Não vou contestar os muitos equívocos, inverdades e bazófias perpetrados pelo ex-Richelieu déchu do primeiro mandato. Ele acerta em vários argumentos quanto aos erros do PSDB, mas obviamente possui um viés tão paranoicamente anti-PSDB que obscurece sua capacidade de análise. Como Lula também fez -- -provavelmente por necessidade psicológica de ser maior do que FHC, o grão-vizir tem uma obsessão por desconstruir o passado e creditar todas as benfeitorias ao governo do PT. Só assim, ele consegue engrandecer o que fizeram. Ou seja, a referência absoluta é o PSDB.
Se fossemos confrontar o que o PT dizia e o que o governo do Lula fez, as contradições seriam tão gritantes que o Richelieu ficaria do tamanho de um pagem...
Paulo Roberto de Almeida
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Novos ventosJosé Dirceu
1.11.2010
O PSDB partiu para as eleições com o discurso de que o atual governo de centro-esquerda só foi bem sucedido porque se aproveitou das mudanças introduzidas no país por Fernando Henrique Cardoso. “Eu fiz as reformas. Lula surfou a onda”, sintetizou o ex-presidente. Para os tucanos, o Brasil continuaria se desenvolvendo independentemente de o PT continuar no governo nos próximos quatro anos.
Ao negar a importância da política de desenvolvimento de Lula, o PSDB confirma que continua o mesmo partido do neoliberalismo e das privatizações. As diferenças entre o projeto tucano e o implantado por Lula são nítidas. FHC apostou nos recursos externos como base para o desenvolvimento, o que aniquilou a capacidade soberana de o Brasil crescer. As condições para isso foram retomadas por Lula por meio do fortalecimento do mercado interno e do Estado, que adotou políticas de distribuição de renda e de estímulo à atividade produtiva, medidas que garantiram os novos investimentos públicos e privados e a superação da mais grave crise mundial desde 1929.
A permanência das políticas do Governo Lula —representada pela eleição de Dilma Rousseff— será fundamental para enfrentarmos os desafios que se impõem ao país. A vitória da candidata petista significa manter o atual projeto nacionalista, desenvolvimentista e redistribucionista e permitirá, a partir de 1° de janeiro de 2011, seu aprofundamento. Neste novo ciclo de quatro anos, nossa prioridade deve ser impulsionar a Educação e a CT&I (ciência, tecnologia e inovação). Sem saltos nessas áreas, a atual fase de crescimento econômico será enfraquecida.
A Educação —do ensino infantil à pós-graduação— é a base do desenvolvimento econômico e social de qualquer nação. Ela garante uma população pronta para o exercício da cidadania e para a conquista de postos de emprego qualificados. No atual governo, o orçamento do Ministério da Educação saltou de R$ 20 bilhões para R$ 60 bilhões. Com o Fundeb (fundo da educação básica), o governo passou a destinar dez vezes mais recursos para o ensino escolar. Agora, o eventual governo Dilma precisara elevar para 7% do PIB os gastos no setor.
O país precisará, nos próximos anos, erradicar definitivamente o analfabetismo e continuar investindo em educação pública de qualidade para adolescentes e crianças. Isso depende de fazermos avançar o ensino em tempo integral em escolas com infraestrutura de qualidade, professores capacitados e banda larga. Dar continuidade à implantação dos Institutos Federais Tecnológicos, capacitando nossa juventude para o mercado de trabalho. Enquanto na outra ponta, precisamos continuar incluindo os jovens no ensino superior —passo inicialmente dado com o ProUni— e seguir expandindo as universidades públicas —foram construídas 14 novas.
A Educação é um dos pilares das iniciativas em CT&I. Conforme Dilma Rousseff evidenciou desde o início desta campanha, o Brasil é líder nas pesquisas na área energética (petróleo e gás) e projeta-se como a principal nação do mundo quando se fala em fontes limpas e renováveis —hidrelétricas, eólicas, solar, biomassa e álcool. Porém, precisaremos intensificar os investimentos em outros setores estratégicos: produção farmacêutica, tecnologia da informação e comunicação, nanotecnologia, biotecnologia e complexo de defesa. Em outras áreas precisamos ter a atuação fortalecida, caso da agropecuária e das indústrias automobilística, aeronáutica, naval e de plástico.
O mundo atual passa pela transição para a economia do baixo carbono. Os países que liderarem o desenvolvimento das tecnologias sustentáveis ocuparão, num futuro cada vez mais próximo, um lugar de destaque no mercado internacional. Para que isso ocorra, precisamos caminhar para que 2% do PIB sejam investidos em CT&I. Esses recursos permitirão mais bolsas de estudos do CNPq e da Capes, criação de parcerias público-privadas, novas unidades de referência em pesquisa e centros vocacionais tecnológicos.
As reiteradas críticas ao aporte de recursos do Tesouro ao BNDES, assim como o terrorismo midiático que precedeu a mais do que vitoriosa capitalização da Petrobras, servem para evidenciar que uma oposição amplificada pelos grandes meios de comunicação resistirá à continuidade das atuais políticas.
A vitória de Dilma sedimenta as bases não só para os investimentos em infraestrutura, econômicos e sociais, saneamento, transporte, habitação, a exploração do pré-sal e a erradicação da miséria. O novo governo do PT permitirá saltos em educação e desenvolvimento tecnológico, decisivos para colocar o Brasil entre as cinco maiores nações do mundo. Com isso, o Estado brasileiro incorporará cada vez mais mecanismos sintonizados com a nova concepção desenvolvimentista que passamos a vivenciar com o Governo Lula. Os novos ventos sopram a nosso favor.
José Dirceu, 64, é advogado, ex-ministro da Casa Civil e integrante do Diretório Nacional do PT.
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terça-feira, 2 de novembro de 2010
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
PT: a mentira como estrategia de campanha (de fato, mentem sem vergonha...)
Mas mentem de forma canhestra, incompetente, calhorda, como diria o coordenador de campanha, Ciro Gomes, que por acaso não votou na sua candidata, que antes achava incompetente e pouco inteligente.
O problema do PT e dos petistas é que para eles a mentira é uma segunda natureza, uma forma de viver, mentem de forma compulsiva, incontrolável, irrenunciável...
Quem quer que lide com esse pessoal, precisa ter um estomago forrado de aço, para aguentar tanta desfaçatez, tanta sem-vergonhice, tanta cara-de-pau...
Paulo Roberto de Almeida
Ao tentar desmentir “boatos”, PT se contradiz sobre aborto
Site da Veja, 07/10/2010 às 19:42
O PT lançou no site da presidenciável Dilma Rousseff uma sessão chamada “Em nome da verdade”. O objetivo é desmentir aquilo que os petistas classificam como boatos. A sessão foi inaugurada nesta quarta-feira, e já tem quatro notas. Uma delas desmente que a candidata tenha dito “Nem Cristo me tira essa vitória”.
Outra esclarece que a candidata pode, sim, entrar nos Estados Unidos, apesar de ter participado da luta armada durante a ditadura militar. Uma terceira notícia diz respeito à mudança no regime das aposentadorias. “Mentira”, dizem os petistas. Mas há um texto que aborda o tema mais delicado da campanha: a liberação do aborto.
Neste caso, o partido derrapa. O texto publicado no site de Dilma afirma que “o PT não defende e nunca defendeu o aborto”. Mas o 3º Congresso da legenda, no ano passado, definiu como diretriz partidária a defesa da “autodeterminação das mulheres e da descriminalização do aborto”.
Referências -- Em 2009, em oposição à criação da CPI do Aborto no Congresso, o comando do partido emitiu uma nota em que afirma: “O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores é contrário a CPI do Aborto e reafirma o compromisso de luta pela descriminalização do aborto”. No site do partido na internet, há várias outras referências a essa posição. Em uma delas, a Secretaria de Mulheres do PT trata a descriminalização como um “dever do estado”.
Além disso, a própria Dilma Rousseff, que hoje se diz contra a descriminalização da prática, parece ter mudado de opinião ao longo do tempo. Há três anos, em sabatina na Folha de S.Paulo, ela foi direta: “Eu acho que tem que haver a descriminalização. Hoje, no Brasil, é um absurdo que não haja”.
O problema do PT e dos petistas é que para eles a mentira é uma segunda natureza, uma forma de viver, mentem de forma compulsiva, incontrolável, irrenunciável...
Quem quer que lide com esse pessoal, precisa ter um estomago forrado de aço, para aguentar tanta desfaçatez, tanta sem-vergonhice, tanta cara-de-pau...
Paulo Roberto de Almeida
Ao tentar desmentir “boatos”, PT se contradiz sobre aborto
Site da Veja, 07/10/2010 às 19:42
O PT lançou no site da presidenciável Dilma Rousseff uma sessão chamada “Em nome da verdade”. O objetivo é desmentir aquilo que os petistas classificam como boatos. A sessão foi inaugurada nesta quarta-feira, e já tem quatro notas. Uma delas desmente que a candidata tenha dito “Nem Cristo me tira essa vitória”.
Outra esclarece que a candidata pode, sim, entrar nos Estados Unidos, apesar de ter participado da luta armada durante a ditadura militar. Uma terceira notícia diz respeito à mudança no regime das aposentadorias. “Mentira”, dizem os petistas. Mas há um texto que aborda o tema mais delicado da campanha: a liberação do aborto.
Neste caso, o partido derrapa. O texto publicado no site de Dilma afirma que “o PT não defende e nunca defendeu o aborto”. Mas o 3º Congresso da legenda, no ano passado, definiu como diretriz partidária a defesa da “autodeterminação das mulheres e da descriminalização do aborto”.
Referências -- Em 2009, em oposição à criação da CPI do Aborto no Congresso, o comando do partido emitiu uma nota em que afirma: “O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores é contrário a CPI do Aborto e reafirma o compromisso de luta pela descriminalização do aborto”. No site do partido na internet, há várias outras referências a essa posição. Em uma delas, a Secretaria de Mulheres do PT trata a descriminalização como um “dever do estado”.
Além disso, a própria Dilma Rousseff, que hoje se diz contra a descriminalização da prática, parece ter mudado de opinião ao longo do tempo. Há três anos, em sabatina na Folha de S.Paulo, ela foi direta: “Eu acho que tem que haver a descriminalização. Hoje, no Brasil, é um absurdo que não haja”.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
O debate para o segundo turno promete ser ruim...
Isso graças ao "coordenador" da campanha da candidata oficial, que parece ter uma linguagem destrambelhada.
Vai acabar sendo demitido pelo presidente, que manda na campanha, como senhor de baraço e cutelo...
Paulo Roberto de Almeida
Ciro Gomes tenta pautar a campanha pela conveniência do PT
por João Bosco Rabello
Blogs Estadão, Política, 07.outubro.2010 19:30:49
Pela voz de Ciro, PT estabelece que o tema aborto na campanha é uma “calhordice”.
O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) acrescentou mais um item à cesta de assuntos que o PT elegeu como de “baixo nível” na sua tentativa de pautar a campanha pelas suas conveniências.
Depois de classificar a quebra de sigilo como crime comum e as denúncias de tráfico de influência na Casa Civil como “baixarias” do candidato José Serra, que a “a mídia tucana” absorveu, o PT agora, pela voz de Ciro, estabelece que o tema aborto na campanha é uma “calhordice”.
Como Ciro sempre se caracterizou por banalizar a ênfase, nada de novo. A não ser pela distorção dos fatos, também um hábito seu quando quer encerrar um assunto.
Quem levantou o tema do aborto não foi Serra, mas a própria Dilma na sua Carta ao Povo de Deus ou coisa que o valha. Também em entrevista ao SBT. O resto a Internet cuidou de fazer.
Ainda que o tema viesse pelo candidato tucano, por que é calhorda? Se a Igreja também o trata abertamente como tema eleitoral de importância para os cristãos, é de se supor que a sentença de Ciro (aliás, como é dado a sentenças!) se estende à Santa Madre.
É indiscutível que não se trata de uma questão afeita à figura do presidente da República e nem de sua estrita alçada como chefe do Poder Executivo. Mas, em qualquer campanha, em qualquer país, o eleitor quer saber a posição dos candidatos em relação a esse e outros assuntos correlatos.
A questão é que Dilma não passa sinceridade ao falar sobre o assunto. Poderia dizer que já mudou de idéia, mas prefere insistir em dizer que “sempre” foi contra o aborto, apesar de desmentida por vídeos em que aparece dizendo o contrário.
Não é a melhor forma de enfrentar a questão, vide os dois fatos anteriores mencionados no início deste post: a quebra dos sigilos e o tráfico de influência na Casa Civil.
Curioso é que os desmentidos à candidata e ao presidente Lula, nos dois episódios, vieram pelo governo. Um deles, pelo próprio Lula que, depois de culpar a mídia pelo problema na Casa Civil, demitiu a ministra Erenice Guerra que, daqui a alguns dias, deverá depor na Polícia Federal.
Ontem, a Receita Federal divulgou a conclusão sobre a investigação da quebra de sigilo do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, incriminando o analista tributário Gilberto Souza Amarante, filiado e militante do PT, do qual foi dirigente em Formiga (MG), onde praticou o crime.
A conclusão é contundente: Gilberto, do PT, violou o sigilo de Eduardo Jorge, do PSDB, com motivação político-eleitoral, estendendo a violação ao cadastro de três empresas da vítima.
E mais: mentiu publicamente ao justificar a quebra de sigilo como involuntária por ter confundido Eduardo Jorge com um homônimo. Impõe-se a pergunta: por que violar o sigilo do adversário, senão para usar algo que pudesse comprometê-lo e que acabou não encontrando?
A estratégia de atropelar os fatos tinha sentido estratégico quando a aliança PT/PMDB tinha como certa a vitória no primeiro turno. Afinal, depois seriam polêmicas de campanha destinadas ao esquecimento.
Com o segundo turno, a aliança precisa administrar melhor suas contradições porque estarão expostas por mais tempo num ambiente em que não haverá mais a possibilidade de tangenciá-las: os debates não terão mais quatro candidatos, mas só Dilma e Serra, e as atenções estarão concentradas apenas nos dois.
================
“Calhordice” de Ciro Gomes vai chegar ao Papa
Poder Online - com Jorge Félix e Tales Faria
IG, quinta-feira, 7 de outubro de 2010
A frase do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), novo coordenador da campanha de Dilma Rousseff, definido como “calhordice” a “mistificação” em torno do aborto na eleição, publicada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo, foi recebida como uma provocação pela igreja católica e deverá, inclusive, ser comunicada ao Papa Bento XVI.
Por coincidência, o arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, viajou hoje para Roma, onde participa até o dia 24 do Sínodo dos Bispos – organismo de assessoria do Papa -, e já embarcou sabendo da notícia.
A declaração de Ciro só fez ampliar o clima hostil dos líderes católicos à candidata do PT a presidente. Ciro esqueceu que quem introduziu o debate sobre aborto na campanha foi a igreja católica. Como sempre faz.
A favor de Ciro está apenas o fato de que o clima anti-Dilma já estava cristalizado entre os bispos desde a sua ausência do debate na TV Canção Nova, em 24 de agosto. Os bispos consideraram uma ofensa Dilma se recusar a comparecer diante das câmeras católicas para discutir os temas “importantes para a sociedade em geral”, segundo palavras de dom Damasceno.
Naquela noite, no estúdio montado na Universidade Santa Marcelina, no bairro de Perdizes, dom Damasceno era um dos mais, digamos, insatisfeitos com a ausência da candidata. Não apenas pelo desprezo ao debate em si, mas porque também, segundo informação obtida pelo Poder Online, o evento custou caro para a igreja e precisou até de uma ajuda de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho – ele, inclusive, era aguardado para o evento.
Quase todos os bispos e arcebispos mais importantes do Brasil estavam lá, sentados em fileira e nenhum político do PT compareceu para prestigiar o debate. Se pelo menos um tivesse ido perceberia facilmente que Dilma começou a perder votos ali. Mesmo a presença dela no debate da CNBB não convenceu o bispado.
Minutos depois do programa, dom Damasceno já pedia aos fiéis que não se deixassem influenciar pelas pesquisas e pelo clima de já ganhou. Como se viu, no dia 3, fez efeito.
Vai acabar sendo demitido pelo presidente, que manda na campanha, como senhor de baraço e cutelo...
Paulo Roberto de Almeida
Ciro Gomes tenta pautar a campanha pela conveniência do PT
por João Bosco Rabello
Blogs Estadão, Política, 07.outubro.2010 19:30:49
Pela voz de Ciro, PT estabelece que o tema aborto na campanha é uma “calhordice”.
O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) acrescentou mais um item à cesta de assuntos que o PT elegeu como de “baixo nível” na sua tentativa de pautar a campanha pelas suas conveniências.
Depois de classificar a quebra de sigilo como crime comum e as denúncias de tráfico de influência na Casa Civil como “baixarias” do candidato José Serra, que a “a mídia tucana” absorveu, o PT agora, pela voz de Ciro, estabelece que o tema aborto na campanha é uma “calhordice”.
Como Ciro sempre se caracterizou por banalizar a ênfase, nada de novo. A não ser pela distorção dos fatos, também um hábito seu quando quer encerrar um assunto.
Quem levantou o tema do aborto não foi Serra, mas a própria Dilma na sua Carta ao Povo de Deus ou coisa que o valha. Também em entrevista ao SBT. O resto a Internet cuidou de fazer.
Ainda que o tema viesse pelo candidato tucano, por que é calhorda? Se a Igreja também o trata abertamente como tema eleitoral de importância para os cristãos, é de se supor que a sentença de Ciro (aliás, como é dado a sentenças!) se estende à Santa Madre.
É indiscutível que não se trata de uma questão afeita à figura do presidente da República e nem de sua estrita alçada como chefe do Poder Executivo. Mas, em qualquer campanha, em qualquer país, o eleitor quer saber a posição dos candidatos em relação a esse e outros assuntos correlatos.
A questão é que Dilma não passa sinceridade ao falar sobre o assunto. Poderia dizer que já mudou de idéia, mas prefere insistir em dizer que “sempre” foi contra o aborto, apesar de desmentida por vídeos em que aparece dizendo o contrário.
Não é a melhor forma de enfrentar a questão, vide os dois fatos anteriores mencionados no início deste post: a quebra dos sigilos e o tráfico de influência na Casa Civil.
Curioso é que os desmentidos à candidata e ao presidente Lula, nos dois episódios, vieram pelo governo. Um deles, pelo próprio Lula que, depois de culpar a mídia pelo problema na Casa Civil, demitiu a ministra Erenice Guerra que, daqui a alguns dias, deverá depor na Polícia Federal.
Ontem, a Receita Federal divulgou a conclusão sobre a investigação da quebra de sigilo do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, incriminando o analista tributário Gilberto Souza Amarante, filiado e militante do PT, do qual foi dirigente em Formiga (MG), onde praticou o crime.
A conclusão é contundente: Gilberto, do PT, violou o sigilo de Eduardo Jorge, do PSDB, com motivação político-eleitoral, estendendo a violação ao cadastro de três empresas da vítima.
E mais: mentiu publicamente ao justificar a quebra de sigilo como involuntária por ter confundido Eduardo Jorge com um homônimo. Impõe-se a pergunta: por que violar o sigilo do adversário, senão para usar algo que pudesse comprometê-lo e que acabou não encontrando?
A estratégia de atropelar os fatos tinha sentido estratégico quando a aliança PT/PMDB tinha como certa a vitória no primeiro turno. Afinal, depois seriam polêmicas de campanha destinadas ao esquecimento.
Com o segundo turno, a aliança precisa administrar melhor suas contradições porque estarão expostas por mais tempo num ambiente em que não haverá mais a possibilidade de tangenciá-las: os debates não terão mais quatro candidatos, mas só Dilma e Serra, e as atenções estarão concentradas apenas nos dois.
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“Calhordice” de Ciro Gomes vai chegar ao Papa
Poder Online - com Jorge Félix e Tales Faria
IG, quinta-feira, 7 de outubro de 2010
A frase do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), novo coordenador da campanha de Dilma Rousseff, definido como “calhordice” a “mistificação” em torno do aborto na eleição, publicada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo, foi recebida como uma provocação pela igreja católica e deverá, inclusive, ser comunicada ao Papa Bento XVI.
Por coincidência, o arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, viajou hoje para Roma, onde participa até o dia 24 do Sínodo dos Bispos – organismo de assessoria do Papa -, e já embarcou sabendo da notícia.
A declaração de Ciro só fez ampliar o clima hostil dos líderes católicos à candidata do PT a presidente. Ciro esqueceu que quem introduziu o debate sobre aborto na campanha foi a igreja católica. Como sempre faz.
