos juros para 3,5% por parte do MEC não resolve o problema.
No caso de Daiane, o curso de engenharia custou aproximadamente R$ 50 mil, mas ela só arcava com 30% do valor -os 70% restantes eram financiados pelo programa federal.
Com a renegociação proposta pela Caixa, ela teria de pagar R$ 390 por 300 meses, o que significa mais de R$ 116 mil no final do financiamento, além dos cerca de R$ 35 mil que já pagou. Para encaixar a parcela no bolso da família -o filho de dois anos acaba de entrar na escola e o marido começará a pagar o financiamento do curso dele-, ela reivindica estender o prazo para 480 meses, o que é negado pela Caixa.
Na época em que o Fies foi lançado, em 1999, os juros anuais foram calculados de forma a representar um terço da Selic (taxa básica de juros). Em 2006, os juros do programa foram reajustados para 6,5% na maior parte dos cursos e para 3,5% em graduações tidas como prioritárias, como as licenciaturas. Em janeiro deste ano, o percentual de 3,5% passou a valer para todos os cursos.
Questionado sobre a situação dos fiadores dos contratantes antigos do Fies, o MEC informou que essa é uma relação dos estudantes com a Caixa.
Banco afirma que só aplica o que prevê a lei
Questionada sobre o elevado número de execuções de fiadores em um programa social para ajudar estudantes carentes, a Caixa Econômica Federal disse que cumpre a legislação e que dá todas as informações necessárias aos seus clientes.
"Somos um agente financeiro. Obedecemos ao que está na lei", afirmou o gerente nacional de Aplicação Pessoa Física-Renda Básica, Jorge Pedro de Lima Filho.
A Caixa se recusou a confirmar os dados apresentados pela Folha, mas não os negou. A esse respeito, disse apenas que a taxa de inadimplência dos contratos firmados até 2002 chega a 25%.
Sobre o acionamento judicial dos fiadores, Lima Filho explicou o modo como opera. Com 30 dias em atraso, o banco manda uma carta para o fiador e para o aluno.
Ambos passam a ter nome sujo na praça. O tempo que demora uma execução, disse o gerente, depende de muitos fatores, como a região do país de onde vem o contrato e a capacidade produtiva do banco. Mais uma vez, Lima Filho ressaltou que todas essas etapas estão previstas em contrato.
A respeito do caso de Daiane, o gerente nacional da Caixa afirmou que a aluna foi atendida pessoal e virtualmente sempre que precisou e recebeu todas as informações a respeito de sua dívida.
Disse ainda que estender o prazo de pagamento para 480 meses, como ela quer, não é possível porque a lei determina 300 meses como período máximo para quitar a dívida.
Afirmou também que a engenheira não vai ter mais um "tratamento vip" porque procurou a Folha. Lima Filho disse que não prejudicaria a engenheira, mas também não trocaria mais e-mails com ela sobre o seu caso.
Quanto à redução dos juros determinada pelo MEC, Lima Filho disse que a Caixa já aplicou os novos valores e que isso reduziu muitas dívidas.
Fies já chegou a cobrar 9% de juros ao ano
Numa reação à baixa adesão e à alta inadimplência, o MEC decidiu reduzir, mais uma vez, a taxa de juros do Fies para 3,5% em janeiro deste ano -o programa de financiamento estudantil já chegou a cobrar 9%. A intenção é "facilitar o acesso do estudante ao financiamento".
Para Daniela Pelegrino, 36, líder do movimento Fies Justo (www.fiesjusto.com.br), que reúne alunos com problemas em pagar o financiamento, a nova taxa de juros ajuda os novos contratantes. "Quem for fazer o Fies agora vai ficar bem melhor. Os juros deveriam ter sido 3,5% desde o início."
Para os contratos antigos, no entanto, parte do problema persiste. Isso porque os juros de 3,5% serão aplicados apenas no saldo devedor.
346) A candidata e seu patrao...
Da newsletter do jornalista gaucho Políbio Braga, que foi sucessor de Dilma Rousseff no governo gaucho de Alceu Collares (na prefeitura de POA):
Verdades inconvenientes sobre a ministra Dilma Roussef
Porto Alegre, 10 de março de 2010
Nesta quinta-feira o editor vai almoçar com o jornalista Otávio Cabral, de Veja. Será uma conversa sobre a ministra Dilma Roussef. O que ouvirá o jornalista é o mesmo que no dia 6 de dezembro, Augusto Nunes escreveu no seu blog de Veja:
“O primeiro emprego público relevante veio em 1986, quando o prefeito Alceu Collares, a pedido de Carlos Araújo, instalou na Secretaria da Fazenda de Porto Alegre a correligionária que mal conhecia. Ao deixar o cargo dois anos mais tarde, para dedicar-se à campanha do marido candidato à prefeitura, recomendou ao jornalista Políbio Braga que recusasse o convite para substituí-la. “Não assume não, que isso pode manchar a tua biografia”, avisou. “Eu não consigo controlar esses loucos e estou saindo antes que manche a minha”. Políbio admitiria depois que talvez devesse ter examinado a sugestão com mais carinho — mas por outros motivos: “Ela não deixou sequer um relatório. A secretaria era um caos”. Esse arranhão no auto-retrato da superexecutiva foi ampliado no ano seguinte com a curta passagem pela diretoria-geral da Câmara de Vereadores. “Eu a exonerei porque houve um problema com o relógio de ponto”, lembra o ex-presidente Valdir Fraga. “Ela chegava atrasada todo dia”, traduz um assessor. De novo pelas mãos de Araújo, saiu do limbo em 1990, com a chegada de Collares ao governo gaúcho. Depois de presidir por três anos a Fundação de Economia e Estatística, assumiu em 1993 a Secretaria de Energia, Minas e Comunicações”
E, agora, o patrão, pelo mesmo jornalista:
Lula, verborrágico, atropela números sobre seu próprio governo
O discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que seu governo foi o que mais investiu no país não bate com os dados oficiais.
. As atuais taxas de investimentos diretos da União estão longe das registradas na década de 70.
