Procura-se um partido de oposição
Carlos U. Pozzobon
Conectando Leitores, 01/11/2010
Conforme anunciei em julho pp., no artigo A Ingenuidade da Oposição, minhas opiniões se confirmaram. Serra perdeu as eleições, mas poderia ter ganho não fosse a estratégia míope do PSDB, e de seus marqueteiros.
Em julho eu dizia que a única forma de derrotar o PT era uma campanha com alto poder de emocionar as massas. Isso não tem nada demais. A emoção tem sido a estratégia de Lula para chegar ao Poder e o tom do discurso de todo o PT para se eleger. O PSDB não entendeu o tipo de adversário que possui. Sem uma campanha trepidante, e sem motivar as massas não se chegaria à vitoria. Para Lula, o pouco que fez não tem efeito prático: o que importa é sempre a desforra sobre o adversário, ainda mais que FHC não parece ter a noção da agressividade necessária para o tipo de adversário, de não deixar passar em branco nenhuma mentira que lhe é atribuída estrategicamente. Comporta-se como alguém que se preocupa mais com o que dirão os acadêmicos do que o que possam falar “os baixos instintos” da militância adversária.
procura-se uma oposição
Emocionar as massas é dar a elas coesão e motivação para derrotar um governo e um partido que não apresentam propostas de transformação social, ao contrário, transformam o Brasil num país primitivo, atrasado, velhaco, eleitoreiro, fisiologista, corrupto e sem educação, em que todas as pessoas sensíveis e ilustradas se sentem constrangidas de serem representadas por alguém que as envergonha com a falta de polidez no trato e conteúdo no falar, obrigando-as a se distanciar e se isolar ruborizadas com uma postura que confunde pseudo-informalidade com ignorância e desfaçatez, a menos do indefectível conjunto amorfo de bajuladores e interesseiros.
Uma campanha contra um partido tão detestado por sua conduta antiintelectual, por suas grosserias vulgares e por sua tibieza moral, mereceria uma estratégica centrada em São Paulo servindo como exemplo de irradiação para todo o país. Mas nada disso foi feito.
O erro de Serra perdurou ao longo de toda a campanha. E examinando mais detidamente, não faz parte de sua conduta individual, mas parece ser o comportamento de todo o PSDB. Os problemas vão da agenda de campanha ao tipo de discussão.
Primeiro, a ideia errada do PSDB de dar prioridade ao que chamam de agenda positiva. As propostas de governo são importantes, mas no confronto de candidatos, o PSDB deve dar mais prioridade às criticas ao governo do que às propostas de gestão. Agenda positiva é assunto para países com uma organização social bem estruturada. Para países com um caos social como o Brasil, a força eleitoral nasce da crítica implacável ao governo. Foi assim que o PT forjou sua força eleitoral em 20 anos.
Verificamos que a força do PT está na sua atitude crítica, e sua fragilidade está nos programas de governo, que não passam de generalidades mal concebidas e de um regresso ao estatismo do regime militar. O que revela que seu propósito maior está mais em ganhar as eleições, destruindo adversários, do que em construir uma agenda positiva para o Brasil.
Procura-se uma oposição Agenda positiva deveria ser proposta a uma audiência educada, e a campanha de Serra esteve mais para o contexto da Suécia do que do Brasil. Portanto, agenda positiva depende do contexto social: é necessária para pessoas instruídas, mas não emociona aqueles a quem o regime coloca na servidão dos meios de existência. E o rumo dos acontecimentos mostrava escandalosamente que somente uma alta dose emocional iria virar a mesa.
Em segundo lugar, o conceito de carisma. As pessoas pensam que carisma é uma espécie de essência ou flagrância da personalidade humana associada à empatia do discurso. Enganam-se: carisma é aquilo que uma pessoa apresenta no discurso quando critica uma situação ou os outros com as palavras que gostaríamos de dizer, mas que entretanto ainda não formulamos. O carisma funciona como uma transferência da nossa personalidade para a do líder, que pode ser tanto um político como um escritor ou apresentador de TV.