A favor de Ciro está apenas o fato de que o clima anti-Dilma já estava cristalizado entre os bispos desde a sua ausência do debate na TV Canção Nova, em 24 de agosto. Os bispos consideraram uma ofensa Dilma se recusar a comparecer diante das câmeras católicas para discutir os temas “importantes para a sociedade em geral”, segundo palavras de dom Damasceno.
Naquela noite, no estúdio montado na Universidade Santa Marcelina, no bairro de Perdizes, dom Damasceno era um dos mais, digamos, insatisfeitos com a ausência da candidata. Não apenas pelo desprezo ao debate em si, mas porque também, segundo informação obtida pelo Poder Online, o evento custou caro para a igreja e precisou até de uma ajuda de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho – ele, inclusive, era aguardado para o evento.
Quase todos os bispos e arcebispos mais importantes do Brasil estavam lá, sentados em fileira e nenhum político do PT compareceu para prestigiar o debate. Se pelo menos um tivesse ido perceberia facilmente que Dilma começou a perder votos ali. Mesmo a presença dela no debate da CNBB não convenceu o bispado.
Minutos depois do programa, dom Damasceno já pedia aos fiéis que não se deixassem influenciar pelas pesquisas e pelo clima de já ganhou. Como se viu, no dia 3, fez efeito.
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sexta-feira, 20 de agosto de 2010
A visao do lado oficialista - por um jornalista oficioso
O raio X da campanha eleitoral
Luis Nassif
Coluna Econômica, 20/08/2010
Como se analisa o governo Lula, por dentro? A visão abaixo é de Marco Aurélio Garcia, assessor especial de Lula e encarregado de montar o programa da candidata Dilma Rousseff.
Garcia considera difícil a campanha da oposição atual, mais ainda do que a campanha de Lula em 1994, enfrentando Fernando Henrique Cardoso ancorado no Plano Real.
O plano Real representou uma mudança econômica, diz ele, percebida por jornalistas, economistas e intelectuais. Já as mudanças atuais são de ordem social, percebida, portanto, pela sociedade (na verdade, o fim da inflação em 1994 significou bem estar para toda a população).
***
Garcia considera que a nova classe social, que nasceu nos últimos anos, será cada vez mais exigente. Hoje se contenta com Prouni ( o programa de bolsas em universidades privadas para estudantes carentes) ou adquirir a casa própria. No futuro, exigirá muito mais, uma abertura maior de horizontes.
***
Esse movimento inaugurou um novo ciclo na sociedade brasileira, que não foi percebido pela oposição, diz ele. Passou os primeiros anos apostando no fracasso do governo. Quando se deram conta de que não estava funcionando, houve a aposta na crise política deflagrada pelo “mensalão”.
Garcia compara com a crise de Vargas, em 1954. Entre o atentado da rua Toneleros, contra Carlos Lacerda, e o suicídio de Getúlio Vargas passaram apenas 19 dias. Foi um rastilho.
No caso do “mensalão”, Lula reagiu em uma maratona que começou em Garanhuns e prosseguiu por todo o Brasil.
***
Ai predominou ideia do sangramento, que começou a fazer água em fins de 2005. Em janeiro e fevereiro de 2006, pesquisas de opinião começaram a mostrar uma reversão do desgaste do governo Lula. Foi quando Serra desistiu de concorrrer à presidência e passou o cálice para Geraldo Alckmin.
Não se esperava uma inflexão no segundo governo Lula. O primeiro se caracterizou por uma ortodoxia pesada no Banco Central e por políticas sociais na outra ponta.
Com a crise do mensalão, percebeu-se a necessidade de um projeto nacional, explica Garcia.
***
Além disso, se insistiu no discurso mais à esquerda que, segundo Garcia, teria sido responsável pelo episódio insólito de Alckmin receber, no segundo turno, uma votação 3 milhões de votos inferior à do primeiro turno.
Mas estavam lançadas aí as sementes de um programa de desenvolvimento, cujas expressões iniciais foram o PAC1 e o Minha Casa, Minha Vida, mantendo a política conservadora do Banco Central.
***
Esse movimento, ainda segundo Garcia, teria desorientado a oposição, que passou a brandir um discurso bastante agressivo. Em 2009, Aécio Neves descobriu o tom correto, ao se apresentar como o pós-Lula. Só que, àquela altura, o PSDB estava profundamente identificado com o anti-lulismo dos períodos anteriores.
***
Todo esse movimento se refletiu nas constantes mudanças da campanha de Serra. No início, apresentava-se como o candidato que iria unir ricos e pobres, esquerda e direita. À medida que Dilma subia, passou a espelhar uma direita centro-sul. Segundo Garcia, há uma direita composta de coronéis nordestinos. E outra, mais de centro-sul, bom ingredientes fortes de preconceito.
O caminho à direita
Serra acabou abrindo mão de sua formação de centro-esquerda e enveredando decididamente pela direita mais radical. E aí a intolerância acabou afastando os eleitores. Pela definição de Garcia, o governo Lula seria um governo social democrata, de esquerda-centro – isto é, de centro mas com viés de esquerda branda. E o PSDB teria ficado sem espaço para esse perfil de eleitor.
O governo Dilma
Em sua opinião, o governo Dilma terá algumas características ainda não percebidas nem pela oposição. Quem a conhece sabe que tem personalidade forte, embora sempre vá se aconselhar com Lula. Para certo conjunto de questões, Dilma tem posição firmada. Como, por exemplo, a questão do desenvolvimento, temas econômicos e sociais.E Lula tem consciência de que não interferirá no governo.
O papel de Lula
Segundo Garcia, a tarefa que Lula se incumbirá será a de empurrar partidos, dando-lhes uma densidade política maior. O próprio PMDB tenderá a ser mais homogêneo, diz ele, à medida em que, ao contrário do governo Lula, agorá terá um papel institucional no novo governo. Vai ser obrigado a buscar uma identidade político-ideológica maior.
Luis Nassif
Coluna Econômica, 20/08/2010
Como se analisa o governo Lula, por dentro? A visão abaixo é de Marco Aurélio Garcia, assessor especial de Lula e encarregado de montar o programa da candidata Dilma Rousseff.
Garcia considera difícil a campanha da oposição atual, mais ainda do que a campanha de Lula em 1994, enfrentando Fernando Henrique Cardoso ancorado no Plano Real.
O plano Real representou uma mudança econômica, diz ele, percebida por jornalistas, economistas e intelectuais. Já as mudanças atuais são de ordem social, percebida, portanto, pela sociedade (na verdade, o fim da inflação em 1994 significou bem estar para toda a população).
***
Garcia considera que a nova classe social, que nasceu nos últimos anos, será cada vez mais exigente. Hoje se contenta com Prouni ( o programa de bolsas em universidades privadas para estudantes carentes) ou adquirir a casa própria. No futuro, exigirá muito mais, uma abertura maior de horizontes.
***
Esse movimento inaugurou um novo ciclo na sociedade brasileira, que não foi percebido pela oposição, diz ele. Passou os primeiros anos apostando no fracasso do governo. Quando se deram conta de que não estava funcionando, houve a aposta na crise política deflagrada pelo “mensalão”.
Garcia compara com a crise de Vargas, em 1954. Entre o atentado da rua Toneleros, contra Carlos Lacerda, e o suicídio de Getúlio Vargas passaram apenas 19 dias. Foi um rastilho.
No caso do “mensalão”, Lula reagiu em uma maratona que começou em Garanhuns e prosseguiu por todo o Brasil.
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Ai predominou ideia do sangramento, que começou a fazer água em fins de 2005. Em janeiro e fevereiro de 2006, pesquisas de opinião começaram a mostrar uma reversão do desgaste do governo Lula. Foi quando Serra desistiu de concorrrer à presidência e passou o cálice para Geraldo Alckmin.
Não se esperava uma inflexão no segundo governo Lula. O primeiro se caracterizou por uma ortodoxia pesada no Banco Central e por políticas sociais na outra ponta.
Com a crise do mensalão, percebeu-se a necessidade de um projeto nacional, explica Garcia.
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Além disso, se insistiu no discurso mais à esquerda que, segundo Garcia, teria sido responsável pelo episódio insólito de Alckmin receber, no segundo turno, uma votação 3 milhões de votos inferior à do primeiro turno.
Mas estavam lançadas aí as sementes de um programa de desenvolvimento, cujas expressões iniciais foram o PAC1 e o Minha Casa, Minha Vida, mantendo a política conservadora do Banco Central.
***
Esse movimento, ainda segundo Garcia, teria desorientado a oposição, que passou a brandir um discurso bastante agressivo. Em 2009, Aécio Neves descobriu o tom correto, ao se apresentar como o pós-Lula. Só que, àquela altura, o PSDB estava profundamente identificado com o anti-lulismo dos períodos anteriores.
***
Todo esse movimento se refletiu nas constantes mudanças da campanha de Serra. No início, apresentava-se como o candidato que iria unir ricos e pobres, esquerda e direita. À medida que Dilma subia, passou a espelhar uma direita centro-sul. Segundo Garcia, há uma direita composta de coronéis nordestinos. E outra, mais de centro-sul, bom ingredientes fortes de preconceito.
O caminho à direita
Serra acabou abrindo mão de sua formação de centro-esquerda e enveredando decididamente pela direita mais radical. E aí a intolerância acabou afastando os eleitores. Pela definição de Garcia, o governo Lula seria um governo social democrata, de esquerda-centro – isto é, de centro mas com viés de esquerda branda. E o PSDB teria ficado sem espaço para esse perfil de eleitor.
O governo Dilma
Em sua opinião, o governo Dilma terá algumas características ainda não percebidas nem pela oposição. Quem a conhece sabe que tem personalidade forte, embora sempre vá se aconselhar com Lula. Para certo conjunto de questões, Dilma tem posição firmada. Como, por exemplo, a questão do desenvolvimento, temas econômicos e sociais.E Lula tem consciência de que não interferirá no governo.
O papel de Lula
Segundo Garcia, a tarefa que Lula se incumbirá será a de empurrar partidos, dando-lhes uma densidade política maior. O próprio PMDB tenderá a ser mais homogêneo, diz ele, à medida em que, ao contrário do governo Lula, agorá terá um papel institucional no novo governo. Vai ser obrigado a buscar uma identidade político-ideológica maior.
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domingo, 25 de julho de 2010
Crime sobre crime; e ainda debocham da Justica
O país quer saber os nomes dos mandantes
Augusto Nunes
Direto ao Ponto, 24/07/2010
“Isso é a espetacularização do nada”, recitou Dilma Rousseff em sucessivas entrevistas depois de pilhada em flagrante fabricando, nas catacumbas da Casa Civil, um dossiê atulhado de calúnias envolvendo Fernando Henrique e Ruth Cardoso. Os jornalistas mal começavam a formular a pergunta e lá vinha a expressão indigente ─ que ainda não usou para livrar-se de ser julgada por reincidência. Talvez tenha entendido que é ínútil debitar na conta da espetacularização do nada a repercussão dos casos do dossiê contra José Serra e do estupro do sigilo fiscal de Eduardo Jorge Caldas Pereira, vice-presidente do PSDB. Desta vez, Dilma terá de arranjar algum álibi menos raquítico. O Brasil que presta quer saber quem reativou a usina de papelórios bandidos e exige a identificação dos autores das delinquências gravíssimas.
Não faz tanto tempo assim, os envolvidos em bandalheiras de grosso calibre saíam de circulação por algum tempo. Hoje o período de quarentena, quando há, restringe-se aos soldados rasos. Os superiores não só permanecem no local do crime como acusam as vítimas, debocham da plateia, provocam a polícia e desdenham da Justiça. O companheiro José Eduardo Dutra, por exemplo, resolveu processar José Serra pelo pecado de ter responsabilizado os responsáveis. Confrontado com a revelação da infâmia que atingiu Eduardo Jorge, avisou que o problema é da Receita Federal e dos agredidos.
O deputado Rui Falcão, um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff, dedicou ao assunto seis palavras: “O fato não merece nossa preocupação”. Mas a turma por trás do fato merece cadeia, berraria em resposta o Brasil inteiro se não parecesse apalermado pela institucionalização da impunidade. Os culpados não se preocupam com o merecidíssimo castigo por confiarem na proteção do presidente, na indulgência do Judiciário e na abulia que paralisa milhões de brasileiros. Quem se considera intocável sempre engorda o prontuário. Assim, ao dossiê cafajeste e ao sigilo estuprado somou-se a acobertamento dos mandantes e executores da ação criminosa.
Em qualquer país sério, as investigações não iriam ãlém de algumas horas, consumidas na coleta das abundantes provas materiais e na tomada de meia dúzia de depoimentos prestados por figuras que entendem do assunto e sabem muito sobre as ocorrências recentes. Todos tem endereço certo e sabido. Na sede da campanha de Dilma Rousseff, por exemplo, estão Antonio Palocci, que encomendou o estupro da conta bancária do caseiro Francenildo Costa, e a própria candidata, que encomendou o dossiê contra Fernando Henrique e Ruth Cardoso, além dos companheiros que contrataram os encarregados do serviço sujo. Na sucursal paulista do PT pode ser encontrado Aloísio Mercadante, especialista em espionagens alopradas. Eles poderão dizer quem produziu e dirigiu esse filme policial classe C.
Para desvendar o caso da violação das declarações de imposto de renda, basta submeter a um interrogatório que mereça tal nome o superintendente da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, preveni-lo dos riscos do perjúrio e alertá-lo para as consequências da cumplicidade ativa. Cartaxo precisa interromper imediatamente o falatório diversionista e identificar os figurões que arquitetaram a operação. O dossiê contra FHC foi engavetado pela invenção de um “banco de dados” da Casa Civil e pelo afastamento de um assessor disposto a sobreviver em silêncio. Os reincidentes estão tentando reprisar a esperteza com uma analista do Fisco.
Cada vez mais atrevidos, começam a costurar a fantasia que apresenta como estupradora uma funcionária que nem é ligada a partidos. Deve ter agido por curiosidade, portanto. Os fora-da-lei querem convencer os homens honestos de que o Código Penal não vale para todos. Além do presidente Lula, o resto do governo e o comando do PT resolveram tratar como imbecis todos os eleitores. Eduardo Jorge já deixou claro que não é: continua lutando corajosamente pelo esclarecimento do crime. Todos os oposicionistas, e com mais agressividade os candidatos, precisam juntar-se ao combatente solitário.
Os brasileiros prontos para engajar-se na resistência são bem mais numerosos do que imagina o grande clube dos cafajestes. E exigem a pronta identicação dos mandantes.
Augusto Nunes
Direto ao Ponto, 24/07/2010
“Isso é a espetacularização do nada”, recitou Dilma Rousseff em sucessivas entrevistas depois de pilhada em flagrante fabricando, nas catacumbas da Casa Civil, um dossiê atulhado de calúnias envolvendo Fernando Henrique e Ruth Cardoso. Os jornalistas mal começavam a formular a pergunta e lá vinha a expressão indigente ─ que ainda não usou para livrar-se de ser julgada por reincidência. Talvez tenha entendido que é ínútil debitar na conta da espetacularização do nada a repercussão dos casos do dossiê contra José Serra e do estupro do sigilo fiscal de Eduardo Jorge Caldas Pereira, vice-presidente do PSDB. Desta vez, Dilma terá de arranjar algum álibi menos raquítico. O Brasil que presta quer saber quem reativou a usina de papelórios bandidos e exige a identificação dos autores das delinquências gravíssimas.
Não faz tanto tempo assim, os envolvidos em bandalheiras de grosso calibre saíam de circulação por algum tempo. Hoje o período de quarentena, quando há, restringe-se aos soldados rasos. Os superiores não só permanecem no local do crime como acusam as vítimas, debocham da plateia, provocam a polícia e desdenham da Justiça. O companheiro José Eduardo Dutra, por exemplo, resolveu processar José Serra pelo pecado de ter responsabilizado os responsáveis. Confrontado com a revelação da infâmia que atingiu Eduardo Jorge, avisou que o problema é da Receita Federal e dos agredidos.
O deputado Rui Falcão, um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff, dedicou ao assunto seis palavras: “O fato não merece nossa preocupação”. Mas a turma por trás do fato merece cadeia, berraria em resposta o Brasil inteiro se não parecesse apalermado pela institucionalização da impunidade. Os culpados não se preocupam com o merecidíssimo castigo por confiarem na proteção do presidente, na indulgência do Judiciário e na abulia que paralisa milhões de brasileiros. Quem se considera intocável sempre engorda o prontuário. Assim, ao dossiê cafajeste e ao sigilo estuprado somou-se a acobertamento dos mandantes e executores da ação criminosa.
Em qualquer país sério, as investigações não iriam ãlém de algumas horas, consumidas na coleta das abundantes provas materiais e na tomada de meia dúzia de depoimentos prestados por figuras que entendem do assunto e sabem muito sobre as ocorrências recentes. Todos tem endereço certo e sabido. Na sede da campanha de Dilma Rousseff, por exemplo, estão Antonio Palocci, que encomendou o estupro da conta bancária do caseiro Francenildo Costa, e a própria candidata, que encomendou o dossiê contra Fernando Henrique e Ruth Cardoso, além dos companheiros que contrataram os encarregados do serviço sujo. Na sucursal paulista do PT pode ser encontrado Aloísio Mercadante, especialista em espionagens alopradas. Eles poderão dizer quem produziu e dirigiu esse filme policial classe C.
Para desvendar o caso da violação das declarações de imposto de renda, basta submeter a um interrogatório que mereça tal nome o superintendente da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, preveni-lo dos riscos do perjúrio e alertá-lo para as consequências da cumplicidade ativa. Cartaxo precisa interromper imediatamente o falatório diversionista e identificar os figurões que arquitetaram a operação. O dossiê contra FHC foi engavetado pela invenção de um “banco de dados” da Casa Civil e pelo afastamento de um assessor disposto a sobreviver em silêncio. Os reincidentes estão tentando reprisar a esperteza com uma analista do Fisco.
Cada vez mais atrevidos, começam a costurar a fantasia que apresenta como estupradora uma funcionária que nem é ligada a partidos. Deve ter agido por curiosidade, portanto. Os fora-da-lei querem convencer os homens honestos de que o Código Penal não vale para todos. Além do presidente Lula, o resto do governo e o comando do PT resolveram tratar como imbecis todos os eleitores. Eduardo Jorge já deixou claro que não é: continua lutando corajosamente pelo esclarecimento do crime. Todos os oposicionistas, e com mais agressividade os candidatos, precisam juntar-se ao combatente solitário.
Os brasileiros prontos para engajar-se na resistência são bem mais numerosos do que imagina o grande clube dos cafajestes. E exigem a pronta identicação dos mandantes.
sábado, 24 de julho de 2010
O PT e as FARC: uma velha ligacao...
PT e FARC são irmãos siameses
Félix Maier
Usina de Letras, 21/07/2010
O PT que se prepare, pois há um cipoal de provas sobre a relação com as FARC
Prova dos nove
Ucho Hadadd - ucho.info
Que o PT sempre teve carência de quadros, em qualidade e quantidade, para assumir a responsabilidade de comandar uma nação todos sabiam. É fato que há respeitadas e honrosas exceções, mas a maioria abusa da falta de bom senso, que se torna ainda maior por conta do poder.
Como tem insistido o ucho.info nos últimos dois dias, o candidato a vice na chapa de José Serra vem provocando enorme incômodo no entourage da campanha de Dilma Rousseff. O que mostra que Índio da Costa apresenta bom desempenho como catalisador da ira petista.
O mais novo ataque ao deputado federal pelo Democratas do Rio de Janeiro partiu do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo da Silva, que foi escalado para rebater as acusações de que o PT tem ligações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc.
Fazendo jus à falta de compostura que o emoldura, Paulo Bernardo usou adjetivos como “idiota” e “despreparado” ao destilar seu veneno na direção do vice do presidenciável tucano. “O comportamento desse rapaz mostra que ele não está preparado. É uma pessoa despreparada e é ruim inclusive para o candidato da oposição colocar uma pessoa que se comporta como idiota, porque, francamente, o comportamento dele é um comportamento de idiota”, declarou o ministro.
O PT pode espernear à vontade por conta das declarações de José Serra e Índio da Costa, ao mesmo tempo em que o presidente do partido, José Eduardo Dutra, pode acionar a Justiça quantas vezes quiser, pois a relação com as Farc é inegável por vários motivos. O primeiro deles é de fácil constatação e está muito próximo do presidente Lula da Silva. A Presidência da República contratou, em 2009, Angela Maria Slongo, mulher do padre Olivério Medina, representante das Farc no Brasil. Atualmente ela dá expediente no Miistério da Pesca. Ou seja, de chofre a gritaria petista já perde força.
