Do site do Cláudio Humberto:
Institutos agora omitem locais pesquisados
Institutos de pesquisas eleitorais deixaram de observar a exigência legal – quando as registram no Tribunal Superior Eleitoral – de apontar onde realizam o levantamento e o número de eleitores entrevistados em cada cidade. Estes dados são fundamentais para a credibilidade da pesquisa. “O que temos é o que está no relatório registrado no TSE”, desdenhou o diretor do Sensus, Ricardo Guedes, ao ser interpelado.
Coincidência
A omissão dos detalhes das pesquisas coincide com o crescimento espetacular de Dilma Rousseff no Ibope, Datafolha, Vox e Sensus.
(27.08.2010)
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Eleicao sem campanha, sem politica, sem debate...
Inacreditável! É tudo o que eu posso dizer, ao concordar com esse professor em suas constatações. A oposição se auto-anulou. Como se costuma dizer, governo só perde eleições se for muito incompetente. A oposição só ganha eleição se for competente. Parece que não é o caso, agora...
Paulo Roberto de Almeida
Eleição sem política
MARCO ANTONIO VILLA
Folha de S.Paulo, 25.08.2010
Como um aluno relapso, a oposição faltou justo na hora da prova, a eleição
GANHAR ELEIÇÃO é uma possibilidade, fazer política é um imperativo. O Brasil poderá com esta campanha inaugurar uma nova forma de pleito presidencial: sem debate, sem polêmica, sem divergência e sem oposição.
Nas últimas cinco eleições tivemos disputa em três delas. Mas disputa mesmo, só em 1989. Em 1994 e 1998, FHC venceu Lula facilmente, as duas no primeiro turno.
Em 2002 e 2006, Lula foi como franco favorito para o segundo turno. Eu esperava que teríamos uma eleição diferente em 2010: sem Lula e com oposição que transformasse o pleito em um momento de amplo debate nacional.
Rotundo equívoco. Lula é candidatíssimo, aparece mais que Dilma. E pior: a oposição não apareceu ao encontro marcado. Como um aluno relapso, faltou justamente no momento da avaliação, a eleição.
Na República Velha, a oposição concorria sabendo que o resultado seria fraudado. Era o momento de, ao menos, marcar posição e acumular forças para um novo embate. Agora -e de forma surpreendente- nem isso está ocorrendo. Confesso que a cada dia que assisto ao horário eleitoral fico mais estarrecido.
Este triste panorama terá efeito direto sobre o Legislativo. Tudo indica que o futuro Congresso será muito mais governista que o atual. E também com um número expressivo de "deputados cacarecos", o maior da história recente, produto direto da inexistência do debate político.
A despolitização abre campo para que ex-jogadores de futebol, comediantes, cantores e celebridades instantâneas sejam considerados puxadores de votos para partidos de todos os matizes.
Outro efeito nefasto da despolitização é a permanência (e até ampliação) dos representantes dos oligarcas. Quase todos os sobrenomes que simbolizam o que há de pior na política brasileira estão apoiando a candidata oficial. São espertos. Tratam Lula como se fosse um dos seus. E, por incrível que pareça, ele acabou se transformando em uma espécie de "capo" dessas famílias.
Parodiando Sílvio Romero, no célebre discurso de recepção a Euclides da Cunha na ABL, Lula chegou "à suprema degradação de retrogradar, dando, de novo, um sentido histórico às oligarquias locais e outorgando-lhes nova função política e social".
A apatia política tem preço. E muito alto para o país. A fuga da oposição do debate, o medo do enfrentamento, a recusa de se opor, pode abrir caminho para um longo domínio do Estado por parte de um bloco conservador, sem espírito republicano, com tinturas caudilhistas e desejos de impor sua vontade à força.
MARCO ANTONIO VILLA é professor do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar.
Paulo Roberto de Almeida
Eleição sem política
MARCO ANTONIO VILLA
Folha de S.Paulo, 25.08.2010
Como um aluno relapso, a oposição faltou justo na hora da prova, a eleição
GANHAR ELEIÇÃO é uma possibilidade, fazer política é um imperativo. O Brasil poderá com esta campanha inaugurar uma nova forma de pleito presidencial: sem debate, sem polêmica, sem divergência e sem oposição.
Nas últimas cinco eleições tivemos disputa em três delas. Mas disputa mesmo, só em 1989. Em 1994 e 1998, FHC venceu Lula facilmente, as duas no primeiro turno.
Em 2002 e 2006, Lula foi como franco favorito para o segundo turno. Eu esperava que teríamos uma eleição diferente em 2010: sem Lula e com oposição que transformasse o pleito em um momento de amplo debate nacional.
Rotundo equívoco. Lula é candidatíssimo, aparece mais que Dilma. E pior: a oposição não apareceu ao encontro marcado. Como um aluno relapso, faltou justamente no momento da avaliação, a eleição.
Na República Velha, a oposição concorria sabendo que o resultado seria fraudado. Era o momento de, ao menos, marcar posição e acumular forças para um novo embate. Agora -e de forma surpreendente- nem isso está ocorrendo. Confesso que a cada dia que assisto ao horário eleitoral fico mais estarrecido.
Este triste panorama terá efeito direto sobre o Legislativo. Tudo indica que o futuro Congresso será muito mais governista que o atual. E também com um número expressivo de "deputados cacarecos", o maior da história recente, produto direto da inexistência do debate político.
A despolitização abre campo para que ex-jogadores de futebol, comediantes, cantores e celebridades instantâneas sejam considerados puxadores de votos para partidos de todos os matizes.
Outro efeito nefasto da despolitização é a permanência (e até ampliação) dos representantes dos oligarcas. Quase todos os sobrenomes que simbolizam o que há de pior na política brasileira estão apoiando a candidata oficial. São espertos. Tratam Lula como se fosse um dos seus. E, por incrível que pareça, ele acabou se transformando em uma espécie de "capo" dessas famílias.
Parodiando Sílvio Romero, no célebre discurso de recepção a Euclides da Cunha na ABL, Lula chegou "à suprema degradação de retrogradar, dando, de novo, um sentido histórico às oligarquias locais e outorgando-lhes nova função política e social".
A apatia política tem preço. E muito alto para o país. A fuga da oposição do debate, o medo do enfrentamento, a recusa de se opor, pode abrir caminho para um longo domínio do Estado por parte de um bloco conservador, sem espírito republicano, com tinturas caudilhistas e desejos de impor sua vontade à força.
MARCO ANTONIO VILLA é professor do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar.
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Marco Antonio Villa
Justiça barra candidatura de tesoureiro de Dilma
Melhor assim: ele terá mais tempo de se dedicar a sua tarefa de tesoureiro...
Paulo R. Almeida
Justiça barra candidatura de tesoureiro de Dilma
Mário Coelho
Congresso em Foco, 24/08/2010
O tesoureiro da campanha à presidência da República de Dilma Rousseff (PT), o petista José de Filippi Junior, teve a candidatura de deputado federal barrada ontem (23) pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP). A inscrição foi indeferida porque Filippi não entregou certidões criminais necessárias.
O Ministério Público Eleitoral chegou e pedir o cancelamento da candidatura também com base na Lei da Ficha Limpa, mas o candidato conseguiu uma liminar suspendendo os efeitos da condenação na qual se baseava o pedido dos procuradores.
Ex-prefeito de Diadema, Filippi foi condenado por improbidade administrativa pelo Tribunal de Justiça (TJSP) por ter contratado um escritório de advocacia sem licitação. A pena imposta ao petista foi ressarcimento aos cofres públicos, perda do cargo, suspensão dos direitos políticos e pagamento de multa. Com base nesta condenação, o MP entrou com uma ação de impugnação do registro do tesoureiro de Dilma no TRE.
No entanto, Filippi conseguiu uma liminar no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para afastar a sua inelegibilidade e suspender a condenação. O ministro Hamilton Carvalhido, ao atender o petista, afirmou que a improbidade administrativa foi atribuída ao ex-prefeito a título de culpa, e não dolo (intenção). De acordo com o integrante do STJ, a improbidade administrativa foi "culposa", ou seja, sem intenção. Carvalhido diz que isso não se enquadra nas exigências da lei da ficha limpa.
Barrado pela falta de certidões criminais, o tesoureiro de Dilma deve recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar validar seu registro. Mesmo fora do prazo, Filippi pode apresentar as certidões ao ministro relator, que decidirá se aceita ou não a documentação fora do prazo. Enquanto a decisão não transita em julgado - sem possibilidade de recursos -, Filippi tem a possibilidade de continuar a campanha normalmente.
A assessoria de imprensa da campanha Filippi Federal informa que todos os documentos necessários para o registro da candidatura de José de Filippi Júnior à Câmara Federal foram entregues dentro do prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral.
De acordo com a assessoria, os advogados da campanha já estão em contato com o Tribunal para prestar todos os esclarecimentos necessários para solucionar a questão.
Paulo R. Almeida
Justiça barra candidatura de tesoureiro de Dilma
Mário Coelho
Congresso em Foco, 24/08/2010
O tesoureiro da campanha à presidência da República de Dilma Rousseff (PT), o petista José de Filippi Junior, teve a candidatura de deputado federal barrada ontem (23) pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP). A inscrição foi indeferida porque Filippi não entregou certidões criminais necessárias.
O Ministério Público Eleitoral chegou e pedir o cancelamento da candidatura também com base na Lei da Ficha Limpa, mas o candidato conseguiu uma liminar suspendendo os efeitos da condenação na qual se baseava o pedido dos procuradores.
Ex-prefeito de Diadema, Filippi foi condenado por improbidade administrativa pelo Tribunal de Justiça (TJSP) por ter contratado um escritório de advocacia sem licitação. A pena imposta ao petista foi ressarcimento aos cofres públicos, perda do cargo, suspensão dos direitos políticos e pagamento de multa. Com base nesta condenação, o MP entrou com uma ação de impugnação do registro do tesoureiro de Dilma no TRE.
No entanto, Filippi conseguiu uma liminar no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para afastar a sua inelegibilidade e suspender a condenação. O ministro Hamilton Carvalhido, ao atender o petista, afirmou que a improbidade administrativa foi atribuída ao ex-prefeito a título de culpa, e não dolo (intenção). De acordo com o integrante do STJ, a improbidade administrativa foi "culposa", ou seja, sem intenção. Carvalhido diz que isso não se enquadra nas exigências da lei da ficha limpa.
Barrado pela falta de certidões criminais, o tesoureiro de Dilma deve recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar validar seu registro. Mesmo fora do prazo, Filippi pode apresentar as certidões ao ministro relator, que decidirá se aceita ou não a documentação fora do prazo. Enquanto a decisão não transita em julgado - sem possibilidade de recursos -, Filippi tem a possibilidade de continuar a campanha normalmente.
A assessoria de imprensa da campanha Filippi Federal informa que todos os documentos necessários para o registro da candidatura de José de Filippi Júnior à Câmara Federal foram entregues dentro do prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral.
De acordo com a assessoria, os advogados da campanha já estão em contato com o Tribunal para prestar todos os esclarecimentos necessários para solucionar a questão.
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terça-feira, 24 de agosto de 2010
Pesquisa Sensus: Dilma venceria no 1ro Turno
Sensus reafirma vitória de Dilma no 1º turno
24/08/10 15:39
Uma nova pesquisa CNT/Sensus divulgada na manhã desta terça-feira (24) apontou novamente a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, liderando a corrida eleitoral para substituir o presidente Lula no Palácio da Alvorada. Dilma foi escolhida como opção de 46% dos eleitores, contra 28,1% do tucano José Serra (PSDB). Mantendo a terceira posição está a senadora Marina Silva (PV) com 8,1% das intenções de voto. Nulos, brancos e indecisos somaram 16,8%.
Pela pesquisa a margem de erro pode ser de 2,2 pontos percentuais para cima ou para baixo, sendo notado claramente o aumento no número de indecisos que eram de 14,3% na última pesquisa CNT/Sensus, onde a ex-ministra da Casa Civil liderava com 41,6%, Serra aparecia com 31,6% e Marina registrava 8,5%.
Segundo os analistas políticos essa é uma eleição que pode ser decidida no primeiro turno, pois, atualmente a candidata Dilma Rousseff tem 55,3% dos votos válidos e os demais candidatos somados aos votos nulos, brancos e dos indecisos têm 44,7%, o que
representaria uma soma maior da candidata do PT em relação a todos juntos.
A pesquisa divulgada nesta terça-feira trouxe também uma simulação em hipótese de segundo turno apenas entre a candidata petista e o tucano. Nessa situação Dilma aparece com 52,9%, contra 34% do ex-governador de São Paulo, José Serra. Os votos brancos, nulos e indecisos seriam de 13,%.
Rejeição
No quesito rejeição dos candidatos, os que apresentaram um significativo aumento foram Marina Silva e José Serra. Ambos aparecem com um crescimento da rejeição expressivo nesta pesquisa se comparada com a anterior. Na pesquisa, 40,7% dos entrevistados não votariam em Serra, enquanto que na edição anterior eles somavam 30,8%. Em relação
à Marina, 47,9% não votariam na ex-ministra do Meio Ambiente, contra 29,7% na pesquisa anterior.
Já a candidata do presidente Lula se manteve estável se relacionada a pesquisa anterior. Dilma apresentou uma média de rejeição de 28,9% e na pesquisa passada era de 25,3%, onde levando em conta a margem de erro, pode ser mantida a mesma rejeição. Por outro lado, Dilma subiu no quesito aceitação, quando os ouvidos na pesquisa disseram ser a petista a única candidata em quem votariam. Na aceitação ela aparece com 39,8% nesta pesquisa, quando na passada apenas 34,6% tinham a mesma opinião
Regiões
A pesquisa também avaliou o desempenho dos candidatos nas cinco regiões do país, onde a candidata petista Dilma aparece em primeiro lugar em quatro delas. A única em que a ex-ministra da Casa Civil perderia para o tucano Serra seria o Sul do país. Lá o ex-governador de São Paulo venceria as eleições com 47,8% dos votos, contra 35,7% de
Dilma, seguida por Marina, com 6,9%.
24/08/10 15:39
Uma nova pesquisa CNT/Sensus divulgada na manhã desta terça-feira (24) apontou novamente a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, liderando a corrida eleitoral para substituir o presidente Lula no Palácio da Alvorada. Dilma foi escolhida como opção de 46% dos eleitores, contra 28,1% do tucano José Serra (PSDB). Mantendo a terceira posição está a senadora Marina Silva (PV) com 8,1% das intenções de voto. Nulos, brancos e indecisos somaram 16,8%.
Pela pesquisa a margem de erro pode ser de 2,2 pontos percentuais para cima ou para baixo, sendo notado claramente o aumento no número de indecisos que eram de 14,3% na última pesquisa CNT/Sensus, onde a ex-ministra da Casa Civil liderava com 41,6%, Serra aparecia com 31,6% e Marina registrava 8,5%.
Segundo os analistas políticos essa é uma eleição que pode ser decidida no primeiro turno, pois, atualmente a candidata Dilma Rousseff tem 55,3% dos votos válidos e os demais candidatos somados aos votos nulos, brancos e dos indecisos têm 44,7%, o que
representaria uma soma maior da candidata do PT em relação a todos juntos.
A pesquisa divulgada nesta terça-feira trouxe também uma simulação em hipótese de segundo turno apenas entre a candidata petista e o tucano. Nessa situação Dilma aparece com 52,9%, contra 34% do ex-governador de São Paulo, José Serra. Os votos brancos, nulos e indecisos seriam de 13,%.
Rejeição
No quesito rejeição dos candidatos, os que apresentaram um significativo aumento foram Marina Silva e José Serra. Ambos aparecem com um crescimento da rejeição expressivo nesta pesquisa se comparada com a anterior. Na pesquisa, 40,7% dos entrevistados não votariam em Serra, enquanto que na edição anterior eles somavam 30,8%. Em relação
à Marina, 47,9% não votariam na ex-ministra do Meio Ambiente, contra 29,7% na pesquisa anterior.
Já a candidata do presidente Lula se manteve estável se relacionada a pesquisa anterior. Dilma apresentou uma média de rejeição de 28,9% e na pesquisa passada era de 25,3%, onde levando em conta a margem de erro, pode ser mantida a mesma rejeição. Por outro lado, Dilma subiu no quesito aceitação, quando os ouvidos na pesquisa disseram ser a petista a única candidata em quem votariam. Na aceitação ela aparece com 39,8% nesta pesquisa, quando na passada apenas 34,6% tinham a mesma opinião
Regiões
A pesquisa também avaliou o desempenho dos candidatos nas cinco regiões do país, onde a candidata petista Dilma aparece em primeiro lugar em quatro delas. A única em que a ex-ministra da Casa Civil perderia para o tucano Serra seria o Sul do país. Lá o ex-governador de São Paulo venceria as eleições com 47,8% dos votos, contra 35,7% de
Dilma, seguida por Marina, com 6,9%.
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Programa do PSOL - Plinio de Arruda Sampaio
O programa é extraordinário. Se dissesse exatamente o contrário em cada um e em todos os pontos, ele seria um bom programa. Como está, é um desastre completo.
PARTIIDO SOCIIALIISMO E LIIBERDADE – PSOL
PROPOSTAS DEFENDIIDAS PELO CANDIIDATO
Uma alternativa socialista: nossas tarefas e diretrizes
O PSOL apresenta as seguintes diretrizes gerais e tarefas, que serão assumidas por todas as nossas candidaturas majoritárias e proporcionais:
1. Auditoria da dívida pública, com suspensão do pagamento dos juros e amortizações, controle do fluxo de capitais e do câmbio, com subordinação do Banco Central (BC) ao Estado e taxação progressiva das grandes fortunas (acima de R$ 2 milhões).
2. Defesa da reestatização da Vale; contra as privatizações, em especial a dos Correios (não à transformação da EBCT em Correios do Brasil S/A).
3. Defesa da soberania nacional, fim da privatização das florestas, revogação da MP 458, que legaliza a grilagem no campo; desmatamento zero.
4. Apoio aos povos indígenas, ribeirinhos e das populações tradicionais, contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte.
5. Pela revitalização e contra a transposição das águas do Rio São Francisco; contra obras que inviabilizam a permanência das comunidades tradicionais da região; defesa da revitalização e implantação de projetos para combater os efeitos da seca.
6. Defesa da Petrobrás 100% estatal; com monopólio estatal da produção e exploração de petróleo; controle estatal e social sobre o pré-sal; transição para fontes de energia renováveis.
7. Reforma agrária, defesa dos movimentos sociais sem-terra e das suas ocupações; limitação do tamanho da propriedade rural ao tamanho máximo de mil hectares, com expropriação de todas as terras que utilizem trabalho escravo e infantil.
8. Pela segurança alimentar da população, contra os alimentos transgênicos.
9. Reforma urbana: defesa dos movimentos sociais de sem-tetos e das ocupações urbanas; pelo direito à moradia digna, contras as remoções forçadas e por um plano de utilização de imóveis vazios que hoje servem à especulação imobiliária como ponto de apoio fundamental em uma política de habitação popular.
10. Fim da criminalização dos movimentos sociais e da pobreza; anistia a todos os militantes e dirigentes dos movimentos perseguidos com mandatos de prisão, condenações e processo judiciais.
11. Manutenção do direito de greve e fim dos interditos proibitórios. Defesa do direito de greve dos servidores públicos; contra o arrocho salarial e o congelamento de salários do funcionalismo; contras as medidas e projetos que visam precarizar, privatizar e destruir os direitos dos servidores e os serviços públicos.
12. Fim do fator previdenciário e defesa da previdência pública.
13. Apoio à demarcação, homologação, titulação e garantia de inviolabilidade dos territórios indígenas, quilombolas e os territórios de matriz africana; combate ao racismo ambiental.
14. Redução da jornada de trabalho de 40 horas, sem redução de salários; fim da flexibilização da jornada e dos direitos trabalhistas, fim dos bancos de horas.
15. Defesa do Plano Nacional de Educação da Sociedade Brasileira e destinação de 10% do PIB para garantir educação pública em todos os níveis.
16. Fim do modelo de gestão por Organizações Sociais na Saúde e extinção das Fundações privadas na gestão pública; defesa da saúde pública universal, integral e com controle social.
17. Auditoria da dívida ecológica decorrente dos passivos ambientais provocados pelas grandes indústrias e o agronegócio; utilização do dinheiro do resgate dessa dívida para pesquisa e transição para matrizes energéticas limpas e renováveis.
18. Reforma política com participação popular, baseada no financiamento público exclusivo de campanha.
19. Em defesa da legalização do aborto, pelo fim da criminalização das mulheres.
20. Contra o racismo, a homofobia e o machismo.
21. Pela democratização dos meios de comunicação; auditoria de todas as concessões das emissoras de rádio e TV; fim da criminalização das rádios comunitárias; anistia aos comunicadores populares; proibição da propriedade cruzada dos meios de comunicação; banda larga universal operada em regime público; criação do Conselho Nacional de Comunicação como instância deliberativa de definição das políticas de comunicação com participação popular; políticas públicas de incentivo à implementação de softwares públicos e livres, ampliando o acesso e a democratização.
22. Apoiar as experiências e investir em novas iniciativas de economia solidária, cooperativas e associativas.
23. Retirada das tropas militares do Haiti e sua substituição por contingentes de médicos, técnicos e professores.
24. Política externa referenciada na soberania brasileira, no combate ao imperialismo e no apoio às lutas e à autodeterminação dos povos.
25. Combate sem tréguas à corrupção institucionalizada no Brasil - defendendo a punição de todos os envolvidos em denúncias de desvios de verbas, cassação de mandatos de parlamentares corruptos, financiamento público exclusivo de campanha.
PARTIIDO SOCIIALIISMO E LIIBERDADE – PSOL
PROPOSTAS DEFENDIIDAS PELO CANDIIDATO
Uma alternativa socialista: nossas tarefas e diretrizes
O PSOL apresenta as seguintes diretrizes gerais e tarefas, que serão assumidas por todas as nossas candidaturas majoritárias e proporcionais:
1. Auditoria da dívida pública, com suspensão do pagamento dos juros e amortizações, controle do fluxo de capitais e do câmbio, com subordinação do Banco Central (BC) ao Estado e taxação progressiva das grandes fortunas (acima de R$ 2 milhões).
2. Defesa da reestatização da Vale; contra as privatizações, em especial a dos Correios (não à transformação da EBCT em Correios do Brasil S/A).
3. Defesa da soberania nacional, fim da privatização das florestas, revogação da MP 458, que legaliza a grilagem no campo; desmatamento zero.
4. Apoio aos povos indígenas, ribeirinhos e das populações tradicionais, contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte.
5. Pela revitalização e contra a transposição das águas do Rio São Francisco; contra obras que inviabilizam a permanência das comunidades tradicionais da região; defesa da revitalização e implantação de projetos para combater os efeitos da seca.
6. Defesa da Petrobrás 100% estatal; com monopólio estatal da produção e exploração de petróleo; controle estatal e social sobre o pré-sal; transição para fontes de energia renováveis.
7. Reforma agrária, defesa dos movimentos sociais sem-terra e das suas ocupações; limitação do tamanho da propriedade rural ao tamanho máximo de mil hectares, com expropriação de todas as terras que utilizem trabalho escravo e infantil.
8. Pela segurança alimentar da população, contra os alimentos transgênicos.
9. Reforma urbana: defesa dos movimentos sociais de sem-tetos e das ocupações urbanas; pelo direito à moradia digna, contras as remoções forçadas e por um plano de utilização de imóveis vazios que hoje servem à especulação imobiliária como ponto de apoio fundamental em uma política de habitação popular.
10. Fim da criminalização dos movimentos sociais e da pobreza; anistia a todos os militantes e dirigentes dos movimentos perseguidos com mandatos de prisão, condenações e processo judiciais.
11. Manutenção do direito de greve e fim dos interditos proibitórios. Defesa do direito de greve dos servidores públicos; contra o arrocho salarial e o congelamento de salários do funcionalismo; contras as medidas e projetos que visam precarizar, privatizar e destruir os direitos dos servidores e os serviços públicos.
12. Fim do fator previdenciário e defesa da previdência pública.
13. Apoio à demarcação, homologação, titulação e garantia de inviolabilidade dos territórios indígenas, quilombolas e os territórios de matriz africana; combate ao racismo ambiental.
14. Redução da jornada de trabalho de 40 horas, sem redução de salários; fim da flexibilização da jornada e dos direitos trabalhistas, fim dos bancos de horas.
15. Defesa do Plano Nacional de Educação da Sociedade Brasileira e destinação de 10% do PIB para garantir educação pública em todos os níveis.
16. Fim do modelo de gestão por Organizações Sociais na Saúde e extinção das Fundações privadas na gestão pública; defesa da saúde pública universal, integral e com controle social.
17. Auditoria da dívida ecológica decorrente dos passivos ambientais provocados pelas grandes indústrias e o agronegócio; utilização do dinheiro do resgate dessa dívida para pesquisa e transição para matrizes energéticas limpas e renováveis.
