quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

202) Fronda Militar: comentario de Reinaldo Azevedo

CRISE MILITAR: SEU NOME É DILMA ROUSSEFF
Reinaldo Azevedo, 31/12/09 04:11

Ainda que eu tivesse cometido algumas injustiças com Lula, coisa de que discordo, de uma certamente eu o teria poupado: jamais o considerei um idiota. Nunca! Até aponto a sua notável inteligência política, coisa que não deve ser confundida, obviamente, com cultura. O governo vive, a despeito das negativas, uma crise militar. Que é muito mais grave do que se nota à primeira vista. Ela foi originalmente pensada nas mentes travessas de Tarso Genro, ministro da Justiça, e Paulo Vanucchi, titular da Secretaria Nacional de Direitos Humanos. Mas tomou consistência e corpo nos cérebros não menos temerários da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), candidata do PT à Presidência, e de Franklin Martins, ministro da Comunicação Social, hoje e cada vez mais o Rasputin deste rascunho de czarina que pretende suceder Lula.

O imbróglio não deixa de ser um ensaio geral do que pode ser um governo Dilma. Se vocês acham que a ópera, com o tenor Lula, tem lá seus flertes com o desastre, vocês ainda não sabem do que é capaz a soprano. A crise atual mistura temperamento macunaímico, sordidez e trapaça. Dilma, Franklin e Vanucchi, a turma da pesada que, no passado, optou pelo terrorismo e hoje ocupa posições no alto e no altíssimo escalões da República resolveu dar um beiço nos três comandantes militares. O tiro, tudo indica, saiu pela culatra. E sobrou uma lição aos soldados. Vamos devagar.

Tratemos um pouco do que vocês certamente já sabem e um tanto do que talvez não saibam. Na semana passada, a Secretaria Nacional de Direitos Humanos publicou um decreto, devidamente assinado pelo presidente Lula. Entre outras providências, instituía uma tal Comissão Nacional da Verdade para investigar crimes contra os direitos humanos cometidos durante o regime militar.

Pois bem. A questão havia sido negociada com os comandos militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. E olhem que estes senhores tinham ido bastante longe - e fica a lição: com essa gente, ceder um braço corresponde a ceder os dois, mais as duas pernas e também a cabeça. Os militares aceitaram a criação da tal comissão desde que o texto não restringisse a apuração de violações ao governo militar: também as organizações terroristas de esquerda teriam sua atuação devidamente deslindada.

É preciso dizer com clareza, não? Dilma Rousseff pertenceu a uma organização terrorista, homicida mesmo: a Vanguarda Popular Revolucionária. Franklin Martins também praticou terrorismo. O seu MR-8 seqüestrava e matava. Vanucchi foi da Ação Libertadora Nacional, o que significa dizer que era um servo do Manual da Guerrilha, de Carlos Marighella, um verdadeiro manual de… terrorismo, que pregava até ataques a hospitais e dizia por que os bravos militantes deviam matar os soldados.

Pois bem… Quiseram os fatos que estes três se juntassem, com o conhecimento de Tarso Genro, para redigir - alguém redigiu a estrovenga; falo de aliança política -, aquele decreto. E o combinado com os militares não foi cumprido: além de especificar que a Comissão da Verdade investigaria apenas um lado da batalha, há propostas singelas como estas:
- deetermina que as leis aprovadas entre 1964 e 1985 sejam simplesmente revogadas caso se considere que elas atentam contra a tal “verdade”;
- deetermina que os logradouros públicos e monumentos que tenham sido batizados com nome de pessoas ligada ao “regime” sejam rebatizados.

Vocês entenderam direito: Lula assinou um decreto que não só dá um pé no traseiro do alto comando como, ainda, anuncia, na prática, a EXTINÇÃO DA LEI DA ANISTIA - para um dos lados, é óbvio. É isto: eles tentaram rever a tal lei. Viram que isso não é possível. Decidiram, então, dar uma de Daniel Ortega, que mandou suprimir trechos da Constituição de que ele não gosta.

LULA SABIA
Já disse: não tomo Lula por idiota - porque só um idiota não saberia. Mas admito: muita coisa tem as digitais do presidente sem que ele tenha a menor idéia do que vai lá. Isso é possível, sim. É por isso que existe uma CASA CIVIL. Não há - NOTEM BEM: NÃO HÁ - decreto presidencial que não tenha a chancela desse ministério. É uma de suas funções - a rigor, é uma de suas principais tarefas.

Logo, funcionalmente, a responsável pelo texto é Dilma Rousseff. Que já se manifestou a favor da revisão da Lei da Anistia, ainda que dê outro nome ao que quer fazer. A questão é saber se Lula se comportou como um cretino ou como um irresponsável: se assinou algo dessa gravidade na inocência, sem ter sido advertido pela Casa Civil, então foi feito de bobo e tem de demitir Dilma. Se, como imagino, sabia muito bem o que ia lá e decidiu testar a elasticidade ou complacência dos militares, agiu como um irresponsável.

Demissão
Trapaceados, os três comandantes militares decidiram pedir demissão. Os generais de quatro estrelas se reuniram para tratar de um assunto não ligado à profissão pela primeira vez em muitos anos. A tal Comissão da Verdade terá de redigir um projeto de lei para ser enviado ao Congresso dando forma e caráter à tal investigação. Lula tem quatro opções:
1 - deixa o texto como está e negocia com os militares um projeto de lei que contemple a investigação dos dois lados;
2 - muda o decreto e o devolve ao que havia sido negociado;
3 - simplesmente recua do texto na íntegra;
4 - a quarta opção é dizer o famoso “ninguém manda nimim” e deixar tudo como está. Pois é… Só que o “tudo como está” pode significar uma crise sem precedentes, grave mesmo, com possíveis atos de indisciplina.

“A Lei da Anistia é um conquista do povo brasileiro, é seu patrimônio. E de milhares de pessoas que lutaram pela democracia. Por isso, mudá-la, na forma como querem fazer alguns, ou extingui-la é um atentado contra a própria democracia. É constrangedor assistirmos a cenas como essa”, afirma o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), presidente da Frente Parlamentar de Defesa Nacional.

Terão os comandantes militares se esquecido do modo como operam as esquerdas, de sua vocação para o ato sorrateiro, para as ações solertes? Só isso pode explicar aquela primeira concordância com a tal Comissão da Verdade. Do conjunto da obra, resta, pois, essa lição. E também há uma outra: em matéria eleitoral e nessa política que precisa de voto, Dilma é uma teleguiada de Lula: sem ele, ela não existe. Mas Dilma é quem é. e também quem foi Com um simples decreto, que passou por sua mesa de ministra da Casa Civil, criou-se o mais grave incidente militar do governo Lula. O projeto é tê-la agora na Presidência. Vimos como agem com quem tem armas. Dá para imaginar do que são capazes com quem não tem.

Encerro
O nome da comissão - “da Verdade” - só pode ser coisa de algum piadista infiltrado no grupo. Como não pensar imediatamente em 1984, de George Orwell. Essa gente tem um perfil totalitário de manual; são stalinistas do calcanhar rachado. Querem até rever o batismo de logradouros públicos, num daqueles atos típicos de reescritura da história.

Eis um país com Dilma Rousseff no topo. E com Franklin Martins no topo do topo.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

201) Fronda Militar: isso tambem fará parte da campanha presidencial...

Acredito que o episódio deve infletir, em algum sentido, o voto dos militares em 2010...

Decreto abre crise entre ministros
Lula promete rever Plano de Direitos Humanos após rebelião de comandantes militares
Evandro Éboli - BRASÍLIA
O Globo, 30.12.2009

O decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada criando Programa Nacional de Direitos Humanos provocou uma crise no governo e levou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e os três comandantes militares a entregar uma carta de demissão ao presidente.

Os militares ficaram irritados com o trecho do programa que prevê a investigação dos atos cometidos por agentes do Estado durante a ditadura e abre espaço para revisão da Lei de Anistia, que pode levar à condenação de oficiais daquela época. Lula não aceitou o pedido de demissão, argumentou que não tinha conhecimento do completo teor do programa e prometeu rever a parte do decreto que gerou o descontentamento. Lula ainda prometeu adiar o envio ao Congresso do projeto que cria a comissão encarregada de fazer as investigações sobre abusos durante a ditadura.

Jobim reuniu-se com Lula na Base Aérea de Brasília na terça-feira passada, um dia após o presidente lançar o plano. No encontro, não apenas manifestou a insatisfação da caserna como entregou a carta de renúncia coletiva. Antes de reunir-se com Lula, Jobim esteve com os comandantes Enzo Peri (Exército) e Juniti Saito (Aeronáutica).

O comandante da Marinha, o almirante Júlio Moura Neto, não estava na cidade, mas apoiou a iniciativa. Com a garantia de Lula de que o texto seria alterado, Jobim, no dia seguinte, seguiu para o Rio, onde reuniu-se com o Alto Comando. O ministro transmitiu a promessa de Lula aos generais, que, assim como os três comandantes, ficaram satisfeitos com as explicações e deram o assunto como encerrado.

Duas diretrizes do programa irritaram profundamente os militares: a criação da Comissão Nacional da Verdade e a possibilidade da revisão da Lei de Anistia. A comissão, cuja criação depende de aprovação do Congresso Nacional, terá amplos poderes para investigar fatos ocorridos na ditadura e colaborar com a Justiça para auxiliar na apuração de supostos crimes. O projeto deverá ser encaminhado ao Congresso até abril de 2010, mas Lula prometeu aos militares suspender o envio da proposta.

Os militares também argumentaram que o texto trata com desigualdade os dois lados e não prevê qualquer punição ou apuração dos atos cometidos por guerrilheiros e ativistas políticos contra agentes do Estado.

Jungmann: episódio fortalece Nelson Jobim
No capítulo que trata do “Direito à memória e à verdade”, o programa diz que o Brasil ainda processa com dificuldade o resgate sobre o que ocorreu com as vítimas da repressão. “A investigação do passado é fundamental para a construção da cidadania. Estudar o passado, resgatar sua verdade e trazer à tona seus acontecimentos caracterizam uma forma de transmissão de experiência histórica que é essencial para a constituição da memória individual e coletiva”.

O documento lembra que tramita no STF uma ação que contesta a interpretação de que a Lei de Anistia não permite a punição de militares que atuaram na repressão. “A ação solicita um posicionamento formal para saber se, em 1979, houve ou não anistia dos agentes públicos responsáveis pela prática de tortura, homicídio, desaparecimento forçado, abuso de autoridade, lesões corporais e estupro contra opositores políticos”.

Se confirmada a decisão de Lula em rever o decreto, o ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, sai enfraquecido. Ele é o mentor e coordenador do programa, que reúne centenas de ações em várias áreas, como segurança pública e educação. Vannuchi foi procurado pelo GLOBO, mas não retornou às ligações.

Em entrevista à Agência Brasil, estatal, no lançamento do programa, Vannuchi disse que o debate sobre esclarecimentos do que ocorreu na ditadura avançou no governo Lula e citou a discussão sobre limites e impunidades de torturadores.

— Uma interpretação correta da Lei de Anistia de 1979, não o senso comum que foi forjado e que tenta ser imposto até hoje — disse Vannuchi à Agência Brasil.

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), presidente da Frente Parlamentar de Defesa Nacional, disse que o episódio fortalece Jobim.

— Ele chamou para si a crise e fez prevalecer sua autoridade — disse Jungmann.

Jobim, procurado ontem, não quis se manifestar.

O coronel da reserva João Batista Fagundes, representante das Forças Armadas na Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, afirmou que não existem arquivos que possam trazer novas revelações sobre o período da ditadura.

— Sou testemunha que, por parte do Comando do Exército, sempre houve a maior boa vontade em trazer esses fatos à tona. Já falei com o general Enzo, que deu ampla carta branca para buscarem essas informações.

Saiba o motivo da discórdia
O plano anunciado no dia 21 de dezembro tem 25 diretrizes e mais de 500 propostas de ações nas mais variadas áreas:

PONTOS POLÊMICOS:
1. Criar um grupo de trabalho para apresentar, até abril de 2010, texto de projeto de lei propondo a criação da Comissão Nacional da Verdade. A comissão terá poder para apurar e esclarecer violações de direitos humanos durante o regime militar. A comissão poderá requisitar documentos e auxiliar investigações judiciais e deve divulgar relatório anual sobre suas atividades.
2. Criar um grupo de trabalho para propor junto ao Congresso a revogação de leis remanescentes do período 1964-1985 contrárias à garantia dos direitos humanos. A proposta foi interpretada como uma brecha para anular a Lei da Anistia.
3. Propor legislação proibindo pôr em ruas e logradouros públicos o nome de pessoas que tenham praticado crimes de lesahumanidade. E ainda propor a mudança de nomes de ruas já existentes.

