José Serra não apresentou um programa, propriamente. O que foi depositado no TSE foram os seus dois discursos: (a) no Encontro Nacional dos Partidos PSDB, DEM e PPS, em 10/04/2010, em Brasília, e (b) na Convenção Nacional do PSDB, em Salvador, na qual José Serra foi escolhido como candidato do partido à presidência da República.
A seguir, trechos que interessam à política externa:
(a) Encontro Nacional dos Partidos PSDB, DEM e PPS, em 10/04/2010, em Brasília
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Podemos e devemos fazer mais pela saúde do nosso povo. (...); enfrentando com sucesso a barreira das patentes, no Brasil e na Organização Mundial do Comércio; (...)
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Temos de romper pontos de estrangulamento e atuar de forma mais agressiva na conquista de mercados. Vejam que dado impressionante: nos últimos anos, mais de 100 acordos de livre comércio foram assinados em todo o mundo. São um instrumento poderoso de abertura de mercados. Pois o Brasil, junto com o MERCOSUL, assinou apenas um novo acordo (com Israel), que ainda não entrou em vigência!
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O Brasil está cada vez maior e mais forte. É uma voz ouvida com respeito e atenção. Vamos usar essa força para defender a autodeterminação dos povos e os direitos humanos, sem vacilações. Eu fui perseguido em dois golpes de estado, tive dois exílios simultâneos, do Brasil e do Chile. Sou sobrevivente do Estádio Nacional de Santiago, onde muitos morreram. Por algum motivo, Deus permitiu que eu saísse de lá com vida. Para mim, direitos humanos não são negociáveis. Não cultivemos ilusões: democracias não têm gente encarcerada ou condenada à forca por pensar diferente de quem está no governo. Democracias não têm operários morrendo por greve de fome quando discordam do regime.
Nossa presença no mundo exige que não descuidemos de nossas Forças Armadas e da defesa de nossas fronteiras. O mundo contemporâneo é desafiador. A existência de Forças Armadas treinadas, disciplinadas, respeitadoras da Constituição e das leis foi uma conquista da Nova República. Precisamos mantê-las bem equipadas, para que cumpram suas funções, na dissuasão de ameaças sem ter de recorrer diretamente ao uso da força e na contribuição ao desenvolvimento tecnológico do país.
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(b) na Convenção Nacional do PSDB, em Salvador
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Acredito nos direitos humanos, dentro do Brasil e no mundo. Não devemos elogiar continuamente ditadores em todos os cantos do planeta, só porque são aliados eventuais do partido de governo. Não concordo com a repressão violenta das idéias, a tortura, o encarceramento por ideologia, o esmagamento de quem pensa diferente.
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Quando o Brasil sofreu o golpe militar, em 1964, fui perseguido, caçado, acusado de subversivo. Rapaz ainda, deixei o Brasil e busquei asilo, primeiro na Bolívia, depois na França e finalmente no Chile. Estudei como nunca, tornei-me professor, casei, tive filhos, fui perseguido novamente por outro golpe militar, desta vez no Chile, devido às minhas ações contra a repressão e à tortura no Brasil. De lá, fui viver nos Estados Unidos.
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Addendum:
Em 9 de julho, em campanha no Espírito Santo, o candidato Serra deu estas declarações, segundo despachos de agências:
"O candidato do PSDB também comentou uma declaração que havia feito mais cedo, no Twitter, sobre a concessão de asilo político a dissidentes cubanos. "Nós temos que ter na política externa uma posição de defesa da autodeterminação dos povos. Não podemos ficar nos metendo em política de outros países, até porque a gente também não gosta. Agora, direitos humanos nós temos que defender sempre. Por exemplo, as pessoas não serem perseguidas por suas ideias. Mas você tem em Cuba dezenas de prisioneiros, que estão lá porque tem opinião política diferente da do regime. Em relação a Cuba, tudo bem respeitar a autodeterminação dos povos, mas quando pudermos interferir para garantir o respeito aos direitos humanos, devemos agir. O que eu defendi hoje é que o Brasil ofereça asilo político para parte dessas pessoas que estão presas por causa de suas ideias, oferecendo condições para elas viverem aqui."
Serra ainda lembrou que foi perseguido pela ditadura no Brasil e sentiu na pele as dificuldades de um regime totalitário. "Eu sobrevivi a dois golpes de Estado, do Brasil e do Chile. Fui perseguido no Chile também e fui beneficiado pela solidariedade internacional. Na época, fui ajudado por gente de outros países que lutaram para que eu fosse liberado. Então, a gente tem sempre que ter uma posição em defesa dos direitos humanos", disse o candidato, que aproveitou para criticar a política externa do atual governo. "Lidar com ditadores, alguns ferozes, como o do Irã, onde uma mulher foi condenada a morrer por apedrejamento. Isso não dá para aceitar. Não dá para badalar com esse pessoal, não dá para confiar", afirmou."
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