18. Reforma política com participação popular, baseada no financiamento público exclusivo de campanha.
19. Em defesa da legalização do aborto, pelo fim da criminalização das mulheres.
20. Contra o racismo, a homofobia e o machismo.
21. Pela democratização dos meios de comunicação; auditoria de todas as concessões das emissoras de rádio e TV; fim da criminalização das rádios comunitárias; anistia aos comunicadores populares; proibição da propriedade cruzada dos meios de comunicação; banda larga universal operada em regime público; criação do Conselho Nacional de Comunicação como instância deliberativa de definição das políticas de comunicação com participação popular; políticas públicas de incentivo à implementação de softwares públicos e livres, ampliando o acesso e a democratização.
22. Apoiar as experiências e investir em novas iniciativas de economia solidária, cooperativas e associativas.
23. Retirada das tropas militares do Haiti e sua substituição por contingentes de médicos, técnicos e professores.
24. Política externa referenciada na soberania brasileira, no combate ao imperialismo e no apoio às lutas e à autodeterminação dos povos.
25. Combate sem tréguas à corrupção institucionalizada no Brasil - defendendo a punição de todos os envolvidos em denúncias de desvios de verbas, cassação de mandatos de parlamentares corruptos, financiamento público exclusivo de campanha.
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sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Folha de SP critica visao paternalista de Lula e Dilma
Pai e mãe
Editorial - Folha de S.Paulo, 19/08/10
Estratégia governista de tratar política como vida familiar não é republicana e ajuda a encobrir candidata que ninguém conhece.
"O Brasil amadureceu. Não precisa ser uma sociedade infantilizada. Querem infantilizar os brasileiros com essa história de pai e mãe", disse a candidata Marina Silva no debate Folha/UOL, que reuniu ontem os três candidatos à Presidência mais bem colocados nas pesquisas eleitorais.
Um discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Pernambuco oferecera, na véspera, mais um exemplo daquilo que a postulante do PV, com acerto, criticava. "A palavra não é governar", anunciou, ao repisar o tema. "A palavra é cuidar. Eu quero ganhar as eleições para cuidar do meu povo como uma mãe cuida do seu filho."
Em ato falho, a frase condensa o presidente e a candidatura por ele inventada. Dilma Rousseff "c'est moi" (sou eu), admite afinal a petista. "Mãe" e "pai" dos brasileiros se fundem na mesma figura mistificadora. A declaração revela mais do que o entendimento de Lula sobre o processo sucessório. A apresentação da política em termos característicos das relações privadas e familiares termina por desvirtuá-la, ao negar o caráter igualitário da esfera pública.
O princípio de igualdade entre os cidadãos deve valer também para seus dirigentes, escolhidos pelo voto. Não pode haver relação hierárquica, do ponto de vista político, entre o mandatário de turno e o conjunto de eleitores.
Compete a todos obedecer apenas às leis.
A figura paterna, ao contrário, pressupõe uma relação de superioridade com os filhos. Os laços cordiais, de afeto e de "cuidado" contidos na imagem proposta por Lula mal disfarçam a herança patrimonial e autoritária da política brasileira. A metáfora ecoa a tutela populista exercida sobre as massas recém chegadas à cidade em meados do século passado. Contradiz os princípios impessoais republicanos.
Faz pouco do cidadão -que não precisa de atenções paternais ou maternais, mas de respeito a seus direitos.
O discurso retrógrado e conservador serve muito bem às circunstâncias fabricadas por Lula. Induz a uma avaliação da candidatura de Dilma por critérios outros que não os da vida pública.
Nesse terreno a postulante governista é um enigma. É provável, como querem os petistas, que não lhe falte competência gerencial. Não se sabe, no entanto, como se comportará na eventualidade de ser eleita para ocupar o mais alto posto da República.
Mesmo Jânio Quadros e Fernando Collor, que chegaram ao poder máximo de forma fulminante, haviam sido antes prefeitos, governadores e parlamentares. A ex-ministra da Casa Civil jamais disputou eleição, não exerceu nenhum mandato, nunca foi submetida ao escrutínio público. Até Lula admite tê-la conhecido há apenas oito anos. Em caso de vitória, excetuados os presidentes da ditadura militar, ninguém como ela terá chegado ao ápice sendo tão pouco conhecido e testado.
São fragilidades como essa -alarmante, quando estamos na iminência de uma campanha sumária de estilo consagratório- que a xaropada sentimental dos publicitários procura ocultar. Cumpre à imprensa independente, às associações da sociedade civil que procuram influenciar o processo eleitoral e a cada cidadão levantar o véu da fantasia.
Editorial - Folha de S.Paulo, 19/08/10
Estratégia governista de tratar política como vida familiar não é republicana e ajuda a encobrir candidata que ninguém conhece.
"O Brasil amadureceu. Não precisa ser uma sociedade infantilizada. Querem infantilizar os brasileiros com essa história de pai e mãe", disse a candidata Marina Silva no debate Folha/UOL, que reuniu ontem os três candidatos à Presidência mais bem colocados nas pesquisas eleitorais.
Um discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Pernambuco oferecera, na véspera, mais um exemplo daquilo que a postulante do PV, com acerto, criticava. "A palavra não é governar", anunciou, ao repisar o tema. "A palavra é cuidar. Eu quero ganhar as eleições para cuidar do meu povo como uma mãe cuida do seu filho."
Em ato falho, a frase condensa o presidente e a candidatura por ele inventada. Dilma Rousseff "c'est moi" (sou eu), admite afinal a petista. "Mãe" e "pai" dos brasileiros se fundem na mesma figura mistificadora. A declaração revela mais do que o entendimento de Lula sobre o processo sucessório. A apresentação da política em termos característicos das relações privadas e familiares termina por desvirtuá-la, ao negar o caráter igualitário da esfera pública.
O princípio de igualdade entre os cidadãos deve valer também para seus dirigentes, escolhidos pelo voto. Não pode haver relação hierárquica, do ponto de vista político, entre o mandatário de turno e o conjunto de eleitores.
Compete a todos obedecer apenas às leis.
A figura paterna, ao contrário, pressupõe uma relação de superioridade com os filhos. Os laços cordiais, de afeto e de "cuidado" contidos na imagem proposta por Lula mal disfarçam a herança patrimonial e autoritária da política brasileira. A metáfora ecoa a tutela populista exercida sobre as massas recém chegadas à cidade em meados do século passado. Contradiz os princípios impessoais republicanos.
Faz pouco do cidadão -que não precisa de atenções paternais ou maternais, mas de respeito a seus direitos.
O discurso retrógrado e conservador serve muito bem às circunstâncias fabricadas por Lula. Induz a uma avaliação da candidatura de Dilma por critérios outros que não os da vida pública.
Nesse terreno a postulante governista é um enigma. É provável, como querem os petistas, que não lhe falte competência gerencial. Não se sabe, no entanto, como se comportará na eventualidade de ser eleita para ocupar o mais alto posto da República.
Mesmo Jânio Quadros e Fernando Collor, que chegaram ao poder máximo de forma fulminante, haviam sido antes prefeitos, governadores e parlamentares. A ex-ministra da Casa Civil jamais disputou eleição, não exerceu nenhum mandato, nunca foi submetida ao escrutínio público. Até Lula admite tê-la conhecido há apenas oito anos. Em caso de vitória, excetuados os presidentes da ditadura militar, ninguém como ela terá chegado ao ápice sendo tão pouco conhecido e testado.
São fragilidades como essa -alarmante, quando estamos na iminência de uma campanha sumária de estilo consagratório- que a xaropada sentimental dos publicitários procura ocultar. Cumpre à imprensa independente, às associações da sociedade civil que procuram influenciar o processo eleitoral e a cada cidadão levantar o véu da fantasia.
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Lula e Dilma
A visao do lado oficialista - por um jornalista oficioso
O raio X da campanha eleitoral
Luis Nassif
Coluna Econômica, 20/08/2010
Como se analisa o governo Lula, por dentro? A visão abaixo é de Marco Aurélio Garcia, assessor especial de Lula e encarregado de montar o programa da candidata Dilma Rousseff.
Garcia considera difícil a campanha da oposição atual, mais ainda do que a campanha de Lula em 1994, enfrentando Fernando Henrique Cardoso ancorado no Plano Real.
O plano Real representou uma mudança econômica, diz ele, percebida por jornalistas, economistas e intelectuais. Já as mudanças atuais são de ordem social, percebida, portanto, pela sociedade (na verdade, o fim da inflação em 1994 significou bem estar para toda a população).
***
Garcia considera que a nova classe social, que nasceu nos últimos anos, será cada vez mais exigente. Hoje se contenta com Prouni ( o programa de bolsas em universidades privadas para estudantes carentes) ou adquirir a casa própria. No futuro, exigirá muito mais, uma abertura maior de horizontes.
***
Esse movimento inaugurou um novo ciclo na sociedade brasileira, que não foi percebido pela oposição, diz ele. Passou os primeiros anos apostando no fracasso do governo. Quando se deram conta de que não estava funcionando, houve a aposta na crise política deflagrada pelo “mensalão”.
Garcia compara com a crise de Vargas, em 1954. Entre o atentado da rua Toneleros, contra Carlos Lacerda, e o suicídio de Getúlio Vargas passaram apenas 19 dias. Foi um rastilho.
No caso do “mensalão”, Lula reagiu em uma maratona que começou em Garanhuns e prosseguiu por todo o Brasil.
***
Ai predominou ideia do sangramento, que começou a fazer água em fins de 2005. Em janeiro e fevereiro de 2006, pesquisas de opinião começaram a mostrar uma reversão do desgaste do governo Lula. Foi quando Serra desistiu de concorrrer à presidência e passou o cálice para Geraldo Alckmin.
Não se esperava uma inflexão no segundo governo Lula. O primeiro se caracterizou por uma ortodoxia pesada no Banco Central e por políticas sociais na outra ponta.
Com a crise do mensalão, percebeu-se a necessidade de um projeto nacional, explica Garcia.
***
Além disso, se insistiu no discurso mais à esquerda que, segundo Garcia, teria sido responsável pelo episódio insólito de Alckmin receber, no segundo turno, uma votação 3 milhões de votos inferior à do primeiro turno.
Mas estavam lançadas aí as sementes de um programa de desenvolvimento, cujas expressões iniciais foram o PAC1 e o Minha Casa, Minha Vida, mantendo a política conservadora do Banco Central.
***
Esse movimento, ainda segundo Garcia, teria desorientado a oposição, que passou a brandir um discurso bastante agressivo. Em 2009, Aécio Neves descobriu o tom correto, ao se apresentar como o pós-Lula. Só que, àquela altura, o PSDB estava profundamente identificado com o anti-lulismo dos períodos anteriores.
***
Todo esse movimento se refletiu nas constantes mudanças da campanha de Serra. No início, apresentava-se como o candidato que iria unir ricos e pobres, esquerda e direita. À medida que Dilma subia, passou a espelhar uma direita centro-sul. Segundo Garcia, há uma direita composta de coronéis nordestinos. E outra, mais de centro-sul, bom ingredientes fortes de preconceito.
O caminho à direita
Serra acabou abrindo mão de sua formação de centro-esquerda e enveredando decididamente pela direita mais radical. E aí a intolerância acabou afastando os eleitores. Pela definição de Garcia, o governo Lula seria um governo social democrata, de esquerda-centro – isto é, de centro mas com viés de esquerda branda. E o PSDB teria ficado sem espaço para esse perfil de eleitor.
O governo Dilma
Em sua opinião, o governo Dilma terá algumas características ainda não percebidas nem pela oposição. Quem a conhece sabe que tem personalidade forte, embora sempre vá se aconselhar com Lula. Para certo conjunto de questões, Dilma tem posição firmada. Como, por exemplo, a questão do desenvolvimento, temas econômicos e sociais.E Lula tem consciência de que não interferirá no governo.
O papel de Lula
Segundo Garcia, a tarefa que Lula se incumbirá será a de empurrar partidos, dando-lhes uma densidade política maior. O próprio PMDB tenderá a ser mais homogêneo, diz ele, à medida em que, ao contrário do governo Lula, agorá terá um papel institucional no novo governo. Vai ser obrigado a buscar uma identidade político-ideológica maior.
Luis Nassif
Coluna Econômica, 20/08/2010
Como se analisa o governo Lula, por dentro? A visão abaixo é de Marco Aurélio Garcia, assessor especial de Lula e encarregado de montar o programa da candidata Dilma Rousseff.
Garcia considera difícil a campanha da oposição atual, mais ainda do que a campanha de Lula em 1994, enfrentando Fernando Henrique Cardoso ancorado no Plano Real.
O plano Real representou uma mudança econômica, diz ele, percebida por jornalistas, economistas e intelectuais. Já as mudanças atuais são de ordem social, percebida, portanto, pela sociedade (na verdade, o fim da inflação em 1994 significou bem estar para toda a população).
***
Garcia considera que a nova classe social, que nasceu nos últimos anos, será cada vez mais exigente. Hoje se contenta com Prouni ( o programa de bolsas em universidades privadas para estudantes carentes) ou adquirir a casa própria. No futuro, exigirá muito mais, uma abertura maior de horizontes.
***
Esse movimento inaugurou um novo ciclo na sociedade brasileira, que não foi percebido pela oposição, diz ele. Passou os primeiros anos apostando no fracasso do governo. Quando se deram conta de que não estava funcionando, houve a aposta na crise política deflagrada pelo “mensalão”.
Garcia compara com a crise de Vargas, em 1954. Entre o atentado da rua Toneleros, contra Carlos Lacerda, e o suicídio de Getúlio Vargas passaram apenas 19 dias. Foi um rastilho.
No caso do “mensalão”, Lula reagiu em uma maratona que começou em Garanhuns e prosseguiu por todo o Brasil.
***
Ai predominou ideia do sangramento, que começou a fazer água em fins de 2005. Em janeiro e fevereiro de 2006, pesquisas de opinião começaram a mostrar uma reversão do desgaste do governo Lula. Foi quando Serra desistiu de concorrrer à presidência e passou o cálice para Geraldo Alckmin.
Não se esperava uma inflexão no segundo governo Lula. O primeiro se caracterizou por uma ortodoxia pesada no Banco Central e por políticas sociais na outra ponta.
Com a crise do mensalão, percebeu-se a necessidade de um projeto nacional, explica Garcia.
***
Além disso, se insistiu no discurso mais à esquerda que, segundo Garcia, teria sido responsável pelo episódio insólito de Alckmin receber, no segundo turno, uma votação 3 milhões de votos inferior à do primeiro turno.
Mas estavam lançadas aí as sementes de um programa de desenvolvimento, cujas expressões iniciais foram o PAC1 e o Minha Casa, Minha Vida, mantendo a política conservadora do Banco Central.
***
Esse movimento, ainda segundo Garcia, teria desorientado a oposição, que passou a brandir um discurso bastante agressivo. Em 2009, Aécio Neves descobriu o tom correto, ao se apresentar como o pós-Lula. Só que, àquela altura, o PSDB estava profundamente identificado com o anti-lulismo dos períodos anteriores.
***
Todo esse movimento se refletiu nas constantes mudanças da campanha de Serra. No início, apresentava-se como o candidato que iria unir ricos e pobres, esquerda e direita. À medida que Dilma subia, passou a espelhar uma direita centro-sul. Segundo Garcia, há uma direita composta de coronéis nordestinos. E outra, mais de centro-sul, bom ingredientes fortes de preconceito.
O caminho à direita
Serra acabou abrindo mão de sua formação de centro-esquerda e enveredando decididamente pela direita mais radical. E aí a intolerância acabou afastando os eleitores. Pela definição de Garcia, o governo Lula seria um governo social democrata, de esquerda-centro – isto é, de centro mas com viés de esquerda branda. E o PSDB teria ficado sem espaço para esse perfil de eleitor.
O governo Dilma
Em sua opinião, o governo Dilma terá algumas características ainda não percebidas nem pela oposição. Quem a conhece sabe que tem personalidade forte, embora sempre vá se aconselhar com Lula. Para certo conjunto de questões, Dilma tem posição firmada. Como, por exemplo, a questão do desenvolvimento, temas econômicos e sociais.E Lula tem consciência de que não interferirá no governo.
O papel de Lula
Segundo Garcia, a tarefa que Lula se incumbirá será a de empurrar partidos, dando-lhes uma densidade política maior. O próprio PMDB tenderá a ser mais homogêneo, diz ele, à medida em que, ao contrário do governo Lula, agorá terá um papel institucional no novo governo. Vai ser obrigado a buscar uma identidade político-ideológica maior.
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quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Pesquisa Ibope: Dilma amplia vantagem
Às vésperas do início da propaganda eleitoral gratuita, Dilma amplia vantagem sobre Serra, aumentando suas chances de ser eleita no primeiro turno
IBOPE, 16/08/2010
Pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência entre os dias 12 e 15 de agosto
Pesquisa de intenção de voto para Presidente realizada pelo IBOPE Inteligência para o jornal O Estado de S. Paulo e a TV Globo, entre os dias 12 e 15 de agosto, aponta um crescimento da vantagem de Dilma (PT) sobre seu principal adversário, José Serra (PSDB). Hoje, Dilma tem 43% das intenções de voto e Serra tem 32%, uma expressiva vantagem de 11 pontos percentuais, inédita até este momento da campanha. A diferença entre os candidatos, que era de cinco pontos percentuais na última rodada divulgada no dia 6 de agosto, cresce como resultado de um acréscimo de quatro pontos percentuais na intenção de voto da petista, ao mesmo tempo que oscila dois pontos para baixo a intenção de voto do candidato do PSDB.
Nesta rodada, a intenção de voto de Marina Silva (PV) segue sendo 8%, enquanto outros candidatos, juntos, somam 1% das menções dos eleitores brasileiros. Além disso, 9% dos eleitores ainda estão indecisos (eram 12% na rodada passada) e 7% têm a intenção de votar em branco ou anular o voto.
Destaque por segmentos
A intenção de voto de Dilma cresce em praticamente todos os segmentos do eleitorado, com alguns destaques:
- Pela primeira vez, Dilma fica à frente de Serra e com vantagem (6 pontos percentuais) no eleitorado feminino, atingindo hoje 39% das intenções de voto neste segmento (crescimento de quatro pontos percentuais em relação à rodada anterior).
- Dilma também cresce entre os homens (mais cinco pontos percentuais) e tem hoje 47% das intenções de voto contra 31% do tucano. Ou seja, a vantagem que era de no máximo 10 pontos percentuais nas rodadas anteriores, nesta pesquisa, chega a 16 pontos.
- A candidata do PT também apresenta um crescimento expressivo entre os eleitores jovens (16 a 24 anos), ficando com uma vantagem de 13 pontos percentuais sobre José Serra (ela tem 46% e ele 33% das intenções de voto neste segmento). O mesmo ocorre na faixa etária de 40 a 49 anos, segmento no qual Dilma apresenta hoje 10 pontos percentuais de vantagem em relação ao tucano (respectivamente 42% e 32%).
- Dilma mantém a vantagem registrada em rodadas anteriores da pesquisa nos segmentos etários de 25 a 29 anos e de 30 a 39 anos: Dilma tem, respectivamente, 46% e 43% das intenções de voto nestes segmentos (contra 28% e 33%, respectivamente, de Serra).
- Nesta pesquisa, Serra tem um desempenho relativamente pior entre os eleitores com 50 anos e mais, oscilando negativamente três pontos percentuais em relação à rodada passada. Já Dilma mantém o mesmo percentual registrado na pesquisa passada neste segmento, ficando com uma vantagem de seis pontos percentuais (39% das intenções de voto, contra 33% do tucano).
- Por faixa de renda, o único segmento no qual Serra mantém vantagem é naquele com renda superior a cinco salários mínimos. Neste segmento, Serra tem hoje 43% das intenções de voto, contra 38% de Dilma, resultado de uma oscilação positiva, de ambos os candidatos, de no máximo três pontos.
- Nos demais segmentos de renda, Dilma fica na frente de Serra, com destaque para o significativo crescimento de nove pontos percentuais em sua intenção de voto no eleitorado com rendimento mensal entre 1 e 2 salários mínimos, ao mesmo tempo que a de Serra cai seis pontos. Os dois principais candidatos têm hoje 45% (Dilma) e 30% (Serra) das intenções de voto nesta parcela do eleitorado.
< p>- A vantagem de Dilma sobre Serra entre os eleitores com rendimento até um salário mínimo atinge 22 pontos percentuais nesta rodada: 48% para Dilma contra 26% de Serra.
- Considerando o nível de instrução dos eleitores, Dilma mantém um melhor desempenho na parcela do eleitorado com escolaridade média, crescendo sobretudo entre aqueles com 5ª a 8ª série do ensino fundamental (+ 5 pontos percentuais) e ensino médio (+ 6 pontos percentuais).
- Serra supera Dilma apenas no eleitorado com ensino superior (respectivamente 40% e 34% das intenções de voto), como resultado de um acréscimo de nove pontos percentuais na intenção de voto do tucano nesta rodada.
- Dilma fica à frente de Serra em todas as regiões, com exceção do Sul, onde o tucano tem 44% das intenções de voto contra 35% da petista.
- O principal destaque desta rodada é o crescimento de Dilma no Sudeste, onde sua intenção de voto cresce seis pontos percentuais nesta rodada. É a primeira vez que Dilma supera Serra na região, com uma vantagem expressiva de nove pontos percentuais sobre seu principal adversário. A diferença entre eles é a mesma registrada na rodada de junho, mas agora a favor da petista.
- No Nordeste, Dilma tem mais que o dobro da intenção de voto de Serra (53% contra 24%), resultado de um crescimento de sete pontos percentuais da petista, enquanto Serra oscila três pontos para baixo na região.
- Dilma também atinge praticamente o dobro das intenções de voto entre os eleitores que avaliam a administração do Presidente Lula como ótima/ boa (78% dos eleitores no total). Neste segmento, Dilma tem 51% das intenções de voto, contra 26% de Serra.
Intenção de voto espontânea
Quando a pergunta de intenção de voto é feita sem a apresentação do disco com os nomes dos candidatos, 31% dos eleitores mencionam espontaneamente a candidata do PT, contra 19% que citam Serra e 5% que citam Marina. Com um acréscimo de seis pontos percentuais em relação à última rodada, este é o melhor desempenho de Dilma na menção espontânea dos eleitores. Serra volta a registrar o melhor desempenho que já teve nesta pergunta.
Pouco mais de um terço dos eleitores (35%) declara-se indeciso sobre sua intenção de voto (eram 44% na pesquisa passada) e 7% têm intenção de votar em branco ou anular o voto.
Votos válidos
Considerando-se apenas os votos válidos (excluindo brancos, nulos e indecisos), Dilma tem hoje 51% das intenções de voto, enquanto Serra tem 38%, Marina tem 10% e outros candidatos somam 1%. Neste cenário, se as eleições fossem hoje, Dilma poderia ser eleita no primeiro turno, já que, levando-se em conta a margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos percentuais para mais e para menos, os votos válidos de Dilma podem variar entre 49% e 53%.
Segundo turno
Na hipótese de um segundo turno entre Dilma e Serra, a petista teria 48% dos votos, contra 37% do candidato do PSDB. A vantagem de 11 pontos é a maior registrada desde a primeira rodada da pesquisa (3 de junho). Em um eventual segundo turno entre estes candidatos, 8% dos eleitores têm a intenção de votar em branco/ nulo e 7% dos eleitores estão indecisos.
Expectativa de vitória
Independente da intenção de voto, metade dos eleitores brasileiros (51%) acredita na vitória de Dilma nas eleições de outubro. Por outro lado, 29% acreditam que Ser ra será eleito o próximo Presidente, 2% acreditam na vitória de Marina, enquanto os outros candidatos não atingem 1% das menções. Neste momento, 16% dos entrevistados não sabem ou preferem não responder à pergunta.
Em relação às pesquisas anteriores, esta rodada registra a maior expectativa de vitória de Dilma (crescimento de cinco pontos percentuais em relação à pesquisa de 6 de agosto). Da mesma forma, a expectativa de vitória de Serra decresce a cada rodada (era 35% na pesquisa de 3 de junho, muito próxima da de Dilma, que era 40% na mesma pesquisa).
Rejeição
Os índices de rejeição dos dois principais candidatos seguem estáveis desde o início do acompanhamento do IBOPE/ TV Globo/ O Estado de S. Paulo. Nesta rodada, 27% dos eleitores declaram que não votariam em José Serra de jeito nenhum, enquanto o índice de rejeição de Dilma é 19%. Marina Silva tem 15% de rejeição, enquanto os índices dos demais candidatos variam entre 11% e 14%. O equivalente a 14% do eleitorado poderia votar em qualquer dos candidatos e 18% declaram-se indecisos.
Avaliação da atual administração
A administração do Presidente Lula bate novamente o recorde de aprovação: 78% de avaliação ótima/ boa, contra 18% de regular e 4% de ruim/ péssima.
A maneira como o Presidente vem administrando o Brasil é aprovada por 86% dos eleitores.
FICHA TÉCNICA DA PESQUISA (JOB Nº 0984-4/ 2010):
Período de campo: a pesquisa foi realizada entre os dias 12 e 15 de agosto de 2010.
Tamanho da amostra: foram entrevistados 2506 eleitores.
Margem de erro: é de dois pontos percentuais, considerando um grau de confiança de 95%.