No site do Foro de São Paulo há outra prova dessa incestuosa relação. Na página “Partidos Miembros” é possível encontrar os que fazem parte do grupo. E entre tantos lá estão o partido dos Trabalhadores e as FARC, como destaca o brilhante jornalista Carlos Brickmann.
Para fazer com que a vuvuzela rouge que ronca no Palácio do Planalto diminua o tom, o Youtube tem em seus arquivos um vídeo de um encontro do Foro de São Paulo realizado em 2009, no Uruguai, em que as FARC e o PT são citados como membros fundadores do grupo. Lá estiveram alguns petistas históricos, como Marco Aurélio Garcia, José Eduardo Cardozo, Valter Pomar, Nilmário Miranda e Raul Pontes.
Vídeo
Se mesmo assim a revoltada horda petista não se convencer, não custa lembrar que por ocasião da recente libertação de alguns prisioneiros das FARC, a organização narco-guerilheira convocou Marco Aurélio Garcia para servir de testemunha.
Mas as provas não param por aí. Na corrida presidencial de 2006 surgiu a informação de que as FARC teriam doado US$ 5 milhões à campanha de Lula da Silva, que à época tentava a reeleição. O assunto foi negado pelo Palácio do Planalto, até porque ninguém seria insano de confirmar, mas na Abin há quem garanta que é tudo verdade.
Mesmo assim, alguns petistas podem carecer de provas adicionais. Não é de hoje que o crime organizado mantém estreitas ligações com as FARC. Tanto é verdade, que o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi preso na selva colombiana após meses de convívio com os narco-terroristas. Uma das organizações criminosas que se relacionam continuamente com as FARC acionou seus integrantes em 2006 para pedir votos ao então candidato a deputado federal José Genoíno. A polícia paulista interceptou telefonemas que não deixam dúvidas dessa relação umbilical.
Por fim, o ex-líder das FARC, Raúl Reyes, morto em março de 2008, escreveu ao presidente Lula da Silva, em 2002 e 2003, sugerindo que o vereador Édson Antônio Albertão, do PT de Guarulhos, fosse o elo entre a organização e o governo do petista.
É verdade que não se pode esperar muito de um ministro de Estado que no início de seu convívio com o Twitter utilizava o microblog para anunciar ao mundo os seus bebericos, mas Paulo Bernardo, que não é nenhum descendente de Aladim, deve ser lembrado da importância do cargo que ocupa com forma de evitar declarações estapafúrdias.
Resumindo, o PT e as FARC não são xifópagos, mas certamente são irmãos gêmeos.
Félix Maier
Usina de Letras, 21/07/2010
O PT que se prepare, pois há um cipoal de provas sobre a relação com as FARC
Prova dos nove
Ucho Hadadd - ucho.info
Que o PT sempre teve carência de quadros, em qualidade e quantidade, para assumir a responsabilidade de comandar uma nação todos sabiam. É fato que há respeitadas e honrosas exceções, mas a maioria abusa da falta de bom senso, que se torna ainda maior por conta do poder.
Como tem insistido o ucho.info nos últimos dois dias, o candidato a vice na chapa de José Serra vem provocando enorme incômodo no entourage da campanha de Dilma Rousseff. O que mostra que Índio da Costa apresenta bom desempenho como catalisador da ira petista.
O mais novo ataque ao deputado federal pelo Democratas do Rio de Janeiro partiu do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo da Silva, que foi escalado para rebater as acusações de que o PT tem ligações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc.
Fazendo jus à falta de compostura que o emoldura, Paulo Bernardo usou adjetivos como “idiota” e “despreparado” ao destilar seu veneno na direção do vice do presidenciável tucano. “O comportamento desse rapaz mostra que ele não está preparado. É uma pessoa despreparada e é ruim inclusive para o candidato da oposição colocar uma pessoa que se comporta como idiota, porque, francamente, o comportamento dele é um comportamento de idiota”, declarou o ministro.
O PT pode espernear à vontade por conta das declarações de José Serra e Índio da Costa, ao mesmo tempo em que o presidente do partido, José Eduardo Dutra, pode acionar a Justiça quantas vezes quiser, pois a relação com as Farc é inegável por vários motivos. O primeiro deles é de fácil constatação e está muito próximo do presidente Lula da Silva. A Presidência da República contratou, em 2009, Angela Maria Slongo, mulher do padre Olivério Medina, representante das Farc no Brasil. Atualmente ela dá expediente no Miistério da Pesca. Ou seja, de chofre a gritaria petista já perde força.
No site do Foro de São Paulo há outra prova dessa incestuosa relação. Na página “Partidos Miembros” é possível encontrar os que fazem parte do grupo. E entre tantos lá estão o partido dos Trabalhadores e as FARC, como destaca o brilhante jornalista Carlos Brickmann.
Para fazer com que a vuvuzela rouge que ronca no Palácio do Planalto diminua o tom, o Youtube tem em seus arquivos um vídeo de um encontro do Foro de São Paulo realizado em 2009, no Uruguai, em que as FARC e o PT são citados como membros fundadores do grupo. Lá estiveram alguns petistas históricos, como Marco Aurélio Garcia, José Eduardo Cardozo, Valter Pomar, Nilmário Miranda e Raul Pontes.
Vídeo
Se mesmo assim a revoltada horda petista não se convencer, não custa lembrar que por ocasião da recente libertação de alguns prisioneiros das FARC, a organização narco-guerilheira convocou Marco Aurélio Garcia para servir de testemunha.
Mas as provas não param por aí. Na corrida presidencial de 2006 surgiu a informação de que as FARC teriam doado US$ 5 milhões à campanha de Lula da Silva, que à época tentava a reeleição. O assunto foi negado pelo Palácio do Planalto, até porque ninguém seria insano de confirmar, mas na Abin há quem garanta que é tudo verdade.
Mesmo assim, alguns petistas podem carecer de provas adicionais. Não é de hoje que o crime organizado mantém estreitas ligações com as FARC. Tanto é verdade, que o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi preso na selva colombiana após meses de convívio com os narco-terroristas. Uma das organizações criminosas que se relacionam continuamente com as FARC acionou seus integrantes em 2006 para pedir votos ao então candidato a deputado federal José Genoíno. A polícia paulista interceptou telefonemas que não deixam dúvidas dessa relação umbilical.
Por fim, o ex-líder das FARC, Raúl Reyes, morto em março de 2008, escreveu ao presidente Lula da Silva, em 2002 e 2003, sugerindo que o vereador Édson Antônio Albertão, do PT de Guarulhos, fosse o elo entre a organização e o governo do petista.
É verdade que não se pode esperar muito de um ministro de Estado que no início de seu convívio com o Twitter utilizava o microblog para anunciar ao mundo os seus bebericos, mas Paulo Bernardo, que não é nenhum descendente de Aladim, deve ser lembrado da importância do cargo que ocupa com forma de evitar declarações estapafúrdias.
Resumindo, o PT e as FARC não são xifópagos, mas certamente são irmãos gêmeos.
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terça-feira, 13 de julho de 2010
Mobilizacao petista em favor da candidata oficial
Comunicação expedida pelo Partidos dos Trabalhadores
Car@s Internautas,
Marque um V maiúsculo na sua agenda, pois daqui até outubro todo dia 13 é dia de onda vermelha pelo Brasil! Vamos fazer uma mobilização nacional e ganhar as ruas com a cor da Vitória.
Nesta terça-feira, saia com sua bandeira, bote uma estrela no peito, vista uma peça de roupa vermelha e use a hashtag #OndaVermelha nas suas intervenções na internet!
Convide seus amigos a participar! Publique textos e fotos no seu blog e compartilhe nas redes sociais. Vamos vestir a camisa e homenagear a militância mais empolgada e aguerrida do país!
Se você preferir, também pode enviar seu link, foto e texto para a gente pelo e-mail participabr13@gmail.com.
Para continuar o projeto iniciado por Lula, vamos juntos! Porque agora é Dilma!
Agenda
Acompanhe as atividades de campanha e fique de olho na programação da nossa candidata. Nesta terça-feira (13), Dilma Rousseff abre as portas do seu comitê político em Brasília (Setor Comercial Sul - Quadra 2, Bloco C nº 179 - Edifício Vitória). A inauguração será realizada às 18 horas e tod@s são convidados a participar do evento.
Siga os twitters @dilmanaweb, @dilmanarede, @mulheres_dilma e @galera_dilma, e faça uma grande cobertura das atividades da semana.
Confira também os portais:
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Para continuar o projeto iniciado por Lula, vamos juntos! Porque agora é Dilma!
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sábado, 5 de junho de 2010
Uma campanha exemplar: a arapongagem pesada (e cara) do PT
Campanha de Dilma trouxe araponga da Satiagraha para montar dossiês
Rodrigo Rangel, de O Estado de S. Paulo
04 de junho de 2010
Conhecido por suas apurações sigilosas, sargento da reserva Idalberto Matias de Araújo aceitou missão proposta por petistas e indicou delegado para ajudá-lo; trabalho custaria R$ 200 mil mensais
BRASÍLIA - A articulação para montar uma central de dossiês a serviço da campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República contou com a participação de arapongas ligados aos serviços secretos oficiais. Um deles é o sargento da reserva Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, recém-saído do Cisa, o serviço secreto da Aeronáutica.
Conhecido personagem de apurações sigilosas em Brasília, o sargento esteve, por exemplo, ao lado do delegado Protógenes Queiroz nas investigações que deram origem à Operação Satiagraha, que levou o banqueiro Daniel Dantas à prisão.
A participação de Idalberto de Araújo remonta às origens do plano de inteligência petista. Em abril, após ter sido procurado por emissários da campanha, o sargento disse que aceitaria o serviço, mas necessitaria de apoio. Deixou claro que, para executar a missão proposta pela campanha, seria preciso chamar mais gente.
O sargento, então, indicou um amigo de longa data, o delegado aposentado da Polícia Federal Onésimo de Souza, dono de uma pequena empresa de segurança instalada num conhecido centro comercial de Brasília. As conversas avançaram.
Outros agentes, dentre eles um araponga aposentado do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) e um militar que já serviu à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), chegaram a ser contatados para integrar a equipe. O passo seguinte foi chegar a um valor para o serviço.
É onde começa o contato direto entre o agente e um dos principais profissionais da área de comunicação da campanha de Dilma, o jornalista e consultor Luiz Lanzetta. Dono da Lanza Comunicação, empresa contratada pelo PT para fazer a assessoria de imprensa da campanha, Lanzetta marcou um encontro com o sargento e o ex-delegado.
A reunião ocorreu no restaurante Fritz, na Asa Sul de Brasília. A dupla disse a Lanzetta que, pelo serviço, cobraria R$ 200 mil por mês. O delegado justificou o preço com o argumento de que seria preciso montar uma equipe de 12 pessoas para a missão.
Bunker. Lanzetta se encarregou de detalhar o serviço de que precisava. A primeira tarefa seria interna, no bunker que ele próprio montara no Lago Sul. Desconfiado de que seu trabalho estaria sendo sabotado por gente do próprio PT, o consultor queria que os arapongas descobrissem a origem do fogo amigo.
O pacote incluiria ainda investigações que pudessem dar à campanha de Dilma munição para ser usada, em caso de necessidade, contra adversários. O alvo preferencial era o candidato tucano José Serra.
A proposta para contratação dos serviços do araponga e do delegado foi levada, então, para o núcleo central do comitê de Dilma. O assunto chegou a ser discutido com o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, coordenador da campanha. Num primeiro momento, Pimentel avaliou que o preço estava alto demais. Disse que topava pagar, no máximo, R$ 60 mil.
O grupo já estava discutindo estratégias de trabalho - um dos planos era infiltrar um agente no núcleo de inteligência da campanha de José Serra - quando começaram a vazar para a imprensa informações acerca de supostos dossiês produzidos pelo bureau montado por Lanzetta na fortaleza petista do Lago Sul.
Era o que faltava para os ânimos se acirrarem ainda mais no comitê. O imbróglio realçou, no interior da campanha de Dilma, o conflito entre dois grupos: o do mineiro Fernando Pimentel, responsável por levar Lanzetta para o staff de Dilma, e o do ex-ministro Antonio Palocci.
Conspiração. Nos bastidores, Pimentel, alçado ao comando da campanha por conta de sua velha amizade com Dilma, acusa Palocci e o deputado paulista Rui Falcão, coordenador de comunicação do comitê, de tramarem para derrubá-lo. Aliados de Pimentel afirmam que foi Falcão quem deixou vazar informações sobre o dossiê, para enfraquecer o ex-prefeito na cúpula da campanha.
Ao Estado, Pimentel negou que tenha sido procurado pelo grupo de Lanzetta para tratar de contrato o araponga. "Se houve isso, é iniciativa da empresa do Lanzetta, para resolver algum problema relacionado à empresa dele", disse. "Nunca tratamos disso na coordenação da campanha." Pimentel também negou desentendimento com Falcão. "Mnão sei se tem esse negócio de grupos, o que sei é que sou amigo fraterno do Rui há 40 anos."
Procurado pela reportagem, Idalberto não quis falar sobre o assunto. "Não estou entendendo por que você está me ligando", disse ele, antes de desligar o telefone. Lanzetta se negou a dar declarações, embora tenha admitido o contato com o araponga e o ex-delegado. Onésimo de Souza não foi localizado até o fechamento desta edição. A assessoria de Dilma limitou-se a reproduzir declaração da pré-candidata petista, segundo a qual não havia ninguém autorizado a negociar dossiês para a campanha.
===============
"Era para levantar tudo, inclusive coisas pessoais"
Delegado conta que aloprados planejavam mesmo espionar aliados e o ex-governador José Serra
Policarpo Junior e Daniel Pereira
Revista Veja, 9 de junho de 2010
TRABALHO CARO
Delegado Onézimo Sousa: oferta de 1,6 milhão de reais para saber tudo o que falavam os adversários
Na semana passada, VEJA revelou a existência de um grupo que se reunia dentro do comitê eleitoral do PT, em Brasília, com a missão de espionar adversários e integrantes do próprio partido. A notícia estremeceu as relações até então amigáveis entre os principais atores ligados à campanha presidencial. O PSDB anunciou que pretende convocar para depor no Congresso os personagens que tentaram montar uma rede de espionagem onde funciona o comitê de comunicação da pré-campanha da ex-ministra Dilma Rousseff. "Haverá um acirramento", avisou Eduardo Jorge, vice-presidente executivo dos tucanos. Já os petistas correm em sentido oposto, tentando pôr um ponto final à discussão. "Não fomos nós que colocamos esse assunto absurdo em pauta. Esse tipo de debate não interessa ao país", afirma o presidente do PT, José Eduardo Dutra. Na sexta-feira passada, em entrevista a VEJA, o delegado aposentado da Polícia Federal Onézimo Sousa revelou detalhes que ajudam a dimensionar com maior exatidão o que se planejou nos subterrâneos do comitê petista - forçando uma intervenção direta do comando da campanha com ordens expressas de parar com tudo.
Apontado como o chefe do grupo de espionagem, o policial garante que sua atuação se restringiu a uma reunião de planejamento. O que foi proposto, segundo ele, era inaceitável. Em carta a VEJA, ele reafirmou que divergia "cabalmente quanto à metodologia e ao direcionamento dos trabalhos a ser ali executados". O comitê petista queria identificar um suposto membro da cúpula da campanha que estaria vazando informações estratégicas. Para isso, era necessário reunir os extratos telefônicos e rastrear com quem cada um deles conversava. Acreditava que por meio do cruzamento de números o traidor seria facilmente identificado. A outra missão era ainda mais explosiva: monitorar o ex-governador José Serra, candidato à Presidência pelo PSDB, e o deputado tucano Marcelo Itagiba, seus familiares e amigos. Os aloprados do comitê queriam saber tudo o que os dois faziam e falavam.
No início de abril, ainda distante do atual clima de euforia com o resultado das pesquisas eleitorais, havia uma disputa interna pelo controle da campanha. De um lado, o ex-prefeito Fernando Pimentel, coordenador e amigo de Dilma. Do outro, um grupo do PT de São Paulo ligado ao vice-presidente do partido, o deputado Rui Falcão. Onézimo Sousa conta que foi convidado para uma conversa com Pimentel, na área reservada de um restaurante tradicional de Brasília. No local marcado, não encontrou o coordenador da campanha, mas um representante do comitê, o jornalista Luiz Lanzetta. Responsável pela parte de comunicação da campanha, Lanzetta explicou ao delegado que o objetivo deles era montar um grupo de espionagem. Não haveria contrato, e o pagamento - 1,6 milhão de reais, o equivalente a 160 000 por mês - seria feito pelo empresário Benedito de Oliveira Neto, um prestador de serviços que enriqueceu durante o governo Lula e estava presente à reunião, da qual participou também o ínclito, reto e vertical ex-jornalista e agora escritor Amaury Ribeiro.
O senhor foi apontado como chefe de um grupo contratado para es-pionar adversários e petistas rivais?
Fui convidado numa reunião da qual participaram o Lanzetta, o Amaury (Ribeiro), o Benedito (de Oliveira, responsável pela parte financeira) e outro colega meu, mas o negócio não se concretizou. Havia problemas de metodologia e direcionamento do trabalho que eles queriam.
Como assim?
Primeiro, queriam que a gente identificasse a origem de vazamentos que estavam acontecendo dentro do comitê. Havia a suspeita de que um dos coordenadores da campanha estaria sabotando o trabalho da equipe. Depois, queriam investigações sobre o governador José Serra e o deputado Marcelo Itagiba.
Que tipo de investigação?
Era para levantar tudo, inclusive coisas pessoais. O Lanzetta disse que eles precisavam saber tudo o que eles faziam e falavam. Grampos telefônicos...
Pediram ao senhor para grampear os telefones do ex-governador Serra?
Explicitamente, não. Mas, quando me disseram que queriam saber tudo o que se falava, ficou implícita a intenção. Ninguém é capaz de saber tudo o que se fala sobre alguém sem ouvir suas conversas. Respondendo objetivamente, é claro que eles queriam grampear o telefone do ex-governador.
Disseram exatamente que tipo de informação interessava?
Tudo o que pudesse ser usado contra ele na campanha, principalmente coisas da vida pessoal. Esse é o problema do direcionamento que eu te disse. O material não era para informação apenas. Era para ser usado na campanha. Na hora, adverti que aquilo ia acabar virando um novo escândalo dos aloprados.
Quem fez essa proposta?
Fui convidado para um encontro com Fernando Pimentel. Chegando lá no restaurante, estava o Luiz Lanzetta, que eu não conhecia, mas que se apresentou como representante do prefeito.
Ele pediu para investigar os petistas também?
Disse que estava preocupado, que tinha ocorrido uma reunião entre os seis coordenadores da campanha e que tudo o que havia sido discutido foi parar nos jornais. Havia alguém vazando informações, e ele queria saber quem era. Suspeitava do Rui Falcão.
O ex-prefeito Fernando Pimentel informou que não conhece o delegado e que Luiz Lanzetta não fala em seu nome. O jornalista, que continua trabalhando no comitê da campanha, disse que "fez uma bobagem" ao tentar criar um grupo que tinha como objetivo apenas evitar ataques dos adversários.
Rodrigo Rangel, de O Estado de S. Paulo
04 de junho de 2010
Conhecido por suas apurações sigilosas, sargento da reserva Idalberto Matias de Araújo aceitou missão proposta por petistas e indicou delegado para ajudá-lo; trabalho custaria R$ 200 mil mensais
BRASÍLIA - A articulação para montar uma central de dossiês a serviço da campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República contou com a participação de arapongas ligados aos serviços secretos oficiais. Um deles é o sargento da reserva Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, recém-saído do Cisa, o serviço secreto da Aeronáutica.
Conhecido personagem de apurações sigilosas em Brasília, o sargento esteve, por exemplo, ao lado do delegado Protógenes Queiroz nas investigações que deram origem à Operação Satiagraha, que levou o banqueiro Daniel Dantas à prisão.
A participação de Idalberto de Araújo remonta às origens do plano de inteligência petista. Em abril, após ter sido procurado por emissários da campanha, o sargento disse que aceitaria o serviço, mas necessitaria de apoio. Deixou claro que, para executar a missão proposta pela campanha, seria preciso chamar mais gente.