. Em 2009, a taxa de investimentos da União chegou a 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB), sem considerar estatais. Em 1976, no governo Geisel, os investimentos da União foram de 1,9% do PIB, também excluindo as estatais.
. Os dados são do especialista em finanças públicas Raul Velloso, com base em estatísticas do IBGE dos últimos 40 anos.
. Entre 2003 e 2009, a taxa de investimento da União oscilou entre 0,2% — uma das mais baixas desde 1970 — e 0,6%, estimativa para o ano passado. . Nos últimos 40 anos, a taxa de 0,2% foi registrada três vezes: em 2003 e 2004, no governo Lula; e 2000, no governo Fernando Henrique.
Verdades inconvenientes sobre a ministra Dilma Roussef
Porto Alegre, 10 de março de 2010
Nesta quinta-feira o editor vai almoçar com o jornalista Otávio Cabral, de Veja. Será uma conversa sobre a ministra Dilma Roussef. O que ouvirá o jornalista é o mesmo que no dia 6 de dezembro, Augusto Nunes escreveu no seu blog de Veja:
“O primeiro emprego público relevante veio em 1986, quando o prefeito Alceu Collares, a pedido de Carlos Araújo, instalou na Secretaria da Fazenda de Porto Alegre a correligionária que mal conhecia. Ao deixar o cargo dois anos mais tarde, para dedicar-se à campanha do marido candidato à prefeitura, recomendou ao jornalista Políbio Braga que recusasse o convite para substituí-la. “Não assume não, que isso pode manchar a tua biografia”, avisou. “Eu não consigo controlar esses loucos e estou saindo antes que manche a minha”. Políbio admitiria depois que talvez devesse ter examinado a sugestão com mais carinho — mas por outros motivos: “Ela não deixou sequer um relatório. A secretaria era um caos”. Esse arranhão no auto-retrato da superexecutiva foi ampliado no ano seguinte com a curta passagem pela diretoria-geral da Câmara de Vereadores. “Eu a exonerei porque houve um problema com o relógio de ponto”, lembra o ex-presidente Valdir Fraga. “Ela chegava atrasada todo dia”, traduz um assessor. De novo pelas mãos de Araújo, saiu do limbo em 1990, com a chegada de Collares ao governo gaúcho. Depois de presidir por três anos a Fundação de Economia e Estatística, assumiu em 1993 a Secretaria de Energia, Minas e Comunicações”
E, agora, o patrão, pelo mesmo jornalista:
Lula, verborrágico, atropela números sobre seu próprio governo
O discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que seu governo foi o que mais investiu no país não bate com os dados oficiais.
. As atuais taxas de investimentos diretos da União estão longe das registradas na década de 70.
. Em 2009, a taxa de investimentos da União chegou a 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB), sem considerar estatais. Em 1976, no governo Geisel, os investimentos da União foram de 1,9% do PIB, também excluindo as estatais.
. Os dados são do especialista em finanças públicas Raul Velloso, com base em estatísticas do IBGE dos últimos 40 anos.
. Entre 2003 e 2009, a taxa de investimento da União oscilou entre 0,2% — uma das mais baixas desde 1970 — e 0,6%, estimativa para o ano passado. . Nos últimos 40 anos, a taxa de 0,2% foi registrada três vezes: em 2003 e 2004, no governo Lula; e 2000, no governo Fernando Henrique.
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Dilma Rousseff,
governo Lula
345) A campanha continua...
Lula diz na Rocinha que bandidos também se escondem em 'prédios chiques de Copacabana'
Cássio Bruno
O Globo, 08/03/2010
RIO - Em discurso na favela da Rocinha, uma das maiores do Rio de Janeiro, e, palco de constantes confrontos entre policiais e traficantes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira que a presença de bandidos não é exclusividade das comunidades pobres do Brasil.
- Acabou o tempo em que as pessoas não olhavam para cá (Rocinha). É verdade que a Rocinha deve ter algum bandido. É verdade que no Pavão-Pavãozinho deve ter algum bandido e no Complexo do Alemão também, mas quem disse que não tem bandido naqueles prédios chiques em Copacabana? Quem disse que não tem bandido em outros lugares desse país? - questionou o presidente durante a inauguração de um complexo esportivo na Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, uma das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Para ele, é a população mais carente quem sofre com este tipo de preconceito:
" O que é mais grave é que os perseguidos são os pobres dos morros "
- O que é mais grave é que os perseguidos são os pobres dos morros e nós, tanto eu, como o Sérgio Cabral e o prefeito (Eduardo Paes), estamos convencidos de que as pessoas precisam é de oportunidade. É levar a elas cultura, educação, possibilidade de lazer e de trabalho, que nós estaremos construindo homens e mulheres de bem nesse país e não bandidos e traficantes.
Lula voltou a afirmar que as comunidades pobres do Brasil foram abandonados por governos anteriores e, que seu objetivo é dar dignidade e oportunidades aos menos favorecidos.
" Todo mundo sabe que eu tenho casco duro, que se dependesse de bordoada não estaria onde estou porque uma parte da granfinagem desse país não aceita que um metalúrgico seja um presidente "
Apesar de estar chegando ao fim do seu governo, Lula, afirmou que ainda se sente vítima de preconceito de parte da elite nacional que até hoje não se conforma em ter sido governada por um metalúrgico sem diploma.
- Todo mundo sabe que eu tenho casco duro, que se dependesse de bordoada não estaria onde estou porque uma parte da granfinagem desse país não aceita que um metalúrgico seja um presidente da República e, que um metalúrgico tem feito mais que eles - disse.
O presidente estava acompanhado da ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, e de outros cinco ministros: Franklin Martins (Comunicações), José Gomes Temporão (Saúde), Orlando Silva (Esportes), Márcio Fortes (Cidades) e Carlos Lupi (Trabalho).
Lula inaugurou as primeiras obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na comunidade. Com investimento de R$ 231,2 milhões, foram entregues, além do centro esportivo, um Complexo de Atendimento à Saúde (CAS), que irá abrigar uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA 24h), um Centro de Saúde da Família e um Centro de Atenção Psicossocial.