Solicitante: pesquisa contratada pela Globo Comunicação e Participações S/A e O Estado de S. Paulo.
Registro eleitoral: registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob protocolo nº 23548/2010.
Download do relatório
IBOPE, 16/08/2010
Pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência entre os dias 12 e 15 de agosto
Pesquisa de intenção de voto para Presidente realizada pelo IBOPE Inteligência para o jornal O Estado de S. Paulo e a TV Globo, entre os dias 12 e 15 de agosto, aponta um crescimento da vantagem de Dilma (PT) sobre seu principal adversário, José Serra (PSDB). Hoje, Dilma tem 43% das intenções de voto e Serra tem 32%, uma expressiva vantagem de 11 pontos percentuais, inédita até este momento da campanha. A diferença entre os candidatos, que era de cinco pontos percentuais na última rodada divulgada no dia 6 de agosto, cresce como resultado de um acréscimo de quatro pontos percentuais na intenção de voto da petista, ao mesmo tempo que oscila dois pontos para baixo a intenção de voto do candidato do PSDB.
Nesta rodada, a intenção de voto de Marina Silva (PV) segue sendo 8%, enquanto outros candidatos, juntos, somam 1% das menções dos eleitores brasileiros. Além disso, 9% dos eleitores ainda estão indecisos (eram 12% na rodada passada) e 7% têm a intenção de votar em branco ou anular o voto.
Destaque por segmentos
A intenção de voto de Dilma cresce em praticamente todos os segmentos do eleitorado, com alguns destaques:
- Pela primeira vez, Dilma fica à frente de Serra e com vantagem (6 pontos percentuais) no eleitorado feminino, atingindo hoje 39% das intenções de voto neste segmento (crescimento de quatro pontos percentuais em relação à rodada anterior).
- Dilma também cresce entre os homens (mais cinco pontos percentuais) e tem hoje 47% das intenções de voto contra 31% do tucano. Ou seja, a vantagem que era de no máximo 10 pontos percentuais nas rodadas anteriores, nesta pesquisa, chega a 16 pontos.
- A candidata do PT também apresenta um crescimento expressivo entre os eleitores jovens (16 a 24 anos), ficando com uma vantagem de 13 pontos percentuais sobre José Serra (ela tem 46% e ele 33% das intenções de voto neste segmento). O mesmo ocorre na faixa etária de 40 a 49 anos, segmento no qual Dilma apresenta hoje 10 pontos percentuais de vantagem em relação ao tucano (respectivamente 42% e 32%).
- Dilma mantém a vantagem registrada em rodadas anteriores da pesquisa nos segmentos etários de 25 a 29 anos e de 30 a 39 anos: Dilma tem, respectivamente, 46% e 43% das intenções de voto nestes segmentos (contra 28% e 33%, respectivamente, de Serra).
- Nesta pesquisa, Serra tem um desempenho relativamente pior entre os eleitores com 50 anos e mais, oscilando negativamente três pontos percentuais em relação à rodada passada. Já Dilma mantém o mesmo percentual registrado na pesquisa passada neste segmento, ficando com uma vantagem de seis pontos percentuais (39% das intenções de voto, contra 33% do tucano).
- Por faixa de renda, o único segmento no qual Serra mantém vantagem é naquele com renda superior a cinco salários mínimos. Neste segmento, Serra tem hoje 43% das intenções de voto, contra 38% de Dilma, resultado de uma oscilação positiva, de ambos os candidatos, de no máximo três pontos.
- Nos demais segmentos de renda, Dilma fica na frente de Serra, com destaque para o significativo crescimento de nove pontos percentuais em sua intenção de voto no eleitorado com rendimento mensal entre 1 e 2 salários mínimos, ao mesmo tempo que a de Serra cai seis pontos. Os dois principais candidatos têm hoje 45% (Dilma) e 30% (Serra) das intenções de voto nesta parcela do eleitorado.
< p>- A vantagem de Dilma sobre Serra entre os eleitores com rendimento até um salário mínimo atinge 22 pontos percentuais nesta rodada: 48% para Dilma contra 26% de Serra.
- Considerando o nível de instrução dos eleitores, Dilma mantém um melhor desempenho na parcela do eleitorado com escolaridade média, crescendo sobretudo entre aqueles com 5ª a 8ª série do ensino fundamental (+ 5 pontos percentuais) e ensino médio (+ 6 pontos percentuais).
- Serra supera Dilma apenas no eleitorado com ensino superior (respectivamente 40% e 34% das intenções de voto), como resultado de um acréscimo de nove pontos percentuais na intenção de voto do tucano nesta rodada.
- Dilma fica à frente de Serra em todas as regiões, com exceção do Sul, onde o tucano tem 44% das intenções de voto contra 35% da petista.
- O principal destaque desta rodada é o crescimento de Dilma no Sudeste, onde sua intenção de voto cresce seis pontos percentuais nesta rodada. É a primeira vez que Dilma supera Serra na região, com uma vantagem expressiva de nove pontos percentuais sobre seu principal adversário. A diferença entre eles é a mesma registrada na rodada de junho, mas agora a favor da petista.
- No Nordeste, Dilma tem mais que o dobro da intenção de voto de Serra (53% contra 24%), resultado de um crescimento de sete pontos percentuais da petista, enquanto Serra oscila três pontos para baixo na região.
- Dilma também atinge praticamente o dobro das intenções de voto entre os eleitores que avaliam a administração do Presidente Lula como ótima/ boa (78% dos eleitores no total). Neste segmento, Dilma tem 51% das intenções de voto, contra 26% de Serra.
Intenção de voto espontânea
Quando a pergunta de intenção de voto é feita sem a apresentação do disco com os nomes dos candidatos, 31% dos eleitores mencionam espontaneamente a candidata do PT, contra 19% que citam Serra e 5% que citam Marina. Com um acréscimo de seis pontos percentuais em relação à última rodada, este é o melhor desempenho de Dilma na menção espontânea dos eleitores. Serra volta a registrar o melhor desempenho que já teve nesta pergunta.
Pouco mais de um terço dos eleitores (35%) declara-se indeciso sobre sua intenção de voto (eram 44% na pesquisa passada) e 7% têm intenção de votar em branco ou anular o voto.
Votos válidos
Considerando-se apenas os votos válidos (excluindo brancos, nulos e indecisos), Dilma tem hoje 51% das intenções de voto, enquanto Serra tem 38%, Marina tem 10% e outros candidatos somam 1%. Neste cenário, se as eleições fossem hoje, Dilma poderia ser eleita no primeiro turno, já que, levando-se em conta a margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos percentuais para mais e para menos, os votos válidos de Dilma podem variar entre 49% e 53%.
Segundo turno
Na hipótese de um segundo turno entre Dilma e Serra, a petista teria 48% dos votos, contra 37% do candidato do PSDB. A vantagem de 11 pontos é a maior registrada desde a primeira rodada da pesquisa (3 de junho). Em um eventual segundo turno entre estes candidatos, 8% dos eleitores têm a intenção de votar em branco/ nulo e 7% dos eleitores estão indecisos.
Expectativa de vitória
Independente da intenção de voto, metade dos eleitores brasileiros (51%) acredita na vitória de Dilma nas eleições de outubro. Por outro lado, 29% acreditam que Ser ra será eleito o próximo Presidente, 2% acreditam na vitória de Marina, enquanto os outros candidatos não atingem 1% das menções. Neste momento, 16% dos entrevistados não sabem ou preferem não responder à pergunta.
Em relação às pesquisas anteriores, esta rodada registra a maior expectativa de vitória de Dilma (crescimento de cinco pontos percentuais em relação à pesquisa de 6 de agosto). Da mesma forma, a expectativa de vitória de Serra decresce a cada rodada (era 35% na pesquisa de 3 de junho, muito próxima da de Dilma, que era 40% na mesma pesquisa).
Rejeição
Os índices de rejeição dos dois principais candidatos seguem estáveis desde o início do acompanhamento do IBOPE/ TV Globo/ O Estado de S. Paulo. Nesta rodada, 27% dos eleitores declaram que não votariam em José Serra de jeito nenhum, enquanto o índice de rejeição de Dilma é 19%. Marina Silva tem 15% de rejeição, enquanto os índices dos demais candidatos variam entre 11% e 14%. O equivalente a 14% do eleitorado poderia votar em qualquer dos candidatos e 18% declaram-se indecisos.
Avaliação da atual administração
A administração do Presidente Lula bate novamente o recorde de aprovação: 78% de avaliação ótima/ boa, contra 18% de regular e 4% de ruim/ péssima.
A maneira como o Presidente vem administrando o Brasil é aprovada por 86% dos eleitores.
FICHA TÉCNICA DA PESQUISA (JOB Nº 0984-4/ 2010):
Período de campo: a pesquisa foi realizada entre os dias 12 e 15 de agosto de 2010.
Tamanho da amostra: foram entrevistados 2506 eleitores.
Margem de erro: é de dois pontos percentuais, considerando um grau de confiança de 95%.
Solicitante: pesquisa contratada pela Globo Comunicação e Participações S/A e O Estado de S. Paulo.
Registro eleitoral: registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob protocolo nº 23548/2010.
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Propaganda na TV: Dilma e Serra
Saiba como foram Serra e Dilma na TV
Jornalista Políbio Braga, 17.08.2010
O programa de TV de Serra foi mais clean, mais veloz e mais direto do que o programa de TV de Dilma, que dividiu a cena com seu tutor político e eleitoral, o presidente Lula, ambos movimentando-se num ambiente mais dark e oblíquo.
. O maior tempo de Dilma Roussef, 10min38s, tornou ainda mais arrastado o programa do PT. Com menos tempo (7min18s), o PSDB até por isto apresentou maior agilidade.
. Os dois candidatos mostraram a biografia: Serra deu ênfase aos sucessivos mandatos que conseguiu através de eleições, até chegar a governador de São Paulo, enquanto Dilma Roussef passou o filme da carreira exitosa de burocrata pública, até ser alçada por Lula à condição de ministra e depois de candidata do PT.
. Ninguém provocou ninguém e os dois candidatos não apresentaram seus vices.
. Serra listou suas principais propostas, mas Dilma Roussef apenas passou a idéia de que será a candidata do continuísmo.
OBSCURIDADE - Ainda não foi desta vez que Dilma Roussef e o PT apresentaram a história obscura protagonizada por Dilma Roussef entre os seus 17 anos e os 27 anos, período em que abraçou a luta armada e a companhia de terroristas da pior espécie. Ente os atos dos quais participou e que sua biografia ignora, está o assalto ao cofre do ex-governador Ademar de Barros, que vem a ser o avô do atual dono da Band, Johny Saad.
CLIQUE AQUI para ver o programa de Dilma.
CLIQUE AQUI para ver o programa de Serra.
Jornalista Políbio Braga, 17.08.2010
O programa de TV de Serra foi mais clean, mais veloz e mais direto do que o programa de TV de Dilma, que dividiu a cena com seu tutor político e eleitoral, o presidente Lula, ambos movimentando-se num ambiente mais dark e oblíquo.
. O maior tempo de Dilma Roussef, 10min38s, tornou ainda mais arrastado o programa do PT. Com menos tempo (7min18s), o PSDB até por isto apresentou maior agilidade.
. Os dois candidatos mostraram a biografia: Serra deu ênfase aos sucessivos mandatos que conseguiu através de eleições, até chegar a governador de São Paulo, enquanto Dilma Roussef passou o filme da carreira exitosa de burocrata pública, até ser alçada por Lula à condição de ministra e depois de candidata do PT.
. Ninguém provocou ninguém e os dois candidatos não apresentaram seus vices.
. Serra listou suas principais propostas, mas Dilma Roussef apenas passou a idéia de que será a candidata do continuísmo.
OBSCURIDADE - Ainda não foi desta vez que Dilma Roussef e o PT apresentaram a história obscura protagonizada por Dilma Roussef entre os seus 17 anos e os 27 anos, período em que abraçou a luta armada e a companhia de terroristas da pior espécie. Ente os atos dos quais participou e que sua biografia ignora, está o assalto ao cofre do ex-governador Ademar de Barros, que vem a ser o avô do atual dono da Band, Johny Saad.
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sábado, 14 de agosto de 2010
Pesquisa eleitoral: Dilma passa Serra
Dilma passa Serra em Minas; tucano só lidera no Sul
Uirá Machado
Folha de S.Paulo, 14.08.2010
Petista cresce também nos outros 6 Estados pesquisados; no Rio, vantagem de ex-ministra sobe 10 pontos
São Paulo - Dilma Rousseff (PT) cresceu em todos o Estados pesquisados pelo Datafolha, passou José Serra (PSDB) em Minas Gerais e agora lidera nas regiões Nordeste e Sudeste. O tucano mantém a dianteira no Sul do país.
No levantamento anterior, feito de 20 a 23 de julho, o Sudeste estava dividido entre Dilma e Serra, com um Estado para cada um e Minas Gerais rachado entre os dois.
Agora, Dilma não só aumentou em dez pontos sua vantagem no Rio de Janeiro mas também é a mais votada entre os mineiros.
Dilma tem 41% das intenções de voto em Minas, contra 34% de Serra (estava 35% a 38%, respectivamente). O Estado é o segundo maior colégio eleitoral do país.
No Rio, terceiro colégio, onde Dilma tem 41% de intenção de voto, Serra aparece com 25% e já vê Marina Silva (PV) se aproximar, com 15%.
Em São Paulo, que concentra 30 milhões de eleitores (22% do eleitorado), Serra mantém a ponta, mas viu sua vantagem cair sete pontos.
O melhor desempenho de Dilma continua sendo em Pernambuco, onde ela também apresenta seu maior crescimento. A vantagem da petista sobre Serra entre os pernambucanos, que era de 15 pontos, agora é de 33. O Estado tem 6,3% do eleitorado.
O segundo maior crescimento de Dilma se deu na Bahia, quarto maior colégio eleitoral. A petista acrescentou 11 pontos à sua vantagem sobre Serra e agora tem 48% de intenção de voto entre os baianos, e o tucano, 26%.
Na região Sul do país, porto seguro de Serra, Dilma também cresceu, mas o tucano mantém a preferência entre gaúchos e paranaenses.
No Rio Grande do Sul, com 8,1 milhões de eleitores, Serra tem 43% de intenção de voto, e Dilma, 35%. A vantagem tucana, que era de 12 pontos, caiu para 8.
No Paraná, onde Serra tinha a maior vantagem no levantamento anterior (15 pontos), a distância também encurtou. Agora o tucano está sete pontos à frente de Dilma.
Uirá Machado
Folha de S.Paulo, 14.08.2010
Petista cresce também nos outros 6 Estados pesquisados; no Rio, vantagem de ex-ministra sobe 10 pontos
São Paulo - Dilma Rousseff (PT) cresceu em todos o Estados pesquisados pelo Datafolha, passou José Serra (PSDB) em Minas Gerais e agora lidera nas regiões Nordeste e Sudeste. O tucano mantém a dianteira no Sul do país.
No levantamento anterior, feito de 20 a 23 de julho, o Sudeste estava dividido entre Dilma e Serra, com um Estado para cada um e Minas Gerais rachado entre os dois.
Agora, Dilma não só aumentou em dez pontos sua vantagem no Rio de Janeiro mas também é a mais votada entre os mineiros.
Dilma tem 41% das intenções de voto em Minas, contra 34% de Serra (estava 35% a 38%, respectivamente). O Estado é o segundo maior colégio eleitoral do país.
No Rio, terceiro colégio, onde Dilma tem 41% de intenção de voto, Serra aparece com 25% e já vê Marina Silva (PV) se aproximar, com 15%.
Em São Paulo, que concentra 30 milhões de eleitores (22% do eleitorado), Serra mantém a ponta, mas viu sua vantagem cair sete pontos.
O melhor desempenho de Dilma continua sendo em Pernambuco, onde ela também apresenta seu maior crescimento. A vantagem da petista sobre Serra entre os pernambucanos, que era de 15 pontos, agora é de 33. O Estado tem 6,3% do eleitorado.
O segundo maior crescimento de Dilma se deu na Bahia, quarto maior colégio eleitoral. A petista acrescentou 11 pontos à sua vantagem sobre Serra e agora tem 48% de intenção de voto entre os baianos, e o tucano, 26%.
Na região Sul do país, porto seguro de Serra, Dilma também cresceu, mas o tucano mantém a preferência entre gaúchos e paranaenses.
No Rio Grande do Sul, com 8,1 milhões de eleitores, Serra tem 43% de intenção de voto, e Dilma, 35%. A vantagem tucana, que era de 12 pontos, caiu para 8.
No Paraná, onde Serra tinha a maior vantagem no levantamento anterior (15 pontos), a distância também encurtou. Agora o tucano está sete pontos à frente de Dilma.
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quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Entrevistas dos candidatos no Jornal Nacional
Comparações estabelecidas por Reinaldo Azevedo: (12.08.2010)
A falácia petralha: aqui estão todas as perguntas feitas aos três candidatos. Comparem!
A entrevista de José Serra ao Jornal Nacional nem havia acabado ainda, e a equipe de Dilma Rousseff que cuida da Internet — aquele coroa saído de Woodstock à frente — já sabia que o tucano tinha tido um desempenho exemplar. E já ocupava o Twitter com a falácia de que William Bonner e Fátima Bernardes haviam “pegado leve” com ele. Trata-se de uma mentira. Mentira evidente e com contestação documentada. Dilma, sim, foi beneficiada pela ausência de uma pergunta: não teve de falar sobre o mensalão. Por quê? Não sei.
Abaixo, reproduzo apenas as perguntas feitas pelos entrevistadores. Cortei as intervenções que são pedaços de frases. Leiam. Digam aí onde estão as facilidades para Serra. Arrisco-me a dizer, e trato disso em outro post, que a patrulha petralha acabou, isto sim, contaminando um tanto o JN.
Cadê a tal “agressividade” de Bonner e Fátima com a petista? Em que questão teriam sido mais duros com ela do que com Serra ou Marina? Onde? Apontem! Dilma teve, isto sim, aos menos duas bolas levantadas na rede: 1) a sua inexperiência eleitoral associada, no entanto, à intimidade com Lula, o que ela soube explorar muito bem; 2) o seu temperamento dito difícil, o que deu a ela a chance de negar e tal, dizendo-se apenas exigente.
Serra soube usar melhor o tempo, com respostas mais objetivas. E expressou-se com correção e clareza. Os petralhas estão tentando transformar o seu excelente desempenho numa suposta conspirata do Jornal Nacional em favor do tucano. Seguem as perguntas feitas aos três. Elas demonstram por que estão mentindo. Diria mais: deveriam estar orgulhosos. Ao contrário do que dizem, acho que a sua patrulha funcionou. Na voz de Fátima e William, eu ouvi boa parte das perguntas que os críticos gostariam de ter feito a Serra. Mas fica para o post abaixo deste.
PERGUNTAS FEITAS A SERRA
1 - William Bonner: Candidato, desde o início desta campanha, o senhor tem procurado evitar críticas ao presidente Lula. O senhor acha que… E em alguns casos fez até elogios a ele… o senhor acha que essa é a postura que o eleitor espera de um candidato da oposição?
2 - William Bonner: Entendo. Agora, candidato, o senhor avalia o risco que o senhor corre de essa sua postura ser interpretada como um receio de ter que enfrentar a popularidade alta do presidente Lula?
3 - Fátima Bernardes: O senhor tem insistido muito na tecla de que o eleitor deve procurar comparar as biografias dos candidatos que estarão concorrendo, que estão concorrendo nesta eleição. O senhor evita uma comparação de governos. Por exemplo, por quê, entre o governo atual e o governo anterior?
4 - Fátima Bernardes: Mas, por exemplo, avaliar, analisar fracassos e sucessos não ajuda o eleitor na hora de ele decidir pelo voto dele?
5 - William Bonner: Uma questão política. Nesta eleição, existem contradições muito claras nas alianças formadas pelos dois partidos que têm polarizado as eleições presidenciais brasileiras aí nos últimos 16 anos, né? O PT se aliou a desafetos históricos. O seu partido, o PSDB, está ao lado do PTB, um partido envolvido no escândalo do mensalão petista, no escândalo que inclusive foi investigado e foi condenado de forma muito veemente pelo seu partido, o PSDB. Então, a pergunta é a seguinte: o PSDB errou lá atrás quando condenou o PTB ou está errando agora quando se alia a esse partido?
6 - William Bonner: Os nomes de petebistas, todos, uma lista muito vasta, começando pelo Maurício Marinho.
7 - William Bonner: Mas não há nenhum constrangimento para o senhor pelo fato de esta aliança por parte do seu partido, o PSDB, ter sido assinada com o PTB pelas mãos do presidente do partido que teve o mandato cassado inclusive com votos de políticos do seu partido, o PSDB? Isso não provoca nenhum tipo de constrangimento?
8 - Fátima Bernardes: Candidato, nesta eleição, quer dizer, o senhor destaca muito a sua experiência política. Mas na hora da escolha do seu vice, houve um certo, um certo conflito com o DEM exatamente porque houve uma demora para o aparecimento desse nome. Muitos dos seus críticos atribuem essa demora ao seu perfil centralizador. O nome do deputado Índio da Costa apareceu 18 dias depois da sua oficialização, da convenção que oficializou a sua candidatura. É… O senhor considera que o deputado, em primeiro mandato, está pronto para ser o vice-presidente, uma função tão importante?
9 - Fátima Bernardes: Eu falei centralizador porque até no seu discurso de despedida do governo de São Paulo, o senhor mesmo explicou sobre essa fama de centralizador.
10 - Fátima Bernardes: Mas a experiência dele é municipal, na verdade, não é? Ele teve três mandatos de vereador, o senhor acha que isso o qualifica?
11 - William Bonner: Candidato, eu gostaria de abordar um pouquinho também da sua passagem pelo governo de São Paulo. O senhor foi governo em São Paulo durante quatro anos, seu partido está no poder em São Paulo há 16 anos. Então é razoável que a gente avalie aqui algumas dessas ações. A primeira que eu colocaria em questão aqui é um hábito que o senhor mesmo tem de criticar o modelo de concessão das estradas federais. De outro lado, os usuários, muitos usuários das estradas estaduais de São Paulo que estão sob regime de concessão, se queixam muito do preço e da frequência com que são obrigados a parar para pedágio, quer dizer, uma quantidade de praças de pedágio que eles consideram excessiva. Pergunta: o senhor pretende levar para o Brasil inteiro esse modelo de concessão de estradas estaduais de São Paulo?
12 - William Bonner: Mas a que o senhor fez motivou críticas quanto ao preço. Então a questão que se impõe é a seguinte, candidato: não existe um meio termo? Ou o cidadão brasileiro tem uma estrada boa e cara ou ele tem uma estrada ruim e barata. Não tem um meio termo nessa história?
13 - William Bonner: Mas esse modelo vai ser exportado para as estradas federais?
14 -Fátima Bernardes - Não, candidato. É que como nós temos um tempo, eu queria dar ao senhor os 30 segundos para o encerramento, para o senhor se dirigir ao…
PERGUNTAS FEITAS A MARINA
1 - Fátima Bernardes: Bom. E o nosso tempo de 12 minutos dessa entrevista começa a ser contado a partir de agora. Candidata, a sua atuação na vida pública, como ministra, como senadora, foi especificamente voltada para a área do meio ambiente. A senhora não tem uma experiência administrativa em nenhuma outra área, em nenhum outro setor. Como é que a senhora pretende convencer o eleitor de que a sua candidatura é para valer e que ela não é apenas uma candidatura para marcar posição nessa questão do meio ambiente?
2 - Fátima Bernardes: Quer dizer que a senhora acha que essa questão do meio ambiente passa por todos esses outros setores?
3 - William Bonner: Agora, candidata, perdoe, a senhora é candidata do Partido Verde e, até este momento, apresenta-se na eleição sem o apoio de nenhum outro partido. Se a senhora não conseguiu apoio para formar uma aliança agora antes da eleição, como é que a senhora vai formar uma base de sustentação para governar o Brasil depois, dentro do Congresso Nacional?
4 - William Bonner: A questão que eu ia colocar é a seguinte: se a senhora não conseguiu formar essa base de apoio agora, depois da eleição, uma base de apoio que se forme depois da eleição, não tem uma tendência maior ao tal fisiologismo que a senhora mesmo está criticando?
5 - Fátima Bernardes: A senhora olhando para o seu partido, a senhora considera que o PV, ele tem quadros, olhando para os seus colegas, para governar o Brasil?
6 - Fátima Bernardes: Não, eu estou perguntando porque ainda não há um acordo estabelecendo outras alianças.
7 - William Bonner: Candidata, vamos falar então… A senhora mencionou a questão, o papel do partido político. A senhora declarou já em algumas entrevistas que deixou o governo Lula e deixou o PT porque discordava da maneira como era conduzida a política ambiental no governo. No entanto, se nós voltarmos no tempo até aquele período do escândalo do mensalão, a senhora não veio a público para fazer uma condenação veemente daquele desvio moral de alguns integrantes do PT. A pergunta que eu lhe faço é a seguinte: o seu silêncio naquela ocasião não pode ser interpretado de uma certa maneira como uma conivência com aqueles desmandos?
