Isso graças ao "coordenador" da campanha da candidata oficial, que parece ter uma linguagem destrambelhada.
Vai acabar sendo demitido pelo presidente, que manda na campanha, como senhor de baraço e cutelo...
Paulo Roberto de Almeida
Ciro Gomes tenta pautar a campanha pela conveniência do PT
por João Bosco Rabello
Blogs Estadão, Política, 07.outubro.2010 19:30:49
Pela voz de Ciro, PT estabelece que o tema aborto na campanha é uma “calhordice”.
O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) acrescentou mais um item à cesta de assuntos que o PT elegeu como de “baixo nível” na sua tentativa de pautar a campanha pelas suas conveniências.
Depois de classificar a quebra de sigilo como crime comum e as denúncias de tráfico de influência na Casa Civil como “baixarias” do candidato José Serra, que a “a mídia tucana” absorveu, o PT agora, pela voz de Ciro, estabelece que o tema aborto na campanha é uma “calhordice”.
Como Ciro sempre se caracterizou por banalizar a ênfase, nada de novo. A não ser pela distorção dos fatos, também um hábito seu quando quer encerrar um assunto.
Quem levantou o tema do aborto não foi Serra, mas a própria Dilma na sua Carta ao Povo de Deus ou coisa que o valha. Também em entrevista ao SBT. O resto a Internet cuidou de fazer.
Ainda que o tema viesse pelo candidato tucano, por que é calhorda? Se a Igreja também o trata abertamente como tema eleitoral de importância para os cristãos, é de se supor que a sentença de Ciro (aliás, como é dado a sentenças!) se estende à Santa Madre.
É indiscutível que não se trata de uma questão afeita à figura do presidente da República e nem de sua estrita alçada como chefe do Poder Executivo. Mas, em qualquer campanha, em qualquer país, o eleitor quer saber a posição dos candidatos em relação a esse e outros assuntos correlatos.
A questão é que Dilma não passa sinceridade ao falar sobre o assunto. Poderia dizer que já mudou de idéia, mas prefere insistir em dizer que “sempre” foi contra o aborto, apesar de desmentida por vídeos em que aparece dizendo o contrário.
Não é a melhor forma de enfrentar a questão, vide os dois fatos anteriores mencionados no início deste post: a quebra dos sigilos e o tráfico de influência na Casa Civil.
Curioso é que os desmentidos à candidata e ao presidente Lula, nos dois episódios, vieram pelo governo. Um deles, pelo próprio Lula que, depois de culpar a mídia pelo problema na Casa Civil, demitiu a ministra Erenice Guerra que, daqui a alguns dias, deverá depor na Polícia Federal.
Ontem, a Receita Federal divulgou a conclusão sobre a investigação da quebra de sigilo do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, incriminando o analista tributário Gilberto Souza Amarante, filiado e militante do PT, do qual foi dirigente em Formiga (MG), onde praticou o crime.
A conclusão é contundente: Gilberto, do PT, violou o sigilo de Eduardo Jorge, do PSDB, com motivação político-eleitoral, estendendo a violação ao cadastro de três empresas da vítima.
E mais: mentiu publicamente ao justificar a quebra de sigilo como involuntária por ter confundido Eduardo Jorge com um homônimo. Impõe-se a pergunta: por que violar o sigilo do adversário, senão para usar algo que pudesse comprometê-lo e que acabou não encontrando?
A estratégia de atropelar os fatos tinha sentido estratégico quando a aliança PT/PMDB tinha como certa a vitória no primeiro turno. Afinal, depois seriam polêmicas de campanha destinadas ao esquecimento.
Com o segundo turno, a aliança precisa administrar melhor suas contradições porque estarão expostas por mais tempo num ambiente em que não haverá mais a possibilidade de tangenciá-las: os debates não terão mais quatro candidatos, mas só Dilma e Serra, e as atenções estarão concentradas apenas nos dois.
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“Calhordice” de Ciro Gomes vai chegar ao Papa
Poder Online - com Jorge Félix e Tales Faria
IG, quinta-feira, 7 de outubro de 2010
A frase do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), novo coordenador da campanha de Dilma Rousseff, definido como “calhordice” a “mistificação” em torno do aborto na eleição, publicada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo, foi recebida como uma provocação pela igreja católica e deverá, inclusive, ser comunicada ao Papa Bento XVI.
Por coincidência, o arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, viajou hoje para Roma, onde participa até o dia 24 do Sínodo dos Bispos – organismo de assessoria do Papa -, e já embarcou sabendo da notícia.
A declaração de Ciro só fez ampliar o clima hostil dos líderes católicos à candidata do PT a presidente. Ciro esqueceu que quem introduziu o debate sobre aborto na campanha foi a igreja católica. Como sempre faz.
A favor de Ciro está apenas o fato de que o clima anti-Dilma já estava cristalizado entre os bispos desde a sua ausência do debate na TV Canção Nova, em 24 de agosto. Os bispos consideraram uma ofensa Dilma se recusar a comparecer diante das câmeras católicas para discutir os temas “importantes para a sociedade em geral”, segundo palavras de dom Damasceno.
Naquela noite, no estúdio montado na Universidade Santa Marcelina, no bairro de Perdizes, dom Damasceno era um dos mais, digamos, insatisfeitos com a ausência da candidata. Não apenas pelo desprezo ao debate em si, mas porque também, segundo informação obtida pelo Poder Online, o evento custou caro para a igreja e precisou até de uma ajuda de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho – ele, inclusive, era aguardado para o evento.
Quase todos os bispos e arcebispos mais importantes do Brasil estavam lá, sentados em fileira e nenhum político do PT compareceu para prestigiar o debate. Se pelo menos um tivesse ido perceberia facilmente que Dilma começou a perder votos ali. Mesmo a presença dela no debate da CNBB não convenceu o bispado.
Minutos depois do programa, dom Damasceno já pedia aos fiéis que não se deixassem influenciar pelas pesquisas e pelo clima de já ganhou. Como se viu, no dia 3, fez efeito.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
O debate para o segundo turno promete ser ruim...
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