sábado, 4 de setembro de 2010

O estado da campanha, ou o estado a que chegamos...

Não muito sério, nem muito objetivo, e talvez completamente oposicionista -- certamente não em favor do candidato da oposição, mas em oposição às irracionalidades e mentiras da campanha oficial -- estes dois posts do jornalista Augusto Nunes -- em seu blog na Veja -- revelam, com a ajuda de um "comissário da Língua Portuguesa", o estado a que chegou a campanha oficial, reduzida a um "dilmês" incompreensível, por falhas inacreditáveis de pensamento, ou de simples lógica formal e conceitual, e uma disposição muito grande -- que só pode revelar falhas terríveis de caráter -- a mentir desbragadamente, na indiferença geral da imprensa e do próprio eleitorado.
O Brasil adentrou, se ouso dizer, num "estado mágico" de surrealismo completo na campanha eleitoral, em que nada vale nada, ou seja, em que não adianta qualquer análise crítica das mensagens veiculadas, pois a personalidade megalomaníaca do Nosso Guia a tudo domina e a todos domina.
Uma miséria moral, uma degradação política e uma pobreza de espírito inacreditáveis.
Reproduzo esses posts como amostra do que vai pela campanha.
Paulo Roberto de Almeida

Direto ao Ponto
Celso Arnaldo: uma das mais estarrecedoras entrevistas da curta e assombrosa história política de Dilma sobre a face da Terra (1)
Augusto Nunes, Blog na Veja, 29/08/2010 às 12:56

Ainda bem que fui alertado com algumas horas de antecedência: “Acredite, é uma das mais estarrecedoras entrevistas da curta e assombrosa história política de Dilma sobre a face da Terra”, avisou-me Celso Arnaldo ontem à noite. Claro que acreditei. Nem por isso escapei dos sobressaltos. A coisa é tão perturbadora que, para permitir ao leitor recuperar o fôlego e recuperar-se do assombro, a coluna decidiu publicá-la em dois capítulos. A parte final entra no ar às quatro da tarde. Apertem os cintos, amigos. Estamos entrando no túnel do espanto:

Faltam 35 dias para as eleições e, a menos que seja asfixiada por um colar de anacolutos no discurso de posse, a mulher completamente desarticulada que aparece neste vídeo não é mais a candidata tosca e folclórica à Presidência, uma sátira à la Zorra Total, mas a mulher que vai receber, de mão beijada pelo bafo de Lula, um mandato pelo qual os brasileiros a autorizam a exercitar na prática o conjunto de suas sapiências, suas expertises, nas diferentes áreas da administração federal.

O assunto que Dilma Rousseff escolheu para esta “conversa” com a imprensa é a “assistência integral” à criança. A iniciativa de discorrer sobre o tema foi portanto dela, o que elimina qualquer atenuante para o assombroso teor desta entrevista. É crime doloso, é o infanticídio de um governo natimorto.

Ela chega toda animada, já com ares de presidente e aquele sorriso falso que põe um dente na calçada e logo se recolhe. E aparentemente entusiasmada com o que vira na véspera:

– Até porque, eu tive (sic) ontem na Bahia…

Da Bahia trouxe mais um subsídio para incluir no projeto que promete revolucionar a assistência à criança no Brasil, da barriga da mãe até o “ensino fundamental, mé….fundamental e médio, ensino básico”, como ela explicará mais tarde.

“Salta aos olhos uma coisa, né? Porque um país do tamanho do nosso, com a população de crianças e jovens que nós temos, é um pais que vai tê de sê medido pela capacidade que tivé de fazê uma política que inclua as crianças”.

Seja lá o que for isso, soa como um mea culpa: nos oito anos do governo Lula, os 60 milhões de crianças brasileiras de 0 a 14 anos formaram um coral de Macaulays Culkins: “Esqueceram de nós, esqueceram de nós!!!”

Mas como a presidente Dilma pretende “incluir” as crianças em seu governo?

“De uma forma especial. Que construa o cuidado com as crianças desde o momento da gestação da mãe, passano obviamente pelo parto e chegando até ao atendimento à criança nos seus primeiros anos de vida, que é um momento muito especial”.

A presidente Dilma deve ter aprendido esse “construa” com a ex-companheira Marina, mas aprendeu também que as crianças nascem — aliás depois da gestação da mãe, e não do pai, como às vezes acontecia no governo da oposição — e precisam de cuidados desde o momento em que vêm ao mundo. Ninguém ainda havia pensado nisso.

E o que a presidente Dilma vai fazer, ou já fez, para inventar no Brasil a assistência materno-infantil, que nem Lula pensou em criar? Ela explica com autoridade:

“Nós, pra isso, pra essa, pra esse cuidado, construímos a Rede Cegonha”

Olha ela aí gente!! Novidade: a Rede Cegonha já foi “construída” pela presidente Dilma. Para levar o Brasil no bico.

