quarta-feira, 25 de novembro de 2009

176) Manobras pre-eleitorais do partido do governo

Dutra reúne-se com PMDB para discutir alianças estaduais
Cristiane Agostine e Paulo de Tarso Lyra, de Brasília
Valor Econômico, 25/11/2009

Partidos: Presidente eleito do PT diz que participará de toda a transição até a posse em fevereiro de 2010
Dutra: "Não tenho a ilusão de que vamos resolver agora os impasses. Mas temos de estabelecer um cronograma de trabalho"

O presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra (PT-SE), participa hoje de reunião com lideranças do PMDB para discutir as alianças estaduais entre as duas legendas. Apesar de a posse oficial ser apenas em fevereiro, durante o congresso nacional da legenda, ele vai compor informalmente o grupo que articula a candidatura presidencial de Dilma Rousseff. "Vou participar de toda a transição", disse o presidente eleito. Ele repetiu o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a dificuldade de aproximação com pemedebistas nos Estados. "Não tenho a ilusão de que vamos resolver agora os impasses. Mas temos de estabelecer um cronograma de trabalho", defendeu.

A prioridade na reunião de hoje deve ser o caso dos diretórios do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em ambos a disputa pela presidência do diretório estadual do PT deve ir ao segundo turno e o resultado poderá influenciar a aproximação ou não com o PMDB. "Em Minas, primeiro precisamos definir quem poderá ser o candidato do PT, para depois negociar com o PMDB se teremos candidatura própria ou não", comentou Dutra, referindo-se aos pré-candidatos, o ex-prefeito Fernando Pimentel e o ministro Patrus Ananias. No caso do Rio, Dutra fez questão de lembrar que o possível candidato apoiado pelo partido, o prefeito Lindberg Farias, não tem apoio da direção do PT. A cúpula apoia a reeleição do governador Sergio Cabral (PMDB).

A chapa vitoriosa de Dutra levará o ex-ministro José Dirceu de volta à direção da legenda. Petistas aliados a Dutra dizem que preferem Dirceu com assento no Diretório Nacional , para poder "limitar" a influência dele na articulação de alianças no país. "Hoje Dirceu está solto, articula em todos os Estados. Quando ele estiver na direção, a posição dele será submetida à de outros dirigentes", disse acreditar um petista aliado de Dutra.

A vitória de Dutra será oficialmente anunciada hoje à tarde, em entrevista na sede do PT, em Brasília. Até as 19 horas de ontem, com 64,85% das urnas apuradas, Dutra, da tendência Construindo um Novo Brasil liderava com 54,5% dos votos, seguido pelo deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), da Mensagem ao Partido, com 19,2%; de Geraldo Magela (PT-DF), que integra o Movimento PT e de Iriny Lopes (PT-ES), que faz parte da articulação de esquerda.

Segundo cálculos da direção petista, 40% dos 1,35 milhão de filiados compareceram às urnas no domingo para eleger o diretório nacional e todos os 27 diretórios estaduais - incluindo o do Distrito Federal. Apesar da adesão de menos da metade dos petistas, esse percentual repete a tendência verificadas nas duas últimas eleições diretas para a presidência do PT, realizadas em 2005 e 2007. "Se formos analisar que o voto não é obrigatório, é voluntário, o resultado foi expressivo. Em países onde o voto é facultativo a presença dos eleitores é de 35%, em média", apontou o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP).

Segundo o presidente do PT, apesar do aumento no número de militantes filiados, muitos destes novos petistas ainda não estão engajados nas atividades partidárias. Ele preferiu ressaltar o aumento absoluto no número de eleitores. "Em 2005, foram 314 mil votantes. Em 2007, foram 315 mil. Neste ano, a expectativa é de que o número fique entre 420 a 450 mil eleitores", completou Berzoini.

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