Políticos carismáticos possuem alta dose de ironia, capacidade inata para trocadilhos, uma “presença de espírito” para expressar ideias com metáforas simples e contundentes, para escrachar os inimigos e pulverizar as opiniões dos adversários. Nada disso emanou de Serra. Ele não sabe rir, não sabe satirizar, não consegue ser irônico. Seu tom é de professor em sala de aula, e isso é fatal para uma audiência como a brasileira que cultiva a piada do dia e abriga na alma uma inclinação natural para a irreverência.
Uma questão da velha política brasileira, defendida por Carlos Lacerda, era a do político “bom de voto”. Juscelino estava sempre sorrindo, era uma simpatia ambulante, independente de sua política. Lacerda tinha um grande charme e uma verve dificilmente igualada por qualquer outro político brasileiro. Serra não tem nada disso. Parece uma pessoa pálida, sem graça, mortificada por pensamentos sombrios.
Considere um assunto, por exemplo, o da educação. Serra centralizou o assunto em si mesmo, isto é, em sua gestão, e isso significou a perda de oportunidade de criticar o governo. Serra procurou mostrar os dados positivos do seu governo em SP. Consumiu seu tempo com isso. Mas os baixos índices de aproveitamento escolar não estão relacionados com um sindicato de professores comandado por militantes do partido adversário, e em cujas greves políticas os alunos ficaram prejudicados? Não são esses professores que estão destruindo consciências ao se oporem abertamente aos critérios de meritocracia, instituídos por Serra, na concessão de benefícios aos seus pares? Acaso o partido adversário não tem responsabilidade pelo caos no magistério?
Considere a decomposição intelectual de cursos patrocinados pelo governo federal, como o de Astrologia na Universidade de Brasília, ou seu Núcleo de Estudos Paranormais, que entre outras matérias se dedica ao estudo da Ufologia e da Cientologia, Teologia Ubandista, e assim por diante. Talvez Serra tenha evitado criticar esses descalabros para não ser acusado de patrocinar o curso de Consciência Negra introduzido na USP – uma bobagem sem tamanho, que nem merece consideração de pessoas instruídas.
E as cotas? Por que não se posicionar? Acaso ignorar questões que possam causar controvérsias e até reações contrárias vão melhorar seu desempenho eleitoral? A estratégia de não tocar em assuntos polêmicos equivale a de não ganhar adeptos. O resultado foi o previsto.
O vazamento de informações da conta bancária de sua filha não foi capitalizado em vantagem política porque Serra e o PSDB se opuseram a assumir uma liderança que estava mais além da disputa eleitoral. Era para convocar as massas para um comício no Ibirapuera, no início de setembro, sob a palavra de ordem que envolvesse todos os brasileiros sob ameaça de chantagem e violação de privacidade pelo aparelhamento petista na Receita Federal. Era o momento para Serra se despojar de sua postura de candidato e assumir o papel de líder popular. Era a virada necessária para atrair a classe média para as salvaguardas de privacidade e respeitabilidade vilipendiadas pelo governo federal. O que falar no discurso? Bastava apresentar um saldo bancário e dizer que doravante todos os brasileiros teriam suas contas bancárias devassadas. Simples como isso. E naturalmente perguntar: você gostaria que os outros soubessem que você comprou ontem uma... deixo aos marqueteiros a conclusão dessa frase.
Mas o fato mais dramático da campanha foram os desdobramentos com as denúncias envolvendo a corrupção na Casa Civil. Agora era para levar novamente as massas para o parque Ibirapuera em SP e redobrar os ataques a um governo cuja concussão está no próprio gabinete presidencial. Era uma radicalização necessária e imprescindível, sem a qual não haveria a possibilidade da vitória. Tratando o assunto com protestos, mas sem mobilização, dificilmente atingiria o efeito midiático necessário à virada eleitoral. E vimos o episódio acabar com mais uma oportunidade perdida. O comedimento do PSDB, certamente aterrorizado com a possibilidade de que o processo eleitoral nos levasse a uma guerra civil como na Espanha de 1936, mostra que não sabe lidar com o totalitarismo incipiente.