“A Rede Cegonha é um….primeiro, ela tá baseada num ponto de prevenção, que é o tratamento da mulher quando grávida. O acompanhamento da gravidez, todos os exames de praxe e também a avaliação do feto e todo o acompanhamento que isso requer. Será feito através de Clínicas da Mulher”

Não deu para entender muito bem. Dilma pretende criar isso? O que ela descreve como “meta de governo”, embora com outro nome, é o beabá da assistência materno-infantil, disponível em todo o Brasil. Melhorar é outra história. São Paulo, aliás, tem um programa da mulher quase modelar, em nível municipal e estadual.

“Depois tem a questão fundamental do parto. Ter maternidade de baixo risco e alto risco. E, na sequência, no tratamento dos primeiros dias, meses da criança, é a estrutura de UTIs neonatais, com hospitais de referência da criança”.

A presidente Dilma acaba de criar, por decreto, a Obstetrícia e a Pediatria Neonatal no Brasil. Começa bem. Mas o que será oferecido nesses hospitais de “referência”?

“Cê tem basicamente um atendimento que eles chamam, né, já mais sofisticado, né, com maior nível de complexidade. Então lá se trata de problemas que vão desde a questão do coração, né, por exemplo, crianças que nascem com problemas de coração, passando por todas as doenças que podem levá a risco de vida do bebê”

Nos hospitais criados por Dilma, doenças serão tratadas, bem como doenças afetivas, a tal “questão do coração”.

Mas, depois de dona Cegonha, é hora de introduzir outra pérola que a deslumbra: o SAMU, o já consagrado serviço de resgate federal.

Traduzindo: é o serviço, aliás eficientíssimo e valoroso, que vem até você quando se disca 192. A presidente quer reinventar o SAMU -– lembram do debate da Band, “aquele serviço que transporta crianças”?

“Junto a isso, nós temos o SAMU. Porque o SAMU tem desempenhado no Brasil um papel fundamental, que é juntá toda a rede e olhá onde que tem disponibilidade e onde que a criança, ou o adulto, no caso, deve ser levado”

A presidente Dilma descobriu recentemente que os motoristas e atendentes do SAMU só levam seus passageiros a prontos-socorros e hospitais onde eles possam ser atendidos prontamente, depois da óbvia checagem pelo rádio, no caminho -– é isso que ela chama de “juntá toda a rede e olhá onde tem”.

Mas estava na hora de juntar SAMU com cegonha, não? Lógico:

“Para as crianças criamos o SAMU Cegonha”.

Ah, já criou? Posso chamar? A presidente Dilma aciona a sirene:

“O SAMU Cegonha é basicamente para o atendimento da mulher no momento da gravidez”

Ou seja: engravidou, já chama o SAMU Cegonha para lhe dar os parabéns. Mas espere:

“E o SAMU Cegonha da fase já do bebê é o atendimento pra levá a criança, justamente ou pruma, prum tratamento na UTI neonatal ou prum hospital de referência de alta complexidade”

Ou seja: o SAMU Cegonha fará exatamente o que já fazem as ambulâncias. Mas parece claro que, no governo Dilma, a “fase já do bebê” será coisa de gente grande.

(A segunda e última parte do grande texto de Celso Arnaldo será publicada às quatro da tarde)
[Segue abaixo]
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Direto ao Ponto
Celso Arnaldo completa a radiografia da mais estarrecedora entrevista de Dilma (2)
Augusto Nunes, Blog na Veja, 29/08/2010 às 17:04

A segunda parte do texto de Celso Arnaldo completa a radiografia da entrevista assustadora. Embarquem novamente no trem-bala do horror, amigos. Volto no fim:

Ok, a criança chegou a um hospital de alta complexidade criado por Dilma -– sim, porque ninguém tinha pensado antes num hospital para atender doenças mais graves. O InCor, por exemplo, é uma miragem. O que vai acontecer ali? Agora, sim, Dilma revela o que viu na Bahia que a impressionou tanto:

“Uma proposta que conjuga não só tecnologia de ponta, tecnologia sofisticada pro tratamento da criança, mas também um grande nível de humanização, porque eles usam todo aquela questão do envolvimento da criança, mostrano que a boneca vai, tamém, cuidá da cabeça ou quando a criança é submetida a algum nivel de tratamento mais estressante, tomá os cuidados para garanti que psicologicamente ela se…enfim, ela tenha uma chegada maior a um processo que inclusive é de dor”.

Nos hospitais de Dilma, os doutores serão de uma alegria só — até o dia da “chegada maior” de Dilma pra cuidá da cabeça com a boneca.