O sargento, então, indicou um amigo de longa data, o delegado aposentado da Polícia Federal Onésimo de Souza, dono de uma pequena empresa de segurança instalada num conhecido centro comercial de Brasília. As conversas avançaram.
Outros agentes, dentre eles um araponga aposentado do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) e um militar que já serviu à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), chegaram a ser contatados para integrar a equipe. O passo seguinte foi chegar a um valor para o serviço.
É onde começa o contato direto entre o agente e um dos principais profissionais da área de comunicação da campanha de Dilma, o jornalista e consultor Luiz Lanzetta. Dono da Lanza Comunicação, empresa contratada pelo PT para fazer a assessoria de imprensa da campanha, Lanzetta marcou um encontro com o sargento e o ex-delegado.
A reunião ocorreu no restaurante Fritz, na Asa Sul de Brasília. A dupla disse a Lanzetta que, pelo serviço, cobraria R$ 200 mil por mês. O delegado justificou o preço com o argumento de que seria preciso montar uma equipe de 12 pessoas para a missão.
Bunker. Lanzetta se encarregou de detalhar o serviço de que precisava. A primeira tarefa seria interna, no bunker que ele próprio montara no Lago Sul. Desconfiado de que seu trabalho estaria sendo sabotado por gente do próprio PT, o consultor queria que os arapongas descobrissem a origem do fogo amigo.
O pacote incluiria ainda investigações que pudessem dar à campanha de Dilma munição para ser usada, em caso de necessidade, contra adversários. O alvo preferencial era o candidato tucano José Serra.
A proposta para contratação dos serviços do araponga e do delegado foi levada, então, para o núcleo central do comitê de Dilma. O assunto chegou a ser discutido com o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, coordenador da campanha. Num primeiro momento, Pimentel avaliou que o preço estava alto demais. Disse que topava pagar, no máximo, R$ 60 mil.
O grupo já estava discutindo estratégias de trabalho - um dos planos era infiltrar um agente no núcleo de inteligência da campanha de José Serra - quando começaram a vazar para a imprensa informações acerca de supostos dossiês produzidos pelo bureau montado por Lanzetta na fortaleza petista do Lago Sul.
Era o que faltava para os ânimos se acirrarem ainda mais no comitê. O imbróglio realçou, no interior da campanha de Dilma, o conflito entre dois grupos: o do mineiro Fernando Pimentel, responsável por levar Lanzetta para o staff de Dilma, e o do ex-ministro Antonio Palocci.
Conspiração. Nos bastidores, Pimentel, alçado ao comando da campanha por conta de sua velha amizade com Dilma, acusa Palocci e o deputado paulista Rui Falcão, coordenador de comunicação do comitê, de tramarem para derrubá-lo. Aliados de Pimentel afirmam que foi Falcão quem deixou vazar informações sobre o dossiê, para enfraquecer o ex-prefeito na cúpula da campanha.
Ao Estado, Pimentel negou que tenha sido procurado pelo grupo de Lanzetta para tratar de contrato o araponga. "Se houve isso, é iniciativa da empresa do Lanzetta, para resolver algum problema relacionado à empresa dele", disse. "Nunca tratamos disso na coordenação da campanha." Pimentel também negou desentendimento com Falcão. "Mnão sei se tem esse negócio de grupos, o que sei é que sou amigo fraterno do Rui há 40 anos."
Procurado pela reportagem, Idalberto não quis falar sobre o assunto. "Não estou entendendo por que você está me ligando", disse ele, antes de desligar o telefone. Lanzetta se negou a dar declarações, embora tenha admitido o contato com o araponga e o ex-delegado. Onésimo de Souza não foi localizado até o fechamento desta edição. A assessoria de Dilma limitou-se a reproduzir declaração da pré-candidata petista, segundo a qual não havia ninguém autorizado a negociar dossiês para a campanha.
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"Era para levantar tudo, inclusive coisas pessoais"
Delegado conta que aloprados planejavam mesmo espionar aliados e o ex-governador José Serra
Policarpo Junior e Daniel Pereira
Revista Veja, 9 de junho de 2010
TRABALHO CARO
Delegado Onézimo Sousa: oferta de 1,6 milhão de reais para saber tudo o que falavam os adversários
Na semana passada, VEJA revelou a existência de um grupo que se reunia dentro do comitê eleitoral do PT, em Brasília, com a missão de espionar adversários e integrantes do próprio partido. A notícia estremeceu as relações até então amigáveis entre os principais atores ligados à campanha presidencial. O PSDB anunciou que pretende convocar para depor no Congresso os personagens que tentaram montar uma rede de espionagem onde funciona o comitê de comunicação da pré-campanha da ex-ministra Dilma Rousseff. "Haverá um acirramento", avisou Eduardo Jorge, vice-presidente executivo dos tucanos. Já os petistas correm em sentido oposto, tentando pôr um ponto final à discussão. "Não fomos nós que colocamos esse assunto absurdo em pauta. Esse tipo de debate não interessa ao país", afirma o presidente do PT, José Eduardo Dutra. Na sexta-feira passada, em entrevista a VEJA, o delegado aposentado da Polícia Federal Onézimo Sousa revelou detalhes que ajudam a dimensionar com maior exatidão o que se planejou nos subterrâneos do comitê petista - forçando uma intervenção direta do comando da campanha com ordens expressas de parar com tudo.
Apontado como o chefe do grupo de espionagem, o policial garante que sua atuação se restringiu a uma reunião de planejamento. O que foi proposto, segundo ele, era inaceitável. Em carta a VEJA, ele reafirmou que divergia "cabalmente quanto à metodologia e ao direcionamento dos trabalhos a ser ali executados". O comitê petista queria identificar um suposto membro da cúpula da campanha que estaria vazando informações estratégicas. Para isso, era necessário reunir os extratos telefônicos e rastrear com quem cada um deles conversava. Acreditava que por meio do cruzamento de números o traidor seria facilmente identificado. A outra missão era ainda mais explosiva: monitorar o ex-governador José Serra, candidato à Presidência pelo PSDB, e o deputado tucano Marcelo Itagiba, seus familiares e amigos. Os aloprados do comitê queriam saber tudo o que os dois faziam e falavam.
No início de abril, ainda distante do atual clima de euforia com o resultado das pesquisas eleitorais, havia uma disputa interna pelo controle da campanha. De um lado, o ex-prefeito Fernando Pimentel, coordenador e amigo de Dilma. Do outro, um grupo do PT de São Paulo ligado ao vice-presidente do partido, o deputado Rui Falcão. Onézimo Sousa conta que foi convidado para uma conversa com Pimentel, na área reservada de um restaurante tradicional de Brasília. No local marcado, não encontrou o coordenador da campanha, mas um representante do comitê, o jornalista Luiz Lanzetta. Responsável pela parte de comunicação da campanha, Lanzetta explicou ao delegado que o objetivo deles era montar um grupo de espionagem. Não haveria contrato, e o pagamento - 1,6 milhão de reais, o equivalente a 160 000 por mês - seria feito pelo empresário Benedito de Oliveira Neto, um prestador de serviços que enriqueceu durante o governo Lula e estava presente à reunião, da qual participou também o ínclito, reto e vertical ex-jornalista e agora escritor Amaury Ribeiro.
O senhor foi apontado como chefe de um grupo contratado para es-pionar adversários e petistas rivais?
Fui convidado numa reunião da qual participaram o Lanzetta, o Amaury (Ribeiro), o Benedito (de Oliveira, responsável pela parte financeira) e outro colega meu, mas o negócio não se concretizou. Havia problemas de metodologia e direcionamento do trabalho que eles queriam.
Como assim?
Primeiro, queriam que a gente identificasse a origem de vazamentos que estavam acontecendo dentro do comitê. Havia a suspeita de que um dos coordenadores da campanha estaria sabotando o trabalho da equipe. Depois, queriam investigações sobre o governador José Serra e o deputado Marcelo Itagiba.
Que tipo de investigação?
Era para levantar tudo, inclusive coisas pessoais. O Lanzetta disse que eles precisavam saber tudo o que eles faziam e falavam. Grampos telefônicos...
Pediram ao senhor para grampear os telefones do ex-governador Serra?
Explicitamente, não. Mas, quando me disseram que queriam saber tudo o que se falava, ficou implícita a intenção. Ninguém é capaz de saber tudo o que se fala sobre alguém sem ouvir suas conversas. Respondendo objetivamente, é claro que eles queriam grampear o telefone do ex-governador.
Disseram exatamente que tipo de informação interessava?
Tudo o que pudesse ser usado contra ele na campanha, principalmente coisas da vida pessoal. Esse é o problema do direcionamento que eu te disse. O material não era para informação apenas. Era para ser usado na campanha. Na hora, adverti que aquilo ia acabar virando um novo escândalo dos aloprados.
Quem fez essa proposta?
Fui convidado para um encontro com Fernando Pimentel. Chegando lá no restaurante, estava o Luiz Lanzetta, que eu não conhecia, mas que se apresentou como representante do prefeito.
Ele pediu para investigar os petistas também?
Disse que estava preocupado, que tinha ocorrido uma reunião entre os seis coordenadores da campanha e que tudo o que havia sido discutido foi parar nos jornais. Havia alguém vazando informações, e ele queria saber quem era. Suspeitava do Rui Falcão.
O ex-prefeito Fernando Pimentel informou que não conhece o delegado e que Luiz Lanzetta não fala em seu nome. O jornalista, que continua trabalhando no comitê da campanha, disse que "fez uma bobagem" ao tentar criar um grupo que tinha como objetivo apenas evitar ataques dos adversários.
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sexta-feira, 4 de junho de 2010
Baixarias eleitorais (um tema no qual o PT é especialista)
A caminho da baixeza
Editorial - O Estado de S.Paulo
04 de junho de 2010
Uma briga de poder no comando da campanha da candidata Dilma Rousseff, a comprovada atração do PT pelo vale-tudo contra os adversários e uma declaração estabanada do oposicionista José Serra acabam de produzir um escândalo político sem lastro. O seu único efeito previsível a esta altura será o de degradar o que tem sido uma contenda relativamente civilizada entre eles numa sucessão de baixezas. É tudo o que o eleitorado não precisa para tomar uma decisão o quanto possível racional nas urnas de outubro.
Já basta o reiterado intento do presidente Lula de transformar a disputa num falso plebiscito entre o seu governo e o do antecessor Fernando Henrique; o uso dos recursos de poder do Executivo em favor da apadrinhada do seu titular; e o confinamento da campanha à simplória antinomia entre a "continuidade" e o "fazer mais", prometidos por dois presidenciáveis que, por enquanto, vêm se destacando pela falta de carisma ? matéria-prima da liderança política nas democracias de massa ? e a mesma propensão para tropeços de forma e conteúdo nas suas falas à imprensa.
O escândalo inaugural da temporada (não fossem escandalosas as recorrentes transgressões da legislação eleitoral da dupla Lula-Dilma) começou com uma reportagem da revista Veja sobre a alegada tentativa de uma das alas rivais envolvidas com a campanha da ex-ministra de montar um "grupo de inteligência". Os arapongas, além de bisbilhotar o outro lado de dentro do bunker dilmista situado na QI (quadra interna) 5, em Brasília, teriam preparado, ou iriam preparar, um dossiê contra Serra, com referências a atividades de sua filha Verônica.
O chamado pivô da história seria um jornalista, Luiz Lanzetta, contratado pela direção da campanha para fornecer mão de obra na área de comunicação. Ele é amigo do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, por sua vez amigo de longa data de Dilma. Pimentel disputa espaço na coordenação da campanha com dois pesos pesados, o presidente petista José Eduardo Dutra e o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci ? este, uma espécie de delegado residente de Lula. Atribui-se a essa facção a iniciativa de expor o esquema, para abortá-lo.
Se o dossiê chegou a ser montado, não apareceu, salvo citações na internet, sem comprovação de autenticidade, como chega a ser rotina na blogosfera. Ainda assim, Serra se permitiu dizer que "a principal responsabilidade por esse novo dossiê é da candidata Dilma Rousseff. Disso eu não tenho dúvida". Inicialmente, quando abordado sobre o assunto numa visita à Associação Comercial de São Paulo, na quarta-feira, ele teve a sensata reação de dar tempo ao tempo: disse que preferia se manifestar no dia seguinte, à espera de uma manifestação do PT.
Instado mais uma vez, no entanto, disparou a acusação, dando a deixa para que tucanos e demistas investissem contra a candidata e a sua gente. "Vamos para a briga", prometeu o senador pernambucano Sérgio Guerra, do PSDB, coordenador da campanha serrista. Dilma retrucou que se tratava de uma "falsidade" e que não iria "bater boca sobre isso". O fato é que o passado condena o PT e é razoável supor que petistas desse ou daquele escalão e seus companheiros de viagem tenham querido partir para o jogo sujo.
A ameaça pode ter ficado na intenção, pode ter se concretizado à revelia de Dilma, pode ter sido repudiada por companheiros escaldados. Mas, à parte a imputação de Serra à candidata, sem provas, a sua percepção de que houve uma ameaça tem fundamento. Em 2006, no grotesco episódio dos aloprados, Hamilton Lacerda, um assessor direto do então candidato petista ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, participou da frustrada compra de um dossiê antitucano. Na campanha presidencial de 2002, o petista Ricardo Berzoini se interessou por um dossiê sobre finanças da candidatura Serra.
"O PT tem uma longa tradição nessa matéria", lembrou o tucano. Mas vem de longe a prática de confeccionar e vender prontuários políticos, em que fatos, versões, insinuações e mentiras formam um mingau repulsivo. Está mais do que na hora de a palavra dossiê, ora para intimidar, ora para acusar, deixar de poluir as campanhas eleitorais brasileiras.
Editorial - O Estado de S.Paulo
04 de junho de 2010
Uma briga de poder no comando da campanha da candidata Dilma Rousseff, a comprovada atração do PT pelo vale-tudo contra os adversários e uma declaração estabanada do oposicionista José Serra acabam de produzir um escândalo político sem lastro. O seu único efeito previsível a esta altura será o de degradar o que tem sido uma contenda relativamente civilizada entre eles numa sucessão de baixezas. É tudo o que o eleitorado não precisa para tomar uma decisão o quanto possível racional nas urnas de outubro.
Já basta o reiterado intento do presidente Lula de transformar a disputa num falso plebiscito entre o seu governo e o do antecessor Fernando Henrique; o uso dos recursos de poder do Executivo em favor da apadrinhada do seu titular; e o confinamento da campanha à simplória antinomia entre a "continuidade" e o "fazer mais", prometidos por dois presidenciáveis que, por enquanto, vêm se destacando pela falta de carisma ? matéria-prima da liderança política nas democracias de massa ? e a mesma propensão para tropeços de forma e conteúdo nas suas falas à imprensa.
O escândalo inaugural da temporada (não fossem escandalosas as recorrentes transgressões da legislação eleitoral da dupla Lula-Dilma) começou com uma reportagem da revista Veja sobre a alegada tentativa de uma das alas rivais envolvidas com a campanha da ex-ministra de montar um "grupo de inteligência". Os arapongas, além de bisbilhotar o outro lado de dentro do bunker dilmista situado na QI (quadra interna) 5, em Brasília, teriam preparado, ou iriam preparar, um dossiê contra Serra, com referências a atividades de sua filha Verônica.
O chamado pivô da história seria um jornalista, Luiz Lanzetta, contratado pela direção da campanha para fornecer mão de obra na área de comunicação. Ele é amigo do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, por sua vez amigo de longa data de Dilma. Pimentel disputa espaço na coordenação da campanha com dois pesos pesados, o presidente petista José Eduardo Dutra e o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci ? este, uma espécie de delegado residente de Lula. Atribui-se a essa facção a iniciativa de expor o esquema, para abortá-lo.
Se o dossiê chegou a ser montado, não apareceu, salvo citações na internet, sem comprovação de autenticidade, como chega a ser rotina na blogosfera. Ainda assim, Serra se permitiu dizer que "a principal responsabilidade por esse novo dossiê é da candidata Dilma Rousseff. Disso eu não tenho dúvida". Inicialmente, quando abordado sobre o assunto numa visita à Associação Comercial de São Paulo, na quarta-feira, ele teve a sensata reação de dar tempo ao tempo: disse que preferia se manifestar no dia seguinte, à espera de uma manifestação do PT.
Instado mais uma vez, no entanto, disparou a acusação, dando a deixa para que tucanos e demistas investissem contra a candidata e a sua gente. "Vamos para a briga", prometeu o senador pernambucano Sérgio Guerra, do PSDB, coordenador da campanha serrista. Dilma retrucou que se tratava de uma "falsidade" e que não iria "bater boca sobre isso". O fato é que o passado condena o PT e é razoável supor que petistas desse ou daquele escalão e seus companheiros de viagem tenham querido partir para o jogo sujo.
A ameaça pode ter ficado na intenção, pode ter se concretizado à revelia de Dilma, pode ter sido repudiada por companheiros escaldados. Mas, à parte a imputação de Serra à candidata, sem provas, a sua percepção de que houve uma ameaça tem fundamento. Em 2006, no grotesco episódio dos aloprados, Hamilton Lacerda, um assessor direto do então candidato petista ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, participou da frustrada compra de um dossiê antitucano. Na campanha presidencial de 2002, o petista Ricardo Berzoini se interessou por um dossiê sobre finanças da candidatura Serra.
"O PT tem uma longa tradição nessa matéria", lembrou o tucano. Mas vem de longe a prática de confeccionar e vender prontuários políticos, em que fatos, versões, insinuações e mentiras formam um mingau repulsivo. Está mais do que na hora de a palavra dossiê, ora para intimidar, ora para acusar, deixar de poluir as campanhas eleitorais brasileiras.
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domingo, 9 de maio de 2010
Terrorismo eleitoral: PT retoma velhas taticas...
Em jornal, PT vê risco de novo golpe militar
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Folha de S.Paulo, 7 de maio de 2010
Publicação diz que "ovo" dos golpistas "está intacto" e que povo deve escolher entre "Dilma e a barbárie"
Sob patrocínio da direção nacional do PT, começou a circular ontem um jornal que afirma que o "ovo da serpente" do golpe de 1964 "está intacto" e hoje se manifesta em um "conluio das elites" abrigado na mídia, no Legislativo e no Judiciário.
O "Movimentos" é de responsabilidade das secretarias nacionais do PT que atuam nos movimentos sociais, e está em sua segunda edição.
"Os movimentos sociais organizados precisam se manter atentos, pois o "ovo da serpente" está intacto e as mesmas elaborações teóricas, sentimentos de superioridade e defesa de privilégios que animaram os golpistas de 1º de abril de 1964 ainda estão presentes nos corações e mentes da elite", diz o jornal.
Na atual edição, o editorial é assinado pelo presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, para quem é uma das tarefas do jornal "servir como instrumento de formação e informação da militância, não só para o enfrentamento de disputas eleitorais, mas sobretudo das batalhas que se dão cotidianamente na sociedade brasileira".
O texto principal do jornal, de 12 páginas, fala que "os articuladores e reais mentores da ditadura" estão "encastelados em entidades patronais, nos meio de comunicação que a ditadura lhes legou, nos espaços conquistados, graças ao seu servilismo, no Poder Judiciário, no Legislativo e na burocracia dos Executivos".
Quase toda a edição estabelece uma relação entre a repressão política praticada pela ditadura militar (1964-1985) e os conflitos da polícia com professores em greve, em São Paulo, Estado governado até os três primeiros meses do ano pelo tucano José Serra.
Na legenda de uma das fotos dos conflitos deste ano, o texto diz: "Até parece que a ditadura não acabou em 1988. A polícia na rua quer o fígado dos estudantes em manifestação".
No artigo que assina, o secretário Nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais do PT, Renato Simões, afirma que a "mídia privada e o Poder Judiciário" são "os dois maiores sujeitos políticos da oposição, deixando secundarizados os partidos políticos na tarefa de confrontar a base social e política do governo federal".
Já a página 7 do "Movimentos" trata das eleições de outubro e estampa a manchete "É Dilma ou a barbárie". No texto, o jornal afirma que o Brasil viveu "oito anos de regime neoliberal" e que o capitalismo, "em especial a sua versão mais radical, o neoliberalismo, tem representado a barbárie social".
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Folha de S.Paulo, 7 de maio de 2010
Publicação diz que "ovo" dos golpistas "está intacto" e que povo deve escolher entre "Dilma e a barbárie"
Sob patrocínio da direção nacional do PT, começou a circular ontem um jornal que afirma que o "ovo da serpente" do golpe de 1964 "está intacto" e hoje se manifesta em um "conluio das elites" abrigado na mídia, no Legislativo e no Judiciário.