OUTROS PONTOS DO PLANO:
1. Criar linhas de financiamento para centros de memória sobre o período da repressão.
2. Acompanhar os processos judiciais que buscam responsabilizar torturadores.
3. Divulgar, a cada três meses, relação de pessoas mortas ou feridas em ações de Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional de Segurança.
4. Propor projeto de lei tornando obrigatória a filmagem de interrogatórios de presos feitos pelas polícias.
5. Criar ouvidorias independentes nas polícias estaduais.
6. Apoiar projeto de lei que disponha sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo.
7. Regulamentar a taxação das grandes fortunas.
8. Elaborar relatório anual sobre a situação dos direitos humanos no país.
9. Reforçar as estruturas dos conselhos de direitos humanos nos estados e municípios.
10. Estimular a criação de institutos de pesquisa sobre direitos humanos.
11. Erradicar o trabalho infantil e a exploração sexual de crianças.

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Comentários dos leitores:

Luiza Fraga - Quem forja o quê? IP:189.25.49.xxx | 30-12-2009 11:21:06
O Ministro Vannuchi disse à Agência Brasil que, com esta Comissão da Verdade: “dar-se-á uma interpretação correta da Lei de Anistia de 1979, não o senso comum que foi forjado e que tenta ser imposto até hoje.”
"Imposto até hoje"? Como assim?Na esteira da Confecom, mais um golpe para jogar areia nos olhos de todos. Que baboseira é esta de senso comum forjado? A anistia foi dada para perdoar aos terroristas que queriam voltar ao país – não para os que defenderam o país. Se for assim, vamos começar uma poupança para indenizar Marcola, Beira-Mar,... afinal, estão presos....

Se houve abusos por parte de agentes do Estado em brutalizações aos seus internos, entendam-se, presos – nenhuma dúvida paira de que tem que ser apuradas. A pena é clara – privativa de liberdade, não da dignidade, da integridade física. E isso ocorre até hoje, doutos interlocutores. E deve ser igualmente rechaçado. Agora, prender quem seqüestrava, assassinava, explodia aeroportos e logradouros públicos,,,não é tortura, é Legítima Defesa do Estado.

Retomando o tema.
Este `revival` da lei de Anistia, esta “nova interpretação” tem um cheiro enorme de caça às bruxas, AGORA SIM, migrando de anistia ampla geral e irrestrita, para estreita, limitada e restrita. Restrita aos que, imediatamente se beneficiaram da Lei.

Isso é inacreditável!

A Lei de Anistia, 6683/79, quando votada, lotou o plenário do Congresso Nacional e, por 206 X 201, foi aprovada a anistia “aos crimes políticos praticados por motivação política”, além do perdão para cassados desde ’61 até aquela data. Assim foi iniciado o retorno ao país de velhos líderes, como também dos militares de esquerda banidos.

Esta foi a ratio legis, a Razão da Lei. Foi o primeiro ato marcante do governo do general João Batista Figueiredo, e que estava inserido no processo de abertura política "lenta, gradual e segura", assim chamada e iniciada no governo Geisel.

Portanto, Sr Vannuchi, quem quer dar nova interpretação é o Sr!!! Quem está ofendendo a inteligência do povo e dos que, para seu dissabor, estão alertas, é o Senhor. Quem quer forjar um novo senso comum é o Senhor, ofendendo às FFAA, dando, agora SIM, uma interpretação forjada, deturpada, venal ao texto legal é o Senhor.

Se hoje, podemos discutir neste nível, foi justamente por conta da lei que beneficiou ao Senhor e seus CUmpanheROS. Senão, estaríamos em uma Cuba II, e sabemos perfeitamente como os comunistas tratam seus desafetos, não é mesmo?

É Tribunal de Exceção.

Flak - revisão já IP:201.19.15.xxx | 30-12-2009 11:33:50
A lei da Anistia deve ser revista, sim. Todos os celerados comunas e simpatizantes esquerdosos que infelicitam o Brasil desde 1961 devem ser presos, julgados, condenados e os mais destrutivos, fuzilados. Imaginem como o Rio estaria melhor se Brizola tivesse sido deletado a tempo? E a corrupção, o quanto diminuiria sem Mulla, Dirceu e Genoíno? E a integridade nacional, muito mais preservada se tivessem abotoado o paletó do Minc a tempo? Sim, é preciso a imediata revisão da Anistia! Bem como a REVOGAÇÃO TOTAL das indenizações bilionárias a esses porcos canalhas e suas familias.

Lia - os sinos dobram IP:189.85.190.xxx | 30-12-2009 13:44:15
Pode-se esperar o quê de FFAA que não fazem nada contra um Ministro civil que usa camuflado sem ser das Forças??
E ninguém chia,ninguém tem coragem de dizer na cara dele,publicamente,que ele é um impostor ao fazer isso?

O que aconteria a qualquer pessoa que andasse por ai fardada sem ser de nenhuma das forças?Não é como o cara que usa farda da PM,colete da PF ou Civil para cometer crimes?Ou obter vantagens?

O ratão do sino pode é?

Aff,que nojo dos e patetas,Juniti,Saito e Moura Neto.Agora estão tendo chiliques??
Jogo de cena.Estão é adorando o circo todo.Afinal,sonham ser como os militares da China,da antiga URSS, da Coréia do Norte e que tais.Só assim militares têm prestígio total,podem tudo,são admirados nos tais desfiles onde ninguém pisca o olho.
Curioso como militares de democracias como os EEUU são tão malhados,vigiados nas atitudes,alvos de piadas e charges.E só agem quando chamados a isso.Morrem mais do que os dos países citados antes.

Não tem jeito,não tem volta.Dá até dó ver os empongados que servem nos quartéis,nas bases,frequentam escolas de aprendizes...A vida militar não atrai,a carreira não tem mais prestígio,
sempre olhados de lado,como seres desprezíveis( ó os seguidoress de 64!!.Antes fossem!são é aprendizes do que vão depois levar pra o crime,soldados do tráfico.Se selecionar quem entra,não entra ninguém.Só os malacos do obrigatório loucos pra saírem,vermelhos até a alma.

Dá pena,mas o avermelhamento das FFAA não é de agora.Como no Chile,por mais que façam ou tenham feito de bom,nunca prestam.O lema é "fiquem nos quartéis caladinhos e ganhem seu dinheirinho`.Simples assim.
FFAA no estilo tradicional,com a missão que ensejou a criação,só nas grandes potências,EEUU( já capenga tb) e seus inimigos.As demais viraram guardinhas municipais.Que triste...

Fabiano Azevêdo - Fundo do poço IP:201.9.186.xxx | 30-12-2009 14:36:13
Infelizmente os militares chegaram no ponto que Lula da Silva queria, ou seja, os comandantes militares, outrora ministros, chegaram em um ponto de total dependência da postergação proposta para colocar panos quentes sobre um problema que teve início no cérebro dos psicopatas do PT e terá um final trágico se os generais não falarem grosso.

Ou Lula determina o fim definitivo dessa nauseabunda tentativa de reescrever o passado - coisa que não é sua intenção - ou mais dia ou menos dia o Brasil reeditará a lei de anistia, seguindo os passos dos vizinhos de Mercosul.

Para uma instituição que um dia celebrou o reequilíbrio nacional, as Forças Armadas chegaram definitivamente no fundo do poço, dependendo dos humores de Toffoli, Jobim e Lula. Lamentável.

A matéria a seguir dispõe de enquete buscando definir se há ou não o interesse do povo brasileiro em investigar - unilateralmente, é claro - os crimes cometidos entre 64 e 85.

http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/12/30/tarso-genro-minimiza-controversia-entre-jobim-vannuchi-por-conta-do-programa-nacional-de-direitos-humanos-915405055.asp

Creso Magalhães - Armas x armação IP:189.25.68.xxx | 30-12-2009 15:03:53
Pegaram em armas; por elas foram derrotados. Agora querem ganhar no tapetão. Sei não, mas deveriam rever o propósito. Se é pra ganhar no tapetão, não reclamem, depois.

Zeca - Comissão da Verdade Já IP:200.255.9.xxx | 30-12-2009 15:18:10
É importante essa comissão da verdade, com certeza. Pois poderemos saber de todos os crimes cometidos nesse periodo negro da nossa história. Colocar uma pedra em cima, não vai fechar as feridas. Que todos que tenham cometidos abusos, tantos os militares, quanto os que lutavam contra a ditadura, que sejam julgados e punidos.

Da mesma forma que a África pós-segregação fez, só assim teremos um futuro mais promissor. Repito, quem não deve não tem o que temer.

Creso Magalhães - Bom começo IP:189.25.68.xxx | 30-12-2009 15:38:45
Paulo Vanucchi, para mostrar que está cheo de boas intenções - aquelas de que o inferno está repleto - poderia começar com o caso CELSO DANIEL, que tal?

Fabiano Azevêdo - Zeca - Comissão da Verdade Já IP:201.9.186.xxx | 30-12-2009 15:44:17
Zeca, a questão é que os sociopatas que morreram ou que foram presos / exilados não estavam lutando contra ditadura alguma, mas interessados em implantarem um regime político e social idêntico ao que era praticado em Cuba, China, URSS e todo o Leste Europeu.

Vale lembrar que a iniciativa da luta armada coube a eles, que iniciaram ações de terrorismo ainda no ano de 1966. Será que os atentados a civis inocentes por eles praticados serão auditados por essa "comissão da verdade"? Difícil, não?

Aloisio Rodrigues - Investiguem os terroristas, mi IP:189.61.0.xxx | 30-12-2009 16:39:03
O Zeca Carlos continua o mesmo. Ainda nos veremos.

A secretaria, sob a responsabilidade de um ex-membro de uma organização terrorista, se manifesta sobre pessoas, fatos, lugares, episódios e circunstâncias, pesquisando o que e onde convêm, escrevendo o que interessa, omitindo o essencial e escolhendo o que divulga. O secretário e seus aliados deveriam pesquisar os inquéritos e processos existentes na Justiça Militar – Superior Tribunal Militar e Auditorias Militares -, retirando não apenas dados e depoimentos que interessaram aos integrantes da Arquidiocese de São Paulo, responsáveis pela publicação do livro “Brasil-Nunca Mais, mas todos aqueles que permitissem o contraditório, inclusive depoimentos de próprio punho de militantes presos, apresentados em sessões ostensivas dos tribunais.
Deveriam, também, ler e pesquisar os livros “Rompendo o Silêncio”, “A Verdade Sufocada”, “A Grande Mentira”, “As Tentativas de Tomada do Poder”; da mesma forma que leram livros de Jacob Gorender, Élio Gaspari, Fernando Gabeira, Zuenir Ventura e outros. Os primeiros, essencialmente objetivos, nunca foram desmentidos, criticados, muito menos contestados com argumentos e provas. Existe, ainda, uma significativa e extensa bibliografia que pode e deve ser consultada, mas não é, pelo menos oficialmente, além de outros documentos a serem aproveitados, inclusive muitos depoimentos...

Finalizando, gostaria que a secretaria se manifestasse para:
a. confirmar e divulgar as torturas a que foi submetida a militante da VAR-Palmares Elizabeth Mendes de Oliveira -Rosa-, quando detida no Destacamento de Operações de Informações do II Ex no período de 29 de setembro a 16 de outubro de 1970;
b. identificar e divulgar as razões pelas quais o militante Monir Tahan Sab, também da ALN, foi abandonado em estado crítico de saúde, em outubro de 1971, pelos companheiros e “amigos” da organização. Se Monir está vivo, deve a presteza com que foi atendido pelo DOI e . encaminhado ao Hospital das Clínicas, além da segurança permanente por esse órgão para evitar que fosse “justiçado” pela ALN. O desejo de justiçamento é confirmado nos livros “A Revolução Impossível” de Luís Mir e “Mulheres que foram a luta armada” de Luiz Maklouf Carvalho. Esse atendimento gerou o agradecimento de Monir pelo tratamento recebido, em declaração de próprio punho arquivado na Justiça Militar e publicado no livro “A Verdade Sufocada” de Carlos Alberto Brilhante Ustra;
c. identificar os responsáveis pelo “justiçamento”de Rosalindo Cruz, “Mundico”, militante do PCdoB no Araguaia, em 1973, por determinação da comissão militar da guerrilha;
d. Identificar o(s) responsável(eis) pela morte do soldado do Exército Francisco Valdir de Paula, desaparecido no Araguaia desde 24 de julho de 1973; e
e. Por fim, inquirir publicamente integrante e ex do Comitê Central do PCdoB da década de 70 ainda vivos – José Renato Rabelo, Aldo da Silva Arantes e Haroldo Borges Rodrigues de Lima – , para esclarecer como jovens militantes do partido foram aliciados, instruídos, recrutados e incorporados à guerrilha no sudeste do Pará, abandonando seus familiares.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

200) Terrorismo Eleitoral (de baixo nível e com a colaboracao do Estadao)

Reproduzo, por enquanto sem comentários, dois posts do jornalista Reinaldo Azevedo, nos quais ele trata de matéria importante para a campanha presidencial.