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FHC deve estar arrependidíssimo de não ter encorajado o impeachment de Lula em 2005, quando da explosão do mensalão. De lá para cá, a desfaçatez atingiu proporções nunca antes igualada na história republicana. O que nos permite concluir que o PSDB não é um partido político disposto a assumir os riscos que a política impõe àqueles que se aventuram a abraçá-la sem vacilações nos princípios do decoro.
A primeira reunião no Largo do São Francisco, ocorrida para manifestar repúdio à tentativa de censura à mídia, tinha que ter a presença de Serra, mesmo não sendo convidado. Era para chegar e discursar em qualquer circunstância, para capitalizar a liderança contra o golpe na imprensa livre. E com palanque. A imprensa iria repercutir como mais um fato a favor da liberdade e da oposição. Mas não foi isso que aconteceu. Por falta de senso tático não havia a presença do PSDB no palanque. O terceiro erro garrafal.
A segunda reunião, ocorrida sexta-feira 29/10, forçada por insistentes pedidos dos participantes do portal Proposta Serra, não havia palanque nem organização. Foi uma manifestação espontânea de última hora para apoio à sua candidatura com a presença de Alckmin, e parece de FHC, mas sem qualquer preparação e organização eficazes. Isso por si só consolida a ideia de que a campanha não tinha uma trajetória voltada para a mobilização das massas.
Repito que não haverá deposição do PT do governo se a oposição não assumir o papel de radicalizar o processo de defesa da democracia. Infelizmente é esse o único caminho existente para as mudanças. E por radicalização entendo a criação de comitês de amplo movimento nacional contra a ameaça de uma ditadura civil. Precisamos nos convencer de que o PT vestiu o modelo da ditadura, isto é, o PT representa hoje a ditadura do passado. E não se destitui um movimento que tem a capacidade de criar um exército de movimentos sociais mercenários sem um chamado ao patriotismo e à coragem.
Em 2009, os movimentos do PT em favor da cooptação de banqueiros (aumentando de lambuja os juros, sem qualquer justificativa), e de cooptação do empresariado (fornecendo empréstimos do BNDES a juros subsidiados por uma taxa 4% mais cara aos cofres públicos), exigia postura enérgica da oposição contra o estelionato eleitoral e um requerimento imediato do STF para forçar o BNDES a divulgar os beneficiados pela tramóia. Não foi isso o que aconteceu. O PSDB se manteve dentro de uma cautela onde o jogo político terminou voltado para os interesses regionais.
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Há também o fiasco das eleições para Senador em São Paulo. A negociação com Orestes Quércia, um candidato apoiando Serra, como dissidência do PMDB de Temer, foi totalmente inútil. Sabendo que a composição do Senado pode levar ao perigo de uma guinada totalitária na próxima legislatura, o PSDB se entregou a um jogo medíocre em vez de conchavar um rompimento do DEM, e este apresentar candidatura própria, como a de Afif Domingos, possibilitando uma dupla de senadores PSDB-DEM. Não foi o que aconteceu e a oposição ficou com uma só opção para o Senado em uma eleição de 2 votos. Existe atrapalhação maior?
Outra questão que levou Serra a perder votos foi o problema do pré-sal. Desde 2009 venho advertindo para a questão do pré-sal como um novo marco econômico para o país (veja em artigos neste site). O pré-sal deveria representar para as lideranças oposicionistas o descortinar de um novo momento na sociedade brasileira, como foram o ciclo da cana-de-açúcar, mineração de ouro, café, pecuária, soja, todas exemplares na formação do Brasil. O pré-sal exigia visão estratégica de um novo ciclo de desenvolvimento, com o país sendo visto e pensado como uma potência petrolífera exportadora. Infelizmente nada disso aconteceu. Afinal, se a atividade petroquímica pulou de 2% para 12% do PIB em uma década, era para se dar uma atenção especial.