O "Movimentos" é de responsabilidade das secretarias nacionais do PT que atuam nos movimentos sociais, e está em sua segunda edição.
"Os movimentos sociais organizados precisam se manter atentos, pois o "ovo da serpente" está intacto e as mesmas elaborações teóricas, sentimentos de superioridade e defesa de privilégios que animaram os golpistas de 1º de abril de 1964 ainda estão presentes nos corações e mentes da elite", diz o jornal.
Na atual edição, o editorial é assinado pelo presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, para quem é uma das tarefas do jornal "servir como instrumento de formação e informação da militância, não só para o enfrentamento de disputas eleitorais, mas sobretudo das batalhas que se dão cotidianamente na sociedade brasileira".
O texto principal do jornal, de 12 páginas, fala que "os articuladores e reais mentores da ditadura" estão "encastelados em entidades patronais, nos meio de comunicação que a ditadura lhes legou, nos espaços conquistados, graças ao seu servilismo, no Poder Judiciário, no Legislativo e na burocracia dos Executivos".
Quase toda a edição estabelece uma relação entre a repressão política praticada pela ditadura militar (1964-1985) e os conflitos da polícia com professores em greve, em São Paulo, Estado governado até os três primeiros meses do ano pelo tucano José Serra.
Na legenda de uma das fotos dos conflitos deste ano, o texto diz: "Até parece que a ditadura não acabou em 1988. A polícia na rua quer o fígado dos estudantes em manifestação".
No artigo que assina, o secretário Nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais do PT, Renato Simões, afirma que a "mídia privada e o Poder Judiciário" são "os dois maiores sujeitos políticos da oposição, deixando secundarizados os partidos políticos na tarefa de confrontar a base social e política do governo federal".
Já a página 7 do "Movimentos" trata das eleições de outubro e estampa a manchete "É Dilma ou a barbárie". No texto, o jornal afirma que o Brasil viveu "oito anos de regime neoliberal" e que o capitalismo, "em especial a sua versão mais radical, o neoliberalismo, tem representado a barbárie social".
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sexta-feira, 23 de abril de 2010
416) Ciro Gomes: a descontrucao de um candidato
Nunca, em nenhum país, um politico de expressão desceu tão baixo em tão pouco tempo, sem ter cometido, vountária ou involuntariamente, algum escândalo destruídor de sua carreira.
Essa é a máquina de desconstruir carreiras e reputações atualmente em operação no Brasil.
CIRO: MAIS UMA VÍTIMA DO LULO-PETISMO. OU: A GRANDE LIÇÃO
Reinaldo Azevedo, 22.04.2010
A humilhação a que a o lulo-petismo, por intermédio do PSB, submete o deputado Ciro Gomes deve ser inédita entre aliados. Ciro recebe, assim, uma dura lição numa quadra da vida em que as pessoas costumam estar se preparando para ser mestres. Quando rompeu com o PSDB, exercitando aquele seu discurso sempre estrepitoso, cheio de palavras fortes que apelam à moral, à honra, à dignidade, conquistou grande espaço na imprensa. Eram tempos em que se opor a FHC costumava tornar as pessoas maiores do que de fato eram. Ainda recentemente, no período de indefinição da candidatura tucana, bastava a Ciro uma viagem a Minas ou uma declaração antevendo a desistência de Serra, e sua visibilidade estava garantida. Nos bastidores, ou nem tanto, costurou um acordo com Lula que previa um Plano B, concorrer ao governo de São Paulo, caso não conseguisse tornar viável o Plano A: disputar a Presidência da República. Como segurança, transferiu o domicílio eleitoral para São Paulo.
Ciro gosta de se mostrar um senhor sabido, também um estudioso da política, daí que seu discurso seja salpicado de termos e expressões oriundos da ciência política. Mas demonstrou uma espantosa ingenuidade — além de ignorar, como já escrevi aqui muitas vezes, a natureza do PT. O que ele imaginou? Garantida a transferência de domicílio, acreditou que Lula realmente o deixaria livre para tentar arregimentar alguns partidos da base aliada para emplacar a sua candidatura? Apostou, em algum momento, que ele e Dilma concorreriam no livre mercado do governismo, e Lula acabaria indicando aquele que se mostrasse mais viável?
Sei lá que diabos se passou pela sua cabeça. Um pouco de teoria política — ou de prática, que ele tem!!! — adverte que não se dá àquele com quem se negocia a vantagem que Ciro deu a Lula: tornou viável o desejo do petista (fazê-lo candidato em São Paulo) e o deixou solto pra capturar todos os partidos com os quais ele, Ciro, poderia potencialmente se aliar, de sorte que este não teria como defender a sua candidatura nem junto ao PSB, que nunca, de fato, a levou a sério.
Nesta fase de pré-disputa, Ciro viu seu patrimônio eleitoral reduzir-se de modo vexaminoso. Dos 22% que já chegou a ter das intenções de voto, caiu para algo aí entre 8% e 9%, desidratado que foi pelo próprio Lula. Na reunião de hoje com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, também presidente do PSB, e com o vice-presidente, Roberto Amaral, foi obrigado a ouvir que a sua candidatura não emplacou, foi pro vinagre, está acabada. Por outra: Lula, o PT e o próprio PSB empurraram Ciro para a derrocada. E agora usam a sua situação ruim nas pesquisas para lhe impor a desistência.
Mas não só isso: o PSB instrumentalizou a sua eventual candidatura para arrancar vantagens do PT nos estados. Ciro foi usado como mercadoria mesmo; trocado por trinta dinheiros com uma desfaçatez como nunca vi. Tenho um aguçado senso de justiça. Mesmo Ciro sendo quem é, quase me solidarizo com ele. À sua maneira e do seu exclusivo ponto de vista, é mais uma vítima do lulo-petismo.
O que lhe resta? Sei lá eu! Fico a imaginá-lo, depois de uma conversa com Lula, o seu verdugo, a declarar apoio a Dilma Rousseff, o que significará, então, o endosso ao “roçado de escândalos”, segundo expressão sua, que une o PT ao PMDB… Seria uma boa forma de ele dilapidar os 8% que lhe restam de reconhecimento do eleitorado brasileiro…
Talvez, dado o andamento da coisa, acabasse lhe ficando bem a neutralidade, já que acredita que o desfecho eleitoral que aí está obedece a uma espécie de urdidura conspiratória. E qual lição pode ter aprendido? Esta:
“NEM SEMPRE O INIMIGO DO MEU INIMIGO É MEU AMIGO!” No caso, pode até ser meu pior inimigo. Romper com o PSDB fez Ciro parecer maior do que era. Aliar-se ao PT o tornou menor do que efetivamente era.
Essa é a máquina de desconstruir carreiras e reputações atualmente em operação no Brasil.
CIRO: MAIS UMA VÍTIMA DO LULO-PETISMO. OU: A GRANDE LIÇÃO
Reinaldo Azevedo, 22.04.2010
A humilhação a que a o lulo-petismo, por intermédio do PSB, submete o deputado Ciro Gomes deve ser inédita entre aliados. Ciro recebe, assim, uma dura lição numa quadra da vida em que as pessoas costumam estar se preparando para ser mestres. Quando rompeu com o PSDB, exercitando aquele seu discurso sempre estrepitoso, cheio de palavras fortes que apelam à moral, à honra, à dignidade, conquistou grande espaço na imprensa. Eram tempos em que se opor a FHC costumava tornar as pessoas maiores do que de fato eram. Ainda recentemente, no período de indefinição da candidatura tucana, bastava a Ciro uma viagem a Minas ou uma declaração antevendo a desistência de Serra, e sua visibilidade estava garantida. Nos bastidores, ou nem tanto, costurou um acordo com Lula que previa um Plano B, concorrer ao governo de São Paulo, caso não conseguisse tornar viável o Plano A: disputar a Presidência da República. Como segurança, transferiu o domicílio eleitoral para São Paulo.
Ciro gosta de se mostrar um senhor sabido, também um estudioso da política, daí que seu discurso seja salpicado de termos e expressões oriundos da ciência política. Mas demonstrou uma espantosa ingenuidade — além de ignorar, como já escrevi aqui muitas vezes, a natureza do PT. O que ele imaginou? Garantida a transferência de domicílio, acreditou que Lula realmente o deixaria livre para tentar arregimentar alguns partidos da base aliada para emplacar a sua candidatura? Apostou, em algum momento, que ele e Dilma concorreriam no livre mercado do governismo, e Lula acabaria indicando aquele que se mostrasse mais viável?
Sei lá que diabos se passou pela sua cabeça. Um pouco de teoria política — ou de prática, que ele tem!!! — adverte que não se dá àquele com quem se negocia a vantagem que Ciro deu a Lula: tornou viável o desejo do petista (fazê-lo candidato em São Paulo) e o deixou solto pra capturar todos os partidos com os quais ele, Ciro, poderia potencialmente se aliar, de sorte que este não teria como defender a sua candidatura nem junto ao PSB, que nunca, de fato, a levou a sério.
Nesta fase de pré-disputa, Ciro viu seu patrimônio eleitoral reduzir-se de modo vexaminoso. Dos 22% que já chegou a ter das intenções de voto, caiu para algo aí entre 8% e 9%, desidratado que foi pelo próprio Lula. Na reunião de hoje com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, também presidente do PSB, e com o vice-presidente, Roberto Amaral, foi obrigado a ouvir que a sua candidatura não emplacou, foi pro vinagre, está acabada. Por outra: Lula, o PT e o próprio PSB empurraram Ciro para a derrocada. E agora usam a sua situação ruim nas pesquisas para lhe impor a desistência.
Mas não só isso: o PSB instrumentalizou a sua eventual candidatura para arrancar vantagens do PT nos estados. Ciro foi usado como mercadoria mesmo; trocado por trinta dinheiros com uma desfaçatez como nunca vi. Tenho um aguçado senso de justiça. Mesmo Ciro sendo quem é, quase me solidarizo com ele. À sua maneira e do seu exclusivo ponto de vista, é mais uma vítima do lulo-petismo.
O que lhe resta? Sei lá eu! Fico a imaginá-lo, depois de uma conversa com Lula, o seu verdugo, a declarar apoio a Dilma Rousseff, o que significará, então, o endosso ao “roçado de escândalos”, segundo expressão sua, que une o PT ao PMDB… Seria uma boa forma de ele dilapidar os 8% que lhe restam de reconhecimento do eleitorado brasileiro…
Talvez, dado o andamento da coisa, acabasse lhe ficando bem a neutralidade, já que acredita que o desfecho eleitoral que aí está obedece a uma espécie de urdidura conspiratória. E qual lição pode ter aprendido? Esta:
“NEM SEMPRE O INIMIGO DO MEU INIMIGO É MEU AMIGO!” No caso, pode até ser meu pior inimigo. Romper com o PSDB fez Ciro parecer maior do que era. Aliar-se ao PT o tornou menor do que efetivamente era.
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sábado, 27 de março de 2010
360) Campanha milionaria: PT Inc. (and Bahamas...)
O kit da candidata e um luxo
Diego Escosteguy
Revista Veja, edição 2158 - 31 de março de 2010
Jatinho, mansões, assessores e salário, tudo pago pelo PT, esperam Dilma Rousseff quando a campanha decolar.
Partido rico é outra coisa...
LOGÍSTICA
A pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, viajará de jatinho e ganhará salário: quem assina o cheque é Vaccari
A petista Dilma Rousseff sairá a pé do Palácio do Planalto nesta quarta-feira para percorrer a jornada eleitoral que, daqui a nove meses, poderá conduzi-la de volta ao poder pelo elevador privativo que leva ao gabinete do presidente da República. Dilma deixará o cargo de ministra da Casa Civil para se consagrar exclusivamente à pré-campanha, que dura até o fim de junho, quando a lei eleitoral estabelece o início oficial do pleito presidencial. O PT montou uma estrutura de primeira linha para a ministra. Ela receberá salário, contará com cinco assessores, voará de jatinho e vai se hospedar em uma confortável casa em Brasília (veja o quadro). Quem fechará esses contratos e pagará todas as despesas? Ele, o novo e já notório tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o homem que, segundo depoimentos em poder da Procuradoria-Geral da República colhidos durante o mensalão, cobrava propina de quem quisesse fechar negócios com os fundos de pensão das estatais – e que, de acordo com o promotor José Carlos Blat, participou dos desvios na Bancoop, a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo. À frente dos gastos com a pré-campanha petista, Vaccari por enquanto é o Delúbio Soares de Dilma. Pelo menos na prática.
Na semana passada, o tesoureiro deveria ter comparecido ao Congresso para prestar esclarecimentos sobre as acusações. Mas escapuliu. Argumentando que seu advogado estava em viagem ao exterior, Vaccari pediu que seu depoimento fosse adiado por duas semanas. Os senadores toparam. Na terça-feira, porém, os parlamentares da oposição puderam confirmar que a justificativa de Vaccari era apenas o que parecia ser mesmo – um álibi para tentar escapar da CPI. Coube ao líder do governo no Senado, o peemedebista Romero Jucá, investigado no Supremo Tribunal Federal por compra de votos, a tarefa de mostrar os dentes. Ele correu à comissão para levar recados ameaçadores. Jucá ensaiou apresentar requerimentos para convocar promotores que investigam ilegalidades cometidas por tucanos no Rio Grande do Sul e no Paraná – e também por democratas em Brasília. "Por mim, podem chamar quem eles quiserem", respondeu o senador tucano Alvaro Dias, autor da convocação de Vaccari. A tentativa de intimidação de Jucá falhou – por enquanto. O tesoureiro terá de depor.
Pressionado por colegas do PT, Vaccari admitiu a pelo menos três deles que realmente recebeu o corretor Lúcio Bolonha Funaro e o deputado Valdemar Costa Neto, réu no STF por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, para uma "conversa rápida", no fim de 2004 – conforme relatado pelo corretor ao Ministério Público Federal e revelado por VEJA. A esses interlocutores, contudo, Vaccari assegurou que, ao contrário do que afirmou Funaro, ali não se discutiram negociatas com os fundos de pensão nem se mencionou a necessidade de pagamento de propina para que as tratativas prosseguissem. O tesoureiro disse que deu detalhes da montagem de um fundo de pensão para os trabalhadores filiados à CUT, a Central Única dos Trabalhadores, aliada do PT, projeto que estaria sendo articulado por ele. Na conversa, jurou Vaccari, Valdemar apresentou Funaro e disse que ambos poderiam "trabalhar juntos" na captação de investimentos para esse fundo. Na versão dele, os três nunca mais se viram.

EXPLICAÇÕES
O tesoureiro do PT, João Vaccari: ele admitiu aos colegas que se encontrou com o corretor e o deputado mensaleiro
A explicação do tesoureiro é tão real quanto os prédios que a Bancoop deveria ter construído. Se Vaccari não tinha nada a ver com o caixa clandestino do PT, o que ele teria a tratar com um deputado poderoso como Valdemar e um corretor especializado em operações heterodoxas, ambos envolvidos com o mensalão? Funaro confessou aos procuradores sua participação no esquema entre 2005 e 2006 e incluiu Vaccari na lista de operadores do PT quando nem sequer havia motivos eleitorais para atingi-lo. O corretor só virou o único réu-colaborador no caso do mensalão porque produziu provas. Flagrado em qualquer mentira, perderia automaticamente os benefícios advindos da colaboração. Em 2006, o ministro Joaquim Barbosa, relator do caso no STF, determinou que as denúncias apresentadas por Funaro fossem compartilhadas com procuradores que investigavam a ramificação do mensalão nos fundos de pensão. A Procuradoria da República em Brasília ainda não revelou qual foi o desdobramento da acusação de que o novo tesoureiro petista cobrava 12% de propina para o caixa do partido. A acusação foi registrada em depoimento oficial. Não vai desaparecer.
Diego Escosteguy
Revista Veja, edição 2158 - 31 de março de 2010
Jatinho, mansões, assessores e salário, tudo pago pelo PT, esperam Dilma Rousseff quando a campanha decolar.
Partido rico é outra coisa...
LOGÍSTICA
A pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, viajará de jatinho e ganhará salário: quem assina o cheque é Vaccari
A petista Dilma Rousseff sairá a pé do Palácio do Planalto nesta quarta-feira para percorrer a jornada eleitoral que, daqui a nove meses, poderá conduzi-la de volta ao poder pelo elevador privativo que leva ao gabinete do presidente da República. Dilma deixará o cargo de ministra da Casa Civil para se consagrar exclusivamente à pré-campanha, que dura até o fim de junho, quando a lei eleitoral estabelece o início oficial do pleito presidencial. O PT montou uma estrutura de primeira linha para a ministra. Ela receberá salário, contará com cinco assessores, voará de jatinho e vai se hospedar em uma confortável casa em Brasília (veja o quadro). Quem fechará esses contratos e pagará todas as despesas? Ele, o novo e já notório tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o homem que, segundo depoimentos em poder da Procuradoria-Geral da República colhidos durante o mensalão, cobrava propina de quem quisesse fechar negócios com os fundos de pensão das estatais – e que, de acordo com o promotor José Carlos Blat, participou dos desvios na Bancoop, a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo. À frente dos gastos com a pré-campanha petista, Vaccari por enquanto é o Delúbio Soares de Dilma. Pelo menos na prática.
Na semana passada, o tesoureiro deveria ter comparecido ao Congresso para prestar esclarecimentos sobre as acusações. Mas escapuliu. Argumentando que seu advogado estava em viagem ao exterior, Vaccari pediu que seu depoimento fosse adiado por duas semanas. Os senadores toparam. Na terça-feira, porém, os parlamentares da oposição puderam confirmar que a justificativa de Vaccari era apenas o que parecia ser mesmo – um álibi para tentar escapar da CPI. Coube ao líder do governo no Senado, o peemedebista Romero Jucá, investigado no Supremo Tribunal Federal por compra de votos, a tarefa de mostrar os dentes. Ele correu à comissão para levar recados ameaçadores. Jucá ensaiou apresentar requerimentos para convocar promotores que investigam ilegalidades cometidas por tucanos no Rio Grande do Sul e no Paraná – e também por democratas em Brasília. "Por mim, podem chamar quem eles quiserem", respondeu o senador tucano Alvaro Dias, autor da convocação de Vaccari. A tentativa de intimidação de Jucá falhou – por enquanto. O tesoureiro terá de depor.
Pressionado por colegas do PT, Vaccari admitiu a pelo menos três deles que realmente recebeu o corretor Lúcio Bolonha Funaro e o deputado Valdemar Costa Neto, réu no STF por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, para uma "conversa rápida", no fim de 2004 – conforme relatado pelo corretor ao Ministério Público Federal e revelado por VEJA. A esses interlocutores, contudo, Vaccari assegurou que, ao contrário do que afirmou Funaro, ali não se discutiram negociatas com os fundos de pensão nem se mencionou a necessidade de pagamento de propina para que as tratativas prosseguissem. O tesoureiro disse que deu detalhes da montagem de um fundo de pensão para os trabalhadores filiados à CUT, a Central Única dos Trabalhadores, aliada do PT, projeto que estaria sendo articulado por ele. Na conversa, jurou Vaccari, Valdemar apresentou Funaro e disse que ambos poderiam "trabalhar juntos" na captação de investimentos para esse fundo. Na versão dele, os três nunca mais se viram.