Cássio Bruno
O Globo, 08/03/2010
RIO - Em discurso na favela da Rocinha, uma das maiores do Rio de Janeiro, e, palco de constantes confrontos entre policiais e traficantes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira que a presença de bandidos não é exclusividade das comunidades pobres do Brasil.
- Acabou o tempo em que as pessoas não olhavam para cá (Rocinha). É verdade que a Rocinha deve ter algum bandido. É verdade que no Pavão-Pavãozinho deve ter algum bandido e no Complexo do Alemão também, mas quem disse que não tem bandido naqueles prédios chiques em Copacabana? Quem disse que não tem bandido em outros lugares desse país? - questionou o presidente durante a inauguração de um complexo esportivo na Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, uma das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Para ele, é a população mais carente quem sofre com este tipo de preconceito:
" O que é mais grave é que os perseguidos são os pobres dos morros "
- O que é mais grave é que os perseguidos são os pobres dos morros e nós, tanto eu, como o Sérgio Cabral e o prefeito (Eduardo Paes), estamos convencidos de que as pessoas precisam é de oportunidade. É levar a elas cultura, educação, possibilidade de lazer e de trabalho, que nós estaremos construindo homens e mulheres de bem nesse país e não bandidos e traficantes.
Lula voltou a afirmar que as comunidades pobres do Brasil foram abandonados por governos anteriores e, que seu objetivo é dar dignidade e oportunidades aos menos favorecidos.
" Todo mundo sabe que eu tenho casco duro, que se dependesse de bordoada não estaria onde estou porque uma parte da granfinagem desse país não aceita que um metalúrgico seja um presidente "
Apesar de estar chegando ao fim do seu governo, Lula, afirmou que ainda se sente vítima de preconceito de parte da elite nacional que até hoje não se conforma em ter sido governada por um metalúrgico sem diploma.
- Todo mundo sabe que eu tenho casco duro, que se dependesse de bordoada não estaria onde estou porque uma parte da granfinagem desse país não aceita que um metalúrgico seja um presidente da República e, que um metalúrgico tem feito mais que eles - disse.
O presidente estava acompanhado da ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, e de outros cinco ministros: Franklin Martins (Comunicações), José Gomes Temporão (Saúde), Orlando Silva (Esportes), Márcio Fortes (Cidades) e Carlos Lupi (Trabalho).
Lula inaugurou as primeiras obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na comunidade. Com investimento de R$ 231,2 milhões, foram entregues, além do centro esportivo, um Complexo de Atendimento à Saúde (CAS), que irá abrigar uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA 24h), um Centro de Saúde da Família e um Centro de Atenção Psicossocial.
344) (In)Justica Eleitoral: (esgotei meus improperios...)
Sete minutos de inspeção e duas horas de palanque
Lula: vistoria relâmpago...
Bruno Villas Bôas
O Globo, 09/03/2010
O evento era para vistoriar as obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e assinar novos contratos de R$ 2,6 bilhões da Petrobras com empreiteiras. Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua comitiva passaram ontem apenas sete minutos “vistoriando” o canteiro de terraplenagem do Comperj (das 15h01m às 15h08m) e duas longas horas no palanque montado pela estatal (das 15h45m às 17h45m) para assinatura de contratos, que ficaram em segundo plano. Os elogios de ministros, prefeitos e do governador Sérgio Cabral (PMDB) à pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, deram tom de campanha eleitoral e palanque oficial ao evento em Itaboraí.
Três mil pessoas foram convidadas para servir de plateia. A maioria, operários convocados de casa por empreiteiras do complexo responsáveis pelas obras, que estão paradas há quase duas semanas, desde 25 de fevereiro, por causa das chuvas. Ontem, tratores e retroescavadeiras aguardavam encostados nos canteiros de obras, que estão atrasados em cerca de dois anos.
Lula abriu seu discurso se defendendo das críticas de uso da máquina pública para impulsionar a campanha de sua candidata.
Segundo ele, “o olho do dono é que engorda o porco”, ao justificar a terceira visita ao Comperj em quatro anos, embora as obras de construção estejam ainda em fase de terraplanagem, que está 65% concluída.
— Então tenho que estar presente sempre para saber se as coisas que nós decidimos estão funcionando — disse ele, acrescentando que voltará a visitar o complexo outras vezes.
— Ainda virei mais vezes aqui. Para desgraça dos meus opositores e para desgraça daqueles que acham que eu deveria ficar sentado em Brasília, vou continuar andando por este país.
O presidente também defendeu a decisão de liberar as obras do Comperj e de outros três projetos da Petrobras no Orçamento da União de 2010. Parlamentares incluíram o Comperj na “lista negra” do Orçamento deste ano, após o Tribunal de Contas da União (TCU) identificar indícios graves de sobrepreço nas obras de terraplenagem. Empreiteiras estariam recebendo da estatal mais do que o devido nos períodos de paralisação das obras por causa de chuvas. Ao sancionar o Orçamento, Lula liberou as obras passando por cima do Congresso e TCU.
— Se a gente não fica esperto, essa obra estaria parada, assim como a da Refinaria do Paraná e a Refinaria de Pernambuco. A Petrobras teria que ter mandado embora 27 mil trabalhadores porque se levantou suspeita de sobrepreço em algumas obras — disse o presidente. — Vamos fazer toda a investigação, mas isso não pode ter como contrapartida 27 mil chefes de família na rua.
O governador Sérgio Cabral, que em 2008 havia chamado a ministra Dilma de “presidente” durante evento no Comperj, voltou a apoiar a candidata.
Chamou Dilma de “mulher corajosa, extraordinária”. O prefeito de Itaboraí, Sergio Soares (PP), chegou a sugerir que Lula e Dilma seriam praticamente iguais: — Eles são tão homogêneos em sua forma de pensar que até nos perguntamos: “Quem está falando, Lula ou Dilma?” — disse.
Coube ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, fazer as promessas. Após afirmar que o Comperj seria um “exemplo magnífico” do trabalho de Dilma, disse que a população do entorno do complexo não será abandonada.