8 - William Bonner: No entanto, o seu desconforto, vamos dizer assim, o seu desconforto ético com o mensalão não foi suficientemente forte para levá-la a deixar o cargo de ministra.
9 - William Bonner: Porque a pergunta que eu lhe dirigia era sobre um momento muito especifico da história e eu queria que a senhora tratasse dessa questão polêmica e não fosse para outro assunto. Eu estou consumindo 30 segundos da entrevista para fazer esse esclarecimento e eu lhe devolverei para a entrevista. Eu só queria que a senhora esclarecesse para mim qual foi e de que maneira a senhora viu a saída de alguns colegas seus então de PT, alguns, inclusive, fundadores do partido, que deixaram o partido indignados na época do mensalão, chorando. Como a senhora viu a ação deles, que não foi a ação que a senhora teve naquela ocasião?
10- Fátima Bernardes: Candidata, vamos abordar, então, um outro tema. Muita gente do governo e fora dele se queixava de que, durante a sua gestão à frente do Ministério do Meio Ambiente, a liberação de licenças ambientais, elas estavam muito lentas, e que isso, licenças ambientais para obras de infraestrutura, e que isso atrapalhava o desenvolvimento. Como é que a senhora enxergava essas críticas de que essa demora possa ter atrasado essas obras?
11 - Fátima Bernardes: Quer dizer, nesse caso, a senhora está dizendo que no caso da senhora estando no governo, essa lentidão, ela, por exemplo, não vai provocar esse atraso ainda mais ou agravar ainda mais esses gargalos que a senhora citou, econômicos, e provocar, por exemplo, no setor energético, um risco de um novo apagão por demora na liberação dessas licenças?
12 - William Bonner: Candidata, a senhora tem 30 segundos para se dirigir ao eleitor e pedir a ele o seu voto, dando a ele a última mensagem. Por favor.
PERGUNTAS FEITAS A DILMA
1 - William Bonner: Candidata, o seu nome como candidata do PT à Presidência foi indicado diretamente pelo presidente Lula, ele não esconde isso de ninguém. Algumas pessoas criticaram, disseram que foi uma medida autoritária, por não ter ouvido as bases do PT. Por outro lado, a senhora não tem experiência eleitoral nenhuma até este momento. A senhora se considera preparada para governar o Brasil longe do presidente Lula?
2 - William Bonner: Mas a sua relação com o presidente Lula, a senhora faz questão de dizer que é muito afinada com ele. Junto a isso, o fato de a senhora não ter experiência e ter tido o nome indicado diretamente por ele, de alguma maneira a senhora acha que isso poderia fazer com que o eleitor a enxergasse ou enxergasse o presidente Lula atualmente como um tutor de seu governo, caso eleita?
3 - Fátima Bernardes: A senhora falou de temperamento. Alguns críticos, muitos críticos e alguns até aliados falam que a senhora tem um temperamento difícil. O que a gente espera de um presidente é que ele, entre outras coisas, seja capaz de fazer alianças, de negociar, ter habilidade política para fazer acordos. A senhora de que forma pretende que esse temperamento que dizem ser duro e difícil não interfira no seu governo caso eleita?
4 - Fátima Bernardes: Agora, no caso, por exemplo, a senhora falou de não haver cassetete, mas talvez seja a forma de a senhora se comportar. O próprio presidente Lula, este ano, em discurso durante uma cerimônia de posse de ministros, ele chegou a dizer que achava até natural haver queixas contra a senhora, mas que ele recebeu na sala dele várias pessoas, colegas, ex-ministros, ministros, que iam lá se queixar que a senhora maltratava eles.
5 - Fátima Bernardes: Como mãe eu entendo, mas, por exemplo, como presidente não tem uma hora que tem que ter facilidade de negociar, por exemplo, futuramente no Congresso, futuramente com líderes mundiais, ter um jogo de cintura ai?
6 - William Bonner: O presidente falou em maltratar, não é, candidata?
7 - William Bonner: Não, ele disse isso. A senhora me perdoe, mas o discurso dele está disponível. Ele disse assim: as pessoas diziam que foram maltratadas pela senhora. Mas a gente também não precisa ficar nessa questão até o fim da entrevista, têm outros temas.
8- William Bonner: A senhora tem agora nessa candidatura, além do apoio do presidente, a senhora também tem alianças, né?, formadas para essa sua candidatura. Por exemplo, a do deputado Jader Barbalho, por exemplo, a do senador Renan Calheiros, por exemplo, da família Sarney. A senhora tem o apoio do ex-presidente Fernando Collor. São todas figuras da política brasileira que, ao longo de muitos anos, o PT, o seu partido, criticou severamente. Eram considerados como oligarcas pelo PT. Onde foi que o PT errou, ou melhor, quando foi que ele errou: ele errou quando fez aquelas críticas todas ou está errando agora, quando botou todo mundo debaixo do mesmo guarda-chuva?
9 - William Bonner: Vamos lá. Candidata, vamos aproveitar o tempo da melhor maneira. O PT tem hoje já nas costas oito anos de governo. Então é razoável que a gente tente abordar aqui alguma das realizações. Vamos discutir um pouco o desempenho do governo em algumas áreas, começando pela economia. O governo festeja, comemora muito melhoras da área econômica. No entanto, o que a gente observa, é que quando se compara o crescimento do Brasil com países vizinhos, como Uruguai, Argentina, Bolívia, e também com aqueles pares dos Brics, os chamados países emergentes, como China, Índia, Rússia, o crescimento do Brasil tem sido sempre menor do que o de todos eles. Por quê?
10 - William Bonner: Mais duro do que no Uruguai e na Bolívia, candidata?
11 - William Bonner: Correto, candidata. Mas a Rússia. A Rússia também teve dificuldades e é um país enorme…
12 - Fátima Bernardes: Candidata, vamos falar um pouquinho de outro problema, que é o saneamento. Segundo dados do IBGE, o saneamento no Brasil passou de 46,4% para 53,2% no governo Lula, um aumento pequeno, de 1 ponto percentual mais ou menos, ao ano. Por que o resultado fraco numa área que é muito importante para a população?
13- Fátima Bernardes: Mas, candidata, esses são dados de seis anos. Quer dizer, esse resultado que a senhora está falando… vai aparecer de um ano e meio para cá?
14 - Fátima Bernardes: A gente gostaria agora que a senhora, em 30 segundos, desse uma mensagem ao eleitor, se despedindo então da sua participação no Jornal Nacional.
A falácia petralha: aqui estão todas as perguntas feitas aos três candidatos. Comparem!
A entrevista de José Serra ao Jornal Nacional nem havia acabado ainda, e a equipe de Dilma Rousseff que cuida da Internet — aquele coroa saído de Woodstock à frente — já sabia que o tucano tinha tido um desempenho exemplar. E já ocupava o Twitter com a falácia de que William Bonner e Fátima Bernardes haviam “pegado leve” com ele. Trata-se de uma mentira. Mentira evidente e com contestação documentada. Dilma, sim, foi beneficiada pela ausência de uma pergunta: não teve de falar sobre o mensalão. Por quê? Não sei.
Abaixo, reproduzo apenas as perguntas feitas pelos entrevistadores. Cortei as intervenções que são pedaços de frases. Leiam. Digam aí onde estão as facilidades para Serra. Arrisco-me a dizer, e trato disso em outro post, que a patrulha petralha acabou, isto sim, contaminando um tanto o JN.
Cadê a tal “agressividade” de Bonner e Fátima com a petista? Em que questão teriam sido mais duros com ela do que com Serra ou Marina? Onde? Apontem! Dilma teve, isto sim, aos menos duas bolas levantadas na rede: 1) a sua inexperiência eleitoral associada, no entanto, à intimidade com Lula, o que ela soube explorar muito bem; 2) o seu temperamento dito difícil, o que deu a ela a chance de negar e tal, dizendo-se apenas exigente.
Serra soube usar melhor o tempo, com respostas mais objetivas. E expressou-se com correção e clareza. Os petralhas estão tentando transformar o seu excelente desempenho numa suposta conspirata do Jornal Nacional em favor do tucano. Seguem as perguntas feitas aos três. Elas demonstram por que estão mentindo. Diria mais: deveriam estar orgulhosos. Ao contrário do que dizem, acho que a sua patrulha funcionou. Na voz de Fátima e William, eu ouvi boa parte das perguntas que os críticos gostariam de ter feito a Serra. Mas fica para o post abaixo deste.
PERGUNTAS FEITAS A SERRA
1 - William Bonner: Candidato, desde o início desta campanha, o senhor tem procurado evitar críticas ao presidente Lula. O senhor acha que… E em alguns casos fez até elogios a ele… o senhor acha que essa é a postura que o eleitor espera de um candidato da oposição?
2 - William Bonner: Entendo. Agora, candidato, o senhor avalia o risco que o senhor corre de essa sua postura ser interpretada como um receio de ter que enfrentar a popularidade alta do presidente Lula?
3 - Fátima Bernardes: O senhor tem insistido muito na tecla de que o eleitor deve procurar comparar as biografias dos candidatos que estarão concorrendo, que estão concorrendo nesta eleição. O senhor evita uma comparação de governos. Por exemplo, por quê, entre o governo atual e o governo anterior?
4 - Fátima Bernardes: Mas, por exemplo, avaliar, analisar fracassos e sucessos não ajuda o eleitor na hora de ele decidir pelo voto dele?
5 - William Bonner: Uma questão política. Nesta eleição, existem contradições muito claras nas alianças formadas pelos dois partidos que têm polarizado as eleições presidenciais brasileiras aí nos últimos 16 anos, né? O PT se aliou a desafetos históricos. O seu partido, o PSDB, está ao lado do PTB, um partido envolvido no escândalo do mensalão petista, no escândalo que inclusive foi investigado e foi condenado de forma muito veemente pelo seu partido, o PSDB. Então, a pergunta é a seguinte: o PSDB errou lá atrás quando condenou o PTB ou está errando agora quando se alia a esse partido?
6 - William Bonner: Os nomes de petebistas, todos, uma lista muito vasta, começando pelo Maurício Marinho.
7 - William Bonner: Mas não há nenhum constrangimento para o senhor pelo fato de esta aliança por parte do seu partido, o PSDB, ter sido assinada com o PTB pelas mãos do presidente do partido que teve o mandato cassado inclusive com votos de políticos do seu partido, o PSDB? Isso não provoca nenhum tipo de constrangimento?
8 - Fátima Bernardes: Candidato, nesta eleição, quer dizer, o senhor destaca muito a sua experiência política. Mas na hora da escolha do seu vice, houve um certo, um certo conflito com o DEM exatamente porque houve uma demora para o aparecimento desse nome. Muitos dos seus críticos atribuem essa demora ao seu perfil centralizador. O nome do deputado Índio da Costa apareceu 18 dias depois da sua oficialização, da convenção que oficializou a sua candidatura. É… O senhor considera que o deputado, em primeiro mandato, está pronto para ser o vice-presidente, uma função tão importante?
9 - Fátima Bernardes: Eu falei centralizador porque até no seu discurso de despedida do governo de São Paulo, o senhor mesmo explicou sobre essa fama de centralizador.
10 - Fátima Bernardes: Mas a experiência dele é municipal, na verdade, não é? Ele teve três mandatos de vereador, o senhor acha que isso o qualifica?
11 - William Bonner: Candidato, eu gostaria de abordar um pouquinho também da sua passagem pelo governo de São Paulo. O senhor foi governo em São Paulo durante quatro anos, seu partido está no poder em São Paulo há 16 anos. Então é razoável que a gente avalie aqui algumas dessas ações. A primeira que eu colocaria em questão aqui é um hábito que o senhor mesmo tem de criticar o modelo de concessão das estradas federais. De outro lado, os usuários, muitos usuários das estradas estaduais de São Paulo que estão sob regime de concessão, se queixam muito do preço e da frequência com que são obrigados a parar para pedágio, quer dizer, uma quantidade de praças de pedágio que eles consideram excessiva. Pergunta: o senhor pretende levar para o Brasil inteiro esse modelo de concessão de estradas estaduais de São Paulo?
12 - William Bonner: Mas a que o senhor fez motivou críticas quanto ao preço. Então a questão que se impõe é a seguinte, candidato: não existe um meio termo? Ou o cidadão brasileiro tem uma estrada boa e cara ou ele tem uma estrada ruim e barata. Não tem um meio termo nessa história?
13 - William Bonner: Mas esse modelo vai ser exportado para as estradas federais?
14 -Fátima Bernardes - Não, candidato. É que como nós temos um tempo, eu queria dar ao senhor os 30 segundos para o encerramento, para o senhor se dirigir ao…
PERGUNTAS FEITAS A MARINA
1 - Fátima Bernardes: Bom. E o nosso tempo de 12 minutos dessa entrevista começa a ser contado a partir de agora. Candidata, a sua atuação na vida pública, como ministra, como senadora, foi especificamente voltada para a área do meio ambiente. A senhora não tem uma experiência administrativa em nenhuma outra área, em nenhum outro setor. Como é que a senhora pretende convencer o eleitor de que a sua candidatura é para valer e que ela não é apenas uma candidatura para marcar posição nessa questão do meio ambiente?
2 - Fátima Bernardes: Quer dizer que a senhora acha que essa questão do meio ambiente passa por todos esses outros setores?
3 - William Bonner: Agora, candidata, perdoe, a senhora é candidata do Partido Verde e, até este momento, apresenta-se na eleição sem o apoio de nenhum outro partido. Se a senhora não conseguiu apoio para formar uma aliança agora antes da eleição, como é que a senhora vai formar uma base de sustentação para governar o Brasil depois, dentro do Congresso Nacional?
4 - William Bonner: A questão que eu ia colocar é a seguinte: se a senhora não conseguiu formar essa base de apoio agora, depois da eleição, uma base de apoio que se forme depois da eleição, não tem uma tendência maior ao tal fisiologismo que a senhora mesmo está criticando?
5 - Fátima Bernardes: A senhora olhando para o seu partido, a senhora considera que o PV, ele tem quadros, olhando para os seus colegas, para governar o Brasil?
6 - Fátima Bernardes: Não, eu estou perguntando porque ainda não há um acordo estabelecendo outras alianças.
7 - William Bonner: Candidata, vamos falar então… A senhora mencionou a questão, o papel do partido político. A senhora declarou já em algumas entrevistas que deixou o governo Lula e deixou o PT porque discordava da maneira como era conduzida a política ambiental no governo. No entanto, se nós voltarmos no tempo até aquele período do escândalo do mensalão, a senhora não veio a público para fazer uma condenação veemente daquele desvio moral de alguns integrantes do PT. A pergunta que eu lhe faço é a seguinte: o seu silêncio naquela ocasião não pode ser interpretado de uma certa maneira como uma conivência com aqueles desmandos?
8 - William Bonner: No entanto, o seu desconforto, vamos dizer assim, o seu desconforto ético com o mensalão não foi suficientemente forte para levá-la a deixar o cargo de ministra.
9 - William Bonner: Porque a pergunta que eu lhe dirigia era sobre um momento muito especifico da história e eu queria que a senhora tratasse dessa questão polêmica e não fosse para outro assunto. Eu estou consumindo 30 segundos da entrevista para fazer esse esclarecimento e eu lhe devolverei para a entrevista. Eu só queria que a senhora esclarecesse para mim qual foi e de que maneira a senhora viu a saída de alguns colegas seus então de PT, alguns, inclusive, fundadores do partido, que deixaram o partido indignados na época do mensalão, chorando. Como a senhora viu a ação deles, que não foi a ação que a senhora teve naquela ocasião?
10- Fátima Bernardes: Candidata, vamos abordar, então, um outro tema. Muita gente do governo e fora dele se queixava de que, durante a sua gestão à frente do Ministério do Meio Ambiente, a liberação de licenças ambientais, elas estavam muito lentas, e que isso, licenças ambientais para obras de infraestrutura, e que isso atrapalhava o desenvolvimento. Como é que a senhora enxergava essas críticas de que essa demora possa ter atrasado essas obras?
11 - Fátima Bernardes: Quer dizer, nesse caso, a senhora está dizendo que no caso da senhora estando no governo, essa lentidão, ela, por exemplo, não vai provocar esse atraso ainda mais ou agravar ainda mais esses gargalos que a senhora citou, econômicos, e provocar, por exemplo, no setor energético, um risco de um novo apagão por demora na liberação dessas licenças?
12 - William Bonner: Candidata, a senhora tem 30 segundos para se dirigir ao eleitor e pedir a ele o seu voto, dando a ele a última mensagem. Por favor.
PERGUNTAS FEITAS A DILMA
1 - William Bonner: Candidata, o seu nome como candidata do PT à Presidência foi indicado diretamente pelo presidente Lula, ele não esconde isso de ninguém. Algumas pessoas criticaram, disseram que foi uma medida autoritária, por não ter ouvido as bases do PT. Por outro lado, a senhora não tem experiência eleitoral nenhuma até este momento. A senhora se considera preparada para governar o Brasil longe do presidente Lula?
2 - William Bonner: Mas a sua relação com o presidente Lula, a senhora faz questão de dizer que é muito afinada com ele. Junto a isso, o fato de a senhora não ter experiência e ter tido o nome indicado diretamente por ele, de alguma maneira a senhora acha que isso poderia fazer com que o eleitor a enxergasse ou enxergasse o presidente Lula atualmente como um tutor de seu governo, caso eleita?
3 - Fátima Bernardes: A senhora falou de temperamento. Alguns críticos, muitos críticos e alguns até aliados falam que a senhora tem um temperamento difícil. O que a gente espera de um presidente é que ele, entre outras coisas, seja capaz de fazer alianças, de negociar, ter habilidade política para fazer acordos. A senhora de que forma pretende que esse temperamento que dizem ser duro e difícil não interfira no seu governo caso eleita?
4 - Fátima Bernardes: Agora, no caso, por exemplo, a senhora falou de não haver cassetete, mas talvez seja a forma de a senhora se comportar. O próprio presidente Lula, este ano, em discurso durante uma cerimônia de posse de ministros, ele chegou a dizer que achava até natural haver queixas contra a senhora, mas que ele recebeu na sala dele várias pessoas, colegas, ex-ministros, ministros, que iam lá se queixar que a senhora maltratava eles.
5 - Fátima Bernardes: Como mãe eu entendo, mas, por exemplo, como presidente não tem uma hora que tem que ter facilidade de negociar, por exemplo, futuramente no Congresso, futuramente com líderes mundiais, ter um jogo de cintura ai?
6 - William Bonner: O presidente falou em maltratar, não é, candidata?
7 - William Bonner: Não, ele disse isso. A senhora me perdoe, mas o discurso dele está disponível. Ele disse assim: as pessoas diziam que foram maltratadas pela senhora. Mas a gente também não precisa ficar nessa questão até o fim da entrevista, têm outros temas.
8- William Bonner: A senhora tem agora nessa candidatura, além do apoio do presidente, a senhora também tem alianças, né?, formadas para essa sua candidatura. Por exemplo, a do deputado Jader Barbalho, por exemplo, a do senador Renan Calheiros, por exemplo, da família Sarney. A senhora tem o apoio do ex-presidente Fernando Collor. São todas figuras da política brasileira que, ao longo de muitos anos, o PT, o seu partido, criticou severamente. Eram considerados como oligarcas pelo PT. Onde foi que o PT errou, ou melhor, quando foi que ele errou: ele errou quando fez aquelas críticas todas ou está errando agora, quando botou todo mundo debaixo do mesmo guarda-chuva?
9 - William Bonner: Vamos lá. Candidata, vamos aproveitar o tempo da melhor maneira. O PT tem hoje já nas costas oito anos de governo. Então é razoável que a gente tente abordar aqui alguma das realizações. Vamos discutir um pouco o desempenho do governo em algumas áreas, começando pela economia. O governo festeja, comemora muito melhoras da área econômica. No entanto, o que a gente observa, é que quando se compara o crescimento do Brasil com países vizinhos, como Uruguai, Argentina, Bolívia, e também com aqueles pares dos Brics, os chamados países emergentes, como China, Índia, Rússia, o crescimento do Brasil tem sido sempre menor do que o de todos eles. Por quê?
10 - William Bonner: Mais duro do que no Uruguai e na Bolívia, candidata?
11 - William Bonner: Correto, candidata. Mas a Rússia. A Rússia também teve dificuldades e é um país enorme…
12 - Fátima Bernardes: Candidata, vamos falar um pouquinho de outro problema, que é o saneamento. Segundo dados do IBGE, o saneamento no Brasil passou de 46,4% para 53,2% no governo Lula, um aumento pequeno, de 1 ponto percentual mais ou menos, ao ano. Por que o resultado fraco numa área que é muito importante para a população?
13- Fátima Bernardes: Mas, candidata, esses são dados de seis anos. Quer dizer, esse resultado que a senhora está falando… vai aparecer de um ano e meio para cá?
14 - Fátima Bernardes: A gente gostaria agora que a senhora, em 30 segundos, desse uma mensagem ao eleitor, se despedindo então da sua participação no Jornal Nacional.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Entrevista de Dilma Rousseff no Jornal Nacional
Dilma Rousseff é entrevistada pelo Jornal Nacional
Do G1, em São Paulo, 09/08/2010
Candidata do PT foi a primeira de série com presidenciáveis.
Marina será ouvida na terça; Serra, na quarta-feira.
A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, foi entrevistada ao vivo nesta segunda-feira (9) no Jornal Nacional pelos apresentadores William Bonner e Fátima Bernardes. A candidata Marina Silva (PV) será entrevistada na terça-feira e José Serra (PSDB), na quarta. A ordem das entrevistas foi definida em sorteio.
Veja ao lado a íntegra, em vídeo, da entrevista com Dilma Rousseff. Ela respondeu a perguntas dos entrevistadores durante 12 minutos. Abaixo, leia a transcrição das perguntas e respostas.
William Bonner: O Jornal Nacional dá início nesta segunda-feira a uma série de entrevistas ao vivo com os principais candidatos à Presidência da República. Nós vamos abordar aqui temas polêmicos das candidaturas e também confrontar os candidatos com suas realizações em cargos públicos. É claro que não seria possível esgotar esses temas todos em uma única entrevista, mas nas próximas semanas os candidatos estarão também no Bom Dia Brasil e no Jornal da Globo.
O sorteio realizado com a supervisão de representantes dos partidos determinou que a candidata do PT, Dilma Rousseff, seja a entrevistada de hoje. Nós agradecemos a presença da candidata. Boa noite, candidata.
Dilma Rousseff: Boa noite.
William Bonner: E informamos também que o tempo de 12 minutos da entrevista começa a contar a partir de agora. Candidata, o seu nome como candidata do PT à Presidência foi indicado diretamente pelo presidente Lula, ele não esconde isso de ninguém. Algumas pessoas criticaram, disseram que foi uma medida autoritária, por não ter ouvido as bases do PT. Por outro lado, a senhora não tem experiência eleitoral nenhuma até este momento. A senhora se considera preparada para governar o Brasil longe do presidente Lula?
Dilma Rousseff: Olha, William, olha, Fátima, eu considero que eu tenho experiência administrativa suficiente. Eu fui secretária municipal da Fazenda, aliás, a primeira secretária municipal da Fazenda de capital. Depois eu fui sucessivamente, por duas vezes, secretária de Energia do Rio Grande do Sul. Assumi o ministério de Minas e Energia, também fui a primeira mulher, e fui coordenadora do governo ao assumir a chefia da Casa Civil, que, como vocês sabem, é o segundo cargo mais importante na hierarquia do governo federal. Então, eu me considero preparada para governar o país. E mais do que isso, eu tenho experiência, eu conheço o Brasil de ponta a ponta, conheço os problemas do governo brasileiro.
William Bonner: Mas a sua relação com o presidente Lula, a senhora faz questão de dizer que é muito afinada com ele. Junto a isso, o fato de a senhora não ter experiência e ter tido o nome indicado diretamente por ele, de alguma maneira a senhora acha que isso poderia fazer com que o eleitor a enxergasse ou enxergasse o presidente Lula atualmente como um tutor de seu governo, caso eleita?
Dilma Rousseff: Você sabe, Bonner, o pessoal tem de escolher o que é que eu sou. Uns dizem que eu sou uma mulher forte, outros dizem que eu tenho tutor. Eu quero te dizer o seguinte: a minha relação política com o presidente Lula, eu tenho imenso orgulho dela. Eu participei diretamente com o presidente, fui braço direito e esquerdo dele nesse processo de transformar o Brasil num país diferente, num país que cresce, que distribui renda, em que as pessoas têm a primeira vez, depois de muitos anos, a possibilidade de subir na vida. Então, eu não vejo problema nenhum na minha relação com o presidente Lula. Pelo contrário, eu vejo que até é um fator muito positivo, porque ele é um grande líder, e é reconhecido isso no mundo inteiro.
Fátima Bernardes: A senhora falou de temperamento. Alguns críticos, muitos críticos e alguns até aliados falam que a senhora tem um temperamento difícil. O que a gente espera de um presidente é que ele, entre outras coisas, seja capaz de fazer alianças, de negociar, ter habilidade política para fazer acordos. A senhora de que forma pretende que esse temperamento que dizem ser duro e difícil não interfira no seu governo caso eleita?