O governo Lula cometeu tantas tropelias com a distribuição dos royalties que qualquer pessoa sensível podia perceber estar aí uma oportunidade para pulverizar a lógica do governo. Desde 2007, quando a questão do pré-sal foi colocada na sociedade brasileira, os partidos de oposição não foram capazes de criar um programa estratégico para o pré-sal que consubstanciasse a direção do Brasil em país exportador de petróleo e produtos petroquímicos, com a gasolina a 1 real (e alguns centavos) nos postos, algo perfeitamente factível, como tínhamos antes da crise do petróleo de 1973. Era essa a proposta de sensibilizaria as massas para uma grande guinada eleitoral.
E a capitalização da Petrobras então nem se fala. Silenciando sobre uma fraude de 5 bilhões de barris que se leiloados no mercado privado atingiriam cifras acima de 100 bilhões de dólares, Serra preferiu não enfrentar o terrorismo da privatização e, mudando a estratégia, acusou o PT de privatização, mostrando que a ANP no governo Lula teria leiloado mais áreas do pré-sal do que FHC. Com isso, pretendia neutralizar o discurso petista de estatização.
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Foi mais um erro garrafal. Ora, o PT, desprovido de capacidade intelectual para perceber o pré-sal como um trampolim para uma nova fase de desenvolvimento do Brasil, a menos da proposta de lesa-pátria do modelo de partilha – em que a Petrobras passa a definir o quanto vai gastar em cada poço para só depois dar satisfação ao governo –, poderia ficar acuado com a promessa de o Brasil exportar 5 milhões de barris/dia de óleo, e equivalentes de gasolina e produtos petroquímicos, o que exigiria a triplicação de nossas plantas petroquímicas e refinarias. Isso permitiria oferecer aos brasileiros uma gasolina a preço de banana na bomba, mostrando que quanto maior o número de empresas envolvidas no petróleo melhor para o Tesouro, pois criaria uma arrecadação excedente permitindo uma reforma tributária que enriqueceria a nação.
Ao contrário, a campanha de Serra partiu para encurralar Dilma mostrando que 108 empresas petrolíferas privadas (e algumas estrangeiras) teriam se instalado no Brasil à custa do governo Lula. Convenhamos! Não é possível que semelhante burrice possa se originar no ‘intelectualizado’ PSDB. Este não é um argumento sério. As empresas privadas são resultado do novo marco regulatório do petróleo instituído por FHC. Foram estas empresas que, nos últimos anos, permitiram o pulo de 10% em nosso PIB só com a contribuição do petróleo.
Ao adotar um tom nacionalista retrógrado, Serra desvalorizou o próprio legado e colocou contra si empresas que poderiam estar a seu favor. Na verdade, o governo Lula simplesmente deixou o carro correr porque governa o país na ‘banguela’, com os frutos do esforço hercúleo dado lá atrás com as reformas incompletas de FHC. Os governistas gostam do Estado porque não precisam coçar a cabeça criando soluções baseadas na produção e no desenvolvimento econômico – teoria que desprezam e negligenciam. Qualquer pessoa minimamente instruída sabe que Lula se comporta na direção do caminhão Brasil, conforme o plano inclinado da economia mundial, e se refestela de faceiro dirigindo um veículo no declive asiático sem saber onde fica o acelerador. Mas como um amador na direção do caminhão Brasil aproveita o embalo até a próxima subida, preparado para criticar Deus e o Diabo quando o veículo parar por desconhecimento da máquina que dirige.
Incapaz de pensar no futuro de reservas bilionárias em petróleo, Serra voltou-se para o passado e tratou de evitar o terrorismo da privatização da Petrobras impingido a Alckmin em 2006: novamente evitando riscos, comprometeu a vitória. Serra tinha obrigação de mostrar aos aliados de Dilma sua natureza crua e nua, isto é, disparar contra os adversários com as mesmas armas disparadas contra ele.
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Por que não mobilizar a aterrorizada classe de agricultores com as imagens de destruição das fazendas pelo MST? Em política, existem atos que não podem passar em branco, sob pena de cumplicidade e acobertamento. Não mostrar na TV as inúmeras cenas de vandalismo praticadas pelos aliados de Dilma em todo o país significa ignorar que nosso campo vive em situação de intimidação, de medo e terror de que uma denúncia qualquer possa significar a perdição de famílias inteiras, na destruição de um esforço de gerações na labuta da terra em favor de uma massa de saqueadores mercenários comandada por líderes terroristas. E não será essa insegurança rural que vai acabar se estendendo para as cidades atingindo todos os cidadãos deste país?