Prometeu “casas, saneamento, escolas e hospitais” bancados pela Petrobras e pelos ministérios.
Dilma fez discurso de candidata.
Comparou a atuação da Petrobras nos governos FH e Lula. Lembrou que ocupa a presidência do Conselho de Administração da Petrobras desde 2003, quando a estatal teria parado de encomendar plataformas em estaleiros estrangeiros e passado a encomendar no país, gerando empregos.
Lula: vistoria relâmpago...
Bruno Villas Bôas
O Globo, 09/03/2010
O evento era para vistoriar as obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e assinar novos contratos de R$ 2,6 bilhões da Petrobras com empreiteiras. Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua comitiva passaram ontem apenas sete minutos “vistoriando” o canteiro de terraplenagem do Comperj (das 15h01m às 15h08m) e duas longas horas no palanque montado pela estatal (das 15h45m às 17h45m) para assinatura de contratos, que ficaram em segundo plano. Os elogios de ministros, prefeitos e do governador Sérgio Cabral (PMDB) à pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, deram tom de campanha eleitoral e palanque oficial ao evento em Itaboraí.
Três mil pessoas foram convidadas para servir de plateia. A maioria, operários convocados de casa por empreiteiras do complexo responsáveis pelas obras, que estão paradas há quase duas semanas, desde 25 de fevereiro, por causa das chuvas. Ontem, tratores e retroescavadeiras aguardavam encostados nos canteiros de obras, que estão atrasados em cerca de dois anos.
Lula abriu seu discurso se defendendo das críticas de uso da máquina pública para impulsionar a campanha de sua candidata.
Segundo ele, “o olho do dono é que engorda o porco”, ao justificar a terceira visita ao Comperj em quatro anos, embora as obras de construção estejam ainda em fase de terraplanagem, que está 65% concluída.
— Então tenho que estar presente sempre para saber se as coisas que nós decidimos estão funcionando — disse ele, acrescentando que voltará a visitar o complexo outras vezes.
— Ainda virei mais vezes aqui. Para desgraça dos meus opositores e para desgraça daqueles que acham que eu deveria ficar sentado em Brasília, vou continuar andando por este país.
O presidente também defendeu a decisão de liberar as obras do Comperj e de outros três projetos da Petrobras no Orçamento da União de 2010. Parlamentares incluíram o Comperj na “lista negra” do Orçamento deste ano, após o Tribunal de Contas da União (TCU) identificar indícios graves de sobrepreço nas obras de terraplenagem. Empreiteiras estariam recebendo da estatal mais do que o devido nos períodos de paralisação das obras por causa de chuvas. Ao sancionar o Orçamento, Lula liberou as obras passando por cima do Congresso e TCU.
— Se a gente não fica esperto, essa obra estaria parada, assim como a da Refinaria do Paraná e a Refinaria de Pernambuco. A Petrobras teria que ter mandado embora 27 mil trabalhadores porque se levantou suspeita de sobrepreço em algumas obras — disse o presidente. — Vamos fazer toda a investigação, mas isso não pode ter como contrapartida 27 mil chefes de família na rua.
O governador Sérgio Cabral, que em 2008 havia chamado a ministra Dilma de “presidente” durante evento no Comperj, voltou a apoiar a candidata.
Chamou Dilma de “mulher corajosa, extraordinária”. O prefeito de Itaboraí, Sergio Soares (PP), chegou a sugerir que Lula e Dilma seriam praticamente iguais: — Eles são tão homogêneos em sua forma de pensar que até nos perguntamos: “Quem está falando, Lula ou Dilma?” — disse.
Coube ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, fazer as promessas. Após afirmar que o Comperj seria um “exemplo magnífico” do trabalho de Dilma, disse que a população do entorno do complexo não será abandonada.
Prometeu “casas, saneamento, escolas e hospitais” bancados pela Petrobras e pelos ministérios.
Dilma fez discurso de candidata.
Comparou a atuação da Petrobras nos governos FH e Lula. Lembrou que ocupa a presidência do Conselho de Administração da Petrobras desde 2003, quando a estatal teria parado de encomendar plataformas em estaleiros estrangeiros e passado a encomendar no país, gerando empregos.
343) (In)Justica Eleitoral: cega, surda, muda, paraplegica, sem vergonha...
O que mais seria preciso dizer de juizes dotados de tão pouco juizo? Que são agentes eleitorais do Executivo? Acho que suas Incelênssias ficariam indignados...
Infecção generalizada
Dora Kramer
O Estado de S. Paulo, 09/03/2010
Em princípio, nenhum inconveniente há no fato de a ministra-chefe da Casa Civil comparecer a uma inauguração de obra custeada exclusivamente com recursos de governo estadual.
Governadores, prefeitos, qualquer um pode convidar a ministra Dilma Rousseff ou quem quer que seja para suas festividades oficiais.
Na condição de mera candidata não haveria nada demais na presença da ministra Dilma Rousseff na entrega do Hospital da Mulher Heloneida Studart à população de São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
O governador Sérgio Cabral Filho faz a gentileza que quiser para quem bem entender.
Desde que não o faça ao molde de campanha política financiada pelo contribuinte, bem entendido. Nem dentro muito menos fora do prazo permitido para propaganda de candidatos.
Por um motivo bem objetivo: isso fere a Lei Eleitoral e afronta a Constituição no que tange à obrigação de o poder público se pautar pelos princípios da impessoalidade, probidade e transparência.
Impessoalidade significa governar para todos igualmente sem privilégios partidários, de amizade, parentesco ou de quaisquer interesses que não o desempenho da função.
Probidade significa o uso dos recursos públicos com lisura e em benefício do público pagante.
Transparência implica conduta franca, relação de confiança com o eleitor que lhe conferiu a delegação por voto e o contribuinte que sustenta suas atividades.
Nenhum desses preceitos foi observado no último domingo na cerimônia em que o governador recebeu Dilma Rousseff no primeiro ato estrelado por ela sem a companhia do presidente Luiz Inácio da Silva, desde que foi sagrada pré-candidata do PT à Presidência da República no congresso do partido, em 19 de fevereiro.