DEPOIS DA ENTREVISTA DO PRESIDENTE DA PETROBRAS: QUALQUER DELINQÜÊNCIA É PERMITIDA? OU: COMO AGIR QUANDO O ENTREVISTADO MENTE? É LÍCITO AJUDÁ-LO A MENTIR?
Reinaldo Azevedo, 26/12/09

Pego o Estadão desta sexta, dia de Natal, e leio no alto da página: “Gabrielli diz que PSDB privatizaria Petrobras”. O jornal trazia uma entrevista que o presidente da Petrobras concedeu a Roberval Angelo Schincariol e Tatiana Freitas. A íntegra está aqui. A introdução é laudatória e tenta temperar o caráter do militante petista com clichês da baianidade. Os entrevistadores até se orgulham de um pequeno furo jornalístico, a saber: “Seu orixá é Obaluaiê, o “dono da terra”, como revelou à imprensa pela primeira vez nesta entrevista. Mas bem que o baiano José Sérgio Gabrielli poderia ser chamado de “príncipe do mar”. Em seus quase quatro anos à frente da Petrobrás, ele anunciou a conquista da autossuficiência brasileira em petróleo (2006); a descoberta do pré-sal (2007-2008); e a consequente listagem da Petrobrás entre as maiores companhias de energia do mundo.”

Se você conseguiu sobreviver até o Natal de 2009 sem saber que o orixá de Gabrielli é Obaluaiê, não posso prever que efeitos tal revelação há de provocar em sua vida de agora em diante. O que sei é que, em nenhum momento, o texto lembra que as mais importantes conquistas das Petrobras se deram em razão da quebra do monopólio, havida em1997, que permitiu a entrada do capital estrangeiro na exploração e produção. A informação aparece na página, numa pequena pílula, em que o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal, é chamado a responder àquela acusação que vai no título.

Reproduzo em vermelho (em itálico aqui) o trecho que trata da privatização. Volto em seguida:

O sr. acredita que se o presidente Lula não tivesse sido eleito em 2002 e reeleito em 2006, a Petrobrás teria chegado ao pré-sal no momento em que chegou?
Essa pergunta é difícil de responder diretamente. Eu diria o seguinte: até 2003, a Petrobrás estava sendo preparada para ter um conjunto de atividades com muita eficiência em vários ramos e com pouco ganho no sistema como um todo e estava sendo inibida no crescimento do seu portfólio de exploração. A partir de 2003, os investimentos aumentam, a Petrobrás tem uma participação mais ativa nos leilões, redefine sua organização interna de forma a ter um fortalecimento das atividades corporativas no conjunto da companhia e acelera a renovação de seus quadros. Isso foi uma mudança de orientação política na Petrobrás. Se seria possível atingir sucesso com a política anterior é difícil dizer. Agora, que o sucesso atual depende das mudanças feitas, isso é certo. Evidentemente que há muita sorte em encontrar petróleo. Mas apenas sorte não é suficiente. Você não perfura um poço a 300 km de distância da costa e a milhares de metros de profundidade só confiando que Deus é brasileiro.

Se o resultado da eleição tivesse sido outro, qual caminho o sr. acha que Petrobrás teria tomado?
Só posso reafirmar que a Petrobrás estava a caminho de se transformar numa empresa muito eficiente separadamente e que perderia a capacidade de integração entre as diversas áreas da companhia. Teria investimento e crescimento menores do que teve. Provavelmente teria menos preocupação com o controle nacional, portanto teria menos impacto no estímulo da indústria brasileira. Teria focado suas atividades em setores diferentes do que foram focados. E o resultado disso é difícil especular qual seria. Seria uma empresa diferente do que é hoje.

O sr. acha que ela poderia ter sido privatizada, por exemplo?
Como um todo, acho difícil. Mas partes dela poderiam (ter sido privatizadas). Seria difícil uma privatização total da Petrobrás, mas partes dela, sim.


Comento
Com a devida vênia ao Estadão, isso não é entrevista. Parece mais um gol de Thierry Henry. Trata-se de uma desmesurada condução. As intenções, aliás, já estavam anunciadas desde as primeiras palavras, quando os entrevistadores afirmam que as empresas estrangeiras do setor estariam preocupadas com a eventual eleição de Dilma Rousseff; já no caso de Serra ser eleito, ele tentaria mudar os marcos regulatórios do pré-sal. O atual governador de São Paulo jamais esboçou uma vírgula a respeito.

Entrevistadores e jornais têm de pôr o gravador à disposição do entrevistado, sem dúvida. Têm o dever profissional de ouvi-lo, mas também de confrontá-lo. A dupla deixou que Gabrielli exercesse à vontade o modelo “nunca antes na Petrobras”, como se as conquistas da empresa fossem apenas obra do governo Lula e da gestão do filho de Obaluiê… Até aí, vá lá, já perdi certas esperanças. MAS, DIANTE DA AFIRMAÇÃO DE GABRIELLI DE QUE OS TUCANOS TERIAM PRIVATIZADO PARTE DA PETROBRAS SE TIVESSEM VENCIDO, HÁ OBRIGAÇÕES DO JORNAL QUE SÃO INDECLINÁVEIS:

- O ESTADÃO ESTÁ OBRIGADO A DIZER QUE JAMAIS UM TUCANO APRESENTOU QUALQUER PROPOSTA DO GÊNERO;
- O JORNAL ESTÁ OBRIGADO A DIZER QUE OS TUCANOS CONSIDERAM ESSA ACUSAÇÃO AQUILO QUE ELA DE FATO É: FRUTO DE TERRORISMO ELEITORAL;
- NÃO BASTA ENTREVISTAR JOSÉ ANÍBAL. E VOU DEMONSTRAR POR QUÊ.

Qual é o padrão do Estadão?
Qual será, de agora por diante, o procedimento do Estadão? O entrevistado diz o que bem entende, com ou sem base na realidade, o jornal registra e parte para ouvir o agravado? Se os tucanos acusarem petistas de quererem instalar no país um regime que entrega aos companheiros todas as virgens, o que vai fazer o jornal? Publicar a acusação e o desmentido do PT? POIS EU DESAFIO A DUPLA ENTREVISTADORA, O ENTREVISTADO E A DIREÇÃO DO JORNAL A ME PROVAR QUE É MENOS VEROSSÍMIL O MONOPÓLIO PETISTA DAS VIRGENS DO QUE A PRIVATIZAÇÃO DA PETROBRAS. Se o Estadão publica uma coisa, estaria obrigado a publicar outra. OU O JORNAL PASSA A FAZER CAMPANHA ELEITORAL GRATUITA PARA O PT.

E o faz com ainda mais clareza quando publica a informação na primeira página — E COM O TÍTULO ERRADO. Errado? É. Na sua acusação delinqüente, mentirosa, sem fundamento, o presidente da empresa está se referindo ao passado, não ao presente. Lê-se na primeira página: “Grabrielli diz que PSDB privatizaria Petrobras”. MESMO ELE SENDO QUEM É, NÃO FOI ISSO O QUE ELE DISSE. Ele afirmou que “teria privatizado” — referindo-se, pois, ao passado. Ao optar simplesmente pelo “privatizaria”, o jornal muda o sentido da fala e a coloca como um suposto risco presente — ainda que na boca do dito-cujo.

Temos, assim, uma entrevista que começa nos informando, num furo fenomenal, o orixá de Gabrielli; que lhe atribui méritos que não são seus; que ignora as razões reais da conquista da Petrobras; que tenta ligar, sem qualquer evidência para isso, o candidato da oposição à pretensão de empresas estrangeiras e que levanta a bola para o entrevista do fazer uma acusação historicamente criminosa — porque mentirosa — e que vai parar na primeira página com o sentido distorcido, como se o original já não fosse asqueroso o bastante.

O NOME DISSO, REPITO, É CAMPANHA ELEITORAL. E Gabrielli sabe como fazer. Este filho de Obulauiê é jornalista. Conhece a área, não é mesmo? E já deu mostras de que não gosta da categoria — a menos que ela faça o trabalho que ele espera. NOTEM QUE A ACUSAÇÃO QUE O ESTADÃO LEVOU PARA A PRIMEIRA PÁGINA NÃO É FEITA NEM NAQUELE BLOG DA EMPRESA.

Perguntem ao Estadão qual é o padrão que o jornal vai seguir de agora em diante. Se for na base do acusou, publicou, sem confrontar o entrevistado, estamos diante de uma pequena revolução. E antes que me torrem a paciência com obviedades, a dupla entrevistadora tinha a obrigação de indagar: “Mas quais são as evidências ou, ao menos, os indícios de que o PSDB TERIA PRIVATIZADO partes da Petrobras?” E aquele faroleiro não teria o que dizer. Não teria porque ele estava inventando. Mas sua inventação foi parar, piorada, na primeira página.

Isso é perda de critério, perda de parâmetro. De todo mundo. De entrevistado, dos entrevistadores e do jornal. Que o presidente de uma empresa de economia mista se dê a esse desfrute, convenham, já é prova do rebaixamento dos usos e costumes da política brasileira. Mas, afinal, ele é um petista. E petistas não estão nem aí para as instituições. Que entrevistadores prestem um serviço tão evidente — e pouco me importa se têm ou não clareza disso — ao entrevistado, aí já estamos diante de uma doença que atinge a imprensa. Que o jornal consiga, na primeira página, piorar a mentira, aí, queridos, estamos diante daquele mal a que me referi há dias, comentando um outro jornal: A MARCHA PARA A IRRELEVÂNCIA.

O MAL DOS JORNAIS NÃO ESTÁ NA INTERNET. ESTÁ NOS JORNAIS. E SEU NOME É ADESISMO.

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TERRORISMO ELEITORAL
Reinaldo Azevedo, 27/12/09

Comentei ontem a, por assim dizer, entrevista de Sérgio Gabrielli a Estadão. Na dita-cuja, ele afirma que, se os tucanos tivessem vencido em 2002 ou 2006, ao menos parcelas da Petrobras teriam sido privatizadas. Trata-se de mentira e de terrorismo eleitoral. Mesmo assim, a acusação foi parar na primeira página do jornal e com o sentido distorcido contra os tucanos. Afirmei aqui um fato: o PSDB jamais tomou qualquer iniciativa nesse sentido. E, dadas a história e as lideranças do partido, jamais tomaria. Alguns leitores entenderam, então, que seu seria contrário à privatização da Petrossauro.

Eu? Vocês estão brincando??? Vendo até Jardim da Infância. O que escrevi é que o governo FHC jamais pensou no assunto e que tampouco José Serra, se eleito, a ele dedicaria um dedo de prosa. Isso nada tem a ver com as minhas convicções. Tem a ver apenas com os fatos. Será preciso civilizar muito a tigrada até que um debate como esse possa ser feito no país. Por muitas décadas ainda a Petrobras continuará a dizer como o Brasil deve se portar. Não fiz juízo de valor sobre privatizações. Apenas sustentei que as palavras de Gabrielli são mentirosas. E o desafiei a apresentar elementos — já que os jornalistas do Estadão não tiverem a curiosidade de indagar onde estavam — que corroborassem a sua tese. Ele não vai apresentar porque se trata de uma impossibilidade física. Tais elementos não existem.

Gabrielli está apenas fazendo terrorismo eleitoral, tarefa a que muita gente está dedicada neste momento — e aquilo que já começa a ser chamado de “imprensa tradicional” (vivendo seus “últimos dias de paupéria”) está cheio dele. Leiam esta nota na coluna de Elio Gaspari de hoje:

DIREITA, VOLVER
A marquetagem petista tem o sonho de transformar a eleição presidencial num plebiscito em torno da figura de Nosso Guia. Se o Padre Eterno lhe conceder essa graça, há outro pedido: que Ele ajude a empurrar José Serra para a direita. Alguns comissários acreditam que, aqui e ali, suas preces já foram ouvidas.


Viram só? Gaspari está vendo sinais de que Serra caminha “para a direita” — ou melhor, ele atribui tal “visão” aos petistas, mas, a exemplo de Gabrielli, também se dispensa de elencar os fatos. Pra quê. Sim, manifestação de terrorismo eleitoral! O jornalista em questão, como sabem, costuma escrever para os que habitam “o andar de cima” (como ele gosta) intelectual. Já um Gilberto Dimenstein não tem essas veleidades. Como poderia? Num troço chamado “Pensata” da Folha Online, escreve o que segue — recomenda-se cuidado aos de estômago fraco. Volto em seguida:

Se alguém quiser saber a relação entre eleições e escolaridade, basta ler o artigo publicado por Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha.
Segundo seu artigo, se os eleitores fossem mais informados, a eleição presidencial já estaria empatada –com Dilma e Serra em torno de 37%.
Chega-se a essa conclusão a partir de uma informação: o número de eleitores que votariam, com certeza, num candidato indicado por Lula. Ocorre que uma percentagem deles não sabe que Dilma é candidata de Lula –isso depois de tantas imagens dos dois juntos, bombardeadas há tanto tempo.
Daí se vê como é difícil, devido à baixa escolaridade, ter debates mais profundos. Se uma parte do eleitorado nem sabe que Dilma é a candidata do Lula (outros, aliás, nem sabem que ela é candidata), imagine quantos estarão informados para entender e acompanhar os debates sobre o futuro do país.
Isso ajuda a fazer das campanhas basicamente shows, com poucos debates –e cada candidato tenta tirar maior proveito da desinformação.


