segunda-feira, 31 de agosto de 2009

83) Comprando (ops), preparando os cabos eleitorais de 2010

Isto também já faz parte da campanha eleitoral de 2010, serviçais de vários senhores: candidatos a senador, a governador, a presidente e o que mais vier pela frente.

Novas vagas
Comissão da Câmara aprova criação de oito mil vagas de vereador


A proposta que reduz os gastos com os legislativos municipais foi aprovada na comissão especial que analisava o assunto. O texto também inclui o aumento do número de vereadores, que fazia parte da PEC 333/04, já aprovado pela Câmara no ano passado.

As mudanças faziam parte das propostas de emenda à Constituição 336/09 e 379/09. Elas foram aprovadas na forma do substitutivo do relator, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB/SP), que recomendou a aprovação dos textos sem alterações. "Considero necessário manter intacto o texto de ambas as propostas, mesmo porque se os alterarmos serão devolvidos ao Senado Federal", explicou o parlamentar. A PEC ainda precisa ser votada pelo plenário em dois turnos.

De acordo com o texto aprovado, o número de vereadores passa dos atuais 51.748 para até 59.791 e o percentual máximo das receitas tributárias e das transferências municipais para financiamento da Câmara de vereadores cai de 5% para 4,5% nas cidades com mais de 500 mil habitantes.

O aumento das vagas entrará em vigor assim que a PEC for promulgada, o que dará direito a cerca de 8 mil suplentes tomarem posse. Já a redução dos repasses passará a valer a partir do ano subsequente à promulgação da PEC.

Polêmica
Em 2008, a Câmara aprovou uma proposta que permitia o aumento do número de vereadores mas reduzia os repasses para os legislativos municipais. O Senado fatiou em duas a PEC aprovada pelos deputados. A parte que permitia o aumento do número de vereadores tornou-se a PEC 336/09. E as regras que reduziam as despesas foram incluídas na PEC 379/09, mas com percentuais de gastos mais altos.

O então presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT/SP), recusou-se a promulgar apenas a PEC 336/09, como queriam os senadores, sob a alegação de que eles romperam o equilíbrio do texto aprovado pelos deputados.

A recusa levou o então presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, a entrar com um mandado de segurança no STF exigindo a promulgação parcial da PEC 333.

Em março deste ano, as novas mesas diretoras das duas Casas decidiram analisar a parte que trata da limitação de gastos em outra proposta. O Senado desistiu do mandado de segurança no STF.

Tramitação
Se as PECs aprovadas hoje pela comissão especial também forem aprovadas pelo Plenário da Câmara sem modificações, o texto não precisará voltar ao Senado e seguirá para promulgação das Mesas Diretoras das duas casas.

Confira abaixo as propostas na íntegra :

PEC-336/2009 - clique aqui.
PEC-379/2009 - clique aqui.

domingo, 30 de agosto de 2009

82) Mais um candidato a vista...

...talvez um plano B, ou quem sabe um candidato pleno para substituir uma ministra mentirosa. Este editorial da revista IstoÉ é claramente tendencioso, mas alguns meios de comunicação se deixam comprar facilmente... (PRA)

Inocente por inteiro
Da Redação IstoÉ, 29.08.2009

Todos aqueles que se preparavam para encarar o jogo da sucessão presidencial de 2010 como um plebiscito entre PT e PSDB, com dois candidatos duros e antagônicos no páreo, Dilma Rousseff e José Serra, receberam mal a decisão do Supremo Tribunal Federal, que, por cinco votos a quatro, inocentou o ex-ministro Antônio Palocci na quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Se o placar foi apertado, isso significaria que Palocci não seria inocente, mas sim um quase culpado. Eis aí um raciocínio primário. Fosse assim, o Brasil não teria sido tetracampeão de futebol em 1994, com uma suada vitória nos pênaltis contra a Itália, e Lewis Hamilton não levantaria o título mundial de Fórmula 1 em 2008, tendo superado Felipe Massa por um ponto apenas. O fato é que, desde a semana passada, Palocci deve ser considerado inocente por inteiro. Aliás, nem se tratava de um julgamento final sobre a prática de um crime. Os ministros do Supremo avaliaram que não havia nem mesmo elementos para iniciar uma ação penal contra ele. E uma decisão colegiada do STF, de goleada ou apertada, passa a ser de todos.

Sem o fantasma do caseiro Francenildo Costa a assombrá-lo, Palocci poderá mudar a lógica da disputa presidencial. Até porque não faz sentido limitar a escolha de 2010 a um Fla-Flu entre os oito anos de FHC e os oito anos de Lula, com as duas torcidas organizadas discutindo que governo fez mais ou foi mais corrupto. O PSDB e o PT - gostem ou não seus militantes - são as duas asas de uma mesma galinha. Dois partidos socialdemocratas, parecidos nos vícios e nas virtudes, e diferentes apenas nas tonalidades de suas cores. Palocci representa a soma dos dois, a convergência. É difícil saber ao certo se ele é o mais tucano dos petistas ou o mais petista dos tucanos.

A absolvição do ex-ministro também ajuda a desanuviar o quadro político atual. As cenas de terror dos últimos meses, com a implosão do Senado e seus lances patéticos, como o cartão vermelho dado pelo senador Eduardo Suplicy ao presidente José Sarney, são fruto do ambiente de guerra instalado entre PT e PSDB - dois partidos que disputam, com lances abaixo da cintura, o valioso apoio do PMDB. Eis aí o pano de fundo da crise. No entanto, um candidato suave no bloco governista, como Palocci, poderá abrir espaço para um novo tipo de governabilidade no "pós-Lula". Um tempo de distensão e de pacificação nas relações com a oposição, não mais de confronto. Afinal, se Flamengo e Fluminense têm a mesma origem, o mesmo vale para petistas e tucanos, que, em 16 anos, deixaram o Brasil pronto para crescer por mais uma década. E sem voos de galinha.