O governo do Rio de Janeiro organizou um comício, chamou ministro, prefeitos, deputados, vereadores. Pôs uma obra estadual a serviço de uma candidatura em evento com carros de som, militância, discursos de exaltação, manifestações de apoio, distribuição de lanches e desfaçatez suficiente para sustentar a negativa de que houvesse intenção eleitoral.
Distante alguns quilômetros, a Petrobrás patrocinava uma manifestação em plena praia de Copacabana a pretexto de anunciar uma parceria da empresa com a Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres.
Desde quando uma ação dessa natureza requer um ato público com direito a discurso da diretora de Gás e Energia exaltando os talentos da "nossa candidata"?
Desde que o presidente Lula passou a testar repetidamente as balizas da Justiça Eleitoral e obteve em resposta a absoluta leniência do Tribunal Superior Eleitoral para com ações de cunho eleitoral acrescidas de uso explícito da máquina pública em prol de uma candidatura.
Na Baixada, o governador celebrava a possibilidade da eleição "dessa mulher", nas palavras dele, comandante "do processo de transformação do Brasil como nunca se viu antes". Desnecessário citar o nome, pois ela estava ali mesmo e era objeto dos pedidos de votos feitos por militantes partidários e integrantes de ONGs.
Tudo devidamente registrado nos jornais.
Tudo em completo desacordo com o que dizia o presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto, em entrevista que circulava na edição daquele mesmo dia no Estado.
"Este não é o momento de impulsionar candidaturas", pregava Ayres Britto, explicando que a proibição existe para evitar a "perturbação" do funcionamento da máquina pública, porque a propaganda antecipada propicia a mistura de atos administrativos com campanha eleitoral.
Cruzamento de propósitos este que, segundo o presidente do TSE, "viola o princípio constitucional da impessoalidade e torna desequilibradas as forças dos candidatos".
Entrou no detalhe: "O que se proíbe é que as chefias executivas passem a administrar a máquina pública na perspectiva de uma candidatura e de uma sucessão, aproveitando a entrega de obras para incensar candidatos."
É fácil ligar a tese defendida pelo presidente do TSE à realidade corrente, pois não?
A chefia do Executivo federal há praticamente dois anos administra a máquina pública na perspectiva de uma candidatura e de uma sucessão, aproveitando obras para incensar a candidata por intermédio da qual o presidente Lula quer dar prosseguimento ao seu projeto de poder.
Ainda que não cite nomes, é evidente a referência do ministro Ayres Britto. Mesmo assim, a Justiça Eleitoral tem considerado insuficientes as provas apresentadas pela oposição em seus recursos ao tribunal, por se basearem em relatos da imprensa.
É de se perguntar como seriam documentadas as evidências de outro modo.
Na prática, a sem-cerimônia do presidente da República já produziu seus efeitos como se viu no domingo, no Rio.
Outras transgressões do mesmo gênero virão e o que se avizinha é que a Justiça Eleitoral, tão rigorosa com governadores, prefeitos e vereadores cassados por abuso de poder, acabe vendo o método Lula de transgredir e não sua pretendida austeridade prevalecer nessa campanha.
Infecção generalizada
Dora Kramer
O Estado de S. Paulo, 09/03/2010
Em princípio, nenhum inconveniente há no fato de a ministra-chefe da Casa Civil comparecer a uma inauguração de obra custeada exclusivamente com recursos de governo estadual.
Governadores, prefeitos, qualquer um pode convidar a ministra Dilma Rousseff ou quem quer que seja para suas festividades oficiais.
Na condição de mera candidata não haveria nada demais na presença da ministra Dilma Rousseff na entrega do Hospital da Mulher Heloneida Studart à população de São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
O governador Sérgio Cabral Filho faz a gentileza que quiser para quem bem entender.
Desde que não o faça ao molde de campanha política financiada pelo contribuinte, bem entendido. Nem dentro muito menos fora do prazo permitido para propaganda de candidatos.
Por um motivo bem objetivo: isso fere a Lei Eleitoral e afronta a Constituição no que tange à obrigação de o poder público se pautar pelos princípios da impessoalidade, probidade e transparência.
Impessoalidade significa governar para todos igualmente sem privilégios partidários, de amizade, parentesco ou de quaisquer interesses que não o desempenho da função.
Probidade significa o uso dos recursos públicos com lisura e em benefício do público pagante.
Transparência implica conduta franca, relação de confiança com o eleitor que lhe conferiu a delegação por voto e o contribuinte que sustenta suas atividades.
Nenhum desses preceitos foi observado no último domingo na cerimônia em que o governador recebeu Dilma Rousseff no primeiro ato estrelado por ela sem a companhia do presidente Luiz Inácio da Silva, desde que foi sagrada pré-candidata do PT à Presidência da República no congresso do partido, em 19 de fevereiro.
O governo do Rio de Janeiro organizou um comício, chamou ministro, prefeitos, deputados, vereadores. Pôs uma obra estadual a serviço de uma candidatura em evento com carros de som, militância, discursos de exaltação, manifestações de apoio, distribuição de lanches e desfaçatez suficiente para sustentar a negativa de que houvesse intenção eleitoral.
Distante alguns quilômetros, a Petrobrás patrocinava uma manifestação em plena praia de Copacabana a pretexto de anunciar uma parceria da empresa com a Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres.
Desde quando uma ação dessa natureza requer um ato público com direito a discurso da diretora de Gás e Energia exaltando os talentos da "nossa candidata"?
Desde que o presidente Lula passou a testar repetidamente as balizas da Justiça Eleitoral e obteve em resposta a absoluta leniência do Tribunal Superior Eleitoral para com ações de cunho eleitoral acrescidas de uso explícito da máquina pública em prol de uma candidatura.
Na Baixada, o governador celebrava a possibilidade da eleição "dessa mulher", nas palavras dele, comandante "do processo de transformação do Brasil como nunca se viu antes". Desnecessário citar o nome, pois ela estava ali mesmo e era objeto dos pedidos de votos feitos por militantes partidários e integrantes de ONGs.