EXPLICAÇÕES
O tesoureiro do PT, João Vaccari: ele admitiu aos colegas que se encontrou com o corretor e o deputado mensaleiro
A explicação do tesoureiro é tão real quanto os prédios que a Bancoop deveria ter construído. Se Vaccari não tinha nada a ver com o caixa clandestino do PT, o que ele teria a tratar com um deputado poderoso como Valdemar e um corretor especializado em operações heterodoxas, ambos envolvidos com o mensalão? Funaro confessou aos procuradores sua participação no esquema entre 2005 e 2006 e incluiu Vaccari na lista de operadores do PT quando nem sequer havia motivos eleitorais para atingi-lo. O corretor só virou o único réu-colaborador no caso do mensalão porque produziu provas. Flagrado em qualquer mentira, perderia automaticamente os benefícios advindos da colaboração. Em 2006, o ministro Joaquim Barbosa, relator do caso no STF, determinou que as denúncias apresentadas por Funaro fossem compartilhadas com procuradores que investigavam a ramificação do mensalão nos fundos de pensão. A Procuradoria da República em Brasília ainda não revelou qual foi o desdobramento da acusação de que o novo tesoureiro petista cobrava 12% de propina para o caixa do partido. A acusação foi registrada em depoimento oficial. Não vai desaparecer.
sábado, 13 de março de 2010
353) Escandalo da Cooperativa do PT - corrupcao da grossa (Veja)
Acredito que vá fazer parte da campanha eleitoral, daí a transcrição aqui:
BOMBA: A CONEXÃO BANCOOP/MENSALÃO
Veja, Sábado, Março 13, 2010
Aqui a íntegra da CARTA AO LEITOR da revista Veja que foi às bancas neste sábado. Explica a reportagem de capa da revista que encontrou o elo perdido do famigerado mensalão. No post abaixo transcrevo na íntegra a reportagem de Veja. Leiam:
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Os corruptos da política pegos em flagrante delito em todos os tempos e latitudes não costumam dar o braço a torcer facilmente. Reconhecer o erro e prontificar-se a ser punido nunca são, é óbvio, as opções escolhidas. A reação imediata deles é recorrer à combinação de características que, em grande parte, os levou a fazer sucesso na atividade. A saber: o dom da retórica, o poder de dissimulação, a forte autoestima, a noção de que as versões podem valer mais do que os fatos e a certeza maquiavélica de que se honra e honestidade regessem o mundo eles próprios não teriam chegado aonde chegaram.
A vida pública brasileira tem sido palco constante desses exercícios de cinismo. Isso vem se repetindo previsivelmente desde a semana passada, quando VEJA revelou que caminha para o desfecho o inquérito em que João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, cotado para a mesma função na campanha presidencial de Dilma Rousseff, é acusado de numerosos crimes – entre eles o desvio de dinheiro público e privado para a formação de caixa dois eleitoral.
Bastou a capa de VEJA chegar à casa dos assinantes e às bancas para que Vaccari e seus correligionários sacassem do bolso do colete as redondilhas já tornadas clássicas nos escândalos dos sete anos de governo petista. Diante das provas dos crimes compiladas pela promotoria e reveladas pela revista, os envolvidos saíram-se com as seguintes desculpas:
■ O assunto é velho e foi requentado.
■ A motivação é eleitoreira.
■ A culpa é da imprensa.
■ Nossos adversários fazem a mesma coisa.
■ No Brasil só se dá destaque a notícia ruim.
Doravante VEJA vai listar as desculpas dadas por corruptos pegos com a boca na botija nas categorias acima. A revista convida os leitores que encontrarem outras dessas pérolas a compartilhar seus achados no site VEJA.com.
Postado por Aluizio Amorim às 3/13/2010 03:17:00 AM 0 comentários Links para esta postagem
REPORTAGEM BOMBA DE VEJA NA ÍNTEGRA!
BRASIL
O pedágio do PT
Além de desviar dinheiro da Bancoop, o tesoureiro do partido arrecadava dinheiro para o caixa do mensalão cobrando propina
Alexandre Oltramari e Diego Escosteguy
O novo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, é uma peça mais fundamental do que parece nos esquemas de arrecadação financeira do partido. Investigado pelo promotor José Carlos Blat por suspeita de estelionato, apropriação indébita, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha no caso dos desvios da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), Vaccari é também personagem, ainda oculto, do maior e mais escandaloso caso de corrupção da história recente do Brasil: o mensalão - o milionário esquema de desvio de dinheiro público usado para abastecer campanhas eleitorais do PT e corromper parlamentares no Congresso. O mensalão produziu quarenta réus ora em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Entre eles não está Vaccari. Ele parecia bagrinho no esquema. Pelo que se descobriu agora, é um peixão. Em 2003, enquanto cuidava das finanças da Bancoop, João Vaccari acumulava a função de administrador informal da relação entre o PT e os fundos de pensão das empresas estatais, bancos e corretoras. Ele tocava o negócio de uma maneira bem peculiar: cobrando propina. Propina que podia ser de 6%, de 10% ou até de 15%, dependendo do cliente e do tamanho do negócio. Uma investigação sigilosa da Procuradoria-Geral da República revela, porém, que 12% era o número mágico para o tesoureiro - o porcentual do pedágio que ele fixava como comissão para quem estivesse interessado em se associar ao partido para saquear os cofres públicos.
Fotos Celso Junior/AE e Eliária Andrade/Ag. O Globo
"Ele (Vaccari) chamava o Delúbio de 'professor'. É homem do Zé Dirceu. Faz as operações com fundos grandes - Previ, Funcef, Petros..."
Corretor Lúcio Funaro, em depoimento ao MP
CAPO
José Dirceu tinha Delúbio Soares (à dir.) e Vaccari como arrecadadores para o mensalão. O tesoureiro atual do PT cuidava dos fundos de pensão
A revelação do elo de João Vaccari com o escândalo que produziu um terremoto no governo federal está em uma série de depoimentos prestados pelo corretor Lúcio Bolonha Funaro, considerado um dos maiores especialistas em cometer fraudes financeiras do país. Em 2005, na iminência de ser denunciado como um dos réus do processo do mensalão, Funaro fez um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. Em troca de perdão judicial para seus crimes, o corretor entregou aos investigadores nomes, valores, datas e documentos bancários que incriminam, em especial, o deputado paulista Valdemar Costa Neto, do PR, réu no STF por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Em um dos depoimentos, ao qual VEJA teve acesso, Lúcio Funaro também forneceu detalhes inéditos e devastadores da maneira como os petistas canalizavam dinheiro para o caixa clandestino do PT. Apresentou, inclusive, o nome do que pode vir a ser o 41º réu do processo que apura o mensalão - o tesoureiro João Vaccari Neto. "Ele (Vaccari) cobra 12% de comissão para o partido", disse o corretor em um relato gravado pelos procuradores. Em cinco depoimentos ao Ministério Público Federal que se seguiram, Funaro forneceu outras informações comprometedoras sobre o trabalho do tesoureiro encarregado de cuidar das finanças do PT:
"Rural, BMG, Santos... Tirando os bancos grandes, quase todos têm negócio com eles."
Corretor Lúcio Funaro, em depoimento ao MP
• Entre 2003 e 2004, no auge do mensalão, João Vaccari Neto era o responsável pelo recolhimento de propina entre interessados em fazer negócios com os fundos de pensão de empresas estatais no mercado financeiro.
• O tesoureiro concentrava suas ações e direcionava os investimentos de cinco fundos - Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica), Nucleos (Nuclebrás), Petros (Petrobras) e Eletros (Eletrobrás) -, cujos patrimônios, somados, chegam a 190 bilhões de reais.
• A propina que ele cobrava variava entre 6% e 15%, dependendo do tipo de investimento, do valor do negócio e do prazo.
• O dinheiro da propina era carreado para o caixa clandestino do PT, usado para financiar as campanhas do partido e subornar parlamentares.
• João Vaccari agia em parceria com o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares e sob o comando do ex-ministro José Dirceu, réu no STF sob a acusação de chefiar o bando dos quarenta.
Fotos Lula Marques/Folha Imagem e Celso Junior/AE
O PATROCINADOR
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, indicou Vaccari para tesoureiro do partido na campanha presidencial da ministra Dilma Rousseff, embora dirigentes da sigla tenham tentado vetar o nome do sindicalista, por ele ter "telhado de vidro"
Lúcio Funaro contou aos investigadores o que viu, ouviu e como participou. Os destinos de ambos, Funaro e Vaccari, se cruzaram nas trilhas subterrâneas do mensalão. Eram os últimos meses de 2004, tempos prósperos para as negociatas da turma petista liderada por José Dirceu e Delúbio Soares. As agências de publicidade de Marcos Valério, o outro ponta de lança do esquema, recebiam milhões de estatais e ministérios - e o BMG e o Rural, os bancos que financiavam a compra do Congresso, faturavam fortunas com os fundos de pensão controlados por tarefeiros do PT. Naquele momento, Funaro mantinha uma relação lucrativa com Valdemar Costa Neto. Na campanha de 2002, o corretor emprestara ao deputado 3 milhões de reais, em dinheiro vivo. Pela lógica que preside o sistema político brasileiro, Valdemar passou a dever-lhe 3 milhões de favores. O deputado, segundo o relato do corretor, foi cobrar esses favores do PT. É a partir daí que começa a funcionar a engrenagem clandestina de fabricação de dinheiro. O deputado detinha os contatos políticos; o corretor, a tecnologia financeira para viabilizar grandes negociatas. Combinação perfeita, mas que, para funcionar, carecia de um sinal verde de quem tinha o comando da máquina. Valdemar procurou, então, Delúbio Soares, lembrou-lhe a ajuda que ele dera à campanha de Lula e pediu, digamos, oportunidades. De acordo com o relato do corretor, Delúbio indicou João Vaccari para abrir-lhe algumas portas.
Para marcar a primeira conversa com Vaccari, Funaro ligou para o celular do sindicalista. O encontro, com a presença do deputado Costa Neto, deu-se na sede da Bancoop em São Paulo, na Rua Líbero Badaró. Na conversa, Vaccari contou que cabia a ele intermediar operações junto aos maiores fundos de pensão - desde que o interessado pagasse um "porcentual para o partido (PT)", taxa que variava entre 6% e 15%, dependendo do tipo de negócio, dos valores envolvidos e do prazo. E foi didático: Funaro e Valdemar deveriam conseguir um parceiro e uma proposta de investimento. Em seguida, ele se encarregaria de determinar qual fundo de pensão se encaixaria na operação desejada. O tesoureiro adiantou que seria mais fácil obter negociatas na Petros ou na Funcef. Referindo-se a Delúbio sempre como "professor", Vaccari explicou que o PT havia dividido o comando das operações dos fundos de pensão. O petista Marcelo Sereno, à época assessor da Presidência da República, cuidava dos fundos pequenos. Ele, Vaccari, cuidava dos grandes. O porcentual cobrado pelo partido, entre 6% e 15%, variava de acordo com o tipo do negócio. Para investimentos em títulos de bancos, os chamados CDBs, nicho em que o corretor estava interessado, a "comissão" seria de 12%. Funaro registrou a proposta na memória, despediu-se de Vaccari e foi embora acompanhado de Costa Neto.
Donos de uma fortuna equivalente à dos Emirados Árabes, os fundos de pensão de estatais são alvo da cobiça dos políticos desonestos graças à facilidade com que operadores astutos, como Funaro, conseguem desviar grandes somas dando às operações uma falsa aparência de prejuízos naturais impostos por quem se arrisca no mercado financeiro. A CPI dos Correios, que investigou o mensalão em 2006, demonstrou isso de maneira cabal. Com a ajuda de técnicos, a comissão constatou que os fundos foram saqueados em operações fraudulentas que beneficiavam as mesmas pessoas que abasteciam o mensalão. Funaro chegou a insinuar a participação de João Vaccari no esquema em depoimento à CPI, em março de 2006. Disse que Vaccari era operador do PT em fundos de pensão, mas que, por ter sabido disso por meio de boatos no mercado financeiro, não poderia se estender sobre o assunto. Sabe-se, agora, que, na ocasião, ele contou apenas uma minúscula parte da história.
A história completa já havia começado a ser narrada sete meses antes a um grupo de procuradores da República do Paraná. Em agosto de 2005, emparedado pelo Ministério Público Federal por causa de remessas ilegais de 2 milhões de dólares ao exterior, Funaro propôs delatar o esquema petista em troca de perdão judicial. "Vou dar a vocês o cara do Zé Dirceu. O Marcelo Sereno faz operação conta-gotas que enche a caixa-d'água todo dia para financiar operações diárias. Mas esse outro aqui, ó, o nome dele nunca saiu em lugar nenhum. Ele faz as coisas mais volumosas", disse Funaro, enquanto escrevia o nome "Vaccari", em uma folha branca, no alto de um organograma. Um dos procuradores quis saber como o PT desviava dinheiro dos fundos. "Tiram dinheiro muito fácil. Rural, BMG, Santos... Tirando os bancos grandes, quase todos têm negócio com ele", disse. O corretor explicou aos investigadores que se cobrava propina sobre todo e qualquer investimento. "Sempre que um fundo compra CDBs de um banco, tem de pagar comissão a eles (PT)", explicou. "Vou dar provas documentais. Ligo para ele (Vaccari) e vocês gravam. Depois, é só ver se o fundo de pensão comprou ou não os CDBs do banco."
O depoimento de Funaro foi enviado a Brasília em dezembro de 2005, e o STF aceitou transformá-lo formalmente em réu colaborador da Justiça. Parte das informações passadas foi usada para fundamentar a denúncia do mensalão. A outra parte, que inclui o relato sobre Vaccari, ainda é guardada sob sigilo. VEJA não conseguiu descobrir se Funaro efetivamente gravou conversas com o tesoureiro petista, mas sua ajuda em relação aos fundos foi decisiva. Entre 2003 e 2004, os três bancos citados pelo corretor - BMG, Rural e Santos - receberam 600 milhões de reais dos fundos de pensão controlados pelo PT. Apenas os cinco fundos sob a influência do tesoureiro aplicaram 182 milhões de reais em títulos do Rural e do BMG, os principais financiadores do mensalão, em 2004. É um volume 600% maior que o do ano anterior e 1 650% maior que o de 2002, antes de o PT chegar ao governo. As investigações da polícia revelaram que os dois bancos "emprestaram" 55 milhões de reais ao PT. É o equivalente a 14,1% do que receberam em investimentos - portanto, dentro da margem de propina que Funaro acusa o partido de cobrar (entre 6% e 15%). Mas, para os petistas, isso deve ser somente uma coincidência...
Desde que começou a negociar a delação premiada com a Justiça, Funaro prestou quatro depoimentos sigilosos em Brasília. O segredo em torno desses depoimentos é tamanho que Funaro guarda cópia deles num cofre no Uruguai. "Se algo acontecer comigo, esse material virá a público e a República cairá", ele disse a amigos. Hoje, aos 35 anos, Funaro, formado em economia e considerado até por seus desafetos um gênio do mundo financeiro, é um dos mais ricos e ladinos investidores do país. Sabe, talvez como ninguém no Brasil, tirar proveito das brechas na bolsa de valores para ganhar dinheiro em operações tão incompreensíveis quanto lucrativas. O corretor relatou ao Ministério Público que teve um segundo encontro com Vaccari, sempre seguindo orientação do "professor Delúbio", no qual discutiu um possível negócio com a Funcef, mas não forneceu mais detalhes nem admitiu se as tratativas deram certo.
VEJA checou os extratos telefônicos de Delúbio remetidos à CPI dos Correios e descobriu catorze ligações feitas pelo "professor" a Vaccari no mesmo período em que se davam as negociações entre Funaro e o guardião dos fundos de pensão. O que o então tesoureiro do PT tinha tanto a conversar com o dirigente da cooperativa? É possível que Funaro tenha mentido sobre os encontros com Vaccari? Em tese, sim. Pode haver motivos desconhecidos para isso. Trata-se, contudo, de uma hipótese remotíssima. Quando fez essas confissões aos procuradores, Vaccari parecia ser um personagem menor do submundo petista. "Os procuradores só queriam saber do Valdemar, e isso já lhes dava trabalho suficiente", revelou Funaro a amigos, no ano passado. As investigações que se seguiram demonstraram que Funaro dizia a verdade. Seus depoimentos, portanto, ganharam em credibilidade. Foram aceitos pela criteriosa Procuradoria-Geral da República como provas fundamentais para incriminar a quadrilha do mensalão. Muitos tentaram, inclusive o lobista Marcos Valério, mas apenas Funaro virou réu-colaborador nesse caso. Isso significa que ele apresentou provas documentais do que disse, não mentiu aos procuradores e, sobretudo, continua à disposição do STF para ajudar nas investigações. Em contrapartida, receberá uma pena mais branda no fim do processo - ou será inocentado.
Durante a semana, Vaccari empenhou-se em declarar que, no caso Bancoop, ele e outros dirigentes da cooperativa são inocentes e que culpados são seus acusadores e suas vítimas. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o tesoureiro do PT disse que o MP agiu "para sacanear" e que os 31 milhões de reais sacados na boca do caixa pela Bancoop teriam sido "movimentações interbancárias". Os documentos resultantes da quebra do sigilo bancário da entidade mostram coisa diferente. Entre os cheques emitidos pela Bancoop para ela mesma ou para seu banco, o Bradesco, "a imensa maioria", segundo o MP, continha o código "SQ21" - que quer dizer saque. Algumas vezes aparecia a própria palavra escrita no verso (veja reproduções). Se, a partir daí, o dinheiro sacado foi colocado em uma mala, usado para fazer pagamentos, ou depositado em outras contas, não se sabe. A maioria dos cheques nominais ao banco (que também permitem movimentação na boca do caixa) não continha informações suficientes para permitir a reconstituição do seu percurso, afirma o promotor Blat. "De toda forma, fica evidente que se tratou de uma manobra para dificultar ou evitar o rastreamento do dinheiro", diz ele.
Na tentativa de inocentar-se, o tesoureiro do PT distribuiu culpas. Segundo ele, os problemas de caixa da cooperativa se deveram ao comportamento de cooperados que sabiam que os preços iniciais dos imóveis eram "estimados" e "não quiseram pagar" a diferença depois que foram constatados "erros de cálculo" nas estimativas. Ele só omitiu que, em muitos casos, os "erros de cálculo" chegaram a valores correspondentes a 50% do preço inicial do apartamento. Negar evidências e omitir fraudes. Essa é a lei da selva na política. Até quando?
Cheques à moda petista
VEJA obteve imagens de cheques que mostram a suspeitíssima movimentação bancária da Bancoop. O primeiro, no valor de 50 000 reais, além de exibir a palavra "saque" no verso, traz o código SQ21, que tem o mesmo significado (saque) e se repete na maioria dos cheques emitidos pela Bancoop para ela mesma. O segundo destina-se à empresa Caso Sistemas de Segurança, do "aloprado" Freud Godoy, e pertence a uma série que até agora já soma 1,5 milhão de reais. O terceiro mostra repasse da Germany para o PT, em ano de eleição. A Germany, empresa de ex-dirigentes da Bancoop, tinha como único cliente a própria cooperativa
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Empreitadas-fantasma
Fernando Schneider
"Entre 2001 e 2004, eu dei 15 000 reais em notas frias à Bancoop. Diziam com todas as letras que o dinheiro era para as campanhas do Lula e da Marta."
Empreiteiro "João", que prestou serviços à Bancoop
Um empreiteiro de 46 anos que prestou serviços à Bancoop por dez anos repetiu à repórter Laura Diniz as acusações que passou oficialmente ao promotor do caso Bancoop. O empreiteiro conta como emitiu notas frias a pedido dos diretores da cooperativa, e ouviu que o dinheiro desviado seria destinado às campanhas de Lula à Presidência, em 2002, e de Marta Suplicy à prefeitura de São Paulo, em 2004
Qual foi a primeira vez que a Bancoop pediu notas frias ao senhor?
Quando o Lula era candidato a presidente. O Ricardo (o engenheiro Ricardo Luiz do Carmo, responsável pelas construções da Bancoop) dizia que eram para a campanha. Nunca me forçaram a nada, mas, se você não fizesse isso, se queimava. A primeira nota fria que dei foi de 2 000 reais por um serviço que não fiz em um prédio no Jabaquara. A Bancoop precisava assinar a nota para liberar o pagamento. Quando era fria, liberavam de um dia para o outro. Notas normais demoravam de dez a quinze dias para sair.
Quantas notas frias o senhor deu?
Entre 2001 e 2004, dei 15 000 reais em notas frias à Bancoop. Isso, só eu. Em 2004, havia pelo menos uns 150 empreiteiros trabalhando para a cooperativa. Eles diziam com todas as letras que o dinheiro era para as campanhas do Lula e da Marta e ainda pediam para votar no Lula. Falavam que se ele ganhasse teríamos serviço para a vida inteira. Até disse aos meus empregados para votar nele.
O que o senhor sabe sobre a Germany?
Sei que eles ganharam muito dinheiro. Um dia, ouvi o Luiz Malheiro, o Alessandro Bernardino e o Marcelo Rinaldi (donos da Germany e dirigentes da Bancoop) festejando porque o lucro do mês era de 500 000 reais. Eles estavam bebendo uísque e comemorando num dia à tarde, na sede da Bancoop.
Mais vítimas da Bancoop
Fotos Fernando Schneider
"SE EU PAGAR MAIS, NÃO COMO"
"Eu e meu marido já colocamos todas as nossas economias no apartamento que compramos da Bancoop, mas as cobranças adicionais nunca param de chegar. Já gastamos 90 000 reais, eles querem mais 40 000. Paramos de pagar. Se pagar, não como. Eu me sinto revoltada e humilhada. Tenho muito medo de perder tudo."