81) Criticas a nova legislacao eleitoral, 2

Lei Eleitoral sob críticas
Da redação - Editorial
Correio Braziliense, 29.08.2009

O presidente do Tribunal Superior eleitoral (TSE), ministro Carlos Ayres Britto, afirmou ontem que alguns pontos da reforma eleitoral prevista no Projeto de Lei n º 5.498 parecem afrouxar os laços de fiscalização. A democracia perde com esse projeto, no nosso entender. Ele citou a proposta de mudança na prestação de contas e o fato de, segundo o projeto, partidos poderem assumir as despesas de candidatos majoritários.

Isso nos preocupa porque achamos que vai dificultar a identificação, a separação das fontes proibidas de financiamento das válidas , comentou. Como vamos saber, com eficácia, se os limites legais de 2% do financiamento bruto do ano anterior, para as empresas, ou de 10% da renda bruta do exercício fiscal anterior, por parte de pessoas físicas, foram rigorosamente cumpridos, se o partido não abre o jogo? , questiona. O texto do projeto já passou pela a Câmara e espera votação no Senado.

O presidente do TSE avaliou ainda que, se aprovada como está, a nova Lei eleitoral pode ser um retrocesso. Nossa jurisprudência é boa, e aqui e ali identificamos desprezo por essa jurisprudência. Nem toda novidade resulta eficaz, proveitosa , afirmou. Há, por exemplo, um dispositivo que dá a entender que um candidato pode obter certificado de quitação eleitoral sem apresentar prestação de contas. Hoje, ele só obtém a quitação se as contas forem aprovadas.

O ministro participou de reunião com presidentes dos tribunais regionais eleitorais no Rio de Janeiro. Além de indicar necessidade de maior reflexão quanto ao projeto de lei, eles manifestaram, por meio da Carta do Rio de Janeiro, preocupação quanto à adoção do módulo impressor externo nas urnas eletrônicas, por constituir-se retrocesso, na medida em que já foi comprovada sua ineficácia por ocasião da experiência realizada nas eleições de 2002 . O presidente do TRE do Rio, Alberto Moraes, também criticou a proposta de reforma, que para ele é perigosa e abre a porta para alguns mensalões .

80) Criticas a nova legislacao eleitoral, 1

Ayres Britto critica proposta da reforma eleitoral
Maiá Menezes
O Globo, 29.08.2009

Convidado de honra no dia em que o colégio de presidentes dos TREs se reuniu para discutir o projeto de reforma eleitoral, o presidente do Tribunal Superior eleitoral (TSE), ministro Carlos Ayres Britto, foi incisivo nas críticas à proposta, em tramitação no Senado. Para ele, há itens que desrespeitam a jurisprudência do TSE e põem barreiras para a fiscalização eleitoral.

Como antecipou O GLOBO na última segunda-feira, os presidentes dos TREs manifestaram preocupações com as mudanças e divulgaram a “Carta do Rio de Janeiro?, em que apontam a necessidade de maior reflexão em torno dos temas abordados pelo projeto de lei 5.418, que propõe as mudanças, e “cujas alterações?, diz o texto, “podem repercutir em prejuízo do certame eleitoral?.

— Numa avaliação nossa, a democracia perde com esse projeto. Mas não estamos dizendo que nenhum dispositivo é inconstitucional.

Não nos cabe dizer isso neste momento. A Justiça eleitoral está entendendo que, com base na sua experiência, de sua jurisprudência, o projeto poderia servir bem melhor à transparência, à visibilidade, à segurança no processo de votação — disse o ministro, que criticou pontos específicos.

Não queremos a figura do partido-ponte?, diz ministro O poder dado aos partidos políticos, em detrimento da transparência é, para o ministro, um dos efeitos colaterais negativos do texto. Entre as mudanças, está o trecho que explicita que partidos poderão receber doações e repassá-las a candidatos; e outro que prevê que legendas assumam as dívidas de candidatos majoritários.

— Não queremos a figura do partido-ponte, recebendo dinheiro, se colocando entre o doador e o candidato, para ocultar o nome do doador, o volume doado, o meio por que foi doado e o verdadeiro beneficiário da doação. Queremos que a lei seja absolutamente transparente nessa perspectiva — afirmou Ayres Britto.

Com o dinheiro sendo repassado ao partido, e não ao candidato, será difícil saber, segundo o ministro, se foram obedecidos os limites legais de 2% do financiamento bruto do ano anterior, para empresas, e 10% da renda bruta de pessoas físicas.

— O projeto de lei facilita a vida dos partidos. Investe firme no partido-ponte, fazendo meio de campo. Mas entendemos que o processo dificulta o nosso trabalho na fiscalização — avalia Ayres Britto.

Será difícil seguir o rastro do dinheiro, diz Motta Moraes

O presidente do TRE do Rio e do colégio de presidentes de TREs, Alberto Motta Moraes, afirmou que as regras lembram a situação que resultou no escândalo do mensalão e impedem que a Justiça eleitoral fiscaliza todas as etapas dos gastos de campanha: — Torna difícil seguir o rastro do dinheiro. Em hipóteses que chegamos a analisar verificamos até a impossibilidade de fazer esse rastreamento.

Ayres Britto ponderou ainda que não há, na lei, avanços em relação à questão dos candidatos com ficha suja. O projeto mantém a regra que permite a candidatura de políticos com contas de campanha rejeitadas ou que respondam a processos.