Tudo devidamente registrado nos jornais.
Tudo em completo desacordo com o que dizia o presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto, em entrevista que circulava na edição daquele mesmo dia no Estado.
"Este não é o momento de impulsionar candidaturas", pregava Ayres Britto, explicando que a proibição existe para evitar a "perturbação" do funcionamento da máquina pública, porque a propaganda antecipada propicia a mistura de atos administrativos com campanha eleitoral.
Cruzamento de propósitos este que, segundo o presidente do TSE, "viola o princípio constitucional da impessoalidade e torna desequilibradas as forças dos candidatos".
Entrou no detalhe: "O que se proíbe é que as chefias executivas passem a administrar a máquina pública na perspectiva de uma candidatura e de uma sucessão, aproveitando a entrega de obras para incensar candidatos."
É fácil ligar a tese defendida pelo presidente do TSE à realidade corrente, pois não?
A chefia do Executivo federal há praticamente dois anos administra a máquina pública na perspectiva de uma candidatura e de uma sucessão, aproveitando obras para incensar a candidata por intermédio da qual o presidente Lula quer dar prosseguimento ao seu projeto de poder.
Ainda que não cite nomes, é evidente a referência do ministro Ayres Britto. Mesmo assim, a Justiça Eleitoral tem considerado insuficientes as provas apresentadas pela oposição em seus recursos ao tribunal, por se basearem em relatos da imprensa.
É de se perguntar como seriam documentadas as evidências de outro modo.
Na prática, a sem-cerimônia do presidente da República já produziu seus efeitos como se viu no domingo, no Rio.
Outras transgressões do mesmo gênero virão e o que se avizinha é que a Justiça Eleitoral, tão rigorosa com governadores, prefeitos e vereadores cassados por abuso de poder, acabe vendo o método Lula de transgredir e não sua pretendida austeridade prevalecer nessa campanha.
segunda-feira, 8 de março de 2010
342) Avanco do estatismo no Brasil - fertilizantes
A estatal dos fertilizantes
Editorial O Estado de S.Paulo, 8.03.2010
Neste último ano do governo Lula, arma-se uma tempestade estatizante no Planalto Central. Além do projeto de ressuscitamento da Telebrás como provedora de banda larga, em circunstâncias muito suspeitas, e da intenção de fortalecer a Eletrobrás, o governo estuda a possibilidade de criação de uma estatal para o setor de fertilizantes, no qual já está presente, por sinal, a Petrobrás. Vê-se que o Estado realizador, sobrepondo-se ao Estado indutor, ganha fôlego e se exercita para uma corrida de fundo.
A ideia foi concebida na Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), ainda na gestão do ex-ministro Mangabeira Unger, que chegou a preparar um anteprojeto de lei para a constituição da Fertilizantes do Brasil S.A. (Febrasa). Embora alegue que teve conhecimento da iniciativa da SAE, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, encampa a instituição da estatal, acompanhado por seu colega de Minas Energia, Edison Lobão. Como ambos redigiram a minuta do projeto a ser entregue ao presidente Lula este mês, isso é sintoma de que o parto da nova estatal pode estar bem próximo.
O argumento central para a criação da Fertibrás ou Febrasa (a sigla definitiva ainda não foi escolhida) é clássico. A empresa daria ao Brasil autossuficiência em setor considerado estratégico, dominado por três grandes multinacionais, o que configuraria um oligopólio.
É inegável a necessidade de incrementar a produção de adubos e fertilizantes no Brasil. Além de atender o mercado interno, o Brasil já se credenciou como um dos maiores fornecedores de alimentos para o mundo e avança em produtividade. Como consequência, o País é grande consumidor e importador de adubos agrícolas, e as compras desses produtos no exterior vêm crescendo aceleradamente. Segundo os últimos dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as importações de adubos e fertilizantes nas três semanas de fevereiro deste ano cresceram 236,5% em relação a igual período do ano passado.
Isso não apenas é mau para a balança comercial do Brasil. O impacto sobre os preços dos produtos agrícolas é pesado. Em Mato Grosso, por exemplo, o maior consumidor de adubos no País, os gastos com fertilizantes dos produtores de soja, na safra 2009/2010, corresponderam a 40% do custo de produção, segundo cálculos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
O curioso é que, muito antes da proposta de criação da Fertibrás, a Petrobrás já vinha avançando na área de fertilizantes nitrogenados, tendo sido anunciada, em novembro do ano passado, a construção de uma fábrica em Três Lagoas (MS) para a produção de ureia sintetizada a partir de amônia e gás carbônico. A Petrobrás já tem unidades de produção de ureia em Camaçari (BA), Laranjeiras (SE) e planeja a construção de outra em Linhares (ES).
Assim, restaria para a estatal embrionária a produção de fertilizantes a partir de potássio e fósforo ou adubos orgânicos. Quanto ao potássio, que o Brasil importa na proporção de 90% do que consome, prospecções indicam a existência em território nacional de grandes jazidas, embora haja problemas ambientais para sua exploração. No que se refere ao fósforo, também abundante, há dez minas em operação.
Aparentemente, ninguém no governo cogitou de um esquema para induzir investimentos privados para construir fábricas para a produção de fertilizantes, com financiamento a longo prazo, com a participação de associações ou cooperativas de produtores agrícolas. O BNDES está aí para isso e, fosse outra a orientação do governo, a empresa ou empresas interessadas poderiam ter até uma participação minoritária do banco ou do governo federal ou governos estaduais durante algum tempo. Se os empreendimentos se mostrassem rentáveis, as empresas poderiam, em uma fase posterior, abrir o capital e carrear mais recursos por meio do mercado de capitais, que é florescente no País.
Trilhar um caminho condizente com a economia de mercado nesta área é inteiramente viável, mas para o governo parece mais fácil criar uma estatal, que o ministro Lobão promete que será pequena, simples e enxuta. O problema é que ninguém é capaz de indicar uma empresa estatal brasileira com tão singelos atributos.