Voltei
Leitores me mandaram e custei a crer que fosse verdade, confesso. Fui conferir para ver se não se tratava de uma dessas correntes da Internet. Não! Está lá mesmo. Ele realmente escolheu o fundo do poço. Para começo de conversa, imaginem se um articulista qualquer sugerisse que eleitores do PT são ignorantes… O mundo viria abaixo.

Em segundo lugar, o artigo a que ele se refere não afirma nada disso. Isso é puro Gilberto Dimenstein. Devo supor, então, que foi fruto da ignorância, não de uma escolha, a eleição de Lula em 2002 e em 2006? Dada a tal baixa escolaridade, a democracia brasileira estará, então, condenada até que o problema seja superado? O que quer este senhor? Primeiro a gente educa a população, dá escola adequada, e só depois oferece democracia? Se Dilma vier a empatar com Serra, o déficit educacional estará equacionado? Caso ela vença, ele terá sido vencido?

Dimenstein escreve mal, coitado!, coisa que todo mundo com um mínimo de intimidade com a língua já sabe. E seu texto torto é fruto de seu pensamento torto. Mas não tem os sensores tão prejudicados que não saiba o nome do que pratica: CAMPANHA ELEITORAL. Ademais, é evidente o corolário do seu raciossímio: mais informação, mais votos no PT…

Arrematando
Sempre digo tudo aos leitores, não é? Alguns vigaristas, pretendendo desqualificar a crítica que aqui se faz, acusam: “Vejam lá o que Serra MANDOU ele escrever”. É mesmo? Eu, porque escrevo o que escrevo, estaria sob as ordens de Serra. E eles? Porque escrevem o que escrevem, estariam sob as ordens de quem? Vai ver eu sou mais burrinho do que outros e prefira a contramão, não é mesmo?

Quanto à petralhada, que imagina que tudo tem um preço, dizer o quê? Se eu estivesse à venda, não custa lembrar que há um lado que pagaria bem mais… Essa gente se acostumou com o ódio gratuito — e o amor muito bem remunerado — de seus subjornalistas de serviços.

domingo, 27 de dezembro de 2009

199) A estrategia da candidata oficiosa: novo desenvolvimentismo

'Novo desenvolvimentismo' de Dilma prega Estado forte
AE - Agencia Estado
domingo, 27 de dezembro de 2009

SÃO PAULO - A plataforma de governo da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência, será embalada pelo mote do "novo desenvolvimentismo". O modelo defendido pelos petistas para escapar do rótulo da mera continuidade do governo Lula mescla incentivos ao investimento público e privado com distribuição de renda. Embora o programa de Dilma ainda esteja em discussão, a cúpula do PT e o Palácio do Planalto já têm um diagnóstico: a nova concepção de desenvolvimento exige restabelecer o planejamento econômico de longo prazo e o papel do Estado forte.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer colar em Dilma o carimbo do "novo desenvolvimentismo" para enfrentar os espinhosos debates sobre gasto público com o PSDB do governador de São Paulo, José Serra, pré-candidato ao Planalto. É com essa marca que Dilma vai aparecer na campanha. Até agora, os eixos do projeto sob análise do PT são ciência, tecnologia e inovação, pré-sal, meio ambiente e matriz energética, educação, reconstrução do sistema de saúde, programas de moradia, como o Minha Casa, Minha Vida, transporte de massas e saneamento básico.

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), carro-chefe da propaganda de Dilma, não será tratado apenas como plano de obras, mas, sim, como "uma estratégia de desenvolvimento", como diz texto da corrente Construindo um Novo Brasil, hegemônica no PT. A meta do partido para os próximos anos é crescer de 6% a 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

O comando da campanha de Dilma está certo de que o PSDB vai atacar o governo com o discurso da gastança e já se prepara para o contra-ataque na área fiscal. A despesa de custeio da União saltou de R$ 23 bilhões, em 2002, para R$ 32 bilhões, em 2008 - cifra equivalente à inflação do período, de 40% -, mas economistas do governo garantem que esses gastos tiveram crescimento porcentual muito superior na gestão tucana em São Paulo, na mesma época.

No duelo com o PSDB, o Planalto pretende derrubar a pecha de gastador invertendo a lógica do argumento pejorativo. Dilma dirá que a maior despesa foi com o pagamento de benefícios sociais, vinculados ou não ao salário mínimo - como Bolsa-Família, aposentadorias, pensões e seguro-desemprego -, melhorando a distribuição de renda e o mercado de consumo de massas.

Para o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), a campanha petista mostrará que o Brasil pode ser a quinta economia do mundo. "Depois de resolver o impasse macroeconômico e estabelecer o paradigma de que é possível distribuir renda crescendo, queremos dar um salto", disse Berzoini.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

sábado, 26 de dezembro de 2009

198) O partido hegemonico pouco hegemonico...

Nem Lula no "topo" ajuda PT no Sudeste
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Folha de São Paulo, 26.12.2009

Partido corre risco de não eleger governador em nenhum dos 3 Estados mais importantes da região, onde está a maior fatia do eleitorado
PSB se converte na quarta força nos Estados, depois de PSDB, PMDB e PT; DEM, em declínio, não tem nomes de peso para ressurgir em 2010

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem a popularidade mais alta entre todos os ocupantes do Palácio do Planalto pós-ditadura militar (1964-1985). Mas o seu partido, o PT, continua a patinar em grandes centros quando se trata de disputar governos estaduais.
Nos três mais importantes Estados da região Sudeste, que concentram a maioria do eleitorado, de novo os petistas correm o risco de não eleger nenhum governador em 2010.
Nunca um petista governou São Paulo ou Minas Gerais. No Rio de Janeiro, só houve uma fugaz experiência com Benedita da Silva, que era vice-governadora e assumiu a cadeira de titular por nove meses, a partir de abril de 2002, porque Anthony Garotinho renunciou para concorrer a presidente.
Em 2010, o PT dá a largada no processo eleitoral sem nenhum candidato considerado competitivo em São Paulo. "Já sabemos que ali não ganhamos. Teremos de 30% a 35%", tem dito, de maneira resignada, o líder do PT na Câmara, o paulista Cândido Vaccarezza.
No Rio, a direção nacional do partido se esforçou nas últimas semanas para eliminar as chances do único quadro partidário interessado na disputa, o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias. Na eleição do diretório fluminense, venceu a corrente contra a candidatura própria. O partido caminha para apoiar a tentativa de reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB).
Em Minas Gerais, o PT tem dois postulantes conhecidos ao Palácio da Liberdade: o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome) e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel.
Mas uma parcela da cúpula petista prefere ficar fora da disputa. Acha melhor apoiar o pré-candidato do PMDB, o ministro Hélio Costa (Comunicações), pois assim haveria um palanque mineiro mais sólido para Dilma Rousseff, que concorrerá a presidente pelo PT.
Há uma opção preferencial no PT pelo projeto nacional, de manter a legenda no comando do Palácio do Planalto. Várias concessões deverão ser feitas em nome desse projeto, comandado por Lula.

Terceira força
Com essa participação anêmica em eleições estaduais, o PT deve se manter em terceiro lugar quando se considera o número de eleitores governados localmente, atrás de PSDB e PMDB, nessa ordem. A posição foi conquistada em 2006, quando a sigla foi vitoriosa em cinco Estados: Acre, Bahia, Pará, Piauí e Sergipe.
Desses, só a Bahia tem relevância de primeira grandeza, pois abriga 9,3 milhões de eleitores (7% do total do país). Essa massa de eleitores supera o total somado (8,6 milhões) de todos os outros quatro Estados governados por petistas.
A maior conquista do PT em 2006 foi imposta sobre um adversário marginal hoje no jogo nacional, o DEM (antigo PFL). O partido, sob o comando de Antonio Carlos Magalhães, morto em 2007, governava a Bahia desde 1990 até ser desalojado por Jaques Wagner.
No momento, o DEM não tem nenhum governo estadual. Havia vencido no minúsculo Distrito Federal (1,8 milhão de eleitores e só 1,3% do total do país). Mas o governador de Brasília, José Roberto Arruda, acabou sendo carbonizado por um esquema de mensalão descoberto em novembro. Pressionado, saiu da legenda.
Não há neste final de 2009 pesquisas eleitorais recentes para todos as unidades da federação. A Folha considerou o que há disponível e compilou os dados nesta página -sempre indicando o instituto responsável pelo levantamento, a data da coleta das informações e as margens de erro. Quando se levam em conta esses cenários, nota-se que o DEM tem como maior perspectiva a eleição da senadora Rosalba Ciarlini para o governo do Rio Grande do Norte -só 2,2 milhões de eleitores (1,7% do país).
O DEM também tem esperança na Bahia, Mato Grosso, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins. Mas ninguém na sigla imagina ser possível voltar aos tempos áureos de 1998, quando ainda se chamava PFL e conseguiu eleger seis governadores para comandar 19% dos eleitores brasileiros -Amazonas, Bahia, Maranhão, Paraná, Rondônia e Tocantins.
Com a desidratação do DEM, oposição no Brasil em disputas estaduais agora se resume, em grande parte, ao PSDB. O partido continua sólido no Sudeste, sobretudo por causa da hegemonia obtida em São Paulo desde 1994, com a vitória de Mário Covas (1930-2001).
De lá para cá, só tucanos sempre estiveram à frente dos 29,5 milhões de eleitores paulistas (22,4% do país).
Segundo o Datafolha, Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes, pontua de 50% a 54% e, se a eleição fosse hoje, venceria no primeiro turno.
Em Minas Gerais, o tucano Aécio Neves está em campanha aberta para fazer de seu vice, Antonio Anastasia -um técnico nunca testado nas urnas-, o sucessor no Palácio da Liberdade. Na última pesquisa Datafolha, apesar de não ser um político conhecido, Anastasia já pontua acima dos 10% em todos os cenários.
De 1994 até hoje, o PSDB foi em todas as eleições o líder em número de eleitores governados nos Estados, pois sempre foi vitorioso nos maiores colégios. Em 1994, ano de lançamento do Plano Real (que iniciou a estabilização da economia), os tucanos foram bem sucedidos no chamado "triângulo das Bermudas" da política brasileira, composto por São Paulo, Rio e Minas Gerais -55 milhões de eleitores, o equivalente 42% do total do país.
Naquele ano, Fernando Henrique Cardoso também foi eleito presidente da República. No plano estadual, além dos três do Estados do Sudeste, o PSDB conquistou Ceará, Pará e Sergipe -foi o suficiente para somar 66,7 milhões de eleitores (50,6% do país). Como em 1998 os tucanos perderam Minas Gerais e Rio de Janeiro, nunca mais uma sigla conseguiu tamanha supremacia eleitoral quando se consideram, juntos, a Presidência e os principais governos estaduais.
Em 2010, o PSDB deve entrar com candidatos competitivos em oito Estados, mas sofre desde já um grande revés no Rio Grande do Sul. A governadora gaúcha, a tucana Yeda Crusius, enfrentou uma bateria de acusações e uma ameaça de impeachment. Ficou no cargo, mas sua popularidade se liquefez: tem apenas 5% das intenções de voto, segundo o Datafolha, e é a governadora que tem pior avaliação no ranking estadual do instituto, em 10º lugar.
Antes, os tucanos também já tinham perdido a Paraíba. O Estado era governado por Cássio Cunha Lima, que vencera o pleito em 2006. Acusado de utilizar programas sociais para a distribuição irregular de dinheiro, via cheques, ele foi cassado pela Justiça Eleitoral no início deste ano. A cadeira foi para José Maranhão (PMDB).

