quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O debate para o segundo turno promete ser ruim...

Isso graças ao "coordenador" da campanha da candidata oficial, que parece ter uma linguagem destrambelhada.
Vai acabar sendo demitido pelo presidente, que manda na campanha, como senhor de baraço e cutelo...
Paulo Roberto de Almeida

Ciro Gomes tenta pautar a campanha pela conveniência do PT
por João Bosco Rabello
Blogs Estadão, Política, 07.outubro.2010 19:30:49

Pela voz de Ciro, PT estabelece que o tema aborto na campanha é uma “calhordice”.

O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) acrescentou mais um item à cesta de assuntos que o PT elegeu como de “baixo nível” na sua tentativa de pautar a campanha pelas suas conveniências.

Depois de classificar a quebra de sigilo como crime comum e as denúncias de tráfico de influência na Casa Civil como “baixarias” do candidato José Serra, que a “a mídia tucana” absorveu, o PT agora, pela voz de Ciro, estabelece que o tema aborto na campanha é uma “calhordice”.

Como Ciro sempre se caracterizou por banalizar a ênfase, nada de novo. A não ser pela distorção dos fatos, também um hábito seu quando quer encerrar um assunto.

Quem levantou o tema do aborto não foi Serra, mas a própria Dilma na sua Carta ao Povo de Deus ou coisa que o valha. Também em entrevista ao SBT. O resto a Internet cuidou de fazer.

Ainda que o tema viesse pelo candidato tucano, por que é calhorda? Se a Igreja também o trata abertamente como tema eleitoral de importância para os cristãos, é de se supor que a sentença de Ciro (aliás, como é dado a sentenças!) se estende à Santa Madre.

É indiscutível que não se trata de uma questão afeita à figura do presidente da República e nem de sua estrita alçada como chefe do Poder Executivo. Mas, em qualquer campanha, em qualquer país, o eleitor quer saber a posição dos candidatos em relação a esse e outros assuntos correlatos.

A questão é que Dilma não passa sinceridade ao falar sobre o assunto. Poderia dizer que já mudou de idéia, mas prefere insistir em dizer que “sempre” foi contra o aborto, apesar de desmentida por vídeos em que aparece dizendo o contrário.

Não é a melhor forma de enfrentar a questão, vide os dois fatos anteriores mencionados no início deste post: a quebra dos sigilos e o tráfico de influência na Casa Civil.

Curioso é que os desmentidos à candidata e ao presidente Lula, nos dois episódios, vieram pelo governo. Um deles, pelo próprio Lula que, depois de culpar a mídia pelo problema na Casa Civil, demitiu a ministra Erenice Guerra que, daqui a alguns dias, deverá depor na Polícia Federal.

Ontem, a Receita Federal divulgou a conclusão sobre a investigação da quebra de sigilo do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, incriminando o analista tributário Gilberto Souza Amarante, filiado e militante do PT, do qual foi dirigente em Formiga (MG), onde praticou o crime.

A conclusão é contundente: Gilberto, do PT, violou o sigilo de Eduardo Jorge, do PSDB, com motivação político-eleitoral, estendendo a violação ao cadastro de três empresas da vítima.

E mais: mentiu publicamente ao justificar a quebra de sigilo como involuntária por ter confundido Eduardo Jorge com um homônimo. Impõe-se a pergunta: por que violar o sigilo do adversário, senão para usar algo que pudesse comprometê-lo e que acabou não encontrando?

A estratégia de atropelar os fatos tinha sentido estratégico quando a aliança PT/PMDB tinha como certa a vitória no primeiro turno. Afinal, depois seriam polêmicas de campanha destinadas ao esquecimento.

Com o segundo turno, a aliança precisa administrar melhor suas contradições porque estarão expostas por mais tempo num ambiente em que não haverá mais a possibilidade de tangenciá-las: os debates não terão mais quatro candidatos, mas só Dilma e Serra, e as atenções estarão concentradas apenas nos dois.

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“Calhordice” de Ciro Gomes vai chegar ao Papa
Poder Online - com Jorge Félix e Tales Faria
IG, quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A frase do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), novo coordenador da campanha de Dilma Rousseff, definido como “calhordice” a “mistificação” em torno do aborto na eleição, publicada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo, foi recebida como uma provocação pela igreja católica e deverá, inclusive, ser comunicada ao Papa Bento XVI.

Por coincidência, o arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, viajou hoje para Roma, onde participa até o dia 24 do Sínodo dos Bispos – organismo de assessoria do Papa -, e já embarcou sabendo da notícia.

A declaração de Ciro só fez ampliar o clima hostil dos líderes católicos à candidata do PT a presidente. Ciro esqueceu que quem introduziu o debate sobre aborto na campanha foi a igreja católica. Como sempre faz.

A favor de Ciro está apenas o fato de que o clima anti-Dilma já estava cristalizado entre os bispos desde a sua ausência do debate na TV Canção Nova, em 24 de agosto. Os bispos consideraram uma ofensa Dilma se recusar a comparecer diante das câmeras católicas para discutir os temas “importantes para a sociedade em geral”, segundo palavras de dom Damasceno.

Naquela noite, no estúdio montado na Universidade Santa Marcelina, no bairro de Perdizes, dom Damasceno era um dos mais, digamos, insatisfeitos com a ausência da candidata. Não apenas pelo desprezo ao debate em si, mas porque também, segundo informação obtida pelo Poder Online, o evento custou caro para a igreja e precisou até de uma ajuda de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho – ele, inclusive, era aguardado para o evento.

Quase todos os bispos e arcebispos mais importantes do Brasil estavam lá, sentados em fileira e nenhum político do PT compareceu para prestigiar o debate. Se pelo menos um tivesse ido perceberia facilmente que Dilma começou a perder votos ali. Mesmo a presença dela no debate da CNBB não convenceu o bispado.

Minutos depois do programa, dom Damasceno já pedia aos fiéis que não se deixassem influenciar pelas pesquisas e pelo clima de já ganhou. Como se viu, no dia 3, fez efeito.

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