Editorial O Estado de S.Paulo, 8.03.2010
Neste último ano do governo Lula, arma-se uma tempestade estatizante no Planalto Central. Além do projeto de ressuscitamento da Telebrás como provedora de banda larga, em circunstâncias muito suspeitas, e da intenção de fortalecer a Eletrobrás, o governo estuda a possibilidade de criação de uma estatal para o setor de fertilizantes, no qual já está presente, por sinal, a Petrobrás. Vê-se que o Estado realizador, sobrepondo-se ao Estado indutor, ganha fôlego e se exercita para uma corrida de fundo.
A ideia foi concebida na Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), ainda na gestão do ex-ministro Mangabeira Unger, que chegou a preparar um anteprojeto de lei para a constituição da Fertilizantes do Brasil S.A. (Febrasa). Embora alegue que teve conhecimento da iniciativa da SAE, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, encampa a instituição da estatal, acompanhado por seu colega de Minas Energia, Edison Lobão. Como ambos redigiram a minuta do projeto a ser entregue ao presidente Lula este mês, isso é sintoma de que o parto da nova estatal pode estar bem próximo.
O argumento central para a criação da Fertibrás ou Febrasa (a sigla definitiva ainda não foi escolhida) é clássico. A empresa daria ao Brasil autossuficiência em setor considerado estratégico, dominado por três grandes multinacionais, o que configuraria um oligopólio.
É inegável a necessidade de incrementar a produção de adubos e fertilizantes no Brasil. Além de atender o mercado interno, o Brasil já se credenciou como um dos maiores fornecedores de alimentos para o mundo e avança em produtividade. Como consequência, o País é grande consumidor e importador de adubos agrícolas, e as compras desses produtos no exterior vêm crescendo aceleradamente. Segundo os últimos dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as importações de adubos e fertilizantes nas três semanas de fevereiro deste ano cresceram 236,5% em relação a igual período do ano passado.
Isso não apenas é mau para a balança comercial do Brasil. O impacto sobre os preços dos produtos agrícolas é pesado. Em Mato Grosso, por exemplo, o maior consumidor de adubos no País, os gastos com fertilizantes dos produtores de soja, na safra 2009/2010, corresponderam a 40% do custo de produção, segundo cálculos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
O curioso é que, muito antes da proposta de criação da Fertibrás, a Petrobrás já vinha avançando na área de fertilizantes nitrogenados, tendo sido anunciada, em novembro do ano passado, a construção de uma fábrica em Três Lagoas (MS) para a produção de ureia sintetizada a partir de amônia e gás carbônico. A Petrobrás já tem unidades de produção de ureia em Camaçari (BA), Laranjeiras (SE) e planeja a construção de outra em Linhares (ES).
Assim, restaria para a estatal embrionária a produção de fertilizantes a partir de potássio e fósforo ou adubos orgânicos. Quanto ao potássio, que o Brasil importa na proporção de 90% do que consome, prospecções indicam a existência em território nacional de grandes jazidas, embora haja problemas ambientais para sua exploração. No que se refere ao fósforo, também abundante, há dez minas em operação.
Aparentemente, ninguém no governo cogitou de um esquema para induzir investimentos privados para construir fábricas para a produção de fertilizantes, com financiamento a longo prazo, com a participação de associações ou cooperativas de produtores agrícolas. O BNDES está aí para isso e, fosse outra a orientação do governo, a empresa ou empresas interessadas poderiam ter até uma participação minoritária do banco ou do governo federal ou governos estaduais durante algum tempo. Se os empreendimentos se mostrassem rentáveis, as empresas poderiam, em uma fase posterior, abrir o capital e carrear mais recursos por meio do mercado de capitais, que é florescente no País.
Trilhar um caminho condizente com a economia de mercado nesta área é inteiramente viável, mas para o governo parece mais fácil criar uma estatal, que o ministro Lobão promete que será pequena, simples e enxuta. O problema é que ninguém é capaz de indicar uma empresa estatal brasileira com tão singelos atributos.
341) PT e a "grande midia": uma farsa pouco convincente...
Vítima farsesca
EDITORIAL
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/03/10
Com tese de que a "mídia" o persegue, PT mantém figurino autoritário e se faz de injustiçado para encobrir falência moral
O TRUQUE é velho, e sua repetição só indica o hábito petista de afetar ares de pureza em meio ao pragmatismo mais inescrupuloso. Em documento oficial, a Executiva Nacional do PT reeditou, quinta-feira, a tese de que há uma "guerra de extermínio" contra o partido. Posteriormente, amenizou os termos. A promover tal "guerra" estariam "amplos setores do empresariado, particularmente a mídia".
Mídia, no jargão corrente, significa todo jornal ou empresa de comunicação que não defenda figuras notórias do partido.
Como, por exemplo, o ex-ministro José Dirceu, beneficiário de uma contribuição de R$ 620 mil pela assessoria prestada a um grupo com interesse na reativação da Telebrás. Ou como os mensaleiros denunciados por quem era então aliado do governo, o deputado Roberto Jefferson; ou ainda os "aloprados" -termo que o presidente Lula foi o primeiro, aliás, a empregar- da campanha eleitoral de 2006. Como, também, aquele assessor de um deputado petista, que foi preso ao tentar embarcar num avião com cerca de U$ 100 mil dólares na cueca.
Aliás, se noticiar esse sistema de transportar dinheiro sonante fosse sinal de "guerra de extermínio", seria agora o DEM, e não o PT, a principal vítima de uma suposta conspiração.
Mas nem mesmo os sequazes do governador Arruda arriscaram-se a ir tão longe no cinismo. É que a capacidade petista para a mentira tem origens diferentes, e mais antigas, do que a simples charamela lacrimosa dos espertalhões de voo curto.
Pois o PT, no clássico figurino stalinista, sempre pode dar uma interpretação "de classe" às críticas que venha a merecer. Como o partido se julga o representante místico dos "trabalhadores", o financiamento escuso que receba de empreiteiras, as alterações legais casuísticas que promova em favor de uma empresa de telecomunicação, não representarão escândalo jamais.