Dilma Rousseff: Fátima, estava respondendo justamente isso, eu acho que têm visões construídas a meu respeito. Eu acho que sou uma pessoa firme. Acho que em relação aos problemas do povo brasileiro, eu não vacilo. Acho que o que tem que ser resolvido prontamente, nós temos que fazer um enorme esforço. Eu me considero hoje, até pelo cargo que ocupei, extremamente preparada no sentido do diálogo. Nós, do governo Lula, somos eminentemente um governo do diálogo. Em relação aos movimentos sociais, você nunca vai ver o governo do presidente Lula tratando qualquer movimento social a cassetete. Primeiro nós negociamos, dialogamos. Agora, nós também sabemos fazer valer a nossa autoridade. Nada de ilegalidade nós compactuamos.
Fátima Bernardes: Agora, no caso, por exemplo, a senhora falou de não haver cassetete, mas talvez seja a forma de a senhora se comportar. O próprio presidente Lula, este ano, em discurso durante uma cerimônia de posse de ministros, ele chegou a dizer que achava até natural haver queixas contra a senhora, mas que ele recebeu na sala dele várias pessoas, colegas, ex-ministros, ministros, que iam lá se queixar que a senhora maltratava eles.
Dilma Rousseff: Olha, Fátima, é o seguinte, no papel... Sabe dona de casa? No papel de cuidar do governo é meio como se a gente fosse mãe. Tem uma hora que você tem de cobrar resultado. Quando você cobra resultados, você tem de cobrar o seguinte: olha, é preciso que o Brasil se esforce, principalmente o governo, para que as coisas aconteçam, para que as estradas sejam pavimentadas, para que ocorra saneamento. Então tem uma hora que é que nem... Você imagina lá sua casa, a gente cobra. Agora, tem outra hora que você tem de incentivar, garantir que a pessoa tenha estímulo para fazer.
Fátima Bernardes: Como mãe eu entendo, mas, por exemplo, como presidente não tem uma hora que tem que ter facilidade de negociar, por exemplo, futuramente no Congresso, futuramente com líderes mundiais, ter um jogo de cintura ai?
William Bonner: O presidente falou em maltratar, não é, candidata?
Dilma Rousseff: Não, o presidente não falou em maltratar, o presidente falou que eu era dura.
William Bonner: Não, ele disse isso. A senhora me perdoe, mas o discurso dele está disponível. Ele disse assim: as pessoas diziam que foram maltratadas pela senhora. Mas a gente também não precisa ficar nessa questão até o fim da entrevista, têm outros temas.
Dilma Rousseff: É muito difícil, depois de anos e anos de paralisia, e houve isso no Brasil. O Brasil saiu de uma era de desemprego, desigualdade e estagnação para uma era de prosperidade. Nós tínhamos perdido a cultura do investimento...
William Bonner: Vamos falar de alianças políticas, o que é importante...
Dilma Rousseff: ...e aí houve uma força muito grande da minha parte nesse sentido, de cumprir meta, de fazer com que o governo Lula fosse esse sucesso que eu tenho certeza que ele está sendo.
William Bonner: A senhora tem agora nessa candidatura, além do apoio do presidente, a senhora também tem alianças, né?, formadas para essa sua candidatura. Por exemplo, a do deputado Jader Barbalho, por exemplo, a do senador Renan Calheiros, por exemplo, da família Sarney. A senhora tem o apoio do ex-presidente Fernando Collor. São todas figuras da política brasileira que, ao longo de muitos anos, o PT, o seu partido, criticou severamente. Eram considerados como oligarcas pelo PT. Onde foi que o PT errou, ou melhor, quando foi que ele errou: ele errou quando fez aquelas críticas todas ou está errando agora, quando botou todo mundo debaixo do mesmo guarda-chuva?
Dilma Rousseff: Eu vou te falar. Eu perguntava outra coisa: onde foi que o PT acertou? O PT acertou quando percebeu que governar um país com a complexidade do Brasil implica necessariamente a sua capacidade de construir uma aliança ampla.
William Bonner: Errou lá atrás?
Dilma Rousseff: Não. Nós não... O PT não tinha experiência de governo, agora tem. Agora... Nós não erramos e vou te explicar em que sentido: não é que nós aderimos ao pensamento de quem quer que seja. O governo Lula tinha uma diretriz: focar na questão social. Fazer com que o país tivesse a seguinte oportunidade: primeiro, um país que era considerado dos mais desiguais do mundo, diminuir em 24 milhões a pobreza. Um país em que as pessoas não subiam na vida elevar para as classes médias 31 milhões de brasileiros. Para fazer isso, quem nos apoia, aceitando os nossos princípios e aceitando as nossas diretrizes de governo, a gente aceita do nosso lado. Não nos termos de quem quer que seja, mas nos termos de um governo que quer levar o Brasil para um outro patamar, para uma outra...
William Bonner: O resumo é: o PT não errou nem naquela ocasião, nem agora.
Dilma Rousseff: Não, eu acho que o PT não tinha tanta experiência, sabe, Bonner, eu reconheço isso. Ninguém pode achar que um partido como o PT, que nunca tinha estado no governo federal, tem, naquele momento, a mesma experiência que tem hoje. Acho que o PT aprendeu muito, mudou, porque a capacidade de mudar é importante.
William Bonner: Vamos lá. Candidata, vamos aproveitar o tempo da melhor maneira. O PT tem hoje já nas costas oito anos de governo. Então é razoável que a gente tente abordar aqui alguma das realizações. Vamos discutir um pouco o desempenho do governo em algumas áreas, começando pela economia. O governo festeja, comemora muito melhoras da área econômica. No entanto, o que a gente observa, é que quando se compara o crescimento do Brasil com países vizinhos, como Uruguai, Argentina, Bolívia, e também com aqueles pares dos Brics, os chamados países emergentes, como China, Índia, Rússia, o crescimento do Brasil tem sido sempre menor do que o de todos eles. Por quê?
Dilma Rousseff: Olha, eu acredito que nós tivemos um processo muito mais duro no Brasil com a crise da dívida e com o governo que nos antecedeu.
William Bonner: Mais duro do que no Uruguai e na Bolívia, candidata?
Dilma Rousseff: Acho que o Uruguai e a Bolívia são países, sem nenhum menosprezo, acho que os países pequenos têm que ser respeitados, do tamanho de alguns estados menores no Brasil. O Brasil é um país de 190 milhões de habitantes. Nós tivemos um processo no Brasil muito duro. Quando chegamos no governo, a inflação estava fora do controle. Nós tínhamos uma dívida com o Fundo Monetário, que vinha aqui e dava toda a receita do que a gente ia fazer.
William Bonner: Correto, candidata. Mas a Rússia. A Rússia também teve dificuldades e é um país enorme...
Dilma Rousseff: Mas, só um pouquinho. Mas o que nós tivemos que fazer, Bonner. Nós tivemos que fazer um esforço muito grande para colocar as finanças no lugar e depois, com estabilidade, crescer. E isso, este ano, a discussão nossa é que estamos entre os países que mais crescem no mundo, estamos com a possibilidade de ter uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto de 7%.
William Bonner: Mas abaixo dos demais.
Dilma Rousseff: Não necessariamente, Bonner. Porque a queda, por exemplo, na Rússia... Sem falar, sem fazer comparações com soberba... Mas a queda da economia russa no ano passado foi terrível.
William Bonner: A senhora, de alguma maneira...
Fátima Bernardes: Vamos falar agora... Só um minutinho.
Dilma Rousseff: Criamos quase 1,7 milhão de empregos no ano da crise.
Fátima Bernardes: Candidata, vamos falar um pouquinho de outro problema, que é o saneamento. Segundo dados do IBGE, o saneamento no Brasil passou de 46,4% para 53,2% no governo Lula, um aumento pequeno, de 1 ponto percentual mais ou menos, ao ano. Por que o resultado fraco numa área que é muito importante para a população?
Dilma Rousseff: Porque nós vamos ter um resultado excepcional a partir dos dados quando for feita a pesquisa em 2010. Talvez, Fátima, uma das áreas em que eu mais me empenhei foi a área de saneamento. Porque o Brasil, só para você ter uma ideia, investia menos de R$ 300 milhões, o governo federal, menos de R$ 300 milhões no Brasil inteiro. Hoje, aqui no Rio, numa favela, aqui, a da Rocinha, em que eu estive hoje, nós investimos mais de R$ 270 milhões.
Fátima Bernardes: Mas, candidata, esses são dados de seis anos. Quer dizer, esse resultado que a senhora está falando... vai aparecer de um ano e meio para cá?
Dilma Rousseff: O que aconteceu. Nós lançamos o Programa de Aceleração do Crescimento, para o caso do saneamento, na metade de 2007. Começou a amadurecer porque o país parou de fazer projetos, prefeitos e governadores. Apresentaram os projetos agora, em torno do início de 2008, e aceleraram. Eu estava vendo recentemente que nós temos hoje uma execução de obras no Brasil inteiro. Aqui, Rocinha, Pavão-Pavãozinho, Complexo do Alemão. Obras de saneamento, obras de habitação. A Baixada Santista, no Rio, e a Baixada Fluminense aqui no Rio de Janeiro, ela teve um investimento monumental em saneamento.
Fátima Bernardes: A gente gostaria agora que a senhora, em 30 segundos, desse uma mensagem ao eleitor, se despedindo então da sua participação no Jornal Nacional.
Dilma Rousseff: Olha, eu agradeço a vocês dois e quero dizer para o eleitor o seguinte: o meu projeto é dar continuidade ao governo do presidente Lula. Mas não é repetir. É avançar e aprofundar, é basicamente esse olhar social, que tira o Brasil de uma situação de país emergente e leva o nosso país a uma situação de país desenvolvido, com renda, com salário decente, com professores bem pagos e bem treinados. Eu acredito que o Brasil... É a hora e a vez dele. E que nós vamos chegar a uma situação muito diferente, cada vez mais avançada agora no final de 2014, deste governo.
Fátima Bernardes: Muito obrigada, candidata, pela sua participação aqui na bancada do Jornal Nacional. Amanhã, a entrevistada ao vivo aqui no Jornal Nacional será a candidata do PV, Marina Silva.
Do G1, em São Paulo, 09/08/2010
Candidata do PT foi a primeira de série com presidenciáveis.
Marina será ouvida na terça; Serra, na quarta-feira.
A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, foi entrevistada ao vivo nesta segunda-feira (9) no Jornal Nacional pelos apresentadores William Bonner e Fátima Bernardes. A candidata Marina Silva (PV) será entrevistada na terça-feira e José Serra (PSDB), na quarta. A ordem das entrevistas foi definida em sorteio.
Veja ao lado a íntegra, em vídeo, da entrevista com Dilma Rousseff. Ela respondeu a perguntas dos entrevistadores durante 12 minutos. Abaixo, leia a transcrição das perguntas e respostas.
William Bonner: O Jornal Nacional dá início nesta segunda-feira a uma série de entrevistas ao vivo com os principais candidatos à Presidência da República. Nós vamos abordar aqui temas polêmicos das candidaturas e também confrontar os candidatos com suas realizações em cargos públicos. É claro que não seria possível esgotar esses temas todos em uma única entrevista, mas nas próximas semanas os candidatos estarão também no Bom Dia Brasil e no Jornal da Globo.
O sorteio realizado com a supervisão de representantes dos partidos determinou que a candidata do PT, Dilma Rousseff, seja a entrevistada de hoje. Nós agradecemos a presença da candidata. Boa noite, candidata.
Dilma Rousseff: Boa noite.
William Bonner: E informamos também que o tempo de 12 minutos da entrevista começa a contar a partir de agora. Candidata, o seu nome como candidata do PT à Presidência foi indicado diretamente pelo presidente Lula, ele não esconde isso de ninguém. Algumas pessoas criticaram, disseram que foi uma medida autoritária, por não ter ouvido as bases do PT. Por outro lado, a senhora não tem experiência eleitoral nenhuma até este momento. A senhora se considera preparada para governar o Brasil longe do presidente Lula?
Dilma Rousseff: Olha, William, olha, Fátima, eu considero que eu tenho experiência administrativa suficiente. Eu fui secretária municipal da Fazenda, aliás, a primeira secretária municipal da Fazenda de capital. Depois eu fui sucessivamente, por duas vezes, secretária de Energia do Rio Grande do Sul. Assumi o ministério de Minas e Energia, também fui a primeira mulher, e fui coordenadora do governo ao assumir a chefia da Casa Civil, que, como vocês sabem, é o segundo cargo mais importante na hierarquia do governo federal. Então, eu me considero preparada para governar o país. E mais do que isso, eu tenho experiência, eu conheço o Brasil de ponta a ponta, conheço os problemas do governo brasileiro.
William Bonner: Mas a sua relação com o presidente Lula, a senhora faz questão de dizer que é muito afinada com ele. Junto a isso, o fato de a senhora não ter experiência e ter tido o nome indicado diretamente por ele, de alguma maneira a senhora acha que isso poderia fazer com que o eleitor a enxergasse ou enxergasse o presidente Lula atualmente como um tutor de seu governo, caso eleita?
Dilma Rousseff: Você sabe, Bonner, o pessoal tem de escolher o que é que eu sou. Uns dizem que eu sou uma mulher forte, outros dizem que eu tenho tutor. Eu quero te dizer o seguinte: a minha relação política com o presidente Lula, eu tenho imenso orgulho dela. Eu participei diretamente com o presidente, fui braço direito e esquerdo dele nesse processo de transformar o Brasil num país diferente, num país que cresce, que distribui renda, em que as pessoas têm a primeira vez, depois de muitos anos, a possibilidade de subir na vida. Então, eu não vejo problema nenhum na minha relação com o presidente Lula. Pelo contrário, eu vejo que até é um fator muito positivo, porque ele é um grande líder, e é reconhecido isso no mundo inteiro.
Fátima Bernardes: A senhora falou de temperamento. Alguns críticos, muitos críticos e alguns até aliados falam que a senhora tem um temperamento difícil. O que a gente espera de um presidente é que ele, entre outras coisas, seja capaz de fazer alianças, de negociar, ter habilidade política para fazer acordos. A senhora de que forma pretende que esse temperamento que dizem ser duro e difícil não interfira no seu governo caso eleita?
Dilma Rousseff: Fátima, estava respondendo justamente isso, eu acho que têm visões construídas a meu respeito. Eu acho que sou uma pessoa firme. Acho que em relação aos problemas do povo brasileiro, eu não vacilo. Acho que o que tem que ser resolvido prontamente, nós temos que fazer um enorme esforço. Eu me considero hoje, até pelo cargo que ocupei, extremamente preparada no sentido do diálogo. Nós, do governo Lula, somos eminentemente um governo do diálogo. Em relação aos movimentos sociais, você nunca vai ver o governo do presidente Lula tratando qualquer movimento social a cassetete. Primeiro nós negociamos, dialogamos. Agora, nós também sabemos fazer valer a nossa autoridade. Nada de ilegalidade nós compactuamos.
Fátima Bernardes: Agora, no caso, por exemplo, a senhora falou de não haver cassetete, mas talvez seja a forma de a senhora se comportar. O próprio presidente Lula, este ano, em discurso durante uma cerimônia de posse de ministros, ele chegou a dizer que achava até natural haver queixas contra a senhora, mas que ele recebeu na sala dele várias pessoas, colegas, ex-ministros, ministros, que iam lá se queixar que a senhora maltratava eles.
Dilma Rousseff: Olha, Fátima, é o seguinte, no papel... Sabe dona de casa? No papel de cuidar do governo é meio como se a gente fosse mãe. Tem uma hora que você tem de cobrar resultado. Quando você cobra resultados, você tem de cobrar o seguinte: olha, é preciso que o Brasil se esforce, principalmente o governo, para que as coisas aconteçam, para que as estradas sejam pavimentadas, para que ocorra saneamento. Então tem uma hora que é que nem... Você imagina lá sua casa, a gente cobra. Agora, tem outra hora que você tem de incentivar, garantir que a pessoa tenha estímulo para fazer.
Fátima Bernardes: Como mãe eu entendo, mas, por exemplo, como presidente não tem uma hora que tem que ter facilidade de negociar, por exemplo, futuramente no Congresso, futuramente com líderes mundiais, ter um jogo de cintura ai?
William Bonner: O presidente falou em maltratar, não é, candidata?
Dilma Rousseff: Não, o presidente não falou em maltratar, o presidente falou que eu era dura.
William Bonner: Não, ele disse isso. A senhora me perdoe, mas o discurso dele está disponível. Ele disse assim: as pessoas diziam que foram maltratadas pela senhora. Mas a gente também não precisa ficar nessa questão até o fim da entrevista, têm outros temas.
Dilma Rousseff: É muito difícil, depois de anos e anos de paralisia, e houve isso no Brasil. O Brasil saiu de uma era de desemprego, desigualdade e estagnação para uma era de prosperidade. Nós tínhamos perdido a cultura do investimento...
William Bonner: Vamos falar de alianças políticas, o que é importante...
Dilma Rousseff: ...e aí houve uma força muito grande da minha parte nesse sentido, de cumprir meta, de fazer com que o governo Lula fosse esse sucesso que eu tenho certeza que ele está sendo.
William Bonner: A senhora tem agora nessa candidatura, além do apoio do presidente, a senhora também tem alianças, né?, formadas para essa sua candidatura. Por exemplo, a do deputado Jader Barbalho, por exemplo, a do senador Renan Calheiros, por exemplo, da família Sarney. A senhora tem o apoio do ex-presidente Fernando Collor. São todas figuras da política brasileira que, ao longo de muitos anos, o PT, o seu partido, criticou severamente. Eram considerados como oligarcas pelo PT. Onde foi que o PT errou, ou melhor, quando foi que ele errou: ele errou quando fez aquelas críticas todas ou está errando agora, quando botou todo mundo debaixo do mesmo guarda-chuva?
Dilma Rousseff: Eu vou te falar. Eu perguntava outra coisa: onde foi que o PT acertou? O PT acertou quando percebeu que governar um país com a complexidade do Brasil implica necessariamente a sua capacidade de construir uma aliança ampla.
William Bonner: Errou lá atrás?
Dilma Rousseff: Não. Nós não... O PT não tinha experiência de governo, agora tem. Agora... Nós não erramos e vou te explicar em que sentido: não é que nós aderimos ao pensamento de quem quer que seja. O governo Lula tinha uma diretriz: focar na questão social. Fazer com que o país tivesse a seguinte oportunidade: primeiro, um país que era considerado dos mais desiguais do mundo, diminuir em 24 milhões a pobreza. Um país em que as pessoas não subiam na vida elevar para as classes médias 31 milhões de brasileiros. Para fazer isso, quem nos apoia, aceitando os nossos princípios e aceitando as nossas diretrizes de governo, a gente aceita do nosso lado. Não nos termos de quem quer que seja, mas nos termos de um governo que quer levar o Brasil para um outro patamar, para uma outra...
William Bonner: O resumo é: o PT não errou nem naquela ocasião, nem agora.
Dilma Rousseff: Não, eu acho que o PT não tinha tanta experiência, sabe, Bonner, eu reconheço isso. Ninguém pode achar que um partido como o PT, que nunca tinha estado no governo federal, tem, naquele momento, a mesma experiência que tem hoje. Acho que o PT aprendeu muito, mudou, porque a capacidade de mudar é importante.
William Bonner: Vamos lá. Candidata, vamos aproveitar o tempo da melhor maneira. O PT tem hoje já nas costas oito anos de governo. Então é razoável que a gente tente abordar aqui alguma das realizações. Vamos discutir um pouco o desempenho do governo em algumas áreas, começando pela economia. O governo festeja, comemora muito melhoras da área econômica. No entanto, o que a gente observa, é que quando se compara o crescimento do Brasil com países vizinhos, como Uruguai, Argentina, Bolívia, e também com aqueles pares dos Brics, os chamados países emergentes, como China, Índia, Rússia, o crescimento do Brasil tem sido sempre menor do que o de todos eles. Por quê?
Dilma Rousseff: Olha, eu acredito que nós tivemos um processo muito mais duro no Brasil com a crise da dívida e com o governo que nos antecedeu.
William Bonner: Mais duro do que no Uruguai e na Bolívia, candidata?
Dilma Rousseff: Acho que o Uruguai e a Bolívia são países, sem nenhum menosprezo, acho que os países pequenos têm que ser respeitados, do tamanho de alguns estados menores no Brasil. O Brasil é um país de 190 milhões de habitantes. Nós tivemos um processo no Brasil muito duro. Quando chegamos no governo, a inflação estava fora do controle. Nós tínhamos uma dívida com o Fundo Monetário, que vinha aqui e dava toda a receita do que a gente ia fazer.
William Bonner: Correto, candidata. Mas a Rússia. A Rússia também teve dificuldades e é um país enorme...
Dilma Rousseff: Mas, só um pouquinho. Mas o que nós tivemos que fazer, Bonner. Nós tivemos que fazer um esforço muito grande para colocar as finanças no lugar e depois, com estabilidade, crescer. E isso, este ano, a discussão nossa é que estamos entre os países que mais crescem no mundo, estamos com a possibilidade de ter uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto de 7%.
William Bonner: Mas abaixo dos demais.
Dilma Rousseff: Não necessariamente, Bonner. Porque a queda, por exemplo, na Rússia... Sem falar, sem fazer comparações com soberba... Mas a queda da economia russa no ano passado foi terrível.
William Bonner: A senhora, de alguma maneira...
Fátima Bernardes: Vamos falar agora... Só um minutinho.
Dilma Rousseff: Criamos quase 1,7 milhão de empregos no ano da crise.
Fátima Bernardes: Candidata, vamos falar um pouquinho de outro problema, que é o saneamento. Segundo dados do IBGE, o saneamento no Brasil passou de 46,4% para 53,2% no governo Lula, um aumento pequeno, de 1 ponto percentual mais ou menos, ao ano. Por que o resultado fraco numa área que é muito importante para a população?
Dilma Rousseff: Porque nós vamos ter um resultado excepcional a partir dos dados quando for feita a pesquisa em 2010. Talvez, Fátima, uma das áreas em que eu mais me empenhei foi a área de saneamento. Porque o Brasil, só para você ter uma ideia, investia menos de R$ 300 milhões, o governo federal, menos de R$ 300 milhões no Brasil inteiro. Hoje, aqui no Rio, numa favela, aqui, a da Rocinha, em que eu estive hoje, nós investimos mais de R$ 270 milhões.
Fátima Bernardes: Mas, candidata, esses são dados de seis anos. Quer dizer, esse resultado que a senhora está falando... vai aparecer de um ano e meio para cá?
Dilma Rousseff: O que aconteceu. Nós lançamos o Programa de Aceleração do Crescimento, para o caso do saneamento, na metade de 2007. Começou a amadurecer porque o país parou de fazer projetos, prefeitos e governadores. Apresentaram os projetos agora, em torno do início de 2008, e aceleraram. Eu estava vendo recentemente que nós temos hoje uma execução de obras no Brasil inteiro. Aqui, Rocinha, Pavão-Pavãozinho, Complexo do Alemão. Obras de saneamento, obras de habitação. A Baixada Santista, no Rio, e a Baixada Fluminense aqui no Rio de Janeiro, ela teve um investimento monumental em saneamento.
Fátima Bernardes: A gente gostaria agora que a senhora, em 30 segundos, desse uma mensagem ao eleitor, se despedindo então da sua participação no Jornal Nacional.
Dilma Rousseff: Olha, eu agradeço a vocês dois e quero dizer para o eleitor o seguinte: o meu projeto é dar continuidade ao governo do presidente Lula. Mas não é repetir. É avançar e aprofundar, é basicamente esse olhar social, que tira o Brasil de uma situação de país emergente e leva o nosso país a uma situação de país desenvolvido, com renda, com salário decente, com professores bem pagos e bem treinados. Eu acredito que o Brasil... É a hora e a vez dele. E que nós vamos chegar a uma situação muito diferente, cada vez mais avançada agora no final de 2014, deste governo.
Fátima Bernardes: Muito obrigada, candidata, pela sua participação aqui na bancada do Jornal Nacional. Amanhã, a entrevistada ao vivo aqui no Jornal Nacional será a candidata do PV, Marina Silva.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
A politica externa de Serra: especulacoes criativas...
Com Serra, uma diplomacia clássica
Patrícia Campos Mello
O Estado de S.Paulo, 09/08/2010
A meta tucana é dar uma guinada, para longe do Irã, de Chávez, de Cuba. E com o comércio gerido por uma SuperCamex, sem o Itamaraty
Rever o Mercosul, afastar-se de países não-democráticos como Cuba, Irã e ditaduras africanas, e abandonar o viés ideológico da política comercial são as linhas-mestras da plataforma de política externa do candidato José Serra (PSDB). Mas o assunto está longe de ter um grande destaque nas propostas de governo dos dois candidatos da oposição.
Mas, segundo apurou o Estado, as diretrizes do tucano vão propor a flexibilização do Mercosul, liberando o Brasil para buscar acordos bilaterais, e a criação de uma SuperCamex, nos moldes do United States Trade Representative (USTR), que daria à política comercial do País status de ministério, subordinado à Presidência. De quebra, seria uma maneira de "despolitizar" a política comercial e acabar com a grande influência do Itamaraty sobre o assunto.