Nos longos minutos que se seguem, Dilma se dedica a tentar provar, de novo, que as creches são a diferença entre Bill Gates e Nem do tráfico. Ela repete, no mesmo palavreado vão e leviano, a promessa das 6 mil creches em quatro anos -– mas de novo não explica, nem lhe foi perguntado pela mídia adestrada, porque não convenceu Lula a fazer uma só como protótipo ao longo de oito anos.

Depois da creche, o processo de “atendimento integral” das crianças da presidente Dilma passa evidentemente pela escola. Está em marcha uma revolução que faria o companheiro Paulo Freire parecer uma professorinha de quermesse:

“Já existe 10 mil, em torno de 10 mil escolas no Brasil, é, de ensino, de ensino fundamental, de ensino mé…., de ensino fundamental e médio, de ensino básico, portanto…”

Interrompida pelo Controle Social da Mídia. Se a presidente Dilma passou com louvor na prova de saúde, nessa questão da escola ela precisa estudar um pouquinho mais. Vamos deixar para a próxima?

Uma jornalista então quer saber: por que esse interesse tão súbito da presidente pela “criança integral”?

Atenção para a resposta, professor Sirio Possenti:

– Eu vô sê vó!!

E isso desperta em vovó Dilma não só instintos avoengos como essa dedicação integral à criança, que ela justifica com uma máxima inédita:

– As crianças são o futuro deste país.

Até aqui, Dilma falara sem ser questionada. Timidamente, uma repórter parece perguntar se essa tal Rede Cegonha já não existe em algum lugar. A presidente se irrita, pela primeira vez:

“O Rede Cegonha é uma criação do Rio de Janeiro. Não é nossa. É uma parte também do Mãe Coruja, de Pernambuco. Essa mania das pessoas se adonarem de projetos que estão em curso no Brasil é errado.”

Taí: gostei do “se adonarem” -– em 11 meses de caçada, é a primeira expressão original, e correta, que ouço de Dilma. Mas quem está se adonando dos projetos alheios é a presidente Dilma, não é não?

O SAMU Cegonha, que “nós criamos”, também já não existe, presidente?

“O SAMU Cegonha inclusive ele existe, tem até uma cegonha pintada naquela parte branca da….do…..”

A presidente parece ter até desistido da conclusão do pensamento quando vem o sopro redentor:

– Da ambulância.

– Da ambulância, né?

Seria cômico, se não fosse trágico: nos próximos quatro anos, é isso aí.

Brilhante como sempre, o texto de Celso Arnaldo colide estrondosamente com a indigência mental da sucessora que Lula inventou. Também por isso, não dou por liquidada a disputa pela Presidência da República. Falta um mês para a votação. No calendário político isso é uma eternidade. É mais que suficiente para que a oposição mostre ao Brasil o que vem por aí com a mesma nitidez e objetividade que marcam todos os posts sobre a candidata aqui publicados. Tempo para desconstruir a farsa existe de sobra. O que tem faltado à campanha de José Serra é lucidez, coragem, valentia e, sobretudo, vontade de vencer.

Acompanho confrontos eleitorais desde que nasci. Dois anos depois de derrotado na estreia como candidato a prefeito, e dois anos antes de conquistar o cargo que exerceria quatro vezes, meu pai vivia como sempre viveu: em campanha. Primeiro em Taquaritinga, na região e no Estado de São Paulo, depois como jornalista, testemunhei incontáveis duelos do gênero em todos os níveis — sempre na fila do gargarejo. Sei o que estou dizendo ao afirmar que Dilma Rousseff é a adversária que todo candidato pede a Deus. O problema é que, até agora, José Serra também tem sido.

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Direto ao Ponto
Celso Arnaldo assiste a uma aula na Escolinha Média Fundamental Básica Profissionalizante da Professora Dilma
Augusato Nunes, Blog na Veja, 02/09/2010 às 15:08

Maior especialista em dilmês do país, o jornalista Celso Arnaldo Araújo resolveu assistir a uma aula da candidata que Lula inventou. Tema: educação. O relato comprova que Dilma Rousseff representa um perigo para qualquer brasileiro com mais de dois neurônios: é de matar de rir — e de morrer de medo:

Na redação da revista Manchete, no Rio, onde trabalhei nos meus primeiros cinco anos de carreira, foram bolados alguns dos mais saborosos – porque bem temperados entre a genialidade e a infâmia – títulos de reportagem do jornalismo “fait divers” no Brasil. Muitos ficaram célebres, como “China vai de Mao a Piao” – quando o líder chinês Mao Tse-Tung, doente, foi provisoriamente substituído no governo por seu ministro de Defesa, Lin Piao.