Também presente no texto da nova legislação eleitoral, a regulação da internet deve manter, segundo o ministro e o presidente dos colégios de TREs, o espírito de liberdade da rede.

Ayres Britto afirmou que a analogia das obrigações da internet deve ser feita com jornais e revistas e não com TVs e rádios, que são concessões públicas.

— Se é possível legislativamente regular a internet, que se faça na perspectiva de jornais e revistas, onde a liberdade é maior. Jornais e revistas não são concessão. Não precisam de autorização do poder público para sua publicação. Tem liberdade até total para entrevistar candidatos e pré-candidatos. Sem censura de conteúdo. Jornais e revistas podem tomar partido em prol desse ou daquele candidato.

Que a analogia então se faça com jornais e revistas, para que a internet seja usada mais à vontade. Só há motivos para se prestigiar a internet, não para se manietar, não para amordaçar a internet —disse o ministro.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

79) A candidata preferida de alguns...

Lula conseguirá eleger Dilma em 2010, diz Sarney
Terra Noticias, 26 de agosto de 2009
Para Sarney, o apelo popular de Lula é suficiente para eleger Dilma

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou nesta quarta-feira, em entrevista ao Terra, que tem certeza de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguirá eleger o seu sucessor, no caso a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Na visão de Sarney, apenas o apelo popular de Lula é suficiente pra eleger Dilma em 2010. "Eu acho que o presidente Lula fará o seu sucessor porque ele tem um grande carisma, uma grande penetração popular e está fazendo um excelente governo. (...) Isso é muito importante para um político", afirmou. "Eu acho que, quando ele colocar tudo isso na mesa na hora da eleição, sem dúvida alguma ele vai fazer o seu sucessor."

O presidente disse ter "apanhado" muito - se referindo à crise do Senado - por ter sido sempre um defensor do apoio a Lula no PMDB, mas afirmou que tudo isso vale a pena, já que, na sua visão, Dilma será eleita em 2010.

"Eu coloco que nesta crise que passei, apanhei muito pelo fato de, dentro do PMDB, eu ter sido sempre um adepto da nossa aliança com o presidente Lula, de apoiar os seus candidatos, no caso a ministra Dilma, e de evitar sempre que o PMDB possa ter qualquer outra posição e tome outro rumo", disse.

"Sempre foi essa a minha posição, fui um dos mais firmes dentro deste ponto e, por isso mesmo, estou apanhando muito por causa deste fato. Quer dizer, não parece, mas no fundo, (a crise do Senado) se relaciona um pouco com essa briga do PMDB com os outros partidos", afirmou.

Sarney é acusado de cometer irregularidades como edição dos chamados atos secretos, desvio de recursos de um patrocínio feito pela Petrobras à fundação que leva seu nome, além da prática de tráfico de influência em favor do namorado de uma neta sua. No Conselho de Ética, as 11 ações contra o presidente do Senado foram arquivadas. Sarney nega as acusações.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

77) Estratégias eleitorais: as percepcoes de votos nos candidatos

Eleições presidenciais: de agosto de 2005 a agosto de 2009
CAC Consultoria Política
25.08.2009

É verdade que, em agosto de 2005, a opinião pública ainda vivia o choque das revelações do mensalão, mas uma análise das pesquisas Datafolha realizadas em meados do ano anterior à eleição traz algumas lições interessantes.
As intenções de voto em favor do presidente Lula, por exemplo, oscilavam bastante, mas ele sempre esteve à frente de José Serra nas simulações de primeiro turno, com 34% em julho e 30% em agosto. Apenas nesse último mês, por sinal, Serra venceu uma simulação de segundo turno: 48% a 39%.
No auge da crise do mensalão, portanto, e muitos meses antes da eleição, o presidente Lula não estava muito abaixo do seu resultado no primeiro turno de 2006. A base social do PT lhe garantia, no mínimo, um valor entre 30% e 35%.
É trivial também notar que as especulações ainda se faziam como o nome de José Serra. Geraldo Alckmin, àquela altura, era apenas um cenário em formação. O candidato do PSDB veio a ser definido, como se sabe, em função da evolução da candidatura de Lula, que se recuperou ao final do ano de 2005. Serra julgou mais segura a vitória fácil em São Paulo e Alckmin obteve a candidatura presidencial.
Em resumo, as flutuações não foram tão excepcionais em um período de 14 ou 15 meses, considerando os patamares das intenções de voto em primeiro turno, mas justificaram novos cálculos estratégicos para a definição de candidaturas.

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76) PT em plena campanha (pois é, parece que já começou...)

PT defende grupo para assessorar Dilma
Paulo de Tarso Lyra
Valor Econômico, 25/08/2009