Não existe um núcleo formal dentro da campanha de Serra para debater o assunto, mas há três nomes ouvidos pelo candidato e que apresentam sugestões. Na área de comércio exterior, Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington e atual presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da FIESP, e Roberto Giannetti da Fonseca, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) da FIESP e ex-secretário executivo da Camex no governo FHC. Para política externa, o mais ouvido é Sérgio Amaral, que foi porta-voz do governo FHC e cotado para ser chanceler em um eventual governo tucano. Xico Graziano, o coordenador do programa de governo de Serra, supervisiona.
Os tucanos minimizam a política de diversificar os destinos de exportação brasileira, uma das grandes bandeiras do governo Lula. Para os petistas, foi essa diversificação que permitiu ao Brasil passar quase incólume pela crise financeira mundial. Os tucanos afirmam que a estratégia seguiu motivos políticos e não trouxe benefícios concretos, pois as vendas para África e Oriente Médio, por exemplo, continuam sendo minúsculas. Uma aposta mais acertada, argumentam, seria aprofundar os acordos na América do Sul, liberar o Brasil para mais acordos bilaterais e intensificar as relações com os EUA.
Na visão dos tucanos, a diplomacia da era Lula associou o Brasil a nações não democráticas, prejudicando seu "soft power" e sua capacidade de liderança global. Serra já afirmou que o líder iraniano Mahmoud Ahmadinejad, integra a "turma de ditadores" da história, como Adolf Hitler e Josef Stalin. "O que ganhamos com essa aproximação? Nada. E perdemos muito em imagem e credibilidade", diz Sérgio Amaral. "Este governo tem a tendência de ver o mundo através de afinidades ideológicas, e nem sempre é assim."
Para Amaral, apostar no G-20 é exemplo de atuação construtiva do Brasil, que deve se aprofundar, enquanto associar-se ao Irã na questão nuclear não é. Os tucanos minimizam o fato de o Brasil ter adquirido um destaque maior no cenário internacional durante o governo Lula. As diretrizes de Serra devem abordar o que a campanha chama de "falso protagonismo" do Brasil, ao se oferecer de mediador de assuntos polêmicos como o conflito do Oriente Médio e a questão nuclear no Irã.
Amaral admite que o carisma do presidente Lula ajudou o Brasil a conseguir mais espaço no cenário internacional, mas entende que os presidentes dos outros países são pragmáticos. "Se o novo presidente, seja quem for, levar adiante políticas que são importantes, será respeitado internacionalmente", diz . Sua avaliação é que o Brasil tem a desempenhar, na América do Sul, um papel que até agora não conseguiu. "Se você não consegue propor uma visão para a América do Sul e atuar em conflitos aqui, como o das papeleiras (conflito entre Uruguai e Argentina por causa de instalação de indústrias de celulose na fronteira), qual é o sentido de tentar resolver o conflito no Oriente Médio?"
A cobrança já foi comentada por José Eduardo Dutra, presidente do PT. "O efeito principal da política externa se dá na economia, nas relações comerciais. Dizia-se que, se a gente não embarcasse na Alca, seria uma tragédia para o Brasil. A Alca já foi sepultada. E qual o resultado de nossa política externa? Até 2002, 60% das exportações brasileiras eram para a União Europeia, Estados Unidos e Japão. Hoje, esses três representam menos de 40%. Tivemos uma diversificação que permitiu um desempenho melhor durante a crise."
Um dos projetos centrais dos tucanos, em um eventual governo Serra, é despolitizar a política comercial - criando uma SuperCamex, órgão com status de ministério dedicado a conduzir a política comercial do País. "Hoje em dia, o Itamaraty tem o controle da política comercial", diz Rubens Barbosa.
"Queremos uma espécie de USTR, subordinado à Presidência, que seria uma Camex fortalecida." Para Barbosa e Roberto Giannetti, a Camex vive relegada a um comando de terceiro escalão. Se fosse promovida a ministério, daria maior prioridade à política comercial. "Os outros ministérios como o da Agricultura e o Itamaraty, precisam se subordinar à Camex para decisões de comércio exterior", diz Barbosa. "Se o Itamaraty, por exemplo, quer um acordo com a Rússia, precisa passar pela Camex." Uma ideia seria o próprio Serra coordenar essa SuperCamex nos primeiros seis meses de governo.
O candidato tucano avalia que o Mercosul tem falhas graves. Define-o como "uma farsa" e "uma barreira para que o Brasil possa fazer acordos comerciais". Não se trata de extingui-lo, avisa Rubens Barbosa, mas de flexibilizá-lo: "Precisamos liberar o País para procurar acordos bilaterais". Hoje em dia, o Mercosul é uma união aduaneira, estrutura que exige concordância de todos os sócios para se fechar um acordo comercial, e uma tarifa externa comum para importação de terceiros países. Giannetti e Barbosa defendem retroceder a um estágio anterior, apenas de livre comércio, liberando os países do bloco para fazer acordos bilaterais.
Essa ideia de flexibilização deverá constar das diretrizes de política externa do programa de Serra. "Nos últimos cinco anos, 100 acordos bilaterais de comércio foram fechados no mundo, mas o Brasil fechou apenas um, com Israel", diz o texto proposto.
Na relação com a Argentina, os tucanos pregam um endurecimento. Esse país, na avaliação de Barbosa, "está desrespeitando regras da Organização Mundial de Comércio (OMC), violando o tratado com as sucessivas medidas protecionistas contra produtos brasileiros". A decisão do governo brasileiro de ceder ao Paraguai na renegociação das tarifas de energia excedente de Itaipu é para ele "outro exemplo da política de generosidade do governo".
Serra também tem feito críticas ao governo do presidente boliviano Evo Morales: os bolivianos, em seu entender, estariam fazendo "corpo mole" em relação ao tráfico de drogas e o governo seria "cúmplice" disso. O governo Lula reagiu com ironias. "Serra está tentando ser o exterminador do futuro da política externa. Já destruiu o Mercosul, quer destruir nosso relacionamento com a Bolívia e já disse que Mahmoud Ahmadinejad é um Hitler", comentou o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia.
O melhor caminho, segundo os tucanos, seria aprofundar os acordos existentes na América do Sul, enquanto se buscam novos acordos bilaterais. E Amaral diz que é preciso fazer valer as regras do bloco. "A Argentina impõe barreiras, nós entendemos. A Bolívia se apropria da Petrobrás, o Brasil entende. Não dá para só compreender e tolerar; sendo condescendentes com a violação das regras, nós estamos desfazendo as instituições do bloco", diz o ex-porta-voz de FHC.
A Rodada Doha de negociações comerciais, outra prioridade no governo Lula, poderia ficar de molho em um governo tucano. "No governo Lula, ficaram oito anos preocupados com Doha e descuidaram do resto", ataca Barbosa. "A ideia é esquecer Doha por enquanto e agilizar acordos bilaterais", sugere Amaral. O governo atual, diz ele, orienta-se "por uma realidade ultrapassada, com uma mentalidade pré-fim da Guerra Fria". Um exemplo disso, segundo ele, são as alianças de países de Terceiro Mundo para chegar a mudanças. A China fez outra coisa: "Abandonou essa visão norte e sul e atua em simbiose com os EUA. A Índia também, e foi reconhecida como potência nuclear ao assinar um acordo nuclear com Washington."
Ele também acha que está na hora de o Brasil reativar o relacionamento com os EUA. "Por muito tempo os EUA foram vistos com desconfiança, e com motivo, por causa de suas ingerências em questões financeiras, de comércio e política interna dos países da região", diz. "Mas hoje as circunstâncias são totalmente diferentes. O novo presidente tem uma proposta de não ingerência nos assuntos dos países, de multilateralismo. Ele representa muito do que nós queríamos. Podemos adotar uma política de confiança."
A relação com a Casa Branca, que azedou após divergências no caso de Honduras e do Irã, precisa ser resgatada, acredita a oposição. O Brasil costurou com a Turquia um acordo para troca de combustível nuclear do Irã. Para os EUA, o acordo era insuficiente e ameaçava o consenso necessário à adoção de sanções contra os iranianos no Conselho de Segurança da ONU. A posição do Departamento de Estado era que o Brasil mostrava-se "ingênuo" e estava sendo usado pelo Irã - cujo objetivo, segundo eles, era apenas ganhar tempo. A secretária de Estado americana , Hillary Clinton, anunciou sanções um dia depois de o Itamaraty comemorar o acordo com a Turquia - o que irritou profundamente o governo brasileiro.
Essa decisão deu origem a várias críticas contra o presidente Barack Obama. O governo brasileiro se sentiu traído pela Casa Branca, que não esperou os resultados do acordo mediado pelo Brasil. Lula entendeu que Obama estava dando um tiro no pé ao endurecer contra o Irã. "Não foi uma atitude de quem ganhou o Nobel da Paz", afirmou.
Outra divergência ocorre no caso de Honduras. Os americanos acham que o Brasil tem sido duro demais com o presidente eleito, Porfírio Lobo, e intransigente em sua defesa do líder deposto Manuel Zelaya - o que estaria atrapalhando a reconstrução da estabilidade política dos hondurenhos.
A Casa Branca vê os movimentos do Brasil com reservas. Uma das consequências disso é que a visita de Obama ao País deve ficar para o próximo governo. Amaral resume o impasse: "Não dá para ter uma política de defesa da democracia em Honduras, e uma diferente em Cuba".
Patrícia Campos Mello
O Estado de S.Paulo, 09/08/2010
A meta tucana é dar uma guinada, para longe do Irã, de Chávez, de Cuba. E com o comércio gerido por uma SuperCamex, sem o Itamaraty
Rever o Mercosul, afastar-se de países não-democráticos como Cuba, Irã e ditaduras africanas, e abandonar o viés ideológico da política comercial são as linhas-mestras da plataforma de política externa do candidato José Serra (PSDB). Mas o assunto está longe de ter um grande destaque nas propostas de governo dos dois candidatos da oposição.
Mas, segundo apurou o Estado, as diretrizes do tucano vão propor a flexibilização do Mercosul, liberando o Brasil para buscar acordos bilaterais, e a criação de uma SuperCamex, nos moldes do United States Trade Representative (USTR), que daria à política comercial do País status de ministério, subordinado à Presidência. De quebra, seria uma maneira de "despolitizar" a política comercial e acabar com a grande influência do Itamaraty sobre o assunto.
Não existe um núcleo formal dentro da campanha de Serra para debater o assunto, mas há três nomes ouvidos pelo candidato e que apresentam sugestões. Na área de comércio exterior, Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington e atual presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da FIESP, e Roberto Giannetti da Fonseca, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) da FIESP e ex-secretário executivo da Camex no governo FHC. Para política externa, o mais ouvido é Sérgio Amaral, que foi porta-voz do governo FHC e cotado para ser chanceler em um eventual governo tucano. Xico Graziano, o coordenador do programa de governo de Serra, supervisiona.
Os tucanos minimizam a política de diversificar os destinos de exportação brasileira, uma das grandes bandeiras do governo Lula. Para os petistas, foi essa diversificação que permitiu ao Brasil passar quase incólume pela crise financeira mundial. Os tucanos afirmam que a estratégia seguiu motivos políticos e não trouxe benefícios concretos, pois as vendas para África e Oriente Médio, por exemplo, continuam sendo minúsculas. Uma aposta mais acertada, argumentam, seria aprofundar os acordos na América do Sul, liberar o Brasil para mais acordos bilaterais e intensificar as relações com os EUA.
Na visão dos tucanos, a diplomacia da era Lula associou o Brasil a nações não democráticas, prejudicando seu "soft power" e sua capacidade de liderança global. Serra já afirmou que o líder iraniano Mahmoud Ahmadinejad, integra a "turma de ditadores" da história, como Adolf Hitler e Josef Stalin. "O que ganhamos com essa aproximação? Nada. E perdemos muito em imagem e credibilidade", diz Sérgio Amaral. "Este governo tem a tendência de ver o mundo através de afinidades ideológicas, e nem sempre é assim."
Para Amaral, apostar no G-20 é exemplo de atuação construtiva do Brasil, que deve se aprofundar, enquanto associar-se ao Irã na questão nuclear não é. Os tucanos minimizam o fato de o Brasil ter adquirido um destaque maior no cenário internacional durante o governo Lula. As diretrizes de Serra devem abordar o que a campanha chama de "falso protagonismo" do Brasil, ao se oferecer de mediador de assuntos polêmicos como o conflito do Oriente Médio e a questão nuclear no Irã.
Amaral admite que o carisma do presidente Lula ajudou o Brasil a conseguir mais espaço no cenário internacional, mas entende que os presidentes dos outros países são pragmáticos. "Se o novo presidente, seja quem for, levar adiante políticas que são importantes, será respeitado internacionalmente", diz . Sua avaliação é que o Brasil tem a desempenhar, na América do Sul, um papel que até agora não conseguiu. "Se você não consegue propor uma visão para a América do Sul e atuar em conflitos aqui, como o das papeleiras (conflito entre Uruguai e Argentina por causa de instalação de indústrias de celulose na fronteira), qual é o sentido de tentar resolver o conflito no Oriente Médio?"
A cobrança já foi comentada por José Eduardo Dutra, presidente do PT. "O efeito principal da política externa se dá na economia, nas relações comerciais. Dizia-se que, se a gente não embarcasse na Alca, seria uma tragédia para o Brasil. A Alca já foi sepultada. E qual o resultado de nossa política externa? Até 2002, 60% das exportações brasileiras eram para a União Europeia, Estados Unidos e Japão. Hoje, esses três representam menos de 40%. Tivemos uma diversificação que permitiu um desempenho melhor durante a crise."
Um dos projetos centrais dos tucanos, em um eventual governo Serra, é despolitizar a política comercial - criando uma SuperCamex, órgão com status de ministério dedicado a conduzir a política comercial do País. "Hoje em dia, o Itamaraty tem o controle da política comercial", diz Rubens Barbosa.
"Queremos uma espécie de USTR, subordinado à Presidência, que seria uma Camex fortalecida." Para Barbosa e Roberto Giannetti, a Camex vive relegada a um comando de terceiro escalão. Se fosse promovida a ministério, daria maior prioridade à política comercial. "Os outros ministérios como o da Agricultura e o Itamaraty, precisam se subordinar à Camex para decisões de comércio exterior", diz Barbosa. "Se o Itamaraty, por exemplo, quer um acordo com a Rússia, precisa passar pela Camex." Uma ideia seria o próprio Serra coordenar essa SuperCamex nos primeiros seis meses de governo.
O candidato tucano avalia que o Mercosul tem falhas graves. Define-o como "uma farsa" e "uma barreira para que o Brasil possa fazer acordos comerciais". Não se trata de extingui-lo, avisa Rubens Barbosa, mas de flexibilizá-lo: "Precisamos liberar o País para procurar acordos bilaterais". Hoje em dia, o Mercosul é uma união aduaneira, estrutura que exige concordância de todos os sócios para se fechar um acordo comercial, e uma tarifa externa comum para importação de terceiros países. Giannetti e Barbosa defendem retroceder a um estágio anterior, apenas de livre comércio, liberando os países do bloco para fazer acordos bilaterais.
Essa ideia de flexibilização deverá constar das diretrizes de política externa do programa de Serra. "Nos últimos cinco anos, 100 acordos bilaterais de comércio foram fechados no mundo, mas o Brasil fechou apenas um, com Israel", diz o texto proposto.
Na relação com a Argentina, os tucanos pregam um endurecimento. Esse país, na avaliação de Barbosa, "está desrespeitando regras da Organização Mundial de Comércio (OMC), violando o tratado com as sucessivas medidas protecionistas contra produtos brasileiros". A decisão do governo brasileiro de ceder ao Paraguai na renegociação das tarifas de energia excedente de Itaipu é para ele "outro exemplo da política de generosidade do governo".
Serra também tem feito críticas ao governo do presidente boliviano Evo Morales: os bolivianos, em seu entender, estariam fazendo "corpo mole" em relação ao tráfico de drogas e o governo seria "cúmplice" disso. O governo Lula reagiu com ironias. "Serra está tentando ser o exterminador do futuro da política externa. Já destruiu o Mercosul, quer destruir nosso relacionamento com a Bolívia e já disse que Mahmoud Ahmadinejad é um Hitler", comentou o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia.
O melhor caminho, segundo os tucanos, seria aprofundar os acordos existentes na América do Sul, enquanto se buscam novos acordos bilaterais. E Amaral diz que é preciso fazer valer as regras do bloco. "A Argentina impõe barreiras, nós entendemos. A Bolívia se apropria da Petrobrás, o Brasil entende. Não dá para só compreender e tolerar; sendo condescendentes com a violação das regras, nós estamos desfazendo as instituições do bloco", diz o ex-porta-voz de FHC.
A Rodada Doha de negociações comerciais, outra prioridade no governo Lula, poderia ficar de molho em um governo tucano. "No governo Lula, ficaram oito anos preocupados com Doha e descuidaram do resto", ataca Barbosa. "A ideia é esquecer Doha por enquanto e agilizar acordos bilaterais", sugere Amaral. O governo atual, diz ele, orienta-se "por uma realidade ultrapassada, com uma mentalidade pré-fim da Guerra Fria". Um exemplo disso, segundo ele, são as alianças de países de Terceiro Mundo para chegar a mudanças. A China fez outra coisa: "Abandonou essa visão norte e sul e atua em simbiose com os EUA. A Índia também, e foi reconhecida como potência nuclear ao assinar um acordo nuclear com Washington."
Ele também acha que está na hora de o Brasil reativar o relacionamento com os EUA. "Por muito tempo os EUA foram vistos com desconfiança, e com motivo, por causa de suas ingerências em questões financeiras, de comércio e política interna dos países da região", diz. "Mas hoje as circunstâncias são totalmente diferentes. O novo presidente tem uma proposta de não ingerência nos assuntos dos países, de multilateralismo. Ele representa muito do que nós queríamos. Podemos adotar uma política de confiança."
A relação com a Casa Branca, que azedou após divergências no caso de Honduras e do Irã, precisa ser resgatada, acredita a oposição. O Brasil costurou com a Turquia um acordo para troca de combustível nuclear do Irã. Para os EUA, o acordo era insuficiente e ameaçava o consenso necessário à adoção de sanções contra os iranianos no Conselho de Segurança da ONU. A posição do Departamento de Estado era que o Brasil mostrava-se "ingênuo" e estava sendo usado pelo Irã - cujo objetivo, segundo eles, era apenas ganhar tempo. A secretária de Estado americana , Hillary Clinton, anunciou sanções um dia depois de o Itamaraty comemorar o acordo com a Turquia - o que irritou profundamente o governo brasileiro.
Essa decisão deu origem a várias críticas contra o presidente Barack Obama. O governo brasileiro se sentiu traído pela Casa Branca, que não esperou os resultados do acordo mediado pelo Brasil. Lula entendeu que Obama estava dando um tiro no pé ao endurecer contra o Irã. "Não foi uma atitude de quem ganhou o Nobel da Paz", afirmou.
Outra divergência ocorre no caso de Honduras. Os americanos acham que o Brasil tem sido duro demais com o presidente eleito, Porfírio Lobo, e intransigente em sua defesa do líder deposto Manuel Zelaya - o que estaria atrapalhando a reconstrução da estabilidade política dos hondurenhos.
A Casa Branca vê os movimentos do Brasil com reservas. Uma das consequências disso é que a visita de Obama ao País deve ficar para o próximo governo. Amaral resume o impasse: "Não dá para ter uma política de defesa da democracia em Honduras, e uma diferente em Cuba".
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Pesquisas não servem às torcidas - Mario Paulino
Pesquisas não servem às torcidas
Mario Paulino, diretor do Datafolha
Folha de S.Paulo, 10.08.2010
AO MOSTRAR, em abril deste ano, que o tamanho da torcida do Corinthians estava, naquele momento, a apenas quatro pontos percentuais da do Flamengo, no limite do empate técnico, o Datafolha foi contestado por centenas de flamenguistas com argumentos frágeis e ameaças de todos os graus. Costumeiramente são esses, das torcidas, os números que geram mais polêmicas e reações genuinamente apaixonadas.
O empate técnico entre Serra e Dilma, apurado pelo instituto há duas semanas, elevou as reações políticas ao mesmo nível de agressividade dos argumentos típicos das arquibancadas. Neste caso, às ameaças e impropérios dos militantes, remunerados ou apaixonados, somam-se falácias técnicas elaboradas por pseudo-especialistas em pesquisa, que propagadas e repetidas à exaustão nos meios eletrônicos, são tomadas por muitos como verossímeis.
Esse processo de coerção não é novo para o Datafolha nem exclusividade dos consultores contratados pelo PT. Nos primeiros dez dias da disputa pelo segundo turno em 2006, enquanto o Datafolha mostrava sozinho que Geraldo Alckmin poderia ter menos votos do que havia obtido no primeiro, o PSDB levantou várias suspeitas embasadas em argumentos “técnicos” contra os métodos do Datafolha. Algumas foram repercutidas pelo próprio candidato do partido à Presidência em debate na TV.
Mais recentemente, na disputa pela Prefeitura do Rio em 2008, a ultrapassagem de Gabeira sobre Crivella, revelada pelo Datafolha antes mesmo das pesquisas internas dos partidos, também foi motivo de suspeitas infundadas sobre o instituto.
Não é, portanto, a primeira vez que o Datafolha destoa de seus concorrentes. Isto não quer dizer que esteja necessariamente certo ou errado em todos os resultados que divulga. É prudente, no entanto, que seus fundamentos metodológicos colocados à prova há 26 anos, sejam levados em conta.
Mas como o eleitor brasileiro deve ler resultados diferentes divulgados pelos institutos de pesquisa? Analisando os números sem viés partidário e informando-se sobre a atuação de cada instituto em eleições anteriores o que lhes confere reputação e credibilidade.
Por mais que alguns pesquisadores tentem fazer parecer o contrário, pesquisas não são preditivas, refletem resultados do momento em que são feitas, embutem erros determinados pelos limites estatísticos e seus resultados podem variar de acordo com os instrumentos utilizados nas entrevistas, como o questionário.
Muitas informações fundamentais para avaliar os números divulgados podem ser obtidas no site do TSE que disponibiliza os registros de cada pesquisa contendo informações específicas e instrumentos de coleta de cada instituto. O Datafolha posta em sua página na internet cruzamentos e bases estatísticas de todas as pesquisas que divulga e defende que essa prática seja obrigatória.
Como os resultados de pesquisas, amplamente divulgados, estão entre os principais fatores de captação de recursos para as campanhas, aposta-se na confusão e na distorção para amenizar ou potencializar possíveis prejuízos. Cabe aos analistas independentes a missão de reconhecer o viés partidário das afirmações propagadas.
Quem frequenta estádios e quem produz pesquisas sabe que torcidas organizadas, por vezes, viram as costas para a partida e mergulham em seus próprios cânticos, perdendo a razão e o próprio jogo.
Mario Paulino, diretor do Datafolha
Folha de S.Paulo, 10.08.2010
AO MOSTRAR, em abril deste ano, que o tamanho da torcida do Corinthians estava, naquele momento, a apenas quatro pontos percentuais da do Flamengo, no limite do empate técnico, o Datafolha foi contestado por centenas de flamenguistas com argumentos frágeis e ameaças de todos os graus. Costumeiramente são esses, das torcidas, os números que geram mais polêmicas e reações genuinamente apaixonadas.
O empate técnico entre Serra e Dilma, apurado pelo instituto há duas semanas, elevou as reações políticas ao mesmo nível de agressividade dos argumentos típicos das arquibancadas. Neste caso, às ameaças e impropérios dos militantes, remunerados ou apaixonados, somam-se falácias técnicas elaboradas por pseudo-especialistas em pesquisa, que propagadas e repetidas à exaustão nos meios eletrônicos, são tomadas por muitos como verossímeis.
Esse processo de coerção não é novo para o Datafolha nem exclusividade dos consultores contratados pelo PT. Nos primeiros dez dias da disputa pelo segundo turno em 2006, enquanto o Datafolha mostrava sozinho que Geraldo Alckmin poderia ter menos votos do que havia obtido no primeiro, o PSDB levantou várias suspeitas embasadas em argumentos “técnicos” contra os métodos do Datafolha. Algumas foram repercutidas pelo próprio candidato do partido à Presidência em debate na TV.
Mais recentemente, na disputa pela Prefeitura do Rio em 2008, a ultrapassagem de Gabeira sobre Crivella, revelada pelo Datafolha antes mesmo das pesquisas internas dos partidos, também foi motivo de suspeitas infundadas sobre o instituto.
Não é, portanto, a primeira vez que o Datafolha destoa de seus concorrentes. Isto não quer dizer que esteja necessariamente certo ou errado em todos os resultados que divulga. É prudente, no entanto, que seus fundamentos metodológicos colocados à prova há 26 anos, sejam levados em conta.
Mas como o eleitor brasileiro deve ler resultados diferentes divulgados pelos institutos de pesquisa? Analisando os números sem viés partidário e informando-se sobre a atuação de cada instituto em eleições anteriores o que lhes confere reputação e credibilidade.