Dei também minhas contribuições a esse capítulo – e meu título mais “escandaloso” foi para uma matéria sobre um médium espírita anão que atraía multidões em Porto Alegre com seu poder de cura:

“O PEQUENO GRANDE MÉDIUM”

Lembro desse episódio anedótico a propósito de…Dilma Rousseff. Sim, a “Pequena grande mentecapta” que, se tudo correr mal, será nossa presidente a partir de primeiro de janeiro de 2011. Há pelo menos dois anos avisada de que Lula lhe apontaria o “dedazo” zapatista para ser sua sucessora, ela teve todo esse tempo para tentar ficar pelo menos à meia altura da missão que lhe caiu ao colo.

Mas o dedo apontado deve ter sido o mindinho esquerdo, ausente – e por isso a indigitada Dilma não se preparou nem minimamente para conhecer e discorrer sobre os temas de maior peso na vida de um país emergente e ainda repleto de carências: saúde, educação, segurança, etc.

Como se viu pelo vídeo anterior, a proposta de Dilma para a saúde pública não tem o alcance de um band-aid – seu desconhecimento sobre o tema, a 30 dias de sua provável eleição, revelou-se assustador. Na mesma “entrevista”, na verdade uma desastrada tentativa de voo-solo para mostrar aura de estadista, ela chegou a ensaiar um blá-blá-blá tatibitate sobre educação – mas parou na iminência de um edema de glote, quase engasgada com o “ensino mé, fundá, médio-fundamental, ou seja, o ensino básico.”

Mas a Dra. Dilma Rousseff, que também não tem o menor senso de autocrítica, o que é próprio dos grandes mentecaptos, deve ter dado alta com louvor para sua doentia performance sobre saúde e repetiu o diagnóstico, no mesmo cenário, a porta de casa – desta vez para completar seu pensamento vivo sobre educação.

Com a mesma blusa branca, a agora Professora Dilma, que acabara de receber o presidente da CNI, “o Robinson”, pôs-se a divagar, já na forma de planos de governo, sobre ideias que acabara de ouvir de orelhada na reunião e que, mal processadas por seu neurônio duplo, resultaram em mais um show de despreparo e desconhecimento absolutos e irreparáveis.

O tumor da Receita é grave e metastático, característica do adenocarcinoma petista. Mas o estado de ignorância integral, mediado pela má-fé, que a candidata quase eleita demonstra sem trégua há 11 meses me parece ainda mais preocupante – porque será doença crônica e incapacitante durante pelo menos quatro anos. Ela não sabe nada sobre o País que pode vir a governar – nem sobre o que fazer com ele.

Na saída da reunião, entre triunfante e compenetrada, começou a falar sobre os “problemas da era do crescimento”. Ou seja, o Brasil de Lula cresceu tanto que, se melhorar, estraga.

“O país, chegando quase ao pleno emprego, nós vamos precisá de qualificá bastante a nossa mão de obra para podê dá um salto”, recita a candidata que dará o maior salto de sua vida sem precisá de se qualificá nem um pouquinho.

Muitas sugestões ouvidas do presidente da CNI viraram “plano de governo” no caminho da sala da casa à calçada da coletiva:

“A CNI tem um processo que é muito interessante di, i qui afina-se com a minha proposta em relação ao ProMédio (programa de bolsas de estudo para alunos de ensino médio e baixa renda, ainda uma ficção), que é combiná o ensino médio com o ensino profissionalizante. Então, no nosso caso, a gente utilizaria, né, as vagas tanto nas escolas, é, nos institutos federais tecnológicos e também de todas as entidades privadas que prestam cursos profissionalizantes. Então a gente compraria vagas e complementaria o ensino técnico com o ensino médio, articulando um no outro. Eles chamam isso de ensino articulado”.

Dilma também gostou muito de algo que ouviu do presidente da CNI sobre o ensino em regiões remotas. Já encampou a ideia, mas vamos ver se ela entendeu direitinho:

“E outra sugestão muito interessante que eu achei é em pequenas cidades no Amazonas usar o ensino técnico móvel. Seria uma capacitação muito parecida com que nós fazemos no Brasil Profissionalizante, que é, por exemplo, eles operam muito com caminhões ou com ônibus. Ali, a escola chega, eles formam eletricistas. Nós fizemos isso aliás no Luz para Todos. No Luz para Todos faltava eletricista e a gente tinha de formá nos próprios lugares”.

Deve ser um projeto maravilhoso, mas a versão de Dilma, aparentemente, é meio esquisita. Caminhões e ônibus transportam muito poucas coisas no Amazonas, um estado basicamente fluvial. Um caminhão ou um ônibus chegando a uma cidade remota com uma escola dentro seria um acontecimento. Se me falta a luz necessária para entender o programa, não faltarão eletricistas para nos iluminar a todos.

Esses são apenas os primeiros quatro minutos do vídeo. Há mais cinco minutos impagáveis — mas que pagaremos caro.

Divirtam-se com a Escolinha Média Fundamental Básica Profissionalizante da Professora Dilma.

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