BRASÍLIA - O PT defende a formação de um stafe político para assessorar a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A cúpula do partido e o governo têm dificuldade de reconhecer que a mal explicada divergência entre a ministra e a ex-secretária da Receita Lina Vieira arranhou a candidatura Dilma. Mas são unânimes em admitir que a campanha tende a ser ainda mais violenta a cada dia e que a pré-candidata do PT está precisando de assessoria para não escorregar em questões que têm potencial de complicar a situação.
"Daqui para frente, ela vai precisar cada vez mais de um grupo político para orientá-la em momentos de crise" , diz um estrategista do partido. O PT e o governo trocam responsabilidades por essa falta de proteção à ministra. "Isto não é uma ação de governo. A Casa Civil tem bons assessores para assuntos administrativos. Estafe político é responsabilidade de PT e aliados" , afirmou um ministro próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para o PT, um dos problemas reside no próprio Lula. Foi ele quem ungiu Dilma como candidata à sua sucessão, sem nenhuma consulta interna ao partido. Considera-se " tutor e fiador " da candidatura da ministra, deixando pouco espaço para a legenda. Isso explicaria o fato de, por duas vezes durante o caso Lina, Lula ter vindo a público e, de forma áspera, desafiado a ex-secretária da Receita a provar o que dizia. "O Lula não tem jeito, ele é assim. Mesmo se houvesse este estafe político, ele defenderia Dilma" , minimizou o presidente nacional do PT, deputado federal Ricardo Berzoini (SP).
O PT patina porque será a primeira eleição não só sem Lula como candidato, mas também sem o experiente grupo político que o acompanhou nas últimas campanhas, chefiado por José Dirceu e integrado pelo antigo campo majoritário do partido. Dilma não tem experiência político-eleitoral e tampouco vivência partidária. Por isso não vem amparada por uma tendência específica, que lhe daria apoio político incondicional. Esta deficiência começou a ser sanada em alguns encontros com os militantes estaduais e movimentos sociais. Mas veio a descoberta do câncer, o tratamento e a sua agenda política teve de ser suspensa. "Ela precisa estar bem, inteira, saudável, para enfrentar uma campanha. Senão, não adianta" , reconheceu o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP).
O PT está com dificuldades internas. Em novembro será eleita a nova direção do partido numa disputa que não será tão pacífica como se esperava, já que haverá pelo menos seis candidatos. "A atual direção está apagando as luzes e a futura não existe. Fica complicado pensar numa coordenação para a Dilma neste cenário de incertezas" , afirmou um interlocutor da ministra no PT.
A ministra suspendeu suas agendas oficiais até amanhã, mas não está descartada a possibilidade de sua folga estender-se até o fim desta semana. Caso esta hipótese se confirme, Dilma apareceria em público apenas na segunda-feira, dia 31, quando será realizada a reunião ministerial para apresentar o marco regulatório do pré-sal. "Se eu fosse ela, depois do dia 31 tirava mais uns dias de férias. Daqui para a frente, vai ser só paulada" , ressaltou um ministro ouvido pelo Valor.
A declaração dá a dimensão da preocupação do governo em relação à ministra e denota mudança de estratégia com relação à sua candidatura, até agora em superexposição. Há, também, o fator saúde: a ministra não teria repousado o suficiente depois das sessões de quimioterapia e radioterapia dos últimos meses.

sábado, 22 de agosto de 2009

75) O conselheiro da candidata: acho que nao vai dar certo

A mãe do PAC e o filho adotivo de Fidel nasceram um para o outro
Coluna de Augusto Nunes
Website da Veja, 21 de agosto de 2009

José Dirceu será o coordenador da campanha presidencial de Dilma Rousseff, decidiu nesta semana o presidente Lula. É o beijo da morte, compreendeu quem conhece a história do mineiro sessentão que, por querer tudo, hoje é nada. Em agosto de 2003, instalado na chefia da Casa Civil, caprichava na pose de sucessor de Lula. Passados seis anos, vai prestar serviços à “camarada de armas” a quem entregou o cargo do qual foi despejado 30 meses depois da posse.
O companheiro que não acerta uma jamais perde a chance de errar. O naufrágio em companhia de Dilma vai ampliar a coleção de trapalhadas, derrapagens e desastres espetaculares. Líder estudantil, namorou uma espiã do DOPS chamada Heloísa Helena, a “Maçã Dourada”. Presidente da União Estadual dos Estudantes em 1968, resolveu que o congresso clandestino da UNE, com mais de 1.000 participantes, seria realizado em Ibiúna, com menos de 10.000 moradores.
O nativos ficaram intrigados com aquele cortejo de jovens barbudos e vestindo ponchos cucarachas que não parava de passar pela rua principal. Era muita gente, souberam centenas de congressistas que, por falta de teto para todos, atravessaram a primeira noite tentando dormir debaixo de chuva. Era gente demais, desconfiou na manhã seguinte o dono da padaria surpreendido pela encomenda superlativa: mais de 1.000 pães por dia.
Muito mais que os 300 que costumava vender, desconfiou. No interior, gente desconfiada chama o delegado. Como todos os policiais brasileiros, o doutor sabia que a estudantada comuna andava preparando uma reunião em algum lugar de São Paulo. Ligou para os chefes na capital, que avisaram a PM, que prendeu a turma toda.
Dirceu continua a afirmar que não conseguiu vencer o aparato repressivo da ditadura. Engano. Foi derrotado pelo padeiro. Ficou preso alguns meses não porque tinha ideias subversivas, mas porque teve uma ideia de anta. Teria dezenas ao longo da vida. Exilado na França, por exemplo, achou que Cuba era melhor.
Matriculou-se num cursinho intensivo para guerrilheiros, aprendeu a fazer barulho com fuzis de segunda mão e balas de festim, diplomou-se com o codinome de Daniel e considerou-se pronto para voltar ao Brasil e derrubar o governo a bala. Ficou muito emocionado ao despedir-se de Fidel Castro. O comandante, segundo Dirceu, sempre o tratou “como um filho”.
Dez metros depois de cruzar a fronteira, percebeu que a coisa andava feia, mudou de nome outra vez, esqueceu a luta no campo e resolveu ir à luta em Cruzeiro do Oeste, interior do Paraná. O forasteiro Carlos Henrique Gouveia de Mello, comerciante de gado, logo se engraçou com a dona da melhor butique do lugar, trocou a guerra de guerrilhas pela guerra conjugal e esperou a anistia para sair da clandestinidade.
Só em 1979 Carlos Henrique, conhecido no bar da esquina como “Pedro Caroço”, contou à mãe do filho de cinco anos que se chamava José Dirceu de Oliveira, era revolucionário e voltaria ao combate na cidade grande.
Presidente do PT, escolheu Delúbio Soares para cuidar da tesouraria. Chefe da Casa Civil, escolheu o amigo Waldomiro Diniz, com quem dividira um apartamento em Brasília, para cuidar dos pedintes do Congresso. Waldomiro foi delinquir em outra freguesia depois do video que o mostrou pedindo “Um por cento pra mim” a um bicheiro. Dirceu
escorregou para a planície arrastado pelo escândalo do mensalão.
Prometeu correr o país para mobilizar a companheirada em defesa do governo ameaçado pela elite golpista. Foi corrido do Congresso depois da inútil tentativa de mobilizar parlamentares em número suficiente para livrá-lo do castigo. Conseguiu ter o mandato cassado por uma Câmara de Deputados que não pune sequer representantes do PCC.
Sem abandonar a discurseira contra a burguesia exploradora, virou corretor de negócios feitos por patrões que, na hora de tratar os detalhes do acerto, esperam as crianças saírem da sala e vão à janela conferir se algum camburão estacionou por perto. Entre uma e outra corretagem, conversa com o advogado sobre o processo no Supremo e cumpre missões que Lula lhe confia.
O chefe gostou do desempenho do antigo capitão do time no esforço cívico destinado a afastar da guilhotina o pescoço de José Sarney. Gostou tanto que o incumbiu de desviar Dilma Rousseff das enrascadas em que vive se metendo e levá-la incólume à Presidência. Dirceu ficou orgulhoso. Coordenador da vitoriosa campanha de Lula em 2002, ele se apresenta como pai das ideias que o publicitário Duda Mendonça teve.
Dilma e Dirceu se entendem muito bem. Em situações de risco, um sempre sabe o que o outro pensa, quer ou fez. É sempre o contrário do que diz.