Por mais que alguns pesquisadores tentem fazer parecer o contrário, pesquisas não são preditivas, refletem resultados do momento em que são feitas, embutem erros determinados pelos limites estatísticos e seus resultados podem variar de acordo com os instrumentos utilizados nas entrevistas, como o questionário.
Muitas informações fundamentais para avaliar os números divulgados podem ser obtidas no site do TSE que disponibiliza os registros de cada pesquisa contendo informações específicas e instrumentos de coleta de cada instituto. O Datafolha posta em sua página na internet cruzamentos e bases estatísticas de todas as pesquisas que divulga e defende que essa prática seja obrigatória.
Como os resultados de pesquisas, amplamente divulgados, estão entre os principais fatores de captação de recursos para as campanhas, aposta-se na confusão e na distorção para amenizar ou potencializar possíveis prejuízos. Cabe aos analistas independentes a missão de reconhecer o viés partidário das afirmações propagadas.
Quem frequenta estádios e quem produz pesquisas sabe que torcidas organizadas, por vezes, viram as costas para a partida e mergulham em seus próprios cânticos, perdendo a razão e o próprio jogo.
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sábado, 7 de agosto de 2010
Hugo Chavez a favor de Dilma Rousseff
Opinião
Dilma Rousseff e o companheiro Chávez
Ipojuca Pontes
Mídia a Mais, 18 de julho de 2010
Chávez e Dilma. Simpatias pelo ditador venezuelano são um alerta
“Vou fazer um governo mais à esquerda do que Dilma” – José Serra
Durante a abertura da 2ª Cúpula América do Sul-África, realizada ano passado em Isla Margarita, na Venezuela, o ditador Hugo Chávez, com as bochechas infladas e a voz tonitruante de impostor latino, foi incisivo:
- “Minha candidata é Dilma. Ela será a próxima presidente do Brasil. Sei que vão me acusar de ingerência, mas o meu coraçãozinho é que está falando: minha candidata é Dilma!”
Lula, presente ao convescote amigo, lamentou ser uma desgraça Chávez não votar no Brasil, mas agradeceu o empenho do intrépido parceiro. Este, por sua vez, de braços dados com o sindicalista-presidente (fundador do Foro de São Paulo), foi ainda mais incisivo junto ao repórter de “O Globo”:
- “Mas Lula não se vai, hein! Ele fica, assim como Néstor Kirchner, que se foi, mas não se foi”... – completou, reportando-se ao caso da Argentina, cujo governo, formalmente nas mãos de Cristina Kirchner, na prática é presidido pelo marido, Néstor, ao lado da gangue sindicalista.
Por que Dilma Rousseff inspira tanta confiança em gente do porte de Chávez, o delirante ditador venezuelano?
Bem, antes de tudo porque Chávez, de início fundador do “Movimento Quinta República” (considerado, então, de “extrema direita”), passou marcha a ré e, depois de ouvir Fidel Castro na ilha-cárcere do Caribe, tornou-se arauto da famigerada “Revolução Bolivariana”, um enclave cubano no seio da América do Sul.
Com efeito, o tenente-coronel Hugo Chávez se constitui hoje, para a esquerda continental, um exemplo invejável de como conduzir o poder político para chegar ao Socialismo do Século XXI: por meio da força ou da manipulação institucional, sobejamente articulada, ele tem sabido impor ao povo venezuelano uma agenda de duras medidas revolucionárias, no entender dos seus “companheiros de jornada”, dignas da maior admiração.
É fato: sob o tacão de Chávez, engrossado pelos bilionários dólares do petróleo, corrompem-se e dominam-se os poderes legislativo e judiciário; sufocam-se as liberdades de expressão; controlam-se sindicatos e fundos de pensões; reprimem-se nas ruas as massas insatisfeitas; desencadeiam-se perseguições férreas sobre presumíveis adversários - prendendo-os, exilando-os ou simplesmente matando-os; abastardam-se, por meio de subsídios ou ameaças fiscais, os empresários e as forças produtivas da nação.
Ademais, para aliciar a vontade campesina com promessas alvissareiras, promulgam-se decretos de expropriações de “latifúndios improdutivos” para repasses de terras que jamais se concretizam; criam-se, com as “missões bolivarianas”, do tipo bolsa-família, práticas assistencialistas que só fazem prolongar a fome endêmica da população carente; e, por fim, para se manter as massas anestesiadas, promovem-se permanentes campanhas publicitárias tocadas por especialistas na arte de mentir em larga escala.
Por outro lado, no plano político das relações internacionais, satanizam-se os Estados Unidos e o Estado de Israel ao apontá-los como responsáveis pelas mazelas prevalecentes nos países do chamado Terceiro Mundo.
Cuba, Brasil, Bolívia, Nicarágua, Paraguai, Uruguai, Equador, Argentina e a própria Venezuela são países aos quais os integrantes do Foro de São Paulo julgam em condições políticas mais estratégicas para se compor a sonhada União Revolucionária Socialista da América Latina (URSAL), prevista para emergir nas próximas duas décadas – ou mesmo antes disso.
No Brasil, em particular, as etapas para se chegar ao Socialismo do Século XXI foram claramente expressas no programa de governo da companheira Dilma, apresentado recentemente, em tom de controvérsia, à Justiça Eleitoral.
De fato, em que pese ter causado alvoroço, o documento programático da candidata de Lula não traz nenhuma novidade, pois, como é notório, os seus itens básicos vinham sendo formulados há vários anos pelos mentores do Foro de São Paulo em parceria com a “ala mais avançada” do PT, ambos responsáveis pelo Programa Nacional de Direitos Humanos, o famigerado PNDH-3. (Aqui, vale lembrar, este documento de teor totalitário, encaminhado ao Congresso Nacional pelo Secretário Especial dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, foi repudiado em gênero, número e grau pela sociedade e instituições civis brasileiras).
Mas em que consiste o programa de governo da companheira Dilma?
De forma abreviada, o seu programa de governo, que incorpora sérias ameaças à democracia representativa (razão de ser do entusiasmo chavista), levanta, entre outros, os seguintes destaques:
1 - Controle “social” da mídia, dando ao governo instrumentos para castigar jornalistas, interferir na programação, no gerenciamento e na propriedade das emissoras de rádio e TV.
2 – Rever a Lei da Anistia, com o propósito de punir torturadores da era militar, excluída, no entanto, qualquer possibilidade de se penalizar subversivos e terroristas dos “anos de chumbo”, responsáveis por centenas de mortes, sequestros e atentados, hoje encastelados no aparato governamental.
3 – Aumentar impostos para sobretaxar as grandes fortunas, no fundo uma manobra com o objetivo de garfar a poupança alheia e punir o empresário e o capital produtivo.
4 – Abolição da propriedade privada, com a criação de uma “instância agrária superior” para impedir que juízes determinem a reintegração de posse de terras invadidas pelo bando do MST.
5 – Legalização do aborto, em qualquer situação, por se tratar, tão somente, de um “problema de saúde”, alheio ao princípio do respeito à vida humana.
6 – Ampliação dos poderes do Estado, com a criação de leis coercitivas e novas empresas estatais, conforme previsto pela “Revolução Bolivariana” de Chávez, cuja essência é a mesma que preside o “Estado Forte” do companheiro Lula.
Como se vê, não há grande diferença entre o que faz e pensa o revolucionário Hugo Chávez e o que pretende fazer (e, em parte, vem fazendo) a companheira Dilma Rousseff, de formação marxista-leninista. Ambos, conforme deixam claro, querem consertar o mundo “injusto e desigual” pelas vias milagreiras do socialismo – o mesmo que levou Cuba à ruína e o povo da ilha-cárcere à miséria permanente.
Os formadores de opinião da mídia amestrada, tal como era previsto, diante do programa radical enviado pelo PT ao TSE, no qual constava a rubrica da candidata, vêm considerando o documento surpreendente e contraditório. Eles se interrogam diante do óbvio: é de Dilma ou da ala radical do PT a autoria do programa levado à Justiça Eleitoral? Um documento que não leva assinatura, mas que é rubricado pela candidata, tem ou não tem validade? A versão radical do programa será ou não levada adiante por Dilma Rousseff, caso eleita?
Para mim, nada disso tem muito significado, ou melhor: o seu significado é justamente o da controvérsia. Como se sabe, é da natureza socialista fazer a política do jogo duplo com o objetivo expresso de tungar a democracia. O próprio Lênin, amparado numa hierarquia fortemente centralizada, fez da ambiguidade uma estratégia política, atuando ora às claras, ora de forma dissimulada, mas sempre inversa ao que propunha ou escondia das massas. “Iludir, falsificar ou dizer a verdade” – afirmava Lênin nas suas Teses de Abril – “é o dever de todo revolucionário que, para desnortear a Duma (parlamento russo), queira conquistar e manter o poder”.
O mais incrível, no entanto, é que José Serra, sendo da oposição e “sabendo das coisas”, tenha afirmado de público que “vai fazer um governo mais à esquerda do que Dilma”. É de doer. Assim não dá.
Dilma Rousseff e o companheiro Chávez
Ipojuca Pontes
Mídia a Mais, 18 de julho de 2010
Chávez e Dilma. Simpatias pelo ditador venezuelano são um alerta
“Vou fazer um governo mais à esquerda do que Dilma” – José Serra
Durante a abertura da 2ª Cúpula América do Sul-África, realizada ano passado em Isla Margarita, na Venezuela, o ditador Hugo Chávez, com as bochechas infladas e a voz tonitruante de impostor latino, foi incisivo:
- “Minha candidata é Dilma. Ela será a próxima presidente do Brasil. Sei que vão me acusar de ingerência, mas o meu coraçãozinho é que está falando: minha candidata é Dilma!”
Lula, presente ao convescote amigo, lamentou ser uma desgraça Chávez não votar no Brasil, mas agradeceu o empenho do intrépido parceiro. Este, por sua vez, de braços dados com o sindicalista-presidente (fundador do Foro de São Paulo), foi ainda mais incisivo junto ao repórter de “O Globo”:
- “Mas Lula não se vai, hein! Ele fica, assim como Néstor Kirchner, que se foi, mas não se foi”... – completou, reportando-se ao caso da Argentina, cujo governo, formalmente nas mãos de Cristina Kirchner, na prática é presidido pelo marido, Néstor, ao lado da gangue sindicalista.
Por que Dilma Rousseff inspira tanta confiança em gente do porte de Chávez, o delirante ditador venezuelano?
Bem, antes de tudo porque Chávez, de início fundador do “Movimento Quinta República” (considerado, então, de “extrema direita”), passou marcha a ré e, depois de ouvir Fidel Castro na ilha-cárcere do Caribe, tornou-se arauto da famigerada “Revolução Bolivariana”, um enclave cubano no seio da América do Sul.
Com efeito, o tenente-coronel Hugo Chávez se constitui hoje, para a esquerda continental, um exemplo invejável de como conduzir o poder político para chegar ao Socialismo do Século XXI: por meio da força ou da manipulação institucional, sobejamente articulada, ele tem sabido impor ao povo venezuelano uma agenda de duras medidas revolucionárias, no entender dos seus “companheiros de jornada”, dignas da maior admiração.
É fato: sob o tacão de Chávez, engrossado pelos bilionários dólares do petróleo, corrompem-se e dominam-se os poderes legislativo e judiciário; sufocam-se as liberdades de expressão; controlam-se sindicatos e fundos de pensões; reprimem-se nas ruas as massas insatisfeitas; desencadeiam-se perseguições férreas sobre presumíveis adversários - prendendo-os, exilando-os ou simplesmente matando-os; abastardam-se, por meio de subsídios ou ameaças fiscais, os empresários e as forças produtivas da nação.
Ademais, para aliciar a vontade campesina com promessas alvissareiras, promulgam-se decretos de expropriações de “latifúndios improdutivos” para repasses de terras que jamais se concretizam; criam-se, com as “missões bolivarianas”, do tipo bolsa-família, práticas assistencialistas que só fazem prolongar a fome endêmica da população carente; e, por fim, para se manter as massas anestesiadas, promovem-se permanentes campanhas publicitárias tocadas por especialistas na arte de mentir em larga escala.
Por outro lado, no plano político das relações internacionais, satanizam-se os Estados Unidos e o Estado de Israel ao apontá-los como responsáveis pelas mazelas prevalecentes nos países do chamado Terceiro Mundo.
Cuba, Brasil, Bolívia, Nicarágua, Paraguai, Uruguai, Equador, Argentina e a própria Venezuela são países aos quais os integrantes do Foro de São Paulo julgam em condições políticas mais estratégicas para se compor a sonhada União Revolucionária Socialista da América Latina (URSAL), prevista para emergir nas próximas duas décadas – ou mesmo antes disso.
No Brasil, em particular, as etapas para se chegar ao Socialismo do Século XXI foram claramente expressas no programa de governo da companheira Dilma, apresentado recentemente, em tom de controvérsia, à Justiça Eleitoral.
De fato, em que pese ter causado alvoroço, o documento programático da candidata de Lula não traz nenhuma novidade, pois, como é notório, os seus itens básicos vinham sendo formulados há vários anos pelos mentores do Foro de São Paulo em parceria com a “ala mais avançada” do PT, ambos responsáveis pelo Programa Nacional de Direitos Humanos, o famigerado PNDH-3. (Aqui, vale lembrar, este documento de teor totalitário, encaminhado ao Congresso Nacional pelo Secretário Especial dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, foi repudiado em gênero, número e grau pela sociedade e instituições civis brasileiras).
Mas em que consiste o programa de governo da companheira Dilma?
De forma abreviada, o seu programa de governo, que incorpora sérias ameaças à democracia representativa (razão de ser do entusiasmo chavista), levanta, entre outros, os seguintes destaques:
1 - Controle “social” da mídia, dando ao governo instrumentos para castigar jornalistas, interferir na programação, no gerenciamento e na propriedade das emissoras de rádio e TV.
2 – Rever a Lei da Anistia, com o propósito de punir torturadores da era militar, excluída, no entanto, qualquer possibilidade de se penalizar subversivos e terroristas dos “anos de chumbo”, responsáveis por centenas de mortes, sequestros e atentados, hoje encastelados no aparato governamental.
3 – Aumentar impostos para sobretaxar as grandes fortunas, no fundo uma manobra com o objetivo de garfar a poupança alheia e punir o empresário e o capital produtivo.
4 – Abolição da propriedade privada, com a criação de uma “instância agrária superior” para impedir que juízes determinem a reintegração de posse de terras invadidas pelo bando do MST.
5 – Legalização do aborto, em qualquer situação, por se tratar, tão somente, de um “problema de saúde”, alheio ao princípio do respeito à vida humana.
6 – Ampliação dos poderes do Estado, com a criação de leis coercitivas e novas empresas estatais, conforme previsto pela “Revolução Bolivariana” de Chávez, cuja essência é a mesma que preside o “Estado Forte” do companheiro Lula.
Como se vê, não há grande diferença entre o que faz e pensa o revolucionário Hugo Chávez e o que pretende fazer (e, em parte, vem fazendo) a companheira Dilma Rousseff, de formação marxista-leninista. Ambos, conforme deixam claro, querem consertar o mundo “injusto e desigual” pelas vias milagreiras do socialismo – o mesmo que levou Cuba à ruína e o povo da ilha-cárcere à miséria permanente.
Os formadores de opinião da mídia amestrada, tal como era previsto, diante do programa radical enviado pelo PT ao TSE, no qual constava a rubrica da candidata, vêm considerando o documento surpreendente e contraditório. Eles se interrogam diante do óbvio: é de Dilma ou da ala radical do PT a autoria do programa levado à Justiça Eleitoral? Um documento que não leva assinatura, mas que é rubricado pela candidata, tem ou não tem validade? A versão radical do programa será ou não levada adiante por Dilma Rousseff, caso eleita?
Para mim, nada disso tem muito significado, ou melhor: o seu significado é justamente o da controvérsia. Como se sabe, é da natureza socialista fazer a política do jogo duplo com o objetivo expresso de tungar a democracia. O próprio Lênin, amparado numa hierarquia fortemente centralizada, fez da ambiguidade uma estratégia política, atuando ora às claras, ora de forma dissimulada, mas sempre inversa ao que propunha ou escondia das massas. “Iludir, falsificar ou dizer a verdade” – afirmava Lênin nas suas Teses de Abril – “é o dever de todo revolucionário que, para desnortear a Duma (parlamento russo), queira conquistar e manter o poder”.
O mais incrível, no entanto, é que José Serra, sendo da oposição e “sabendo das coisas”, tenha afirmado de público que “vai fazer um governo mais à esquerda do que Dilma”. É de doer. Assim não dá.
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Os tres candidatos e o fim da Historia - Miriam Leitao
Fim da História?
Miriam Leitão
O Globo, 5 de agosto de 2010
Se você quer que seja mantido o equilíbrio fiscal, controle da inflação e o câmbio flutuante é simples: basta votar em um dos três candidatos mais competitivos nas eleições presidenciais de outubro.
Os três prometem que não vão mexer no “tripé”: as três políticas implantadas pelo governo Fernando Henrique e mantidas pelo governo Lula.
Há sinceridade no que dizem?
Se há, não há mais diferenças entre os candidatos.
Estamos portanto numa espécie de fim da História: não há mais divergência ou dúvida sobre política econômica no Brasil. Seria bom se fosse simples assim — até porque há vários outros temas exigindo atenção —, mas neste, como em vários outros assuntos desta difícil campanha, há pouca verdade no que os candidatos dizem e muito truque de marqueteiro.
“É o tripé que está dando certo e em time que está ganhando não se mexe”, resumiu numa declaração originalíssima o presidente do PT, José Eduardo Dutra. Vamos pular aquela parte em que o mesmo PT dizia que tinha recebido uma herança maldita e que essa eram políticas neoliberais.
Nesta reta final do governo Lula, políticas têm sido adotadas diariamente que quebram a longo prazo um pé do tripé. Os aumentos de gastos públicos, a criação de despesas permanentes, a construção de atalhos fiscais para o endividamento público, a ressurreição da política industrial do governo militar, as exceções criadas na Lei de Responsabilidade Fiscal, tudo isso está, na prática, minando as bases do equilíbrio fiscal.
A política de metas de inflação que vigora há 11 anos pressupõe a não interferência nas decisões do Banco Central. O BC sozinho não resolve o problema, tem que ser ajudado pelo primeiro pé do tripé, mas é condição essencial a autonomia do Banco. Todos os candidatos disseram que respeitarão a autonomia do Banco Central. Há dúvidas razoáveis sobre a real intenção de pelo menos os dois com maiores intenções de voto. O ex-governador José Serra já mostrou em várias entrevistas que esse é um assunto que não está pacificado em suas convicções.
Ele acha que o BC errou nos últimos anos, já deu declarações contraditórias o suficiente para se duvidar da sua convicção quando diz que, se eleito, manterá a política atual. Sobre a ex-ministra Dilma Rousseff repousa a mesma dúvida. Sua formação econômica incipiente e seu entorno fomentam a certeza de que algo de diferente ela vai tentar. Por enquanto, ela está repetindo as frases e palavras que o ex-ministro Antonio Palocci a ensinou.
A sua formação leva a crer que o que ela tem dito não passa de mais um truque de marketing.
A candidata do PV, Marina da Silva, é a menos conhecida dos três por vários motivos. Nunca falou muito desses assuntos econômicos e a imprensa tem obsessivamente perguntado a ela sobre outro tripé: célula tronco-criacionismocasamento gay. Quando consegue fugir dessa pauta pobre, Marina tem admitido que votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e contra o Plano Real, mas que mudou de ideia, se convenceu de que estava errada, por isso defende a consolidação dos ganhos dos últimos 16 anos dessa política.
Os pés do tripé estão relacionados. Dilma acredita no expansionismo do gasto público, tem demonstrado que sustenta os mesmos ideais do governo militar no que se refere à ampliação da estatização.
Para fazer frente a uma política fiscal frouxa decorrente dessas convicções, a política monetária teria que ser mais e mais apertada. Alguém realmente acredita que Dilma toleraria altas das taxas de juros sequenciais sem interferir? Lula compensou seu parco conhecimento do tema com uma visão profundamente pragmática e sua capacidade de aprender com os dados da realidade. Visto que a inflação sob controle era garantia de popularidade, ele jogou fora a velha cartilha do PT e manteve o que prometeu que mudaria.
O terceiro pé é o câmbio flutuante. Está relacionado aos outros dois. Altas taxas de juros atraem capital especulativo, principalmente em momentos de boom internacional, e isso aprecia a moeda nacional. Os exportadores reclamam. Tanto o entorno de Dilma Rousseff, quanto o candidato da oposição, José Serra, já demonstraram que são sensíveis ao lobby exportador.
A única forma de manter o tripé é fazer um aperto fiscal forte, uma política de austeridade que significaria fazer escolhas difíceis, rever a excessiva estatização e os subsídios extravagantes dados às grandes obras iniciadas neste fim de governo Lula, ser capaz de cortar gastos correntes, abandonar a política dos anos 70 que voltou a vigorar no BNDES.
Uma verdadeira política de austeridade criaria um círculo virtuoso: reduziria a necessidade de elevação das taxas de juros, o que reduziria a apreciação cambial. Se o eleito ou a eleita continuar mantendo um discurso de ambiguidade em relação ao Banco Central, a instituição terá que, de novo, conquistar reputação, o que significa manter juros altos por mais tempo.
Por tudo o que os candidatos têm escondido do que realmente pensam sobre a política fiscal, monetária e cambial; por tudo o que já disseram; por suas ambiguidades; pelo que dizem em assuntos que estão relacionados com esses, a verdade é que mesmo hoje, 16 anos depois da maior vitória que o Brasil teve na luta contra a inflação, não há garantias. Ao contrário do que se poderia esperar, alguns candidatos mais que outros estão prontos para cometer erros velhos. Profissões de fé no chamado “tripé” convencem pouco quem tem mente treinada.
Miriam Leitão
O Globo, 5 de agosto de 2010
Se você quer que seja mantido o equilíbrio fiscal, controle da inflação e o câmbio flutuante é simples: basta votar em um dos três candidatos mais competitivos nas eleições presidenciais de outubro.
Os três prometem que não vão mexer no “tripé”: as três políticas implantadas pelo governo Fernando Henrique e mantidas pelo governo Lula.
Há sinceridade no que dizem?
Se há, não há mais diferenças entre os candidatos.
Estamos portanto numa espécie de fim da História: não há mais divergência ou dúvida sobre política econômica no Brasil. Seria bom se fosse simples assim — até porque há vários outros temas exigindo atenção —, mas neste, como em vários outros assuntos desta difícil campanha, há pouca verdade no que os candidatos dizem e muito truque de marqueteiro.
“É o tripé que está dando certo e em time que está ganhando não se mexe”, resumiu numa declaração originalíssima o presidente do PT, José Eduardo Dutra. Vamos pular aquela parte em que o mesmo PT dizia que tinha recebido uma herança maldita e que essa eram políticas neoliberais.
Nesta reta final do governo Lula, políticas têm sido adotadas diariamente que quebram a longo prazo um pé do tripé. Os aumentos de gastos públicos, a criação de despesas permanentes, a construção de atalhos fiscais para o endividamento público, a ressurreição da política industrial do governo militar, as exceções criadas na Lei de Responsabilidade Fiscal, tudo isso está, na prática, minando as bases do equilíbrio fiscal.
A política de metas de inflação que vigora há 11 anos pressupõe a não interferência nas decisões do Banco Central. O BC sozinho não resolve o problema, tem que ser ajudado pelo primeiro pé do tripé, mas é condição essencial a autonomia do Banco. Todos os candidatos disseram que respeitarão a autonomia do Banco Central. Há dúvidas razoáveis sobre a real intenção de pelo menos os dois com maiores intenções de voto. O ex-governador José Serra já mostrou em várias entrevistas que esse é um assunto que não está pacificado em suas convicções.
Ele acha que o BC errou nos últimos anos, já deu declarações contraditórias o suficiente para se duvidar da sua convicção quando diz que, se eleito, manterá a política atual. Sobre a ex-ministra Dilma Rousseff repousa a mesma dúvida. Sua formação econômica incipiente e seu entorno fomentam a certeza de que algo de diferente ela vai tentar. Por enquanto, ela está repetindo as frases e palavras que o ex-ministro Antonio Palocci a ensinou.
A sua formação leva a crer que o que ela tem dito não passa de mais um truque de marketing.
A candidata do PV, Marina da Silva, é a menos conhecida dos três por vários motivos. Nunca falou muito desses assuntos econômicos e a imprensa tem obsessivamente perguntado a ela sobre outro tripé: célula tronco-criacionismocasamento gay. Quando consegue fugir dessa pauta pobre, Marina tem admitido que votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e contra o Plano Real, mas que mudou de ideia, se convenceu de que estava errada, por isso defende a consolidação dos ganhos dos últimos 16 anos dessa política.
Os pés do tripé estão relacionados. Dilma acredita no expansionismo do gasto público, tem demonstrado que sustenta os mesmos ideais do governo militar no que se refere à ampliação da estatização.