Os coadjuvantes
Enquanto PT e PSDB disputam a Presidência da República, dois partidos -PMDB e PSB- ficam de coadjuvantes do processo nacional, mas vão consolidando a força estadual.
Hoje, o PMDB tem nove Estados cujo eleitorado somado é de 36,9 milhões (28% do país). No plano federativo, portanto, tem mais peso que o PT.
O PSB só tem três governadores (Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte), mas é a quarta maior sigla do país quando se trata de eleitores governados: 14 milhões (10,6%).
Em Pernambuco, o atual governador, Eduardo Campos, lidera todas os cenários pesquisados pelo Datafolha e tem chances de vitória no primeiro turno. "O PSB também fará uma bancada perto de 50 deputados na Câmara em 2010", diz Campos, que também é o presidente nacional do PSB.
No PMDB, os levantamentos eleitorais disponíveis mostram que o partido pode até ampliar o número de governos relevantes. Tem, por exemplo, candidatos competitivos em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, hoje sob domínio tucano.
Uma possível perda para o PMDB deve ser o Paraná. O atual governador, Roberto Requião, quer lançar como sucessor o seu vice, o também peemedebista Orlando Pessuti -mas ele não passa de 5% na pesquisa Datafolha.
Em todos os cenários atuais, ainda muito preliminares, já é possível enxergar pelo menos um fato que diferencia 2010 de 2006 em termos de disputas estaduais. No ano que vem, o presidente Lula e sua candidata ao Planalto, Dilma Rousseff, entrarão em campanha com mais da metade dos governadores atuais como aliados do governo federal. Há quatro anos, a situação era inversa, com a maioria dos governadores trabalhando contra a reeleição de Lula.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

197) Presidencia tambem é cultura...

Pausa para humor (mas, o problema é que é tudo verdade):

Enquete na coluna do jornalista Augusto Nunes
Acesso em 24.12.2009

Destas quatro declarações depois do almoço, qual reflete com mais clareza o estilo, o preparo intelectual e o pensamento do presidente Lula?

* "Está cheio de piratas. Hoje eu vi, aí, na televisão, piratas sequestrando navio aí, pelo lado da Somália, daqui a pouco aparece um pirata para pegar o nosso pré-sal. Então, nós temos que nos cuidar
* "Eu já disse várias vezes: Freud dizia que tem algumas coisas que a humanidade não controlaria. Uma delas eram as intempéries".
* "Se o mundo fosse quadrado ou retangular e a gente soubesse que está 14 mil km de distância dos centros mais poluidores, torce pra ficar só lá. Mas o mundo gira e a gente também passa lá embaixo".
* "Eu quero saber se o povo está na merda e quero tirar o povo da merda em que ele se encontra".
* "Quando ficar pronta, a transposição será a piscina mais comprida do mundo. Os astronautas vão poder ver os canais como se vê a Muralha da China".

(Pra: Ganha, por 47%, adivinha qual? Sem saber, eu votei nessa mesma...)

196) Chapa presidencial Serra-Marina

Pessoalmente, acho que a Marina e seus sectários colegas de partido não concordarão com a hipótese, talvez sob a alegação de que o Serra seria muito "à direita" (seja lá o que isso queira dizer), mas cabe considerar a hipótese...

A chapa cabocla
Diogo Mainardi
Revista Veja, edição 2145 - 30 de dezembro de 2009

"Uma chapa formada por José Serra e Marina Silva embaralharia a campanha de 2010, pegando o PT no contrapé e enterrando de vez a desastrada candidatura de Dilma Rousseff"

Os dois juntos, na mesma chapa. Quem? José Serra e Marina Silva. Isso mesmo: José Serra, presidente, e Marina Silva, vice-presidente.

A ideia ainda é embrionária. Só é debatida no interior de um grupelho do PSDB. Mas ganhou impulso na semana passada, depois que Aécio Neves renunciou à candidatura presidencial e assoprou para a imprensa petista que rejeita terminantemente uma vaga de vice-presidente na chapa de José Serra - a chamada chapa puro-sangue. Apesar de todos os apelos do PSDB, Aécio Neves repetiu aos seus interlocutores que pretende candidatar-se ao Senado e dedicar-se integralmente à campanha para eleger seu sucessor em Minas Gerais, Antonio Anastasia.

Uma chapa presidencial formada por José Serra e Marina Silva - a chapa cabocla ou, melhor ainda, a chapa mameluca - embaralharia a campanha de 2010, pegando o PT no contrapé e enterrando de vez a desastrada candidatura de Dilma Rousseff. O plano petista de contrapor Lula a Fernando Henrique Cardoso - o único atributo que, depois de muito empenho, os marqueteiros conseguiram arrumar para Dilma Rousseff - iria para o beleléu, considerando que Marina Silva, por mais de cinco anos, também fez parte do governo Lula. E a impostura bolivariana de que o PSDB defende o interesse dos ricos e o PT defende o interesse dos pobres seria imediatamente desmascarada. Em matéria de pobreza, ninguém pode competir com Marina Silva.

José Serra e Marina Silva saíram do armário duas semanas atrás, em Copenhague, na COP15. Um elogiou o outro, um apoiou as propostas do outro. Eles conseguiram até deter o aquecimento global, congelando o Hemisfério Norte e matando de frio algumas dezenas de poloneses. José Serra já está com a campanha presidencial pronta. O que ele representa é a "continuidade sem continuísmo". Para o eleitorado, ele manterá as conquistas de Fernando Henrique Cardoso e de Lula, e ainda poderá dar um passinho adiante. Apesar de atemorizar os banqueiros, José Serra é capaz de sossegar o lulista mais conservador. Se Marina Silva concordasse em se unir a ele, sua candidatura ganharia também um aspecto mais moderno, um caráter mais inovador.

Marina Silva, por outro lado, como candidata a vice-presidente poderia dar um sentido prático à sua plataforma ambiental, coordenando essa área no futuro governo José Serra. Reinaldo Azevedo, em seu blog na Veja on-line, disse que Marina Silva, mais do que candidata a presidente, é candidata a santa. Cruzei com ela recentemente e confirmo: ela levita. Elegendo-se na chapa de José Serra, ela teria a possibilidade de, finalmente, voltar a pisar no chão.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

195) Continua a pilantragem de palanque, com as mistificacoes eleitoreiras habituais

E onde está a Justiça Eleitoral? Castrada, como sempre?

NO MORRO DO ALEMÃO E EM MANGUINHOS, LULA, CABRAL E DILMA METEM DINHEIRO NA MEIA, NA CUECA, NA BOLSA…
Reinaldo Azevedo, 23/12/09

O presidente Lula, a candidata à Presidência pelo PT, Dilma Rousseff, e o governador Sérgio Cabral (PMDB), que vai disputar a reeleição, participaram ontem da inauguração de apartamentos no Morro do Alemão e em Manguinhos, no Rio. Fizeram campanha eleitoral aberta, clara, rasgada. E ilegal! Eis o problema: a lei deixou de ser uma referência para a política e para os políticos. Ao contrário: quando alguém se lembra de cumpri-la, certos setores são tomados de verdadeira indignação… cívica!!! Quando políticos usam recursos públicos, a exemplo do que o grupo fez ontem, em benefício de seu partido ou das próprias candidaturas, estão, de modo oblíquo, metendo dinheiro na meia, na cueca, na bolsa de couro. Trata-se de uma apropriação de recursos públicos. E é por isso que a lei coíbe tal prática. Pior ainda: os discursos de Lula e Dilma são um primor de autoritarismo e de desprezo pela democracia. O de Cabral, como de hábito, faz a política parecer um circo, de que ele é o Torresmo.

Comento daqui a pouco a linguagem empregada na cerimônia de ontem. Quero insistir na questão legal porque resta evidente que mesmo aqueles setores da sociedade que deveriam se encarregar de vigiar os abusos — entre eles, a imprensa — abrem mão espetacularmente de seu papel. E não se caracterizam só pela omissão, não. Está em curso a exaltação da ilegalidade, que está sendo chamada por certos colunistas de “profissionalismo”. Assim, todas aquelas transgressões acintosas à lei que se viram ontem no Alemão e em Manguinhos seriam, na verdade, fruto da esperteza e da competência. Já é um clichê e um truísmo: um governo que trabalha com valores corrompidos acaba corrompendo também a sociedade. É o que vemos.

Os governadores de Estado cassados pelo TSE por “abuso do poder econômico” eram aprendizes de feiticeiro perto do que se viu em Manguinhos e no Morro do Alemão. E, no entanto, estão fora. A Justiça Eleitoral só age quando provocada. A oposição poderia “provocá-la” o quanto fosse. Nada aconteceria. A instância que tem poder para pegar alguns peixes de porte médio não tem musculatura para enfrentar os tubarões. Seria perda de tempo. Mas, a dar bola para certo colunismo, errado está o governador José Serra, que se nega a entrar nessa lama legal para a qual Lula insiste em arrastá-lo. Faz muito bem! Não tem de entrar mesmo. É claro que o país e a democracia precisam de uma oposição competitiva. Mas precisa também de uma oposição que respeite a lei, já que o governo não a respeita.

Em Manguinhos, a “candidata” Dilma anunciou a “continuidade do governo Lula” porque “temos certeza de que não vamos deixar o Brasil voltar atrás”. E Lula emendou: a não-continuidade — que, na linguagem dos valentes, corresponderia à não-eleição de Dilma — poria em risco as obras que estão em andamento: “Se elas pararem, será um retrocesso para o Brasil”. É claro que se trata de um terrorismo eleitoral pedestre. E, é evidente, o presidente cantou as próprias glórias, sugerindo que, antes de seu governo, o país estava parado. As obras em curso derivariam da iniciativa do governo federal, o que é piada. Não! Não é uma piada! É uma mentira! O PAC é uma fantasia.

Segundo Dilma, “o Brasil foi um país muito desigual porque abandonou, voltou as costas, porque não tinha uma política para as populações mais pobres”. E mais: “O presidente Lula, até pela sua própria experiência de vida, nunca deixou de colocar o seu governo a favor dos mais pobres. Estamos acabando com o abandono e a absoluta falta de consideração”. Nem me ocupo, porque já fiz isso muitas vezes, de demonstrar que se trata de uma escancarada mistificação. Até os petistas devem saber disso. O que impressiona é que essa é uma linguagem de palanque.

E, se Lula gosta de um palanque, Cabral não fica atrás. Em clima de programa de auditório, Cabral chamava as pessoas ao “palco-palanque” para entregar as chaves e as convidava a discursar. Teve de ouvir da moradora Angélica Gomes da Rocha: “Meu filho tinha 16 anos, morreu na covardia, com policiais, dentro da Mandela de Pedra. Disseram que tinha troca de tiros, mas não tinha.” Era uma pobre real assaltando o espaço da fantasia. Mas Cabral estava em dia de êxtase. Aproveitou para lançar o nome de Lula para a Secretaria Geral da ONU (seria uma punição merecida!). Também disse que o presidente já meteu o “pé na merda”. Definitivamente, os governistas decidiram falar “merda” em seus discursos.

A favela de Manguinhos e o Complexo do Alemão são áreas sob o domínio do narcotráfico. A festança que se viu lá ontem só aconteceu porque esses digníssimos representantes do estado brasileiro negociaram com seus homólogos daquele outro país onde mandam os traficantes. Eles deram a autorização para o que o chefe de estado do Brasil, sua ministra e o governador do asfalto entrassem ali.

Ah, claro: antes do circo eleitoral, Lula concedeu uma entrevista a uma rádio em que afirmou que o governador José Serra não seria um bom técnico de um time — era o nosso “Chance” metaforizando, fazendo a política se parecer com um jogo de futebol… A isso, reitero, certa imprensa chama, de modo boçal, de “profissionalismo”, como se política “fosse assim mesmo”. E, sabemos, não é. Em nenhuma democracia do mundo.

Isso é só mais uma contribuição para o contínuo rebaixamento institucional da política — na verdade, do país. E parte da imprensa naufraga junto. Em vez de censurar o desmando, cobra do pré-candidato de oposição que faça o mesmo. Porque fazer o errado, o ilegal, passou a ser visto como sinal de esperteza. Lula oferece a corda. E essa imprensa a que me refiro a coloca alegremente no pescoço.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

194) Lula: a (des)construção do mito

O poder e a glória
Marco Antonio Villa
Folha de S.Paulo, 20.12.2009

O culto ao presidente Lula chegou a tal ponto que não causará estranheza se alguma edição popular da Bíblia iniciar com: "No princípio, Lula criou...". Inegavelmente, ele é, até este instante, o maior mito da nossa história.

Esse fenômeno nasceu nos anos 70, ainda durante o regime militar. Foi produzido por um conjunto de fatores. De um lado, pela ausência de novas lideranças sindicais, produto da supressão das liberdades pelo regime militar. Por outro, devido à repressão que atingiu o Partido Comunista Brasileiro, além das cisões do final da década de 60. O PCB acabou perdendo espaço no movimento operário. E a pequena influência que manteve foi por meio de alianças com os sindicalistas conhecidos como pelegos.

Foi nesse campo aberto que apareceu Luiz Inácio Lula da Silva, em 1977. Tinha sido eleito, dois anos antes, presidente do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo.