74) "Lula não fará o seu sucessor" - Presidente do Ibope

"Lula não fará seu sucessor"
Oscar Cabral
Revista Veja - Edição 2127, 22.08.2009

Carlos Augusto Montenegro é um dos mais experientes analistas do cenário político nacional. Presidente do Ibope, empresa que virou sinônimo de pesquisa de opinião pública no Brasil, ele acompanhou com lupa todas as eleições realizadas no país desde a volta à democracia, em 1985. Agora, faltando pouco mais de um ano para a sucessão presidencial, Montenegro faz uma análise que o consagrará se acertar. Se errar? Bem, dará às pessoas o direito de igualarem seu ofício às brumas da especulação. Em entrevista ao editor Alexandre Oltramari, Montenegro aposta que o governo, apesar da imensa popularidade do presidente Lula, não conseguirá fazer o sucessor – no caso, a ministra Dilma Rousseff. Também afirma que o PT está em processo de decomposição.

O que os acontecimentos da semana passada revelaram sobre o PT?
Que o partido deu um passo a mais na direção de seu fim. O PT passou vinte anos dizendo que era sério, que era ético, que trabalhava pelo Brasil de uma maneira diferente dos outros partidos. O mensalão minou todo o apelo que o PT havia acumulado em sua história. Ali acabou o diferencial. Ali acabou o charme. Todas as suas lideranças foram destruídas. Estrelas como José Dirceu, Luiz Gushiken e Antonio Palocci se apagaram. Eu não diria que o partido está extinto, mas está caminhando para isso.

Mas por trás do apoio ao PMDB e ao senador Sarney não está exatamente um projeto de poder do PT?
É um projeto de poder do presidente Lula. O desempenho eleitoral do PT depois do mensalão foi um vexame. Em 2006, com exceção da Bahia, o partido só venceu em estados inexpressivos. Nas eleições municipais de 2008, entre as 100 maiores cidades, perdeu em quase todas. Lula sempre foi contra a reeleição e só resolveu disputá-la para tentar salvar o PT. Sua reeleição foi um plebiscito para decidir se deveria continuar governando mais quatro anos ou não. Mas tudo indica que agora ele não fará o sucessor justamente por causa da mesmice na qual o PT mergulhou.

Ao contrário do que muita gente acredita, o senhor aposta que Lula, mesmo com toda a popularidade, não conseguirá eleger o sucessor.
Uma coisa é ele participar diretamente de uma eleição. Outra, bem diferente, é tentar transferir popularidade a alguém. Sem o surgimento de novas lideranças no PT e com a derrocada de seus principais quadros, o presidente se empenhou em criar um candidato, que é a Dilma Rousseff. Mas isso ocorreu de maneira muito artificial. Ela nunca disputou uma eleição, não tem carisma, jogo de cintura nem simpatia. Aliás, carisma não se ensina. É intransferível. "Mãe do PAC", convenhamos, não é sequer uma boa sacada. As pessoas não entendem o que isso significa. Era melhor ter chamado a Dilma de "filha do Lula".

Porém já existem pesquisas que colocam Dilma Rousseff na casa dos 20% das intenções de voto.
A Dilma, em qualquer situação, teria 1% dos votos. Com o apoio de Lula, seu índice sobe para esse patamar já demonstrado pelas pesquisas, entre 15% e 20%. Esse talvez seja o teto dela. A transferência de votos ocorre apenas no eleitorado mais humilde. Mas isso não vai decidir a eleição. Foi-se o tempo em que um líder muito popular elegia um poste. Isso acontecia quando não havia reeleição. Os eleitores achavam que quatro anos era pouco e queriam mais. Aí votavam em quem o governante bem avaliado indicava, esperando mais quatro anos de sucesso.