Para fazer frente a uma política fiscal frouxa decorrente dessas convicções, a política monetária teria que ser mais e mais apertada. Alguém realmente acredita que Dilma toleraria altas das taxas de juros sequenciais sem interferir? Lula compensou seu parco conhecimento do tema com uma visão profundamente pragmática e sua capacidade de aprender com os dados da realidade. Visto que a inflação sob controle era garantia de popularidade, ele jogou fora a velha cartilha do PT e manteve o que prometeu que mudaria.
O terceiro pé é o câmbio flutuante. Está relacionado aos outros dois. Altas taxas de juros atraem capital especulativo, principalmente em momentos de boom internacional, e isso aprecia a moeda nacional. Os exportadores reclamam. Tanto o entorno de Dilma Rousseff, quanto o candidato da oposição, José Serra, já demonstraram que são sensíveis ao lobby exportador.
A única forma de manter o tripé é fazer um aperto fiscal forte, uma política de austeridade que significaria fazer escolhas difíceis, rever a excessiva estatização e os subsídios extravagantes dados às grandes obras iniciadas neste fim de governo Lula, ser capaz de cortar gastos correntes, abandonar a política dos anos 70 que voltou a vigorar no BNDES.
Uma verdadeira política de austeridade criaria um círculo virtuoso: reduziria a necessidade de elevação das taxas de juros, o que reduziria a apreciação cambial. Se o eleito ou a eleita continuar mantendo um discurso de ambiguidade em relação ao Banco Central, a instituição terá que, de novo, conquistar reputação, o que significa manter juros altos por mais tempo.
Por tudo o que os candidatos têm escondido do que realmente pensam sobre a política fiscal, monetária e cambial; por tudo o que já disseram; por suas ambiguidades; pelo que dizem em assuntos que estão relacionados com esses, a verdade é que mesmo hoje, 16 anos depois da maior vitória que o Brasil teve na luta contra a inflação, não há garantias. Ao contrário do que se poderia esperar, alguns candidatos mais que outros estão prontos para cometer erros velhos. Profissões de fé no chamado “tripé” convencem pouco quem tem mente treinada.
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quarta-feira, 4 de agosto de 2010
CNBB contra Dilma Rousseff
Em carta, CNBB pede que fiéis não votem em Dilma
21/07/2010 às 20h31m
RIO - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma carta na última segunda-feira na qual pede que os fiéis não votem na candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.
Leia a carta na íntegra:
"Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus
"Com esta frase Jesus definiu bem a autonomia e o respeito, que deve haver entre a política (César) e a religião (Deus). Por isto a Igreja não se posiciona nem faz campanha a favor de nenhum partido ou candidato, mas faz parte da sua missão zelar para que o que é de "Deus" não seja manipulado ou usurpado por "César" e vice-versa.
"Quando acontece essa usurpação ou manipulação é dever da Igreja intervir convidando a não votar em partido ou candidato que torne perigosa a liberdade religiosa e de consciência ou desrespeito à vida humana e aos valores da família, pois tudo isso é de Deus e não de César. Vice-versa extrapola da missão da Igreja querer dominar ou substituir-se ao estado, pois neste caso ela estaria usurpando o que é de César e não de Deus.
"Já na campanha eleitoral de 1996, denunciei um candidato que ofendeu pública e comprovadamente a Igreja, pois esta atitude foi uma usurpação por parte de César daquilo que é de Deus, ou seja o respeito à liberdade religiosa.
"Na atual conjuntura política o Partido dos Trabalhadores (PT) através de seu IIIº e IVº Congressos Nacionais (2007 e 2010 respectivamente), ratificando o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH3) através da punição dos deputados Luiz Bassuma e Henrique Afonso, por serem defensores da vida, se posicionou pública e abertamente a favor da legalização do aborto, contra os valores da família e contra a liberdade de consciência.
"Na condição de Bispo Diocesano, como responsável pela defesa da fé, da moral e dos princípios fundamentais da lei natural que - por serem naturais procedem do próprio Deus e por isso atingem a todos os homens -, denunciamos e condenamos como contrárias às leis de Deus todas as formas de atentado contra a vida, dom de Deus,como o suicídio, o homicídio assim como o aborto pelo qual, criminosa e covardemente, tira-se a vida de um ser humano, completamente incapaz de se defender. A liberação do aborto que vem sendo discutida e aprovada por alguns políticos não pode ser aceita por quem se diz cristão ou católico. Já afirmamos muitas vezes e agora repetimos: não temos partido político, mas não podemos deixar de condenar a legalização do aborto. (confira-se Ex. 20,13; MT 5,21).
"Isto posto, recomendamos a todos verdadeiros cristãos e verdadeiros católicos a que não dêem seu voto à Senhora Dilma Rousseff e demais candidatos que aprovam tais "liberações", independentemente do partido a que pertençam.
"Evangelizar é nossa responsabilidade, o que implica anunciar a verdade e denunciar o erro, procurando, dentro desses princípios, o melhor para o Brasil e nossos irmãos brasileiros e não é contrariando o Evangelho que podemos contar com as bênçãos de Deus e proteção de nossa Mãe e Padroeira, a Imaculada Conceição.
"Dom Luiz Gonzaga Bergonzini"
21/07/2010 às 20h31m
RIO - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma carta na última segunda-feira na qual pede que os fiéis não votem na candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.
Leia a carta na íntegra:
"Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus
"Com esta frase Jesus definiu bem a autonomia e o respeito, que deve haver entre a política (César) e a religião (Deus). Por isto a Igreja não se posiciona nem faz campanha a favor de nenhum partido ou candidato, mas faz parte da sua missão zelar para que o que é de "Deus" não seja manipulado ou usurpado por "César" e vice-versa.
"Quando acontece essa usurpação ou manipulação é dever da Igreja intervir convidando a não votar em partido ou candidato que torne perigosa a liberdade religiosa e de consciência ou desrespeito à vida humana e aos valores da família, pois tudo isso é de Deus e não de César. Vice-versa extrapola da missão da Igreja querer dominar ou substituir-se ao estado, pois neste caso ela estaria usurpando o que é de César e não de Deus.
"Já na campanha eleitoral de 1996, denunciei um candidato que ofendeu pública e comprovadamente a Igreja, pois esta atitude foi uma usurpação por parte de César daquilo que é de Deus, ou seja o respeito à liberdade religiosa.
"Na atual conjuntura política o Partido dos Trabalhadores (PT) através de seu IIIº e IVº Congressos Nacionais (2007 e 2010 respectivamente), ratificando o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH3) através da punição dos deputados Luiz Bassuma e Henrique Afonso, por serem defensores da vida, se posicionou pública e abertamente a favor da legalização do aborto, contra os valores da família e contra a liberdade de consciência.
"Na condição de Bispo Diocesano, como responsável pela defesa da fé, da moral e dos princípios fundamentais da lei natural que - por serem naturais procedem do próprio Deus e por isso atingem a todos os homens -, denunciamos e condenamos como contrárias às leis de Deus todas as formas de atentado contra a vida, dom de Deus,como o suicídio, o homicídio assim como o aborto pelo qual, criminosa e covardemente, tira-se a vida de um ser humano, completamente incapaz de se defender. A liberação do aborto que vem sendo discutida e aprovada por alguns políticos não pode ser aceita por quem se diz cristão ou católico. Já afirmamos muitas vezes e agora repetimos: não temos partido político, mas não podemos deixar de condenar a legalização do aborto. (confira-se Ex. 20,13; MT 5,21).
"Isto posto, recomendamos a todos verdadeiros cristãos e verdadeiros católicos a que não dêem seu voto à Senhora Dilma Rousseff e demais candidatos que aprovam tais "liberações", independentemente do partido a que pertençam.
"Evangelizar é nossa responsabilidade, o que implica anunciar a verdade e denunciar o erro, procurando, dentro desses princípios, o melhor para o Brasil e nossos irmãos brasileiros e não é contrariando o Evangelho que podemos contar com as bênçãos de Deus e proteção de nossa Mãe e Padroeira, a Imaculada Conceição.
"Dom Luiz Gonzaga Bergonzini"
Injustica Eleitoral: o olhar torto da tal de Justica Eleitoral
134 milhões ou apenas 7?
Reinaldo Azevedo, 4.08.2010
Um dos textos que escrevi na madrugada de ontem começava assim:
“O petismo só triunfa e tem triunfado porque seus advogados e procuradores na imprensa submetem a política ao que chamo “obscurantismo das luzes”. (…) O mais espantoso é que a reação dos petistas (…) é especialmente virulenta quando se atribui ao partido o que ele realmente pensa e faz. Notem que raramente gritam: “Isso é mentira!” Preferem o tom de denúncia: “Os reacionários estão nos perseguindo!”
Pois é…
No mundo democrático, as eleições servem para que os postulantes sejam confrontados com as verdades dos adversários e com as suas próprias verdades. E qualquer decisão oficial que lembre ou cheire a censura é, evidentemente, impensável. Por aqui, as coisas parecem tomar outro rumo. Por aqui, lembrar a trajetória de um partido e de um governo, suas escolhas, seus vínculos ideológicos, suas afinidades eletivas caminha para o terreno do crime. Mais um pouco, e o sonho petista — expresso na Conferência de Comunicação, no Programa Nacional (Socialista) dos Direitos Humanos e num encontro aí financiado por estatais — vai acabar se cumprindo: uma espécie de “Tribunal da Mídia” vai decidir o que pode e o que não pode ser publicado.
Talvez eu deva pedir o concurso dos ministros do TSE para me instruir no exercício da escrita e na lida com o vocabulário — já que o Houaiss e o Aurélião, suponho, caminham para a obsolescência. Depois da judicialização das eleições, chegaremos à judicialização do dicionário — que é, convenham, aonde chegam as tiranias.
1 - Irã
Se eu escrever que o governo do PT mantém vínculos especiais com um governo que financia o terrorismo em três países — como é o caso do iraniano —, estou (pode-se assinalar mais de uma alternativa:alternativa):
( ) falando a verdade;
( ) fazendo uma calúnia;
( ) exercendo um direito garantido pelo Artigo 5º da Constituição;
( ) cometendo crime eleitoral;
( ) sendo indelicado com os petistas.
O Houaiss oferece sinônimos para “vínculo” — entre eles, “liame”, “relação”, “relacionamento”. Tendo a achar que Lula mantém “relação”, “relacionamento”, com Ahmadinejad, que, inequivocamente, financia o terrorismo no Líbano, no Iraque e nos territórios palestinos, o que é reconhecido até por Mahmoud Abbas. E dizer que o governo petista mantém “vínculos” com um líder abertamente anti-semita? Posso ou não? Ou será que o tribunal pretende que eu tenha com a reputação do PT o cuidado que o próprio PT não tem?
2 - Narcotráfico da Bolívia
Se eu escrever que o governo do PT mantém vínculos especiais com um governo conivente com o narcotráfico — como é o caso do boliviano — estou (pode-se assinalar mais de uma alternativa):
( ) falando a verdade;
( ) fazendo uma calúnia;
( ) exercendo um direito garantido pelo Artigo 5º da Constituição;
( ) cometendo crime eleitoral;
( ) sendo indelicado com os petistas.
O Houaiss etc… (não vou repetir). Acho que o financiamento do BNDES para Evo fazer uma estrada que só serve ao escoamento da produção de folha de coca caracteriza “vínculo especial”. Acho que a facilidade com o que Lula entregou uma unidade da Petrobras a seu “querido” amigo é outra evidência dessa proximidade. Creio ainda que o comprovado crescimento da produção e do refino de coca naquele país, que o incentivo de Evo a novos campos de produção na fronteira com o Brasil e que o fato de quase 80% da cocaína consumida por aqui vir das terras do indígena de araque sejam evidências da conivência daquele governo com o narcotráfico. Talvez o TSE não goste da palavra “vínculo”. Se eu escrever que o PT é simpático a um governo conivente com o narcotráfico, melhora ou piora?
Ou será que o tribunal pretende que eu tenha com a reputação do PT o cuidado que o próprio partido não tem?
3 - Tortura e morte
Se eu escrever que os petistas mantêm vínculos especiais com um governo que tortura e mata seus opositores nas masmorras — como é o caso do governo cubano (e também iraniano, claro…) —-, estou (pode-se assinalar mais de uma alternativa):
( ) falando a verdade;
( ) fazendo uma calúnia;
( ) exercendo um direito garantido pelo Artigo 5º da Constituição;
( ) cometendo crime eleitoral;
( ) sendo indelicado com os petistas.
O Houaiss etc… Ainda ontem, publiquei as fotos de dois momentos na vida do dissidente cubano Ariel Sigler Amaya (vejam abaixo). As masmorras dos irmãos Castro o transformaram num farrapo. As relações especiais dos petistas com os facinorosos são dadas pela história. Eu poderia dizer, por exemplo, que Lula fundou um foro internacional, o de São Paulo, em parceria com um assassino em massa — no caso, Fidel. Sim, eu sei: há quem ache que ser responsável pela morte de 100 mil pessoas não é suficiente para merecer tal epíteto… É que a morte de um único homem já me choca, no meu conservadorismo atroz.
Ou será que o tribunal pretende que eu tenha com a reputação do PT o cuidado que o próprio partido não tem?
4 - Farc
Se eu escrever que os petistas mantêm vínculos com as Farc e que as Farc se dedicam ao narcoterrorismo, estou (pode-se assinalar mais de uma alternativa):
( ) falando a verdade;
( ) fazendo uma calúnia;
( ) exercendo um direito garantido pelo Artigo 5º da Constituição;
( ) cometendo crime eleitoral;
( ) sendo indelicado com os petistas.
Vínculo? O Houaiss etc e tal… De fato, não creio que o tribunal tenha alguma dúvida sobre o caráter das Farc. Ou tem? Não, o tal advogado do PT está errado. Elas não são como os nossos favelados, onde há gente boa e gente bandida — como há em qualquer lugar, rico ou pobre. As Farc são compostas apenas de bandidos, de narcoterroristas. E chamo de “vínculo” — ou “liame, relação, relacionamento”:
a - a convivência pregressa do partido com o grupo no Foro de São Paulo;
b - a reunião havida entre petistas e membros das Farc numa chácara em Brasília;
c - o encontro entre Olívio Dutra e Hernan Ramirez, membro das Farc, no Palácio Piratini, no Rio Grande do Sul, em 1999;
d - a presença de outro terrorista, Javier Cifuentes, no Fórum Social Mundial, em 2001, também em Porto Alegre, a convite do petista Renato Simões;
e - o abaixo-assinado para que Olivério Medina, dirigente das Farc, ficasse no Brasil;
f - o requerimento assinado por Dilma para empregar a mulher de Medina no governo federal;
g - os e-mails no computador de Raul Reyes elencando os “amigos” das Farc no governo brasileiro;
h - o e-mail em que Medina conta a Reyes que o emprego dado a sua mulher era uma operação de natureza política;
i - o fato de o governo brasileiro se negar a reconhecer o caráter narcoterrorista das Farc;
j - o conselho que Lula deu aos membros da Farc para que fizessem como o PT e passassem a disputar eleições — como se aqueles valentes estivessem interessados em democracia.
Ou será que o tribunal pretende que eu tenha com a reputação do PT o cuidado que o próprio partido não tem?
Valores
É claro que, em considerações dessa natureza, também entram valores. Eu tenho um desprezo absoluto por demagogos, traficantes, terroristas e ditadores. Outros podem achar que eles devem ser tolerados como parte da fauna humana. Há ainda quem os considere bons ou ruins a depender do que está em disputa.
Vejam o caso de Lula: bem poucos ditadores escaparam de seu abraço fraterno —o que, entendo, torna o presidente conivente com essas ditaduras. Segundo a versão planaltina, Lula está construindo um outro eixo de poder no mundo, e não lhe cabe entrar na economia interna de outros países. Quer dizer: em alguns casos, ele entrou. Em Israel, por exemplo, fez proselitismo em favor dos palestinos. Mas não defendeu a democracia no Irã. Não reconhece o governo de Honduras, mas é advogado da causa cubana. Alguns acham que assim está bom. Eu avalio se tratar de uma postura detestável. A sociedade é feita dessa diversidade. Não me parece que caiba à Justiça decidir que valor é ou não aceitável desde que nos limites do que a Constituição resguarda. Países se tornaram grandes libertando as palavras, em vez de aprisioná-las, como Fidel, Ahmadinejad e as Farc fazem com seus adversários.
Se a imprensa, políticos ou, sei lá, entidades não puderem atribuir a um partido aquilo de que esse próprio partido se orgulha — mas não necessariamente com o seu mesmo viés —, então é melhor desligar as urnas e decidir a eleição num tribunal. A gente pode trocar 134 milhões de eleitores por apenas sete, que decidirão, então, por nós…
Reinaldo Azevedo, 4.08.2010
Um dos textos que escrevi na madrugada de ontem começava assim:
“O petismo só triunfa e tem triunfado porque seus advogados e procuradores na imprensa submetem a política ao que chamo “obscurantismo das luzes”. (…) O mais espantoso é que a reação dos petistas (…) é especialmente virulenta quando se atribui ao partido o que ele realmente pensa e faz. Notem que raramente gritam: “Isso é mentira!” Preferem o tom de denúncia: “Os reacionários estão nos perseguindo!”
Pois é…
No mundo democrático, as eleições servem para que os postulantes sejam confrontados com as verdades dos adversários e com as suas próprias verdades. E qualquer decisão oficial que lembre ou cheire a censura é, evidentemente, impensável. Por aqui, as coisas parecem tomar outro rumo. Por aqui, lembrar a trajetória de um partido e de um governo, suas escolhas, seus vínculos ideológicos, suas afinidades eletivas caminha para o terreno do crime. Mais um pouco, e o sonho petista — expresso na Conferência de Comunicação, no Programa Nacional (Socialista) dos Direitos Humanos e num encontro aí financiado por estatais — vai acabar se cumprindo: uma espécie de “Tribunal da Mídia” vai decidir o que pode e o que não pode ser publicado.
Talvez eu deva pedir o concurso dos ministros do TSE para me instruir no exercício da escrita e na lida com o vocabulário — já que o Houaiss e o Aurélião, suponho, caminham para a obsolescência. Depois da judicialização das eleições, chegaremos à judicialização do dicionário — que é, convenham, aonde chegam as tiranias.
1 - Irã
Se eu escrever que o governo do PT mantém vínculos especiais com um governo que financia o terrorismo em três países — como é o caso do iraniano —, estou (pode-se assinalar mais de uma alternativa:alternativa):
( ) falando a verdade;
( ) fazendo uma calúnia;
( ) exercendo um direito garantido pelo Artigo 5º da Constituição;
( ) cometendo crime eleitoral;
( ) sendo indelicado com os petistas.
O Houaiss oferece sinônimos para “vínculo” — entre eles, “liame”, “relação”, “relacionamento”. Tendo a achar que Lula mantém “relação”, “relacionamento”, com Ahmadinejad, que, inequivocamente, financia o terrorismo no Líbano, no Iraque e nos territórios palestinos, o que é reconhecido até por Mahmoud Abbas. E dizer que o governo petista mantém “vínculos” com um líder abertamente anti-semita? Posso ou não? Ou será que o tribunal pretende que eu tenha com a reputação do PT o cuidado que o próprio PT não tem?
2 - Narcotráfico da Bolívia
Se eu escrever que o governo do PT mantém vínculos especiais com um governo conivente com o narcotráfico — como é o caso do boliviano — estou (pode-se assinalar mais de uma alternativa):
( ) falando a verdade;
( ) fazendo uma calúnia;
( ) exercendo um direito garantido pelo Artigo 5º da Constituição;
( ) cometendo crime eleitoral;
( ) sendo indelicado com os petistas.
O Houaiss etc… (não vou repetir). Acho que o financiamento do BNDES para Evo fazer uma estrada que só serve ao escoamento da produção de folha de coca caracteriza “vínculo especial”. Acho que a facilidade com o que Lula entregou uma unidade da Petrobras a seu “querido” amigo é outra evidência dessa proximidade. Creio ainda que o comprovado crescimento da produção e do refino de coca naquele país, que o incentivo de Evo a novos campos de produção na fronteira com o Brasil e que o fato de quase 80% da cocaína consumida por aqui vir das terras do indígena de araque sejam evidências da conivência daquele governo com o narcotráfico. Talvez o TSE não goste da palavra “vínculo”. Se eu escrever que o PT é simpático a um governo conivente com o narcotráfico, melhora ou piora?
Ou será que o tribunal pretende que eu tenha com a reputação do PT o cuidado que o próprio partido não tem?
3 - Tortura e morte
Se eu escrever que os petistas mantêm vínculos especiais com um governo que tortura e mata seus opositores nas masmorras — como é o caso do governo cubano (e também iraniano, claro…) —-, estou (pode-se assinalar mais de uma alternativa):
( ) falando a verdade;
( ) fazendo uma calúnia;
( ) exercendo um direito garantido pelo Artigo 5º da Constituição;
( ) cometendo crime eleitoral;
( ) sendo indelicado com os petistas.
O Houaiss etc… Ainda ontem, publiquei as fotos de dois momentos na vida do dissidente cubano Ariel Sigler Amaya (vejam abaixo). As masmorras dos irmãos Castro o transformaram num farrapo. As relações especiais dos petistas com os facinorosos são dadas pela história. Eu poderia dizer, por exemplo, que Lula fundou um foro internacional, o de São Paulo, em parceria com um assassino em massa — no caso, Fidel. Sim, eu sei: há quem ache que ser responsável pela morte de 100 mil pessoas não é suficiente para merecer tal epíteto… É que a morte de um único homem já me choca, no meu conservadorismo atroz.
Ou será que o tribunal pretende que eu tenha com a reputação do PT o cuidado que o próprio partido não tem?
4 - Farc
Se eu escrever que os petistas mantêm vínculos com as Farc e que as Farc se dedicam ao narcoterrorismo, estou (pode-se assinalar mais de uma alternativa):
( ) falando a verdade;
( ) fazendo uma calúnia;
( ) exercendo um direito garantido pelo Artigo 5º da Constituição;
( ) cometendo crime eleitoral;
( ) sendo indelicado com os petistas.
Vínculo? O Houaiss etc e tal… De fato, não creio que o tribunal tenha alguma dúvida sobre o caráter das Farc. Ou tem? Não, o tal advogado do PT está errado. Elas não são como os nossos favelados, onde há gente boa e gente bandida — como há em qualquer lugar, rico ou pobre. As Farc são compostas apenas de bandidos, de narcoterroristas. E chamo de “vínculo” — ou “liame, relação, relacionamento”:
a - a convivência pregressa do partido com o grupo no Foro de São Paulo;
b - a reunião havida entre petistas e membros das Farc numa chácara em Brasília;
c - o encontro entre Olívio Dutra e Hernan Ramirez, membro das Farc, no Palácio Piratini, no Rio Grande do Sul, em 1999;
d - a presença de outro terrorista, Javier Cifuentes, no Fórum Social Mundial, em 2001, também em Porto Alegre, a convite do petista Renato Simões;
e - o abaixo-assinado para que Olivério Medina, dirigente das Farc, ficasse no Brasil;
f - o requerimento assinado por Dilma para empregar a mulher de Medina no governo federal;
g - os e-mails no computador de Raul Reyes elencando os “amigos” das Farc no governo brasileiro;
h - o e-mail em que Medina conta a Reyes que o emprego dado a sua mulher era uma operação de natureza política;
i - o fato de o governo brasileiro se negar a reconhecer o caráter narcoterrorista das Farc;
j - o conselho que Lula deu aos membros da Farc para que fizessem como o PT e passassem a disputar eleições — como se aqueles valentes estivessem interessados em democracia.
Ou será que o tribunal pretende que eu tenha com a reputação do PT o cuidado que o próprio partido não tem?
Valores
É claro que, em considerações dessa natureza, também entram valores. Eu tenho um desprezo absoluto por demagogos, traficantes, terroristas e ditadores. Outros podem achar que eles devem ser tolerados como parte da fauna humana. Há ainda quem os considere bons ou ruins a depender do que está em disputa.
Vejam o caso de Lula: bem poucos ditadores escaparam de seu abraço fraterno —o que, entendo, torna o presidente conivente com essas ditaduras. Segundo a versão planaltina, Lula está construindo um outro eixo de poder no mundo, e não lhe cabe entrar na economia interna de outros países. Quer dizer: em alguns casos, ele entrou. Em Israel, por exemplo, fez proselitismo em favor dos palestinos. Mas não defendeu a democracia no Irã. Não reconhece o governo de Honduras, mas é advogado da causa cubana. Alguns acham que assim está bom. Eu avalio se tratar de uma postura detestável. A sociedade é feita dessa diversidade. Não me parece que caiba à Justiça decidir que valor é ou não aceitável desde que nos limites do que a Constituição resguarda. Países se tornaram grandes libertando as palavras, em vez de aprisioná-las, como Fidel, Ahmadinejad e as Farc fazem com seus adversários.
Se a imprensa, políticos ou, sei lá, entidades não puderem atribuir a um partido aquilo de que esse próprio partido se orgulha — mas não necessariamente com o seu mesmo viés —, então é melhor desligar as urnas e decidir a eleição num tribunal. A gente pode trocar 134 milhões de eleitores por apenas sete, que decidirão, então, por nós…
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Justica Eleitoral,
Reinaldo Azevedo
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