Por que Serra não apareceu na TV em plena Carajás para defender a privatização de uma empresa que se decuplicou em valor em dez anos? Por que não falar dos telefones de 4 mil dólares do passado para custo zero dos dias atuais? Por que Serra não apareceu na TV assumindo a paternidade e segurando uma nota de 1 real? Por que Serra não apareceu na TV ao lado de um avião da Embraer? Por que Serra evitou mostrar que São Paulo é a locomotiva da nação, e que somente em São Paulo existe um museu de ciências chamado Catavento que ele mesmo criou, um museu do futebol, um museu da língua portuguesa, e tantas outras coisas negligenciadas em sua campanha eleitoral? Com a abordagem inadequada dos temas sociais dos últimos anos, como a recriação da Telebras, as invasões de terra, o PNDH3, as cotas raciais que já citei, vivenciamos uma campanha política em que o discurso dos candidatos não bate com a realidade social.
Por isso, o balanço das eleições de 2010 está muito longe de ser fechado, e talvez tenha consequências e desdobramentos que vão bater em 2014. José Serra deveria ter mais autocrítica para reconhecer que foi com ele que em 2002 Lula assumiu a presidência. Considerando que Dilma Rousseff é uma candidata que todo político esperto pediu a Deus para bombardear, já que seu perfil também não é de política, e seu discurso não contém o kit mínimo indispensável à sobrevivência, pois, tal como Serra, não tem ironia nem mordacidade, o que fez de Dilma uma vencedora foi a fraqueza política de Serra e não atributos políticos inatos de Dilma. Ela venceu as eleições sem nunca ter sido candidata, e isto significa que o nosso sistema político prescinde do próprio candidato. Isso por si só já é um sinal alarmante de que não estamos numa democracia, mas em alguma outra coisa que não sabemos, mas que entretanto fizemos questão de fingir que é democracia. Uma candidata que não se elege com atributos pessoais, mas com uma estrutura suprapartidária sinaliza crise à frente.
Com um discursinho desmilinguido, Marina Silva conseguiu quase 20% dos votos. Não era uma lição para Serra perceber o erro em que tinha se metido? Com razão se dizia que Dilma não estava preparada para a presidência da República. Isso ela demonstrou nos primeiros dias de campanha, quando se viu que era uma pessoa cujo perfil era o de ser comandada e não o de comandar.
Mas esse é também o perfil de Lula. Não existe ninguém mais desprovido de condições de comando do que Lula. A menos para os bajuladores de plantão e os batedores de palmas de auditório. O que demonstra que o problema da capacidade de comandar nunca esteve em julgamento no pós-ditadura. Isto significa que uma geração inteira de brasileiros sequer entende o que significa política além de foguetórios e louvações. E nos dois casos, Serra foi o escolhido para dar combate a este embuste que renegou todas as reformas e silenciou em todas as mudanças sociais que o Brasil gritava 2 décadas atrás. E perdeu. Perdeu pelo silêncio e pela omissão. Perdeu pelo esquecimento e pela desconsideração com os próprios avanços que protagonizou.
O que ficou claro é que o Brasil precisa de um partido de oposição. Ou melhor, de um movimento apartidário de oposição. Um movimento que seja capaz de reunir intelectuais, de escrever um programa de reformas que o Brasil precisa, e que se disponha a arregimentar simpatizantes em todo o país. Em 2010 a coligação Brasil Pode Mais mostrou eleitoralmente que não pode nada porque não entendeu o Brasil. Está na hora de os brasileiros se darem conta de que precisam de um movimento político que seja efetivamente de oposição, e de preparar um candidato com a sorte de ter para seu adversário alguém tão insípido e mau político quanto José Serra, e tão desastrado quanto o PSDB e seus marqueteiros.
Fim
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