Após a divulgação por esta Folha do relatório do Banco Mundial, em que ficou demonstrado que o índice de inflação de 1973 tinha sido manipulado por Delfim Netto, então ministro da Fazenda, Lula iniciou uma campanha pela reposição salarial. Não obteve resultado, mas chamou a atenção da imprensa nacional.

O novo líder operário foi imediatamente adotado por alguns intelectuais de São Paulo. Eles criticavam Vargas, o PCB e o populismo. Ambicionavam participar da grande política, mas não tinham voto.

A eles se somaram os derrotados da luta armada, também sem influência popular, e os membros das comunidades eclesiais de base, da Igreja Católica. Estes últimos obtiveram ampla inserção nos movimentos sociais, que surgiram nos anos 70, mas careciam de formação política sólida.

Sustentado por essas três vertentes, Lula foi incensado como líder popular: antipopulista, anticomunista e católico. Em pouco tempo, transformou-se na maior referência do sindicalismo. As greves de 1978-1980, dirigidas de forma atabalhoada, fizeram a transição de líder sindical para dirigente partidário.

Em 1980, foi um dos fundadores do PT e seu primeiro presidente. Outra vez Lula foi usado como referência de ruptura. O PT seria o primeiro partido de trabalhadores do Brasil, apagando a história de mais de 60 anos dos partidos operários.

Anos antes, os mesmos intelectuais haviam transformaram Lula no primeiro sindicalista "autêntico" do ABC, mas a região teve movimentos grevistas desde a década de 20.

Tudo o que falava era considerado original, sábio. Quando exagerava na dose -como numa entrevista, em 1979, em que elogiou a "determinação" de Adolf Hitler-, era perdoado.

Durante 20 anos participou de cinco eleições. Ganhou uma, em 1986, eleito deputado constituinte. Mesmo assim, o mito não foi abalado. Pelo contrário, os intelectuais do partido transformaram as derrotas em vitórias políticas, sempre encontrando alguma razão para os fracassos.

O processo de construção mítica foi ampliado depois da eleição de 2002. Todos os êxitos do governo foram creditados a ele, e as dificuldades e problemas de difícil resolução a curto prazo foram imputados a uma herança maldita dos governos anteriores, especialmente da presidência FHC. Continuou contando com a colaboração entusiástica de intelectuais. Tudo o que falava ou fazia era considerado extraordinário. Era uma espécie de Espinosa de São Bernardo do Campo.

Na crise do mensalão, o encanto não foi quebrado. Tudo teria sido tramado pela imprensa golpista. Mais uma vez, a figura de Lula era o divisor de águas. O caixa dois teria sido colocado de ponta-cabeça. Os destinatários dos recursos não contabilizados seriam o partido e a campanha. Era a corrupção positiva, companheira.

Com a reeleição, o mito chegou ao auge. Ultrapassou as fronteiras nacionais. O ufanismo entrou na ordem do dia. O delírio do presidente que foi ungido em Caetés para libertar o Brasil tomou conta do noticiário. Como nas ditaduras do "socialismo real", o presidente foi considerado infalível. Se Stálin, pouco antes de morrer, dissertava sobre linguística, Lula passou a explicar até as variações climáticas.

Porém, como o mito foi construído em vida, corre o risco de o próprio Lula ajudar a destruí-lo. Se perder a eleição de 2010, terá de descer do Olimpo. As críticas à sua liderança irão crescer, inclusive dentro do PT.

Há muito deixou de ouvir contestações e negativas dos que o cercam. Os áulicos só dizem sim. O todo-poderoso voltará ao mundo real. O mito vai resistir?

Marco Antonio Villa, 54, é professor de história da UFScar (Universidade Federal de São Carlos) e autor, entre outros livros, de "Jango, um Perfil".

193) Um deputado especialmente sincero, coloca todos os partidos na corrupcao (inclusive o seu)

Biscaia: “A corrupção também contaminou o PT”
Rodolfo Torres
Congresso em Foco, 21/12/2009 (video)

Em entrevista exclusiva à TV Congresso em Foco, deputado petista aponta caixa dois e elaboração do orçamento como as grandes mazelas da política brasileira

O deputado fluminense Antonio Carlos Biscaia escolheu o PT para ser seu partido porque enxergava na legenda uma exceção no que diz respeito à preocupação com a ética na política. No dia 7 de dezembro, na entrega do Prêmio Congresso em Foco, a TV Congresso em Foco encontrou, porém, um deputado que se revelava desgostoso. Em entrevista exclusiva, Biscaia constatou que a corrupção e a falta da ética na política são mazelas que perpassam todos os partidos, o PT inclusive.

A pergunta feita a Biscaia era sobre o recém descoberto mensalão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido). Questionava-se como o eleitor analisaria o tema nas eleições do ano que vem diante do fato de que havia uma denúncia de mensalão para cada um dos principais partidos e forças na disputa pela sucessão do presidente Lula. Biscaia, que recebia naquela noite o diploma por ter sido considerado pelos jornalistas que cobrem o Congresso o deputado que mais combate a corrupção, foi duro na resposta.

“A corrupção contamina todos os partidos. Lamentavelmente, o PT também”, disse Biscaia. “Eu, que vim para o PT pela questão ética, ele também foi contaminado”. Para o deputado do Rio de Janeiro, o discurso da defesa da ética, que muitos partidos empunharam, desmoralizou-se, revelou-se falso. Biscaia avaliou que a “mãe de todas as corrupções” é a corrupção eleitoral. Questões como caixa dois nas eleições, avalia o deputado, precisam ser duramente combatidos. “Enquanto isso não for enfrentado com vigor, vai ser muito difícil avançar”, comenta.

Outro ponto destacado por Biscaia são os recorrentes escândalos que envolvem a elaboração do orçamento da União. Essa lei, que deveria ser a mais importante a ser votada a cada ano, acaba se tornando sempre um espaço para desvios, manipulações e corrupção.

192) Uma opiniao (construtiva, ao que parece) sobre a candidata oficial...

Vai, minha filha, ajuda!
Ricardo Noblat
O Globo, 21.12.2009

— Se o clima fosse um banco eles já o teriam salvo.
(Hugo Chávez, presidente da Venezuela, sobre a reunião de Copenhague)
Tudo bem que a eleição de Dilma Rousseff para presidente da República dependa acima de tudo da capacidade de Lula de transferir votos para ela. Haverá transferência. O que ninguém sabe é se será suficiente.
Mas convenhamos: Dilma tem de fazer sua parte.
Foi um fiasco, por exemplo, seu desempenho na conferência sobre o clima em Copenhague.
Que melhor cenário poderia ter sido montado para Dilma desfilar como apóstola da preservação do meio ambiente? Apóstola seria um exagero. A senadora Marina Silva (PV-AC) é quem tem jeito de apóstola.
Desafetos apontam Dilma como adepta do desenvolvimento a qualquer preço — o que é um exagero.
Copenhague foi uma oportunidade desperdiçada por ela.
Primeiro trombou com o ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente. Desautorizou uma declaração dele que em nada criaria embaraços para a posição do Brasil na conferência.
Em seguida trombou com Marina e o governador José Serra (PSDB).
Os dois propuseram que o Brasil doasse um bilhão de dólares para a criação de um fundo internacional de financiamento de medidas de adaptação e redução de emissões de gases nos países pobres.
Dilma rebateu a proposta sem pensar que ficaria mal na foto: “Um bilhão de dólares não faz nem cosquinha”.
Mais tarde provou o remédio amargo que empurrara goela abaixo de Minc — acabou desautorizada por Lula.
Ao pedir aos países desenvolvidos que se comprometessem com metas concretas de defesa do meio ambiente, Lula disse que o Brasil estava disposto, sim, a doar dinheiro para o tal fundo.
E ainda houve o que muitos atribuíram a um ato falho de Dilma. Em uma de suas intervenções antes que Lula chegasse a Copenhague, Dilma afirmou em discurso por escrito: “O meio ambiente é, sem dúvida nenhuma, uma ameaça ao desenvolvimento sustentável”.
Pobre redator do discurso.
Da forma como a frase foi construída é improvável que ele tenha escrito: “O meio ambiente não é, sem dúvida nenhuma, uma ameaça ao desenvolvimento sustentável”. Nesse caso, o “sem dúvida nenhuma” teria sido extirpado em favor da clareza. Dilma leu o que foi escrito.
Culpa não lhe cabe.
Coube-lhe o desgaste pela trapalhada. Sorte dela que não tenham vazado durante o encontro inconfidências cometidas por seus próprios assessores. O desgaste teria sido ainda maior. Dilma cobrou do governo da Dinamarca tratamento conferido apenas a chefes de Estado.
Não obteve.
Ao desembarcar, pretendia entrar direto em um carro e se mandar do aeroporto. Não conseguiu. Estava disposta a driblar detectores de metal.
Não conseguiu. Exigiu que lhe servissem comida especial — conseguiu. Requisitou para uso exclusivo uma copiadora capaz de imprimir a cor — conseguiu também.
Distante dos marqueteiros, por sua própria conta e risco, Dilma foi Dilma em estado puro.
Talvez tenha sido mais feliz assim. Recentemente, ela admitiu que cansou de ouvir conselhos para mudar determinados traços do seu temperamento.
Decidira não tentar mais parecer com o que não é.
A simpatia não é o seu forte.
Por que penar para ser simpática? Quem convive com ela a reconhece como uma executiva eficiente e talentosa, embora centralizadora.
E na maioria das vezes ríspida com seus subordinados.
Gosta de mandar — um ponto positivo para quem aspira ao cargo mais importante do país. E não gosta de ser contrariada.
Ora bolas! Por que fazer de conta que a dama de ferro esconde uma espécie de Dilminha paz e amor? Lula é quem domina a requintada arte de se comportar como um camaleão.
É grosseiro em particular com os que o cercam.
Em público é doce com eles.
Em particular diz muitos palavrões.
Só falou merda uma vez em público.
Políticos são atores — Dilma sabe. Falam em campanha o que a distinta plateia quer ouvir — Dilma sabe. E não dão um passo sem pesquisar antes seus efeitos — Dilma sabe. Portanto, ou ela segue as regras ou perde de véspera.
Lula ainda não chegou ao ponto de operar milagres

domingo, 20 de dezembro de 2009

191) Censura nos meios de comunicacao: melhor prevenir antes

Este blog, voltado precipuamente para os temas das eleições presidenciais de 2010, e em geral para questões da política brasileira e de processos afins, raramente publica opiniões ou posicionamentos de entidades partidárias ou de personalidades políticas, a menos que isso tenha a ver com a informação acerca daqueles temas acima citados.
A censura (ou tentativa de) aos meios de comunicação não faz parte, normalmente, de minhas preocupações pessoais, posto que este blog é inteiramente livre de qualquer censura, servindo justamente para a disseminação de informações e análises relevantes nos campos que são os seus.
O comunicado abaixo, do Partido Federalista Brasileiro (que confesso não sei se existe legalmente, ou se é apenas um projeto), não se destina a qualquer campanha partidária ou sequer significa apoio às suas teses e posições. Ele vai transcrito apenas porque toca numa questão que considero relevante no atual cenário informativo brasileiro: a liberdade total de comunicação e de expressão de opiniões políticas. Num momento em que um grande jornal brasileiro, O Estado de São Paulo, teve cerceada sua liberdade de informação num caso que envolve um dos muito bandidos e corruptos que infernizam a vida brasileira, creio ser importante lutar pela total liberdade de expressão e de opinião, que alguns celerados querem controlar e talvez reprimir, segundo opiniões manifestadas em recente encontro patético em Brasília.
Vai, sem meu endosso expresso, mas apenas porque julgo ser o tema suficientemente importante para ser tratado neste blog.
Paulo Roberto de Almeida (20.12.2009)

Nota Oficial do do Partido Federalista
NÃO AO CONTROLE DA EXPRESSÃO!


O Partido Federalista, na defesa inarredável da Liberdade e dos melhores princípios da Democracia, do Federalismo pleno das autonomias estaduais e municipais, vem de público se pronunciar sobre a inapropriada CONFECOM – Conferencia Nacional de Comunicação, recentemente encerrada. À vista das “convergências” e acordos resultantes das discussões e votações de discutíveis representantes da mídia em geral, com escusos objetivos de forçar legislação que estabeleça formas de monitoramento de conteúdo publicado no Brasil, declaramos:

1. A expressão das idéias, de opiniões, de notícias, enfim de tudo que se caracterize como informação não pode jamais ser monitorada por qualquer órgão, estatal ou privado, sob pena de se dar início a formação de circunstâncias para a progressiva constituição de um Estado Totalitário;

2. Os federalistas e todos os que amam a Liberdade são absolutamente contra qualquer forma de centralização e monopolização da informação, independentemente do modo que venha a se propor, não se aceitando nenhum sofisma, nenhum eufemismo, sob nenhuma justificativa. São completamente inapropriadas tais conferências com escusos objetivos, pois a liberdade de imprensa não se discute, se exerce.