Tânia Santos Rosa, 38 anos, ex-bancária
"TENHO 68 ANOS E MORO DE FAVOR"
"Comprei um apartamento em São Paulo, paguei os 78 000 do contrato, mas só ergueram duas das três torres prometidas. A minha parou no meio. Eles queriam mais 30 000 reais, mas eu não tinha mais de onde tirar dinheiro. Queria jogar uma bomba na Bancoop. Hoje, ainda moro de favor na casa da minha sogra, para escapar do aluguel."
Clóvis Pardo, 68 anos, aposentado
"VOU RECLAMAR PARA O LULA?"
"Comprei um apartamento da Bancoop em 2001 e ele nunca saiu do chão. Quitei tudo, os 65 000 reais, mas não tenho esperança de ver o prédio de pé. Queria o dinheiro de volta, mas acho que ele já foi todo gasto em campanhas do PT. Não tenho mais um centavo na poupança e ainda moro de aluguel. O que eu posso fazer? Reclamar para o Lula?"
Alda Cabral Ramos, 58 anos, representante comercial
BOMBA: A CONEXÃO BANCOOP/MENSALÃO
Veja, Sábado, Março 13, 2010
Aqui a íntegra da CARTA AO LEITOR da revista Veja que foi às bancas neste sábado. Explica a reportagem de capa da revista que encontrou o elo perdido do famigerado mensalão. No post abaixo transcrevo na íntegra a reportagem de Veja. Leiam:
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Os corruptos da política pegos em flagrante delito em todos os tempos e latitudes não costumam dar o braço a torcer facilmente. Reconhecer o erro e prontificar-se a ser punido nunca são, é óbvio, as opções escolhidas. A reação imediata deles é recorrer à combinação de características que, em grande parte, os levou a fazer sucesso na atividade. A saber: o dom da retórica, o poder de dissimulação, a forte autoestima, a noção de que as versões podem valer mais do que os fatos e a certeza maquiavélica de que se honra e honestidade regessem o mundo eles próprios não teriam chegado aonde chegaram.
A vida pública brasileira tem sido palco constante desses exercícios de cinismo. Isso vem se repetindo previsivelmente desde a semana passada, quando VEJA revelou que caminha para o desfecho o inquérito em que João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, cotado para a mesma função na campanha presidencial de Dilma Rousseff, é acusado de numerosos crimes – entre eles o desvio de dinheiro público e privado para a formação de caixa dois eleitoral.
Bastou a capa de VEJA chegar à casa dos assinantes e às bancas para que Vaccari e seus correligionários sacassem do bolso do colete as redondilhas já tornadas clássicas nos escândalos dos sete anos de governo petista. Diante das provas dos crimes compiladas pela promotoria e reveladas pela revista, os envolvidos saíram-se com as seguintes desculpas:
■ O assunto é velho e foi requentado.
■ A motivação é eleitoreira.
■ A culpa é da imprensa.
■ Nossos adversários fazem a mesma coisa.
■ No Brasil só se dá destaque a notícia ruim.
Doravante VEJA vai listar as desculpas dadas por corruptos pegos com a boca na botija nas categorias acima. A revista convida os leitores que encontrarem outras dessas pérolas a compartilhar seus achados no site VEJA.com.
Postado por Aluizio Amorim às 3/13/2010 03:17:00 AM 0 comentários Links para esta postagem
REPORTAGEM BOMBA DE VEJA NA ÍNTEGRA!
BRASIL
O pedágio do PT
Além de desviar dinheiro da Bancoop, o tesoureiro do partido arrecadava dinheiro para o caixa do mensalão cobrando propina
Alexandre Oltramari e Diego Escosteguy
O novo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, é uma peça mais fundamental do que parece nos esquemas de arrecadação financeira do partido. Investigado pelo promotor José Carlos Blat por suspeita de estelionato, apropriação indébita, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha no caso dos desvios da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), Vaccari é também personagem, ainda oculto, do maior e mais escandaloso caso de corrupção da história recente do Brasil: o mensalão - o milionário esquema de desvio de dinheiro público usado para abastecer campanhas eleitorais do PT e corromper parlamentares no Congresso. O mensalão produziu quarenta réus ora em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Entre eles não está Vaccari. Ele parecia bagrinho no esquema. Pelo que se descobriu agora, é um peixão. Em 2003, enquanto cuidava das finanças da Bancoop, João Vaccari acumulava a função de administrador informal da relação entre o PT e os fundos de pensão das empresas estatais, bancos e corretoras. Ele tocava o negócio de uma maneira bem peculiar: cobrando propina. Propina que podia ser de 6%, de 10% ou até de 15%, dependendo do cliente e do tamanho do negócio. Uma investigação sigilosa da Procuradoria-Geral da República revela, porém, que 12% era o número mágico para o tesoureiro - o porcentual do pedágio que ele fixava como comissão para quem estivesse interessado em se associar ao partido para saquear os cofres públicos.
Fotos Celso Junior/AE e Eliária Andrade/Ag. O Globo
"Ele (Vaccari) chamava o Delúbio de 'professor'. É homem do Zé Dirceu. Faz as operações com fundos grandes - Previ, Funcef, Petros..."
Corretor Lúcio Funaro, em depoimento ao MP
CAPO
José Dirceu tinha Delúbio Soares (à dir.) e Vaccari como arrecadadores para o mensalão. O tesoureiro atual do PT cuidava dos fundos de pensão
A revelação do elo de João Vaccari com o escândalo que produziu um terremoto no governo federal está em uma série de depoimentos prestados pelo corretor Lúcio Bolonha Funaro, considerado um dos maiores especialistas em cometer fraudes financeiras do país. Em 2005, na iminência de ser denunciado como um dos réus do processo do mensalão, Funaro fez um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. Em troca de perdão judicial para seus crimes, o corretor entregou aos investigadores nomes, valores, datas e documentos bancários que incriminam, em especial, o deputado paulista Valdemar Costa Neto, do PR, réu no STF por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Em um dos depoimentos, ao qual VEJA teve acesso, Lúcio Funaro também forneceu detalhes inéditos e devastadores da maneira como os petistas canalizavam dinheiro para o caixa clandestino do PT. Apresentou, inclusive, o nome do que pode vir a ser o 41º réu do processo que apura o mensalão - o tesoureiro João Vaccari Neto. "Ele (Vaccari) cobra 12% de comissão para o partido", disse o corretor em um relato gravado pelos procuradores. Em cinco depoimentos ao Ministério Público Federal que se seguiram, Funaro forneceu outras informações comprometedoras sobre o trabalho do tesoureiro encarregado de cuidar das finanças do PT:
"Rural, BMG, Santos... Tirando os bancos grandes, quase todos têm negócio com eles."
Corretor Lúcio Funaro, em depoimento ao MP
• Entre 2003 e 2004, no auge do mensalão, João Vaccari Neto era o responsável pelo recolhimento de propina entre interessados em fazer negócios com os fundos de pensão de empresas estatais no mercado financeiro.
• O tesoureiro concentrava suas ações e direcionava os investimentos de cinco fundos - Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica), Nucleos (Nuclebrás), Petros (Petrobras) e Eletros (Eletrobrás) -, cujos patrimônios, somados, chegam a 190 bilhões de reais.
• A propina que ele cobrava variava entre 6% e 15%, dependendo do tipo de investimento, do valor do negócio e do prazo.
• O dinheiro da propina era carreado para o caixa clandestino do PT, usado para financiar as campanhas do partido e subornar parlamentares.
• João Vaccari agia em parceria com o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares e sob o comando do ex-ministro José Dirceu, réu no STF sob a acusação de chefiar o bando dos quarenta.
Fotos Lula Marques/Folha Imagem e Celso Junior/AE
O PATROCINADOR
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, indicou Vaccari para tesoureiro do partido na campanha presidencial da ministra Dilma Rousseff, embora dirigentes da sigla tenham tentado vetar o nome do sindicalista, por ele ter "telhado de vidro"
Lúcio Funaro contou aos investigadores o que viu, ouviu e como participou. Os destinos de ambos, Funaro e Vaccari, se cruzaram nas trilhas subterrâneas do mensalão. Eram os últimos meses de 2004, tempos prósperos para as negociatas da turma petista liderada por José Dirceu e Delúbio Soares. As agências de publicidade de Marcos Valério, o outro ponta de lança do esquema, recebiam milhões de estatais e ministérios - e o BMG e o Rural, os bancos que financiavam a compra do Congresso, faturavam fortunas com os fundos de pensão controlados por tarefeiros do PT. Naquele momento, Funaro mantinha uma relação lucrativa com Valdemar Costa Neto. Na campanha de 2002, o corretor emprestara ao deputado 3 milhões de reais, em dinheiro vivo. Pela lógica que preside o sistema político brasileiro, Valdemar passou a dever-lhe 3 milhões de favores. O deputado, segundo o relato do corretor, foi cobrar esses favores do PT. É a partir daí que começa a funcionar a engrenagem clandestina de fabricação de dinheiro. O deputado detinha os contatos políticos; o corretor, a tecnologia financeira para viabilizar grandes negociatas. Combinação perfeita, mas que, para funcionar, carecia de um sinal verde de quem tinha o comando da máquina. Valdemar procurou, então, Delúbio Soares, lembrou-lhe a ajuda que ele dera à campanha de Lula e pediu, digamos, oportunidades. De acordo com o relato do corretor, Delúbio indicou João Vaccari para abrir-lhe algumas portas.
Para marcar a primeira conversa com Vaccari, Funaro ligou para o celular do sindicalista. O encontro, com a presença do deputado Costa Neto, deu-se na sede da Bancoop em São Paulo, na Rua Líbero Badaró. Na conversa, Vaccari contou que cabia a ele intermediar operações junto aos maiores fundos de pensão - desde que o interessado pagasse um "porcentual para o partido (PT)", taxa que variava entre 6% e 15%, dependendo do tipo de negócio, dos valores envolvidos e do prazo. E foi didático: Funaro e Valdemar deveriam conseguir um parceiro e uma proposta de investimento. Em seguida, ele se encarregaria de determinar qual fundo de pensão se encaixaria na operação desejada. O tesoureiro adiantou que seria mais fácil obter negociatas na Petros ou na Funcef. Referindo-se a Delúbio sempre como "professor", Vaccari explicou que o PT havia dividido o comando das operações dos fundos de pensão. O petista Marcelo Sereno, à época assessor da Presidência da República, cuidava dos fundos pequenos. Ele, Vaccari, cuidava dos grandes. O porcentual cobrado pelo partido, entre 6% e 15%, variava de acordo com o tipo do negócio. Para investimentos em títulos de bancos, os chamados CDBs, nicho em que o corretor estava interessado, a "comissão" seria de 12%. Funaro registrou a proposta na memória, despediu-se de Vaccari e foi embora acompanhado de Costa Neto.
Donos de uma fortuna equivalente à dos Emirados Árabes, os fundos de pensão de estatais são alvo da cobiça dos políticos desonestos graças à facilidade com que operadores astutos, como Funaro, conseguem desviar grandes somas dando às operações uma falsa aparência de prejuízos naturais impostos por quem se arrisca no mercado financeiro. A CPI dos Correios, que investigou o mensalão em 2006, demonstrou isso de maneira cabal. Com a ajuda de técnicos, a comissão constatou que os fundos foram saqueados em operações fraudulentas que beneficiavam as mesmas pessoas que abasteciam o mensalão. Funaro chegou a insinuar a participação de João Vaccari no esquema em depoimento à CPI, em março de 2006. Disse que Vaccari era operador do PT em fundos de pensão, mas que, por ter sabido disso por meio de boatos no mercado financeiro, não poderia se estender sobre o assunto. Sabe-se, agora, que, na ocasião, ele contou apenas uma minúscula parte da história.
A história completa já havia começado a ser narrada sete meses antes a um grupo de procuradores da República do Paraná. Em agosto de 2005, emparedado pelo Ministério Público Federal por causa de remessas ilegais de 2 milhões de dólares ao exterior, Funaro propôs delatar o esquema petista em troca de perdão judicial. "Vou dar a vocês o cara do Zé Dirceu. O Marcelo Sereno faz operação conta-gotas que enche a caixa-d'água todo dia para financiar operações diárias. Mas esse outro aqui, ó, o nome dele nunca saiu em lugar nenhum. Ele faz as coisas mais volumosas", disse Funaro, enquanto escrevia o nome "Vaccari", em uma folha branca, no alto de um organograma. Um dos procuradores quis saber como o PT desviava dinheiro dos fundos. "Tiram dinheiro muito fácil. Rural, BMG, Santos... Tirando os bancos grandes, quase todos têm negócio com ele", disse. O corretor explicou aos investigadores que se cobrava propina sobre todo e qualquer investimento. "Sempre que um fundo compra CDBs de um banco, tem de pagar comissão a eles (PT)", explicou. "Vou dar provas documentais. Ligo para ele (Vaccari) e vocês gravam. Depois, é só ver se o fundo de pensão comprou ou não os CDBs do banco."
O depoimento de Funaro foi enviado a Brasília em dezembro de 2005, e o STF aceitou transformá-lo formalmente em réu colaborador da Justiça. Parte das informações passadas foi usada para fundamentar a denúncia do mensalão. A outra parte, que inclui o relato sobre Vaccari, ainda é guardada sob sigilo. VEJA não conseguiu descobrir se Funaro efetivamente gravou conversas com o tesoureiro petista, mas sua ajuda em relação aos fundos foi decisiva. Entre 2003 e 2004, os três bancos citados pelo corretor - BMG, Rural e Santos - receberam 600 milhões de reais dos fundos de pensão controlados pelo PT. Apenas os cinco fundos sob a influência do tesoureiro aplicaram 182 milhões de reais em títulos do Rural e do BMG, os principais financiadores do mensalão, em 2004. É um volume 600% maior que o do ano anterior e 1 650% maior que o de 2002, antes de o PT chegar ao governo. As investigações da polícia revelaram que os dois bancos "emprestaram" 55 milhões de reais ao PT. É o equivalente a 14,1% do que receberam em investimentos - portanto, dentro da margem de propina que Funaro acusa o partido de cobrar (entre 6% e 15%). Mas, para os petistas, isso deve ser somente uma coincidência...
Desde que começou a negociar a delação premiada com a Justiça, Funaro prestou quatro depoimentos sigilosos em Brasília. O segredo em torno desses depoimentos é tamanho que Funaro guarda cópia deles num cofre no Uruguai. "Se algo acontecer comigo, esse material virá a público e a República cairá", ele disse a amigos. Hoje, aos 35 anos, Funaro, formado em economia e considerado até por seus desafetos um gênio do mundo financeiro, é um dos mais ricos e ladinos investidores do país. Sabe, talvez como ninguém no Brasil, tirar proveito das brechas na bolsa de valores para ganhar dinheiro em operações tão incompreensíveis quanto lucrativas. O corretor relatou ao Ministério Público que teve um segundo encontro com Vaccari, sempre seguindo orientação do "professor Delúbio", no qual discutiu um possível negócio com a Funcef, mas não forneceu mais detalhes nem admitiu se as tratativas deram certo.
VEJA checou os extratos telefônicos de Delúbio remetidos à CPI dos Correios e descobriu catorze ligações feitas pelo "professor" a Vaccari no mesmo período em que se davam as negociações entre Funaro e o guardião dos fundos de pensão. O que o então tesoureiro do PT tinha tanto a conversar com o dirigente da cooperativa? É possível que Funaro tenha mentido sobre os encontros com Vaccari? Em tese, sim. Pode haver motivos desconhecidos para isso. Trata-se, contudo, de uma hipótese remotíssima. Quando fez essas confissões aos procuradores, Vaccari parecia ser um personagem menor do submundo petista. "Os procuradores só queriam saber do Valdemar, e isso já lhes dava trabalho suficiente", revelou Funaro a amigos, no ano passado. As investigações que se seguiram demonstraram que Funaro dizia a verdade. Seus depoimentos, portanto, ganharam em credibilidade. Foram aceitos pela criteriosa Procuradoria-Geral da República como provas fundamentais para incriminar a quadrilha do mensalão. Muitos tentaram, inclusive o lobista Marcos Valério, mas apenas Funaro virou réu-colaborador nesse caso. Isso significa que ele apresentou provas documentais do que disse, não mentiu aos procuradores e, sobretudo, continua à disposição do STF para ajudar nas investigações. Em contrapartida, receberá uma pena mais branda no fim do processo - ou será inocentado.
Durante a semana, Vaccari empenhou-se em declarar que, no caso Bancoop, ele e outros dirigentes da cooperativa são inocentes e que culpados são seus acusadores e suas vítimas. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o tesoureiro do PT disse que o MP agiu "para sacanear" e que os 31 milhões de reais sacados na boca do caixa pela Bancoop teriam sido "movimentações interbancárias". Os documentos resultantes da quebra do sigilo bancário da entidade mostram coisa diferente. Entre os cheques emitidos pela Bancoop para ela mesma ou para seu banco, o Bradesco, "a imensa maioria", segundo o MP, continha o código "SQ21" - que quer dizer saque. Algumas vezes aparecia a própria palavra escrita no verso (veja reproduções). Se, a partir daí, o dinheiro sacado foi colocado em uma mala, usado para fazer pagamentos, ou depositado em outras contas, não se sabe. A maioria dos cheques nominais ao banco (que também permitem movimentação na boca do caixa) não continha informações suficientes para permitir a reconstituição do seu percurso, afirma o promotor Blat. "De toda forma, fica evidente que se tratou de uma manobra para dificultar ou evitar o rastreamento do dinheiro", diz ele.
Na tentativa de inocentar-se, o tesoureiro do PT distribuiu culpas. Segundo ele, os problemas de caixa da cooperativa se deveram ao comportamento de cooperados que sabiam que os preços iniciais dos imóveis eram "estimados" e "não quiseram pagar" a diferença depois que foram constatados "erros de cálculo" nas estimativas. Ele só omitiu que, em muitos casos, os "erros de cálculo" chegaram a valores correspondentes a 50% do preço inicial do apartamento. Negar evidências e omitir fraudes. Essa é a lei da selva na política. Até quando?
Cheques à moda petista
VEJA obteve imagens de cheques que mostram a suspeitíssima movimentação bancária da Bancoop. O primeiro, no valor de 50 000 reais, além de exibir a palavra "saque" no verso, traz o código SQ21, que tem o mesmo significado (saque) e se repete na maioria dos cheques emitidos pela Bancoop para ela mesma. O segundo destina-se à empresa Caso Sistemas de Segurança, do "aloprado" Freud Godoy, e pertence a uma série que até agora já soma 1,5 milhão de reais. O terceiro mostra repasse da Germany para o PT, em ano de eleição. A Germany, empresa de ex-dirigentes da Bancoop, tinha como único cliente a própria cooperativa
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Empreitadas-fantasma
Fernando Schneider
"Entre 2001 e 2004, eu dei 15 000 reais em notas frias à Bancoop. Diziam com todas as letras que o dinheiro era para as campanhas do Lula e da Marta."
Empreiteiro "João", que prestou serviços à Bancoop
Um empreiteiro de 46 anos que prestou serviços à Bancoop por dez anos repetiu à repórter Laura Diniz as acusações que passou oficialmente ao promotor do caso Bancoop. O empreiteiro conta como emitiu notas frias a pedido dos diretores da cooperativa, e ouviu que o dinheiro desviado seria destinado às campanhas de Lula à Presidência, em 2002, e de Marta Suplicy à prefeitura de São Paulo, em 2004
Qual foi a primeira vez que a Bancoop pediu notas frias ao senhor?
Quando o Lula era candidato a presidente. O Ricardo (o engenheiro Ricardo Luiz do Carmo, responsável pelas construções da Bancoop) dizia que eram para a campanha. Nunca me forçaram a nada, mas, se você não fizesse isso, se queimava. A primeira nota fria que dei foi de 2 000 reais por um serviço que não fiz em um prédio no Jabaquara. A Bancoop precisava assinar a nota para liberar o pagamento. Quando era fria, liberavam de um dia para o outro. Notas normais demoravam de dez a quinze dias para sair.
Quantas notas frias o senhor deu?
Entre 2001 e 2004, dei 15 000 reais em notas frias à Bancoop. Isso, só eu. Em 2004, havia pelo menos uns 150 empreiteiros trabalhando para a cooperativa. Eles diziam com todas as letras que o dinheiro era para as campanhas do Lula e da Marta e ainda pediam para votar no Lula. Falavam que se ele ganhasse teríamos serviço para a vida inteira. Até disse aos meus empregados para votar nele.
