Pode não parecer, mas é o que está ocorrendo, objetivamente.
Dilma, mas pode me chamar de Cristiana
Coluna Carlos Brickmann
Coluna de domingo, 25 de abril
O presidente Lula disse que não iria à posse do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Ricardo Lewandowski. Uma postura deselegante. A candidata Dilma, obediente, também não foi. Mas Lula foi. E não a avisou.
Ciro Gomes acabou sendo informado oficialmente de que o PSB não o quer como candidato à Presidência. Mas, até receber a informação, assistiu às sabotagens, às tentativas de desgastá-lo, ao trabalho do presidente Lula para liquidar sua candidatura. Saiu irritadíssimo; avisou que não fará a campanha nem irá declarar seu voto. Aliás, já declarou: disse que Serra, de quem definitivamente não gosta, tem mais chances de ganhar a eleição. Sua entrevista ao jornalista Eduardo Oinegue, do iG, é duríssima. Chega ao ponto de garantir que os aloprados, compradores e vendedores de dossiês-baixaria, estarão ativos na campanha petista.
Ciro foi fiel a Lula, deixou claro que queria ser candidato para evitar que Serra ganhasse no primeiro turno, mudou seu título eleitoral para São Paulo a pedido de Lula. Foi chutado; na melhor das hipóteses, nada fará que ajude Dilma. Na pior das hipóteses, sabe-se lá.
Há outras coisas. O Governo Lula comprou a Nossa Caixa, permitindo que Serra pudesse investir mais num ano eleitoral. Lula ajudou até Kassab.
A propósito, "cristianizar" é uma palavra de 1950. O candidato oficial era Cristiano Machado, mas seu partido, por trás, apoiou Getúlio, que se elegeu.
A voz e a vez do Cara
E por que o presidente Lula cristianizaria sua candidata Dilma Rousseff? Levantemos uma hipótese: até agora, o líder único e incontestável do PT foi Lula. Um outro petista na Presidência poderia criar nova vertente no partido - alguém que, certamente sem seu carisma, sem ser o mito em que Lula se transformou, teria o poder nas mãos para criar seu próprio caminho. Imaginemos que Dilma queira, em 2014, se candidatar à reeleição, tendo o poder de nomear e demitir. Criaria pelo menos um constrangimento para o atual presidente. Já com um candidato de oposição, adversário do PT, pode ser mais fácil lidar. Lula sairia candidato em 2014 como líder supremo e único do partido. Em palavras mais curtas, o interesse do presidente não estaria em 2010, mas apenas em 2014
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sexta-feira, 23 de abril de 2010
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