3. Um Estado de Direito, muito mais sólido do que um Estado Democrático de Direito – já que é sob esta forma que agem os contrários à Liberdade, ou que não enxergam com o que estão “brincando” - se pauta pela manutenção concreta e perpétua de princípios que são perfeitamente interpretáveis por qualquer juízo quando as liberdades ultrapassam os limites do bom senso, responsabilizando civil e penalmente aquele que faltar com a verdade, falsear fatos, prejudicando vidas e instituições estatais ou privadas. É a justiça do peso e contra-peso que regula por si só, o papel de bem informar;

4. Uma Nação só prospera com a Livre Iniciativa, além é claro, da Liberdade de Expressão. As empresas, incluindo as da Imprensa, não podem ser cooptadas por uma falsa democracia que, através do controle popular dos meios de comunicação, incluindo até mesmo seus respectivos negócios, visam estabelecer uma espécie de sovietização dos processos produtivos, começando pela mídia. Seria o fim da liberdade de expressão. Ninguém é obrigado a ler, ouvir ou assistir o que não quer, e cabe somente ao setor privado identificar públicos e demandas específicas para programação e linhas editoriais. Nenhuma empresa de mídia produz o que não vende. E ninguém compra – revistas, programas, jornais e qualquer produção cultural – da qual não goste, seja de produção nacional ou internacional.

5. Não se deve condenar nem mesmo a liberdade editorial de um determinado veículo, do ponto de vista ideológico, pois este estará exercendo seu direito de livre expressão. E isso só interessa entre tal empresa e o seu público consumidor. Qual é o problema de um veículo de mídia ser liberal, de direita ou esquerda? Propugnamos pelo fim da insidiosa e burra rotulagem dos órgãos de imprensa, conclamando apenas que todos sejam realmente independentes, único meio de preservar a própria liberdade editorial e até de expressão. É o único meio de circular pela Nação todas as correntes de pensamento, reforçando progressivamente a capacidade de cognição objetiva e subjetiva dos consumidores de informação.

6. Somos veementemente contra também qualquer marco regulatório – mais um eufemismo – sobre a internet, como pretendido pelo Ministério da Justiça. A internet é o mais fantástico meio de troca de informações em tempo real, atingindo dezenas de milhões de pessoas, ampliando sobremaneira as possibilidades de qualquer pessoa publicar seu próprio conteúdo e ter acesso a milhões de outros, e controlá-la seria o mesmo que adentrar em conversas privadas dentro das casas de todos os brasileiros. Inaceitável trazer para o Brasil os controles, ainda que em parte, praticados em países como a China, Cuba, Coréia do Norte.

Conclamamos a toda a Imprensa e todos os brasileiros a, como fazemos agora, engrossarem as frentes contra mais essa tentativa de cercear um dos mais valiosos direitos civis, pois ao permitirmos isso, especialmente por omissão, abriremos as portas para o inimaginável controle do Governo Central sobre tudo e todos.

Brasília, DF, 19 de dezembro de 2009.
Partido Federalista
Thomas Korontai
Presidente Nacional
www.federalista.org.br

Pela autonomia dos estados!
Pela autonomia legislativa, tributária, judiciária e administrativa dos estados – Descentralização dos Poderes!

sábado, 19 de dezembro de 2009

190) Eleicoes na internet: estrategias dos candidatos

A disputa na arena digital
Alexandre Oltramari
Veja, 19.12.2009

Os políticos brasileiros estão se armando para usar bem a internet em 2010. A rede oferece várias maneiras de chegar aos eleitores – e-mails, newsletters, blogs e a criação de websites interativos são as mais comuns. A fronteira das redes sociais já começa também a ser desbravada. Nessas redes as pessoas criam páginas em que seus amigos e os amigos dos amigos trocam informações de interesse comum, formando extensas comunidades virtuais. Entre elas a mais dinâmica é o Twitter, serviço de troca de mensagens curtas com até 140 caracteres que se tornou uma febre mundial. Nele, as pessoas se interligam de um modo peculiar: elas seguem e são seguidas. Um tuiteiro de muito sucesso pode ter milhares de seguidores. Seguir significa cadastrar-se no Twitter de alguém e, então, habilitar-se a receber automaticamente todas as mensagens mandadas por aquele usuário.

Na política, o Twitter pode funcionar como um palanque eletrônico com muito maior potencial para dar uma estocada em um adversário do que para construir uma reputação. Imagine um candidato a governador que consiga, por exemplo, 50 000 seguidores em seu Twitter e que, em média, cada um dos seus seguidores tenha, digamos, outra centena de seguidores. Cada mensagem desse político chegaria quase instantaneamente a 5 milhões de pessoas. Uma velha raposa da política comparou o papel eleitoral do Twitter ao poder que os padres católicos desfrutavam nas paróquias do interior do Brasil nos anos 50 e que os pastores protestantes têm hoje: Padre ajuda pouco e atrapalha muito. Ou seja, uma palavrinha a favor de um político dita no púlpito não motiva muito, mas uma ameaça de excomunhão, que pode ser feita com menos de 140 caracteres, se espalha destrutivamente com o poder das fofocas entre os paroquianos.

A pedido de VEJA, a empresa Direct Labs monitorou durante uma semana os quase 10 milhões de usuários de Twitter no Brasil. O interesse era descobrir o que os tuiteiros andam falando dos candidatos potenciais à Presidência da República em 2010. A Direct Labs valeu-se do Scup, um serviço digital que monitora o conceito de pessoas e empresas no mundo digital. O Scup rastreia as conversações dos chamados perfis abertos (usuários que não acionaram os mecanismos de privacidade do Twitter). Para a pesquisa pedida por VEJA, os analistas cruzaram os nomes dos candidatos com os adjetivos associados a eles nas trocas de mensagens dos tuiteiros brasileiros entre 8 e 14 de dezembro. Com base nesses dados, foi possível obter uma boa ideia da imagem do candidato.

Os analistas captaram as referências eletrônicas ao governador de São Paulo, José Serra, à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao deputado federal Ciro Gomes e à senadora Marina Silva, prováveis candidatos à sucessão do presidente Lula. As menções aos presidenciáveis foram lidas 8 milhões de vezes. A senadora Marina Silva, que trocou o PT pelo PV, é a menos citada, mas é a que aparece mais frequentemente associada a palavras de admiração. Em termos eleitorais, qual é o significado da pesquisa para os candidatos? Pequeno. Infelizmente para Marina e felizmente para Dilma e Serra, os mais lanhados nas mensagens entre os tuiteiros, eles não formam um grupo de pessoas com a cara da média do eleitorado brasileiro. Mais de 90% dos tuiteiros do Brasil vivem no Sudeste e no Sul – quase a metade mora em São Paulo e tem entre 21 e 25 anos. Majoritariamente, são pessoas solteiras (82%) e com alto nível de escolaridade (70% têm ensino superior completo ou cursam pós-graduação).

Ainda assim é importante saber o que esse grupo privilegiado de brasileiros pensa de seus políticos. A boa reputação no mundo virtual é importante porque ela pode transpor a fronteira da rede e ajudar a formar a opinião de quem não acessa a internet, diz Marcelo Brandão, marketeiro político. O deputado federal Fernando Gabeira, do PV do Rio de Janeiro, sabe disso. Gabeira montou uma equipe que atualiza seu Twitter constantemente. Diz ele: Parte do que é publicado ali acaba repercutindo até na televisão. A equipe de Dilma Rousseff considera a ferramenta essencial para o sucesso da candidatura da ministra. Seus marqueteiros recrutaram Ben Self, um dos operadores da campanha virtual de Obama. Serra, que é um fervoroso tuiteiro, ainda não se mexeu nesse campo com objetivos eleitorais, mas pode-se esperar para breve uma ardente disputa entre eles na arena digital.

189) Nova pesquisa eleitoral: poucas surpresas, por enquanto

Na Folha de domingo, Datafolha; cenário de agosto não se repete
Reinaldo Azevedo, 19/12/09

A Folha deve publicar neste domingo a pesquisa Datafolha. A anterior do instituto é de meados de agosto. O cenário mudou. Não me refiro à desistência de Aécio, certamente posterior ao levantamento.
Em agosto, Heloisa Helena aparecia em todas as simulações do instituto como candidata. Num dos cenários, o quatro, com Aécio como o nome tucano e sem Ciro, ela até liderava. Ela já disse que vai se candidatar ao Senado. Seu partido, o PSOL, tenta costurar um acordo com Marina Silva.
A candidata do PV apareceu na pesquisa anterior do Datafolha, mas, ainda assim, vejam lá, com a representante do PSOL. Vejam a evolução dos cenários testados pelo Datafolha desde o ano passado.

CENÁRIO UM - COM SERRA E CIRO
Candidato Serra
03/2008: 38
11/2008: 41
03/2009: 41
05/2009: 38
08/2009: 37

Candidata: Dilma
03/2008: 3
11/2008: 8
03/2009: 11
05/2009: 16
08/2009: 16

Candidato: Ciro
03/2008: 20
11/2008: 15
03/2009: 16
05/2009: 15
08/2009: 15

Candidata: Heloisa Helena
03/2008: 14
11/2008: 14
03/2009: 11
05/2009: 10
08/2009: 12

CENÁRIO DOIS - COM AÉCIO E CIRO
Candidato: Ciro
03/2008: 31
11/2008: 25
03/2009: 25
05/2009: 24
08/2009: 23

Candidata: Dilma
03/2008: 4
11/2008: 9
03/2009: 12
05/2009: 19
08/2009: 19

Candidata: Heloisa Helena
03/2008: 19
11/2008: 19
03/2009: 17
05/2009: 15
08/2009: 17

Candidato: Aécio
03/2008: 15
11/2008: 17
03/2009: 17
05/2009: 14
08/2009: 16

CENÁRIO 3 - COM SERRA, SEM CIRO
Candidato: Serra
11/2008: 47
03/2009: 47
08/2009: 44

Candidata: Dilma
11/2008: 10
03/2009: 13
08/2009: 19

CENÁRIO 4 - COM AÉCIO, SEM CIRO
Candidata: Heloisa Helena
11/2008: 27
03/2009: 26
08/2009: 24

Candidata: Dilma
11/2008: 12
03/2009: 16
08/2009: 24

Candidat: Aécio
11/2008: 23
03/2009: 22
08/2009: 20

CENÁRIO 5 - COM SERRA, AÉCIO, H.HELENA E CIRO
Candidato: Serra
11/2008: 36
03/2009: 35
05/2009: 35
08/2009: 32

Candidata: Dilma
11/2008: 7
03/2009: 11
05/2009: 14
08/2009: 16

Candidato: Ciro
11/2008: 14
03/2009: 14
05/2009: 14
08/2009: 14

Candidata: Helois Helena
11/2008: 12
03/2009: 12
05/2009: 10
08/2009: 12

Candidato: Aécio
11/2008: 12
03/2009: 12
05/2009: 9
08/2009: 10

188) Pesquisa eleitoral: Serra vence no primeiro turno

NO VOX POPULI, PROGRAMA NO PT NÃO FAZ DILMA CRESCER; SEM CIRO, SERRA VENCERIA A DISPUTA NO PRIMEIRO TURNO
Reinaldo Azevedo, 19/12/09

O Vox Populi divulgou a pesquisa feita depois que o programa político do PT foi ao ar, em que Dilma Rousseff foi a grande estrela. O resultado deste levantamento ao menos não é nada animador para a petista. Vejam os cenários abaixo. Os número da primeira coluna das simulações referem-se ao levantamento feito entre 4 e 7 de dezembro; os da segunda, ao feito entre 11 e 14. No Vox Populi, Dilma desafiou aquela lógica de que eu havia falado aqui. Mesmo depois da propaganda e mesmo depois das enchentes em São Paulo — e da cobertura, como direi?, anti-Serra que lhe dispensam os jornais —, ela não cresceu, e o governador de São Paulo não caiu.

CENÁRIO UM - COM SERRA E CIRO
Candidato: 4 a 7/12 - 11 a 14/12
Serra 39 - 39
Dilma 17 - 18
Ciro 13 - 17
Marina 8 - 8

CENÁRIO DOIS - COM AÉCIO E CIRO
Candidato: 4 a 7/12 - 11 a 14/12
Aécio 25 - 24
Ciro 19 - 23
Dilma 15 - 17
Marina 10 - 11

CENÁRIO TRÊS - COM SERRA, SEM CIRO
Candidato: 4 a 7/12 - 11 a 14/12
Serra 43 - 46
Dilma 20 - 21
Marina 10 - 11

CENÁRIO 4 - COM AÉCIO, SEM CIRO
Candidato: 4 a 7/12 - 11 a 14/12
Aécio 29 - 28
Dilma 21 - 24
Marina 13 - 15

Como se nota, o programa eleitoral, no levantamento do Vox Populi, não trouxe qualquer alteração para Dilma Rousseff. Ao contrário até: no cenário em que Ciro não disputa, Serra ampliou a sua vantagem: passou de 23 pontos para 25. Com 46 pontos, ele venceria a disputa no primeiro turno.