Diante do quadro político que se desenha, quais são então as possibilidades dos candidatos anunciados até o momento?
Faltando um ano para as eleições, o governador de São Paulo, José Serra, lidera as pesquisas. Ele tem cerca de 40% das intenções de voto. Em 1998, também faltando um ano para a eleição, o líder de então, Fernando Henrique Cardoso, ganhou. Em 2002, também um ano antes, Lula liderava – e venceu. O mesmo aconteceu em 2006. Isso, claro, não é uma regra, mas certamente uma tendência. Um candidato que foi deputado constituinte, senador, ministro duas vezes, prefeito da maior cidade do país e governador do maior colégio eleitoral é naturalmente favorito. Ele pode cair? Pode. Mas pode subir também.

A entrada em cena de Marina Silva, que deixou o PT para disputar a eleição presidencial pelo PV, altera o quadro sucessório?
A Marina é a pessoa cuja história pessoal mais se assemelha à do Lula. É humilde, foi agricultora, trabalhou como empregada doméstica, tem carisma, história política e já enfrentou as urnas. Além disso, já estava preocupada com o meio ambiente muito antes de o tema entrar na agenda política. Ela dificilmente ganha a eleição, mas tem força para mudar o cenário político. Ser mulher, carismática e petista histórica é sem dúvida mais um golpe na candidatura de Dilma.

Na hora de votar, o eleitor leva em consideração o perfil ético do candidato?
Uma pesquisa do Ibope constatou que 70% dos entrevistados admitem já ter cometido algum tipo de prática antiética e 75 % deles afirmaram que cometeriam algum tipo de corrupção política caso tivessem oportunidade. Isso, obviamente, acaba criando um certo grau de tolerância com o que se faz de errado. Talvez esteja aí uma explicação para o fato de alguns políticos do PT e outros personagens muito conhecidos ainda não terem sido definitivamente sepultados.

73) Cesar Maia sobre Dilma e Marina

O ex-prefeito Cesar Maia pode ser um pouco bizarro, como personalidade, mas ele costuma fazer análises interessantes. Pelo menos dispõe de informações mais qualificadas...

MARINA: NA ORIGEM DE TUDO, A CANDIDATURA DE DILMA!
Ex-Blog de Cesar Maia
21 de agosto de 2009

1. Este Ex-Blog já tratou dessa questão. Só a enorme popularidade de Lula viabilizou a candidatura de Dilma, pelo PT. Cristão novo no PT não tem vez. Dilma era do PDT, e como tal, ocupou a secretaria de minas e energia no governo Olivio Dutra, no RS. A desintegração do PDT local, com a adesão do filho de Brizola, ex-deputado federal, e suas entrevistas, terminaram por gerar uma migração ao PT (que além de estar no governo do RS, ainda detinha uma hegemonia de anos em Porto Alegre). Nessa leva, Dilma entrou.

2. Com a surpreendente ausência de quadros na formação do primeiro governo Lula, Dilma acabou indicada por Olivio e o PT-RS para ministra de Minas e Energia. Sua passagem foi, no depoimento dos especialistas, medíocre. E o PT viu sacrificar-se seu principal quadro no setor de energia (Pingueli Rosa), que tendo assumido a Eletrobrás, foi demitido por Lula, dizendo que "ele não tem votos", na verdade a pedido do PMDB. Dilma foi salva pelo "mensalão" e a queda de José Dirceu. Lula, que trabalha com símbolos, nomeou-a no lugar de Dirceu, pelo jeito de executiva vertical com que ela vendia a sua imagem (encobrindo o despreparo técnico), e pela condição feminina. Lula produzia com isso, expectativas de mudança de referência.

3. Não foi por sua performance, sempre criticada (vide o escândalo em Furnas, empresa de sua área, onde toda a diretoria caiu). E a transição do ministério se deu, para controle total do PMDB de Sarney. Os conflitos entre meio-ambiente (Marina) e energia (Dilma) (hidroelétricas, etc.) começaram aí e só se ampliaram quando o campo de influências de Dilma foi ampliado, com maiores interferências na área ambiental. Lula, provavelmente para proteger Dilma, lançou Mangabeira no conflito, indicando-o como coordenador das estratégias econômico-ambientais.

4. Quando Lula designou Dilma para candidata ad referendum do PT, as reações internas dos históricos do PT foram sentidas. Marina, Tarso Genro, etc. No caso de Marina, com intensidade dupla, pois a vitória eleitoral de Dilma significaria sua completa exclusão do processo decisório na questão ambiental. A saída de Marina do ministério, com a assunção de um ecologista urbano, foi apenas a indicação que a ruptura estava dada e que era questão de tempo e de momento. E assim foi.

5. Marina, espertamente, escolheu o melhor dia: a sustentação de Sarney pelo PT. Mas seria hipocrisia destacar a questão ética para sua decisão. Afinal de contas, não se leu, viu ou ouviu qualquer indignação da ministra Marina Silva no caso "mensalão". Onde estava, ficou. O fato novo, fermentado pelos confltos com a ex-ministra de minas e energia foi a escolha de Dilma para candidata. Nesse momento, o futuro se somava ao passado e ao presente, e era insuportável a convivência. Por isso, ela diz na carta de saída do PT que o PT deixou de sinalizar compromisso de fato com o desenvolvimento sustentável. Na verdade, com Dilma (e não com o PT) é que esse descompromisso ficou caracterizado, e com firma reconhecida.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

72) Mentiras em Brasilia: para todos os gostos

Corrijo apenas a última frase deste editorialista: não são todos que mentem em Brasília, apenas determinada categoria de pessoas...

