domingo, 12 de setembro de 2010

Fugindo do Debate: as perguntas não respondidas pela candidata oficial

Perguntas que Dilma deixou sem resposta
O Globo, sábado, 11 de setembro de 2010

Ao se recusar a debater com leitores e colunistas do GLOBO, a candidata do PT, Dilma Rousseff, deixou sem resposta perguntas como as duas abaixo:

Verissimo: Se eleita, qual será seu primeiro gesto, aquele ato de impacto que costuma inaugurar governos? Ou não haverá nada disso?

Ricardo Noblat: Se Lula não a tivesse escolhido, a senhora cogitava ser candidata a qualquer outra coisa?

O que Dilma não respondeu

Perguntas que colunistas do GLOBO fariam para a petista, que se recusou a debater

Ancelmo Gois:
Eu gostaria de repetir a pergunta que fiz a Lula, então candidato em 2002, até porque, em que pesem as promessas do atual presidente, de lá para cá o problema se agravou ainda mais. Por que acreditar que, com a senhora na Presidência, o problema da violência poderia ser atenuado?

Merval Pereira:
Candidata, a senhora vem sofrendo uma transformação radical, à vista de todos, tanto na fisionomia quanto na ideologia. Qual é a verdadeira Dilma, a gerentona do governo, que já colocou muitos ministros a chorar depois de discussões, ou a mãe gentil do povo brasileiro? A que coloca o chapéu do MST e diz que não trata dos movimentos sociais na base da polícia, ou a que diz que não convém colocar o chapéu do MST e que não tolerará ilegalidades? A que se orgulha de ter participado da luta armada contra a ditadura e foi saudada por José Dirceu como "minha companheira em armas" ou a que nega ter pegado em armas contra a ditadura? A que classificou de "rudimentar" a proposta do então ministro Antônio Palocci de limitar os gastos do governo, ou a que defende o corte de gastos e tem o mesmo Antônio Palocci como coordenador de sua campanha?

Ilimar Franco:
A necessidade de uma reforma política é recorrente no discurso de todos os partidos. Os presidentes da República falam de sua necessidade, mas nenhum deles assumiu a responsabilidade de levá-la adiante. Nas gestões do presidente Lula, a Câmara esteve próxima de aprovar uma reforma que previa a votação em lista fechada para a Câmara dos Deputados e o financiamento público das campanhas. Se a senhora for eleita presidente da República, pretende trabalhar pela votação de uma reforma política? A senhora é favorável, ou não, ao voto em lista? A senhora é favorável, ou não, ao financiamento
público?

Ricardo Noblat:
Se Lula não a tivesse escolhido para ser candidata à sucessão dele, a senhora cogitava ser candidata a qualquer outra coisa? Caso seja eleita e Lula queira voltar em 2014, a senhora abrirá mão da reeleição?

Jorge Bastos Moreno:
Qual a sua verdadeira posição em relação ao sistema de partilha do pré-sal, já que, como integrante do governo, a senhora não foi tão enfática?

Elio Gaspari:
No campo político a senhora defende a introdução do voto de lista. Vamos ser claros: desde 1946 o eleitor brasileiro votou em candidato para a Câmara dos Deputados, indicando-o nominalmente. Por exemplo: o eleitor quer votar em Dilma Rousseff para deputado e vota em Dilma Rousseff. Como funcionará isso no seu sistema de lista? O eleitor votará no partido, digamos o PTB, presidido por Roberto Jefferson, e qual será a ordem de entrada dos candidatos? A da vontade da direção do PTB ou de qualquer outro partido que organizou a lista?

Zuenir Ventura:
A senhora disse que a oposição está com medo de que uma mulher dê certo na Presidência. A senhora já se considera eleita? Não é cedo para cantar vitória?

Verissimo:
Se eleita, qual será o seu primeiro gesto, aquele ato de impacto que costuma inaugurar governos? Ou não haverá nada disso?

Chico Caruso:
Como pretende conviver com caricaturas e caricaturistas, se for eleita?

Míriam Leitão:
O governo tem banalizado o crime de quebra de sigilo fiscal dos líderes da oposição e familiares do candidato José Serra com frases espantosas. O ministro da Fazenda disse que vazamentos sempre acontecem; o presidente Lula perguntou num comício "cadê esse tal de sigilo?"; a senhora declarou que falar disso é desespero e jogo eleitoral da oposição. Tente imaginar a situação inversa: os dados da sua filha sendo espionados no órgão que deve zelar pela proteção constitucional do sigilo. O que a senhora sentiria? A senhora considera normal que órgãos do Estado sejam usados para espionar adversários políticos?

Flávia Oliveira:
Uma das primeiras medidas do governo Lula na área econômica foi a elevação dos juros básicos para controlar uma inflação crescente em 2002/2003. O resultado foi um primeiro ano de governo com PIB estagnado. Que medidas fiscais e monetárias a senhora pretende adotar no início do seu mandato para manter o Brasil com crescimento econômico e baixa inflação?

Fernando Calazans:
A senhora disse que, se eleita, estenderia a mão para os adversários. A mão ainda pode ser estendida? É possível ou impossível um entendimento, no governo, com o PSDB? Por quê?

Artur Xexéo:
Uma das áreas mais polêmicas do atual governo, a administrada pelo Ministério da Cultura, não recebeu até agora uma só menção no seu programa do horário eleitoral. Caso ganhe as eleições, quais são as suas prioridades na área da cultura?

Joaquim Ferreira dos Santos:
O presidente Lula praticamente não esteve presente a eventos de cultura, como uma peça de teatro, um concerto de clássicos ou música popular. A senhora também não tem sido vista em plateias de cultura. Qual a sua relação pessoal com os hábitos culturais?

Cora Rónai:
A senhora tem sido apresentada, na sua campanha, como um duplo do presidente Lula, "Lula e Dilma", como se ambos tivessem governado o país juntos ao longo dos últimos anos. Caso venha a ser eleita, a parceria continua? Teremos "Dilma e Lula" no poder?

Arnaldo Jabor:
Se a senhora for eleita, vai seguir a trilha do Lula, mais conciliadora, ou vai dar ouvidos às ordens de petistas de carteirinha como Dirceu, Berzoini e outros?

Arnaldo Bloch:
O maestro John Neschling disse que teve um encontro com a senhora e ficou impressionado com seu conhecimento das óperas russas, a ponto de cantar árias inteiras. Como a senhora vê, em contrapartida, a situação da cultura brasileira, completamente ausente do debate eleitoral?

2 comentários:

  1. e desde quando colunista da globo é confiável?
    Mirian leitão e companhia?
    Ah me poupe. O grupo GLOBO e o grupo Abril são declaradamentes anti-lula.
    Eles precisam que seja aprovada a mudança na legislação para permitir entrada de capital extrangeiro na midia, o que é proibido e o governo lula vetou enquanto pode.Eles estao desesperados por dinheiro e não sabem o que fazer.
    Mas avisem pra eles:
    A MIDIA É NOSSA!!!! Quero Tio Sam ditando nossas noticias nao.

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  2. No pouco que pude ler do blog e dos marcadores pude perceber o real compromisso em analisar de forma "imparcial" e "nada tendenciosa" o processo eleitoral 2010. Tudo o que vi são fontes da velha mídia hegemônica, que luta desesperadamente para sobreviver. o Globo? Veja? Miriam Leitão? Arnaldo Jabour? Não dá para levar a sério...

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