O que o senhor sabe sobre a Germany?
Sei que eles ganharam muito dinheiro. Um dia, ouvi o Luiz Malheiro, o Alessandro Bernardino e o Marcelo Rinaldi (donos da Germany e dirigentes da Bancoop) festejando porque o lucro do mês era de 500 000 reais. Eles estavam bebendo uísque e comemorando num dia à tarde, na sede da Bancoop.
Mais vítimas da Bancoop
Fotos Fernando Schneider
"SE EU PAGAR MAIS, NÃO COMO"
"Eu e meu marido já colocamos todas as nossas economias no apartamento que compramos da Bancoop, mas as cobranças adicionais nunca param de chegar. Já gastamos 90 000 reais, eles querem mais 40 000. Paramos de pagar. Se pagar, não como. Eu me sinto revoltada e humilhada. Tenho muito medo de perder tudo."
Tânia Santos Rosa, 38 anos, ex-bancária
"TENHO 68 ANOS E MORO DE FAVOR"
"Comprei um apartamento em São Paulo, paguei os 78 000 do contrato, mas só ergueram duas das três torres prometidas. A minha parou no meio. Eles queriam mais 30 000 reais, mas eu não tinha mais de onde tirar dinheiro. Queria jogar uma bomba na Bancoop. Hoje, ainda moro de favor na casa da minha sogra, para escapar do aluguel."
Clóvis Pardo, 68 anos, aposentado
"VOU RECLAMAR PARA O LULA?"
"Comprei um apartamento da Bancoop em 2001 e ele nunca saiu do chão. Quitei tudo, os 65 000 reais, mas não tenho esperança de ver o prédio de pé. Queria o dinheiro de volta, mas acho que ele já foi todo gasto em campanhas do PT. Não tenho mais um centavo na poupança e ainda moro de aluguel. O que eu posso fazer? Reclamar para o Lula?"
Alda Cabral Ramos, 58 anos, representante comercial
segunda-feira, 8 de março de 2010
341) PT e a "grande midia": uma farsa pouco convincente...
Vítima farsesca
EDITORIAL
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/03/10
Com tese de que a "mídia" o persegue, PT mantém figurino autoritário e se faz de injustiçado para encobrir falência moral
O TRUQUE é velho, e sua repetição só indica o hábito petista de afetar ares de pureza em meio ao pragmatismo mais inescrupuloso. Em documento oficial, a Executiva Nacional do PT reeditou, quinta-feira, a tese de que há uma "guerra de extermínio" contra o partido. Posteriormente, amenizou os termos. A promover tal "guerra" estariam "amplos setores do empresariado, particularmente a mídia".
Mídia, no jargão corrente, significa todo jornal ou empresa de comunicação que não defenda figuras notórias do partido.
Como, por exemplo, o ex-ministro José Dirceu, beneficiário de uma contribuição de R$ 620 mil pela assessoria prestada a um grupo com interesse na reativação da Telebrás. Ou como os mensaleiros denunciados por quem era então aliado do governo, o deputado Roberto Jefferson; ou ainda os "aloprados" -termo que o presidente Lula foi o primeiro, aliás, a empregar- da campanha eleitoral de 2006. Como, também, aquele assessor de um deputado petista, que foi preso ao tentar embarcar num avião com cerca de U$ 100 mil dólares na cueca.
Aliás, se noticiar esse sistema de transportar dinheiro sonante fosse sinal de "guerra de extermínio", seria agora o DEM, e não o PT, a principal vítima de uma suposta conspiração.
Mas nem mesmo os sequazes do governador Arruda arriscaram-se a ir tão longe no cinismo. É que a capacidade petista para a mentira tem origens diferentes, e mais antigas, do que a simples charamela lacrimosa dos espertalhões de voo curto.
Pois o PT, no clássico figurino stalinista, sempre pode dar uma interpretação "de classe" às críticas que venha a merecer. Como o partido se julga o representante místico dos "trabalhadores", o financiamento escuso que receba de empreiteiras, as alterações legais casuísticas que promova em favor de uma empresa de telecomunicação, não representarão escândalo jamais.
Ao contrário: aliar-se financeiramente a "setores do empresariado" que vivem à sombra das benesses do governo, e aliar-se politicamente à escória do Legislativo brasileiro, torna-se um sinal de esperteza política na linha dos fins justificam os meios.
Autoabsolvido pelo venerável espírito hegeliano-marxista da História, o petismo pode fazer tudo o que condenava em seus adversários, e apresentar-se ainda assim como detentor das virtudes mais cristalinas.
Quem apontar a farsa será tachado de inimigo dos trabalhadores -e, na tese de uma imaginária "guerra de extermínio", o PT mostra apenas a sua própria tentação totalitária.
Nessa lógica, que não admite críticas, faz-se de perseguido aquele que se apronta para perseguir; faz-se de vítima quem pretende ser algoz; faz-se de democrata o censor, de honesto o corrupto, de inocente o bandido. O PT perdeu a moral que tantas vezes ostentava quando na oposição. Perdeu a moral, mas não perde o autoritarismo, a mendacidade e a arrogância.
EDITORIAL
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/03/10
Com tese de que a "mídia" o persegue, PT mantém figurino autoritário e se faz de injustiçado para encobrir falência moral
O TRUQUE é velho, e sua repetição só indica o hábito petista de afetar ares de pureza em meio ao pragmatismo mais inescrupuloso. Em documento oficial, a Executiva Nacional do PT reeditou, quinta-feira, a tese de que há uma "guerra de extermínio" contra o partido. Posteriormente, amenizou os termos. A promover tal "guerra" estariam "amplos setores do empresariado, particularmente a mídia".
Mídia, no jargão corrente, significa todo jornal ou empresa de comunicação que não defenda figuras notórias do partido.
Como, por exemplo, o ex-ministro José Dirceu, beneficiário de uma contribuição de R$ 620 mil pela assessoria prestada a um grupo com interesse na reativação da Telebrás. Ou como os mensaleiros denunciados por quem era então aliado do governo, o deputado Roberto Jefferson; ou ainda os "aloprados" -termo que o presidente Lula foi o primeiro, aliás, a empregar- da campanha eleitoral de 2006. Como, também, aquele assessor de um deputado petista, que foi preso ao tentar embarcar num avião com cerca de U$ 100 mil dólares na cueca.
Aliás, se noticiar esse sistema de transportar dinheiro sonante fosse sinal de "guerra de extermínio", seria agora o DEM, e não o PT, a principal vítima de uma suposta conspiração.
Mas nem mesmo os sequazes do governador Arruda arriscaram-se a ir tão longe no cinismo. É que a capacidade petista para a mentira tem origens diferentes, e mais antigas, do que a simples charamela lacrimosa dos espertalhões de voo curto.
Pois o PT, no clássico figurino stalinista, sempre pode dar uma interpretação "de classe" às críticas que venha a merecer. Como o partido se julga o representante místico dos "trabalhadores", o financiamento escuso que receba de empreiteiras, as alterações legais casuísticas que promova em favor de uma empresa de telecomunicação, não representarão escândalo jamais.
Ao contrário: aliar-se financeiramente a "setores do empresariado" que vivem à sombra das benesses do governo, e aliar-se politicamente à escória do Legislativo brasileiro, torna-se um sinal de esperteza política na linha dos fins justificam os meios.
Autoabsolvido pelo venerável espírito hegeliano-marxista da História, o petismo pode fazer tudo o que condenava em seus adversários, e apresentar-se ainda assim como detentor das virtudes mais cristalinas.
Quem apontar a farsa será tachado de inimigo dos trabalhadores -e, na tese de uma imaginária "guerra de extermínio", o PT mostra apenas a sua própria tentação totalitária.
Nessa lógica, que não admite críticas, faz-se de perseguido aquele que se apronta para perseguir; faz-se de vítima quem pretende ser algoz; faz-se de democrata o censor, de honesto o corrupto, de inocente o bandido. O PT perdeu a moral que tantas vezes ostentava quando na oposição. Perdeu a moral, mas não perde o autoritarismo, a mendacidade e a arrogância.
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339) Mensalao do PT, 2: um verdadeiro festival de falcatruas...

A um passo de virar réu
Ministério Público só aguarda conclusão de inquérito para denunciar o ex-prefeito Fernando Pimentel à Justiça
Hugo Marques
IstoÉ, 6 março 2010
TEMOR DO PT: Coordenador da campanha de Dilma, Pimentel pode ser denunciado no meio do processo eleitoral

Os documentos sigilosos que fazem parte do processo do Mensalão do PT no Supremo Tribunal Federal (STF) revelados na última semana por ISTOÉ dispararam a campainha de alerta na base aliada do governo Lula. O motivo principal é a revelação de que o coordenador da campanha da ministra Dilma Rousseff à Presidência, ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, possa virar réu no rumoroso processo. Em conversa com assessores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva advertiu que não quer nenhum tipo de contaminação na campanha da ministra. Publicamente, os líderes do PT procuraram minimizar as denúncias creditando a documentação sob análise do ministro Joaquim Barbosa a uma manobra da oposição. Nas conversas internas, porém, a análise é outra e a orientação é de que os desdobramentos do processo sejam acompanhados com lupa. “Claro que a denúncia nos preocupa. Estamos em ano eleitoral e a população está muito atenta a tudo isso”, diz o presidente do PMDB mineiro, deputado Antônio Andrade, um entusiasta da participação de Pimentel em uma chapa com o ministro Hélio Costa na disputa pela sucessão de Aécio Neves.
O temor do presidente Lula e dos partidos aliados é de que Pimentel venha a ser denunciado na Justiça no meio do processo eleitoral, com refl exos tanto na campanha de Dilma como na sucessão mineira, o segundo maior colégio eleitoral do País. Pelo ritmo do trabalho do Ministério Público de Minas Gerais, tudo indica que uma ação por improbidade administrativa contra Pimentel seja apresentada à Justiça ainda no primeiro semestre. Na última semana, em nota encaminhada por email à ISTOÉ, a Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Minas informa que o inquérito civil público que investiga irregularidades no Projeto Olho Vivo “aguarda conclusão final das perícias” e relaciona as irregularidades “já comprovadas”. Segundo a nota, o inquérito 198/04 confi rmou “dispensa indevida de licitação para a realização do empreendimento”. Comprovou também que a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) não poderia ter sido contratada pela prefeitura “devido à existência de execução fiscal do município contra a entidade”, que a CDL empregou “nota falsa para a aquisição de bens produzidos no Exterior e introduzidos irregularmente mediante descaminho, no valor de R$ 1,16 milhão, o que representa prejuízo para o erário”. E mais: a CDL recebeu pelos serviços cerca de R$ 7 milhões e não R$ 4,4 milhões como fora contratado. O Projeto Olho Vivo é um convênio firmado pelo então prefeito Fernando Pimentel com a CDL visando à instalação de câmaras de vigilância nas ruas de Belo Horizonte. Na época em que foi assinado o contrato, o empresário Glauco Diniz Duarte era o diretor financeiro da CDL.
Mais do que uma questão administrativa municipal, o Projeto Olho Vivo é a base usada pelo procurador da República Patrick Salgado Martins para fazer a ligação do então prefeito Pimentel com o caso do Mensalão. Como revelou ISTOÉ em sua última edição, nas considerações finais que fez ao encaminhar denúncia contra Glauco Diniz e Alexandre Vianna, por lavagem de dinheiro, o procurador afirma que o convênio de Pimentel com a CDL presta-se “a demonstrar a ligação do denunciado Glauco Diniz com o prefeito de Belo Horizonte, filiado ao Partido dos Trabalhadores, cuja campanha política foi produzida pelo publicitário Duda Mendonça, havendo fundada suspeita de que o aludido ‘convênio’ tenha sido ardiloso estratagema para desvio de dinheiro público com a finalidade de saldar as dívidas de campanha do partido, em território alienígena”. Na semana passada, a assessoria de comunicações do Ministério Público Federal em Minas Gerais informou que à época da denúncia (2008) não havia provas suficientes para acusar formalmente o ex-prefeito. O elemento que faltava ao procurador Patrick Salgado Martins era exatamente a conclusão do inquérito 198/04. Segundo o Ministério Público Federal em Minas, “certamente que, concluídas as apurações no âmbito do Ministério Público Estadual e comprovado o envolvimento do senhor Fernando Pimentel com a prática de crimes de competência federal, como a evasão de divisas praticada pelos acusados Alexandre Vianna e Glauco Diniz, o Ministério Público Federal promoverá a ação penal competente em seu desfavor.” Dizendo-se surpreso com os documentos que o relacionam ao processo do Mensalão do PT, Pimentel afirmou que “as acusações são baseadas em puras ilações”.

NOVOS CRIMES: Nota do MP: prejuízo ao erário foi ainda maior
Porém, dois ministros do STF ouvidos por ISTOÉ acham pouco provável que o procurador Salgado Martins, com os indícios de que já dispõe, não denuncie Pimentel. “Se ele não fizer a denúncia estará prevaricando”, afirmou um ministro do STF ouvido por ISTOÉ. Um dos mais antigos membros do Supremo disse à ISTOÉ na terça-feira 2 que a ação penal é divisível e que Salgado Martins pode ter apresentado a denúncia contra os dois envolvidos e deixado outros suspeitos para depois. “Ele pode, a qualquer momento, aditar novos nomes à denúncia ou apresentar uma denúncia autônoma. Aí, a espada de Dâmocles estará sobre a cabeça do Pimentel”, prevê um experiente ministro do STF. Outro ministro disse à ISTOÉ que o STF não tem o poder de incluir ou excluir réus do processo sem que haja um pedido direto da Procuradoria- Geral da República. Portanto, caso o MPF em Minas não aja, pode ser atropelado pela Procuradoria- Geral da República, que tem competência para abrir novas denúncia no processo do Mensalão. As 69 mil páginas que compõem o processo do Mensalão serão também encaminhadas à Procuradoria- Geral e o desejo do ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, é de não permitir que o caso investigado desde 2005 se perca nos escaninhos do Judiciário.
338) Mensalao do PT, 1: um verdadeiro festival de falcatruas...

Caso reaberto
Documentos revelados por ISTOÉ comprovando o uso de dinheiro público no Mensalão do PT fazem oposição pedir novas investigações
Hugo Marques
IstoÉ, 6 março 2010
DE VOLTA
Ex-relator da CPI, o tucano Fruet pediu ao STF os documentos da Receita e da Polícia Federal
Além do envolvimento do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel com o Mensalão do PT, outro fato revelado por ISTOÉ repercutiu fortemente no Congresso: a confirmação de que o dinheiro público foi usado para alimentar o esquema de corrupção. Os documentos derrubam definitivamente a versão do PT de que a mesada paga aos políticos governistas foi sustentada por recursos oriundos de sobras de campanha. Na opinião de parlamentares da oposição, o depoimento da publicitária Danevita Ferreira de Magalhães à Diretoria de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal muda o curso das investigações. Ela revelou que o Banco do Brasil pagou R$ 60 milhões à empresa de publicidade DNA, de propriedade de Marcos Valério, por meio de uma campanha publicitária simulada do serviço Visa Electron. Com base nas evidências que constam do processo em curso no STF, o PSDB e o DEM decidiram reabrir a investigação do caso. “A reportagem derruba de maneira cabal a argumentação de que aquilo era caixa 2 de campanha eleitoral. Era um amplo esquema para comprar uma parte do Congresso Nacional”, afirma o deputado Raul Jungmann (PPS-PE).
A primeira iniciativa para reabrir as investigações do Mensalão do PT no Congresso foi tomada pelo ex-relator de movimentação financeira da CPI dos Correios, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR). Na semana passada, após reunião com a direção do PSDB, Fruet apresentou à presidência do Senado requerimento para que sejam solicitados documentos à Polícia Federal, à Receita e a outros órgãos sobre as providências adotadas a partir do relatório da CPI. “É impressionante. Os documentos que estão no STF confirmam que eram contratos não executados para abastecer Valério com dinheiro público”, diz Fruet. “Os órgãos que receberam informações da CPI têm que manter o Congresso atualizado sobre o andamento dos processos. Vamos tomar providências para investigar novamente esse caso”, acrescentou. Durante o período do Mensalão, a publicitária Danevita trabalhou no núcleo de mídia do Banco do Brasil. Depois de se recusar a assinar o plano de mídia BB/Visa Electron, que era uma campanha fictícia, a publicitária foi comunicada pelo gerente do BB Roberto Messias de que seria demitida. Mas quem pagou os direitos trabalhistas de Danevita foi a DNA de Valério e não o BB. “É caso para chamar a polícia e mandar prender todo mundo”, revolta-se o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). “É uma coisa estarrecedora, vamos ver o que a gente pode fazer nas comissões do Senado”, completou o parlamentar, que é presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Casa.
Na quinta-feira 4, o PSDB decidiu pedir acesso à documentação que chegou ao Congresso após o término da CPI dos Correios, há quatro anos, incluindo laudos, perícias, depoimentos e auditorias. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) também cobrou explicações do governo sobre o uso de dinheiro público em campanhas fraudulentas para alimentar o caixa de Valério. “Achei gravíssimo. Infelizmente o governo e o PT têm tido o hábito de não responder às denúncias. Isso está se tornando uma rotina que não podemos aceitar”, disse Jereissati. O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), defende uma solução política para acabar com todos os mensalões, inclusive o relacionado às denúncias que envolveram seu partido, em Minas Gerais. “Tudo que aponta na direção de esclarecer, verificar, nós saudamos. Defendo limpeza total. Onde tiver necessidade de esclarecimento, que vá aos limites.” O publicitário Marcos Valério informou à ISTOÉ que não vai se pronunciar sobre a denúncia de Danevita.
Último dos autênticos do PMDB, o senador Pedro Simon (RS) defendeu punição rigorosa para os políticos envolvidos com o Mensalão e criticou a imobilidade dos Três Poderes contra a corrupção. Lamentou que o PT tenha usado dinheiro público para financiar o Fórum Social Mundial em seu Estado, com R$ 1 milhão enviado por Delúbio Soares. “O PT misturou a coisa pública com aquilo que eles acham que é interesse social do PT. Lamentavelmente, o PT não teve a responsabilidade de entender que dinheiro público é público”, diz Simon. Em carta enviada à ISTOÉ, a direção do Fórum Social Mundial negou que o evento tenha sido organizado pelo PT, mas não esclareceu o recebimento de R$ 1 milhão por meio de Delúbio. Para o líder do PSDB na Câmara, deputado João Almeida (BA), os documentos esclarecem fatos que ainda estavam obscuros. “A reportagem joga luz sobre a fonte que alimentava o caixa 2 que pagou o publicitário Duda Mendonça”, diz Almeida. “Foi o presidente Lula que abençoou o Mensalão e, se eles foram capazes de comprar apoio dessa maneira numa campanha que tinha um candidato competitivo, o Lula, imagine agora, com uma candidata fraca, do que essa gente será capaz?”, questiona o parlamentar.
Punição
A OAB luta para impedir que o processo do Mensalão caia no esquecimento
A partir da reportagem de ISTOÉ, o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) ficou convencido de que a investigação no Brasil apresenta cada vez mais raízes no Exterior. “Os extratos apresentados pelo Duda geraram muitos problemas em Nova York, pois os mesmos doleiros também faziam depósitos para presidentes da República, ministros e representantes de bancos centrais de países amigos.” O deputado pode ter razão. Informações que chegaram ao ouvido de alguns parlamentares que fizeram parte da CPI dão conta de que autoridades que usaram o mesmo esquema de Duda no Exterior pertencem ao governo de Angola, na África. O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, defende punição rigorosa: “Esse processo não pode cair no esquecimento e engrossar a fileira das impunidades neste país.”
Para os partidos de oposição, também não resta dúvida sobre o envolvimento do ex-prefeito Pimentel. “Estou perplexo. A participação do Pimentel no esquema está amarrada, pois os caras que mandaram o dinheiro para o Duda no Exterior só tinham contrato com o Pimentel. Só falta a confissão do ex-prefeito”, diz o tucano João Almeida. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) lembra que o nome de Pimentel apareceu na CPI dos Correios, no final dos trabalhos da comissão, mas os parlamentares não conseguiram aprofundar a investigação para todos os casos que apontavam corrupção. “Há uma organização criminosa a serviço de um projeto de poder e é necessário que o julgamento seja feito o mais rápido possível”, diz Álvaro. No PT, segundo militantes do partido, a ordem ao longo da semana foi de “submergir até a poeira baixar”. O problema é que a poeira do Mensalão pode asfixiar o partido.
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