Mentiras no planalto
Luiz Garcia
O Globo, 21.08.2009

Se Fulana convoca Beltrana para encontro secreto, à meia-noite, no meio de densa floresta, é perfeitamente possível a qualquer uma das duas dizer depois que realmente estiveram juntas, ou que não houve conversa alguma.
Naturalmente, uma estará mentindo — mas, como saber? Em muitos casos, isso pode não fazer qualquer diferença. Mas, se o alegado e negado encontro tiver ocorrido no Palácio do Planalto, em hora de expediente, juntando a então secretária da Receita Federal, Lina Vieira, e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a opinião pública pode se considerar diante de um dilema inconcebível; por isso mesmo, inaceitável.
Inevitavelmente, uma das duas está mentindo. E sobre questão de fato, num episódio que não admite erro de interpretação ou falha de memória. Lina afirma que Dilma lhe pediu que agilizasse a investigação da Receita sobre empresas e bens da família Sarney. E diz que, só mais tarde, suspeitou das razões do pedido: mais precisamente, quando se soube que José Sarney se tornaria presidente do Senado com as bênçãos do Palácio do Planalto. No momento do encontro, entendeu que a ministra estava pedindo apenas agilidade no trabalho, não que a Receita limpasse a ficha da tribo dominante no Maranhão.
Sente-se no ar um cheiro de suposta ingenuidade.
Seja como for, a conversa entre as duas senhoras tornou-se fato político importante, provocando o depoimento desta semana da ex-secretária na Comissão de Justiça do Senado. Obviamente, porque, entre conversa e depoimento, estourou o escândalo dos abusos cometidos por senadores: uso de dinheiro público para confortos pessoais e familiares, nomeação de protegidos, aos magotes, para cargos no Legislativo que raros sequer fingiam que exerciam etc. Nessa maré de escândalos, há motivo e espaço para ondas e ondas de abusos contra o fisco.
A ex-secretária da Receita pode ter cometido o pecado de inocência exagerada em relação à convocação ao Planalto. Dilma certamente não precisava chamá-la ao palácio apenas para pedir que trabalhasse direitinho, com agilidade e eficiência. Ou a ministra tinha o direito de supor que, sem cutucadas suas, cara a cara, a turma da Receita não trabalharia como deve? De qualquer forma, as mencionadas cutucadas não deveriam ser dadas pelo ministro da Fazenda? Não está em discussão apenas o conteúdo da suposta conversa entre as duas senhoras. Dilma não se limita a contradizer a versão de Lina: vai bem mais longe, ao afirmar que não houve encontro algum. É a sua palavra contra a da ex-secretária.
Outras duas senhoras também dizem coisas opostas.
Iraneth Weiler, chefe de gabinete de Lina, diz que a secretáriaexecutiva da Casa Civil, Erenice Guerra, foi à sede da Receita confirmar o encontro. O que, claro, Erenice desmente.
De longe, o cidadão comum, por enquanto, tem direito apenas a uma conclusão sem margem ou risco de erro: o pessoal de Brasília continua mentindo à beça.

71) Mais um candiato possivel: Antonio Palocci

Este blog pretende registrar tudo o que interessa em matéria de eleições presidenciais de 2010, dai o registro desta possível candidatura...


PT de SP já defende Palocci como plano B a Dilma em 2010
Folha Online, 21.08.2009

Um grupo do PT de SP já defende internamente que Antônio Palocci Filho seja considerado um plano B a Dilma Rousseff (PT-RS) para a campanha presidencial, informa a coluna de Mônica Bergamo, publicada nesta sexta-feira pela Folha (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal).
Segundo a coluna, a ministra, dizem os defensores da tese, tem sofrido críticas de caciques regionais da base do governo Lula, que afirmam que ela "não empolga".
Já Palocci teria como qualidades a facilidade para conseguir dinheiro do empresariado e suavidade na comunicação com o público e, como defeito, a quebra do sigilo do caseiro Francenildo.
Um julgamento favorável a Palocci no STF (Supremo Tribunal Federal), considerado provável pelo governo, facilitaria a vida do ex-ministro.
A coluna informa que o PT poderia inclusive recorrer ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para impedir que adversários explorassem o tema -- inocentado, Palocci não poderia ser atacado por isso.

70) Efeitos eleitorais futuros da falta de ética no presente

Creio que não preciso acrescentar absolutamente nenhum comentário, embora eu pudesse agravar o caso dos envolvidos. Mas, não vale a pena bater nos feridos e estropiados...

Renunciei, mas não fui eu
Coluna Carlos Brickmann
Coluna de domingo, 23 de agosto de 2009

Como todos os Estados, São Paulo tem três senadores. Ao contrário da maioria dos Estados, São Paulo não tem nenhum senador.

Aloízio Mercadante mostrou que, comparadas com ele, Rita Cadillac e a Mulher-Melancia nada têm a exibir. Rugiu truculento para Lina Vieira, miou para o presidente Lula. E seu estridente protesto contra o voto pró-Sarney, a renúncia à liderança do PT, não resistiu a uma conversa com o presidente. Como na famosa camiseta de Lobão (o cantor, não o governista), ele fez, mas não foi ele.

E os outros? Eduardo Suplicy, fundador do PT, crítico feroz da falta de ética dos outros, desta vez não foi aos microfones do Senado nem para cantar Bob Dylan. Não atacou o Governo – e também não o defendeu (aliás, com certa razão: Suplicy não é Dilma, tem mestrado e doutorado de verdade, mas nunca foi chamado por Lula para ocupar qualquer cargo). Silenciou. Não se sabe se está ao lado de Renan Calheiros ou de Aloízio Mercadante, de Collor ou de Flávio Arns.
O terceiro senador, como uma pesquisa no Google pode revelar, é Romeu Tuma, o Xerife, ex-superintendente da Receita Federal – que, diante de um problema que envolveu a Receita Federal, silenciou. Mas Tuma, faça-se justiça, é fiel a seus princípios. Quando seu partido, o PFL, mudou de nome para Democratas, Tuma saiu e foi para o PTB. Um homem como ele, delegado que comandou o Dops na ditadura militar, não aceitaria jamais ser chamado de Democrata.
E qual dos três jamais apresentou um projeto de interesse do Estado?