O Vox Populi insistiu em testar aqueles cenários em que o candidato aparece com um vice. Repetiu o estranho procedimento que testa a chapa Aécio/Ciro, por exemplo, uma possibilidade remotíssima, mas não verifica como o eleitor veria a chapa Serra/Aécio. Em todo caso, vamos ver os resultados.

CENÁRIO UM
Serra/Kátia Abreu 44%
Dilma/Temer 21%
Marina/Guilherme Leal 10%

CENÁRIO DOIS
Aécio/Ciro Gomes 35%
Dilma/Temer 21%
Marina/Guilherme Leal 13%

CENÁRIO TRÊS
Serra/Kátia Abreu 38%
Dilma/Temer 20%
Ciro/Paulinho da Força 12%
Marina/Guilherme Leal 9%

Também nesse caso, a dupla Serra/Kátia Abreu venceria a disputa no primeiro turno. Na hipótese em que Ciro disputa tendo como vice Paulinho da Força, o tucano e a senadora do DEM ficam bem perto de vencer já na primeira rodada, no limite da margem de erro.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

187) Aecio Neves: um pré-candidato desiste da candidatura...

A CARTA DE AÉCIO

“Belo Horizonte, 17 de dezembro de 2009.

Presidente Sérgio Guerra,

Companheiros do PSDB,

Há alguns meses, estimulado por inúmeros companheiros e importantes lideranças da nossa sociedade, aceitei colocar meu nome à disposição do nosso partido como pré-candidato à Presidência da República.

Como parte desse processo, defendi a realização de prévias e encontros regionais que pudessem levar o PSDB a fortalecer a sua identidade e integridade partidárias.

Assim o fiz, alimentado pela crença na necessidade e possibilidade de construirmos um novo projeto para o país e um novo projeto de País.

Defendi as prévias como importante processo de revitalização da nossa prática política. Não as realizamos, como propus, seja por dificuldades operacionais de um partido de dimensão nacional, seja pela legítima opção da direção partidária pela busca de outras formas de decisão. Ainda assim, acredito que teria sido uma extraordinária oportunidade de aprofundar o debate interno, criar um sentido novo de solidariedade, comprometimento e mobilização, que nos seriam fundamentais nas circunstâncias políticas que marcarão as eleições do ano que vem.

A realização dos encontros regionais foi uma importante conquista desse processo. O reencontro e a retomada do diálogo com a nossa militância, em diversas cidades e regiões brasileiras, representaram os nossos mais valiosos momentos. A eles se somaram outros encontros, também sinalizadores dos nossos sonhos, com trabalhadores, empresários e outros setores da nossa sociedade.

Ouvindo-os e debatendo, confirmei a percepção de um País maduro para vivenciar um novo ciclo de sua história. Pronto para conquistar uma inédita e necessária convergência nacional em torno dos enormes desafios que distanciam nossas regiões umas das outras, e em torno das grandes tarefas que temos o dever de cumprir e que perpassam governos e diferentes gerações de brasileiros.

Ao apresentar o meu nome, o fiz com a convicção, partilhada por vários companheiros, de que poderia contribuir para uma construção política diferente, com um perfil de alianças mais amplo do que aquele que se insinua no horizonte de 2010. E as declarações de líderes de diversos partidos nacionais demonstraram que esse era um caminho possível, inclusive para algumas importantes legendas fora do nosso campo.

Defendemos um projeto nacional mais amplo, generoso e democrático o suficiente para abrigar diferentes correntes do pensamento nacional. E, assim, oferecer ao país uma proposta reformadora e transformadora da realidade que, inclusive, supere e ultrapasse o antagonismo entre o “nós e eles”, que tanto atraso tem legado ao País.

Devemos estar preparados para responder à autoritária armadilha do confronto plebiscitário e ao discurso que perigosamente tenta dividir o País ao meio, entre bons e maus, entre ricos e pobres. Nossa tarefa não é dividir, é aproximar. E só aproximaremos os brasileiros uns dos outros, através da diminuição das diferenças que nos separam.

O que me propunha tentar oferecer de novo ao nosso projeto, no entanto, estava irremediavelmente ligado ao tempo da política, que, como sabemos, tem dinâmica própria. E se não podemos controlá-lo, não podemos, tampouco, ser reféns dele…

Sempre tive consciência de que uma construção com essa dimensão e complexidade não poderia ser realizada às vésperas das eleições. Quando, em 28 de outubro, sinalizei o final do ano como último prazo para algumas decisões, simplesmente constatava que, a partir deste momento, o quadro eleitoral estaria começando a avançar em um ritmo e direção próprios, e a minha participação não poderia mais colaborar para a ampla convergência que buscava construir.

Durante todo esse período, atuei no sentido de buscar o fortalecimento do PSDB.

Deixo a partir deste momento a condição de pré-candidato do PSDB à Presidência da República, mas não abandono minhas convicções e minha disposição para colaborar, com meu esforço e minha lealdade, para a construção das bandeiras da Social Democracia Brasileira.

Busco contribuir, dessa forma, para que o PSDB e nossos aliados possam, da maneira que compreenderem mais apropriada, com serenidade e sem tensões, construir o caminho que nos levará à vitória em 2010.

No curso dessa jornada, mantive intactos e jamais me descuidei dos grandes compromissos que assumi com Minas, razão e causa a que tenho dedicado toda minha vida pública.

Ao deixar a condição de pré-candidato à Presidência da República, permito-me novas reflexões, ao lado dos mineiros, sobre o futuro.

Independente de nova missão política que porventura possa vir a receber, continuarei trabalhando para ser merecedor da confiança e das melhores esperanças dos que partilharam conosco, neste período, uma nova visão sobre o Brasil.

É meu compromisso levar adiante a defesa intransigente das reformas e inovações que juntos realizamos em Minas e que entendemos como um caminho possível também para o País. Continuarei defendendo as reformas constitucionais e da gestão pública, aguardadas há décadas; a refundação do pacto federativo, com justa distribuição de direitos e deveres; e a transformação das políticas públicas essenciais, como saúde, educação e segurança, em políticas de Estado, acima, portanto, do interesse dos governos e dos partidos.

Devo aqui muitos agradecimentos públicos.

À direção do meu partido e, em especial, ao senador Sérgio Guerra pelo equilíbrio e firmeza com que vem conduzindo esse processo.

Aos companheiros do PSDB, pelas inúmeras demonstrações de apoio e confiança.

Manifesto a minha renovada disposição de estar ao lado de todos e de cada um que julgar que a minha presença política possa contribuir, seja no plano nacional ou nos planos estaduais, para a defesa das nossas bandeiras.

Aos líderes de outras legendas partidárias, pela coragem com que emprestaram substantivo apoio não só ao meu nome, mas às novas propostas e crenças que defendemos nesse período.

Nos reencontraremos no futuro.

A tantos brasileiros, pelo respeito com que receberam nossas ideias.

E a Minas, sempre a Minas e aos mineiros, pela incomparável solidariedade.

Aécio Neves”

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

186) Propaganda politica: quando a mentira predomina...

Creio, sinceramente, que as pessoas podem se equivocar; podem ser ignorantes, errar, ou simplesmente contar uma história pela metade. O que não se pode fazer é distorcer deliberadamente, enganar, fraudar, mentir.
Isso é desonestidade intelectual, mau caratismo, má fé ou simplesmente falta de caráter.

Na TV, PT diz que Lula estabilizou economia
Ao lado de Dilma
Maria Lima
O Globo, 12/12/2009

BRASÍLIA - Apesar de ter sido um crítico feroz do Plano Real, que em 94 chamou de "estelionato eleitoral", e de ter brigado contra a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva omitiu resultados das políticas econômicas dos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso e atribuiu ao seu governo, no programa do PT na TV na quinta-feira, grande mérito na estabilização da economia. Protagonista do programa ao lado da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, Lula exaltou conquistas dos sete anos de seu governo, turbinou números de empregos gerados no período e prometeu que, em breve, o Brasil atingirá o patamar de quinta maior economia do planeta.

Historiadores e cientistas políticos contestam dados apresentados e criticam o tom de endeusamento de Lula, como se ele fosse o criador de toda a história recente no Brasil. Um trecho do programa diz que, em 2002, "o país que tinha tudo, mas que não tinha nada". Os governos FH e Itamar, com o Real, conseguiram driblar uma inflação que beirava os dois dígitos, abriram a economia para entrada bilionária de investimentos, e fizeram privatizações bem-sucedidas na área de telecomunicações e outros setores.

" Daqui a alguns anos, os livros de história vão dizer que Lula foi o pai dos pobres e Fernando Henrique, o avô "

O economista Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), diz que a grande vantagem do bom momento que o Brasil vive, apesar da crise, é o resultado de 15 anos de boa política econômica e social.

- Daqui a alguns anos, os livros de história vão dizer que Lula foi o pai dos pobres e Fernando Henrique, o avô. Essa sequência é fundamental. A continuidade foi o grande segredo. O grande personagem desse momento é o brasileiro, não Lula ou FH. O brasileiro realizou um potencial que estava meio adormecido nas duas décadas anteriores. FH plantou muita coisa, e Lula colheu. E Lula plantou outro tipo de cultura de resultado mais imediato, como o Bolsa Família, que, na verdade, é a continuidade do Bolsa Escola do FH - avalia Neri.

Bombardeio contra o Real
Em 26 de junho de 1994, candidato do PT à Presidência, Lula bombardeava o Plano Real e uma pesquisa segundo a qual a maioria dos eleitores desejava a sua continuidade. "O plano ainda não foi implantado. Quero saber como é que a pesquisa foi conduzida para chegar a esse resultado. O povo está calejado e não vai cair em mais um estelionato eleitoral", disse Lula, que acabou derrotado por Fernando Henrique. Agora, no programa, cita todas as conquistas advindas da estabilização econômica, como a criação de 12 milhões de empregos com carteira assinada desde 2003.

- São dados turbinados. O número da FGV é 8,8 milhões de empregos no período, que já é muito bom. Não sei de onde são os 12 milhões. Isso seria Alice no País das Maravilhas - contesta Marcelo Neri.

O historiador Marco Antonio Vila criticou o fato de o programa do PT mostrar todas as conquistas como fruto exclusivo da política adotada por Lula. Mas disse que não se surpreendeu, porque, para Lula, a história sempre começa com ele.

- Pessoalmente ele sempre agiu assim e isso não é um ato falho, é uma estratégia, de apagar as figuras ou a historia que vieram antes dele. Para Lula, o sindicalismo não começou com os anarquistas, mas com ele, em 75. Em termos partidários considera que o primeiro partido dos trabalhadores foi o PT, que é ele. E age como se fosse o primeiro governo a colocar ordem no mundo - critica Vila.

Dutra: críticas são dor de cotovelo do PSDB
A direção nacional do PT confirma que a estratégia do partido nos programas gratuitos de rádio e TV é mesmo realçar os feitos do governo Lula. O presidente eleito do partido, José Eduardo Dutra, disse que as críticas são resultado da "dor de cotovelo" dos tucanos. Sobre a contestação de alguns dados, como o número de empregos com carteira assinada, Dutra afirmou que os realizadores do programa foram até generosos com o governo FH.

- Acho que houve uma infiltração tucana na elaboração do programa do PT. O que foi turbinado foi o número de empregos com carteira assinada do governo FH. Nosso programa diz que foram gerados 5 milhões de empregos no governo passado. Segundo o Caged, o saldo ao fim de oito anos foi de 700 mil - disse.

"Isso é conversa para boi dormir de tucano com dor de cotovelo"
O dirigente petista também rebateu as críticas sobre o fato de o programa se referir às conquistas econômicas, como estabilidade e avanços sociais, como se fossem apenas do governo atual, sem levar em conta o Plano Real e as ações do governo Itamar Franco.

- Engraçado: no seu programa, o PSDB só falou dos oito anos do governo FH e nenhum intelectual reclamou. Lógico que nosso objetivo é mostrar os oito anos do Lula. Isso é conversa para boi dormir de tucano com dor de cotovelo. O Aécio mostrou um monte de coisa (de Minas) e não disse que tudo começou com o Itamar - reagiu Dutra.

Líderes de PSDB e DEM criticaram o programa do PT, em que Dilma aparece numa espécie de jogral com Lula e é citada como a pessoa que o ajudou a concretizar as grandes realizações do governo.

- Eles deveriam mostrar mais a candidata deles no programa. Não mostraram muito. O candidato não é Lula, mas insistem nessa conversa de que o mundo começou em 2003. O programa é um reconhecimento de que não têm candidatos - disse o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

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