Ao contrário: aliar-se financeiramente a "setores do empresariado" que vivem à sombra das benesses do governo, e aliar-se politicamente à escória do Legislativo brasileiro, torna-se um sinal de esperteza política na linha dos fins justificam os meios.
Autoabsolvido pelo venerável espírito hegeliano-marxista da História, o petismo pode fazer tudo o que condenava em seus adversários, e apresentar-se ainda assim como detentor das virtudes mais cristalinas.
Quem apontar a farsa será tachado de inimigo dos trabalhadores -e, na tese de uma imaginária "guerra de extermínio", o PT mostra apenas a sua própria tentação totalitária.
Nessa lógica, que não admite críticas, faz-se de perseguido aquele que se apronta para perseguir; faz-se de vítima quem pretende ser algoz; faz-se de democrata o censor, de honesto o corrupto, de inocente o bandido. O PT perdeu a moral que tantas vezes ostentava quando na oposição. Perdeu a moral, mas não perde o autoritarismo, a mendacidade e a arrogância.
EDITORIAL
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/03/10
Com tese de que a "mídia" o persegue, PT mantém figurino autoritário e se faz de injustiçado para encobrir falência moral
O TRUQUE é velho, e sua repetição só indica o hábito petista de afetar ares de pureza em meio ao pragmatismo mais inescrupuloso. Em documento oficial, a Executiva Nacional do PT reeditou, quinta-feira, a tese de que há uma "guerra de extermínio" contra o partido. Posteriormente, amenizou os termos. A promover tal "guerra" estariam "amplos setores do empresariado, particularmente a mídia".
Mídia, no jargão corrente, significa todo jornal ou empresa de comunicação que não defenda figuras notórias do partido.
Como, por exemplo, o ex-ministro José Dirceu, beneficiário de uma contribuição de R$ 620 mil pela assessoria prestada a um grupo com interesse na reativação da Telebrás. Ou como os mensaleiros denunciados por quem era então aliado do governo, o deputado Roberto Jefferson; ou ainda os "aloprados" -termo que o presidente Lula foi o primeiro, aliás, a empregar- da campanha eleitoral de 2006. Como, também, aquele assessor de um deputado petista, que foi preso ao tentar embarcar num avião com cerca de U$ 100 mil dólares na cueca.
Aliás, se noticiar esse sistema de transportar dinheiro sonante fosse sinal de "guerra de extermínio", seria agora o DEM, e não o PT, a principal vítima de uma suposta conspiração.
Mas nem mesmo os sequazes do governador Arruda arriscaram-se a ir tão longe no cinismo. É que a capacidade petista para a mentira tem origens diferentes, e mais antigas, do que a simples charamela lacrimosa dos espertalhões de voo curto.
Pois o PT, no clássico figurino stalinista, sempre pode dar uma interpretação "de classe" às críticas que venha a merecer. Como o partido se julga o representante místico dos "trabalhadores", o financiamento escuso que receba de empreiteiras, as alterações legais casuísticas que promova em favor de uma empresa de telecomunicação, não representarão escândalo jamais.
Ao contrário: aliar-se financeiramente a "setores do empresariado" que vivem à sombra das benesses do governo, e aliar-se politicamente à escória do Legislativo brasileiro, torna-se um sinal de esperteza política na linha dos fins justificam os meios.
Autoabsolvido pelo venerável espírito hegeliano-marxista da História, o petismo pode fazer tudo o que condenava em seus adversários, e apresentar-se ainda assim como detentor das virtudes mais cristalinas.
Quem apontar a farsa será tachado de inimigo dos trabalhadores -e, na tese de uma imaginária "guerra de extermínio", o PT mostra apenas a sua própria tentação totalitária.
Nessa lógica, que não admite críticas, faz-se de perseguido aquele que se apronta para perseguir; faz-se de vítima quem pretende ser algoz; faz-se de democrata o censor, de honesto o corrupto, de inocente o bandido. O PT perdeu a moral que tantas vezes ostentava quando na oposição. Perdeu a moral, mas não perde o autoritarismo, a mendacidade e a arrogância.
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PT
340) Propostas eleitorais de FHC para o PSDB
Da coluna diária do ex-prefeito Cesar Maia, em 8.03.2010:
FHC PROPÕE UM PROGRAMA DE CINCO METAS PRIORITÁRIAS!
a) Neste domingo (07), em sua coluna mensal nos jornais ('A Hora é Agora'), o Ex-Presidente Fernando Henrique propôs claramente um programa de prioridades: CINCO prioridades. São elas: 1) Redução da Carga Tributária sobre a Folha de Pagamentos; 2) Investimentos em Infra-Estrutura; 3) Reforma Política/Eleitoral; 4) Segurança Pública; 5) Energia.
b) Em 1994, os programas eleitorais de FHC abriam com a palma da mão e cinco dedos que indicavam as suas prioridades. Emprego; Saúde; Agricultura; Segurança e Educação.
c) A não repetição de quatro das cinco prioridades mostra que FHC entende que as metas foram cumpridas. A repetição de Segurança mostra que essa ainda não.
d) Reveja a entrada do programa de FHC em 1994.
FHC PROPÕE UM PROGRAMA DE CINCO METAS PRIORITÁRIAS!
a) Neste domingo (07), em sua coluna mensal nos jornais ('A Hora é Agora'), o Ex-Presidente Fernando Henrique propôs claramente um programa de prioridades: CINCO prioridades. São elas: 1) Redução da Carga Tributária sobre a Folha de Pagamentos; 2) Investimentos em Infra-Estrutura; 3) Reforma Política/Eleitoral; 4) Segurança Pública; 5) Energia.
b) Em 1994, os programas eleitorais de FHC abriam com a palma da mão e cinco dedos que indicavam as suas prioridades. Emprego; Saúde; Agricultura; Segurança e Educação.
c) A não repetição de quatro das cinco prioridades mostra que FHC entende que as metas foram cumpridas. A repetição de Segurança mostra que essa ainda não.
d) Reveja a entrada do programa de FHC em 1994.
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