Nova face
Na quinta, o senador Aloízio Mercadante dizia que a decisão de deixar a liderança do PT era "irrevogável”. Na sexta, revogou o irrevogável, porque o presidente Lula o considera "imprescindível”. Pode ser – mas Mercadante, por bom tempo o principal assessor econômico do candidato Lula, que desistiu de disputar um mandato para ser seu vice numa eleição perdida, jamais recebeu um convite irrevogável de Lula para dar sua imprescindível colaboração no Governo.

A escolha de Sofia
Parafraseando Winston Churchill, no caso do Conselho de Ética foi oferecida ao PT a opção entre perder a ética ou as eleições. Preferiram perder a ética, e podem ter desperdiçado boa parte das chances de não perder as eleições.

Alegria, alegria
Não leve a sério as notícias de que o governador paulista José Serra, do PSDB, estaria preocupado com a possibilidade de também perder votos para Marina Silva. Serra está feliz, feliz: Marina é um problema do PT. O PSDB não tem nada a perder. E, se houver algo a ganhar, é dele.

69) Etica e comportamento político: uma postagem preventiva

Não tenho certeza, na verdade não tenho a mínima idéia, se questões éticas e de comportamento político de acordo com certas normas de moral pública, terão ou não algum peso nas eleições de 2010, em especial na campanha presidencial.
Pode ser que sim, pode ser que não, pois talvez interesse à grande maioria dos candidatos manter essa questão à margem do debate aberto e transparente nos meios de comunicação e nos confrontos televisivos, sabedores, eles mesmos, de que todos têm telhado de vidro nesse particular.
Em todo caso, transcrevo abaixo uma matéria de jornal que já revela, preventivamente, que atitude terá um dos partidos majoritários nessa campanha, ou seja, de que eles não acreditam que o debate ético consiga precedência sobre supostos resultados sociais.

Sucessão: Avaliação é de que apoio a Sarney será superado em 2010 por resultados sócio-econômicos
Petistas apostam na aprovação de Lula contra debate ético
Paulo de Tarso Lyra, de Brasília
Valor Econômico,21/08/2009

O PT e o governo apostam que as "realizações econômicas e sociais" do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vão blindar a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, contra o debate ético gerado pela aliança do partido com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Integrantes do partido e do governo lembram que, após a maior crise política da história da legenda - o escândalo do mensalão, em 2005 -, Lula foi reeleito e hoje ostenta 84% de aprovação popular. "Além disso, eles (a oposição) também têm muito a explicar quando o assunto é ética", afirmou o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).

Autor da carta lida pelo senador João Pedro (AM) durante a reunião do Conselho de Ética na qual foram arquivadas as denúncias contra Sarney, Berzoini disse que, durante a campanha, as incongruências de tucanos e demistas também serão expostas. "O PSDB parece que esqueceu que Yeda Crusius (Rio Grande do Sul) está sendo investigada. O DEM quer pegar o Sarney mas esquece as denúncias contra o carlismo na Bahia e as gestões de Efraim Morais (PB) e Heráclito Fortes (PI) na primeira-secretaria do Senado", ressaltou o presidente petista.

Para o líder do PT na Câmara, Cândido Vacarezza (SP) - um dos presentes na reunião no CCBB , sede do provisória do governo federal, na qual a bancada do partido no Conselho de Ética do Senado foi enquadrada - a componente ética é apenas uma das variáveis analisadas em uma eleição. "O eleitor pensa, sim, na ética. Mas pensa também na economia, no social, em como o país está. Com Lula, o Brasil ganhou um peso político e econômico que não tinha antes", completou.

No governo, a sensação é semelhante. Não há receio nem quando confrontados com números de pesquisa recentes, que confirmam uma aprovação de 84% do governo Lula mas mostram também que 68% dos brasileiros defendiam a saída de Sarney da presidência do Senado. A confiança é total no poder de convencimento de Lula no palanque. Aliados do presidente acham que, se o presidente discursar perante a população mostrando que Dilma é a continuidade de todas os avanços dos últimos oito anos, a aprovação de Lula terá mais efeito que a rejeição de Sarney.

Aliados do Planalto também descartam uma estratégia política no desaparecimento da ministra nos últimos três dias - justamente na semana em que a ex-secretária da Receita Federal depôs à Comissão de Constituição e Justiça do Senado mantendo a versão de que se encontrou com a ministra para tratar da investigação contra Fernando Sarney. Pessoas de confiança da ministra afirmaram que a ausência de agendas públicas é decorrente de um efeito colateral da última sessão de quimioterapia.

Dilma estava confirmada na comitiva de Lula para o Rio de Janeiro, na última terça. Mas, por precaução face a uma agenda estafante, optou por permanecer em Brasília. Ontem, Lula visitou o Rio Grande do Norte, Estado no qual a ministra esteve semana passada, realizando um balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Aliados da ministra acrescentam que ela, ao longo de toda a sua trajetória, já provou ser corajosa o suficiente para não fugir de brigas. Mas reconhecem que a pausa médica foi providencial em uma semana de tiroteio político envolvendo a chefe de Casa Civil. "É bom preservar um pouco a imagem dela, uma exposição política neste momento seria desnecessária", afirma um aliado político.

Para o governo, contudo, DEM e PSDB já não fazem mais questão de saber se o encontro ocorreu ou não ou qual teria sido o teor da conversa da ministra com Lina. Esta divergência foi vencida. A oposição quer provar que a palavra da ministra não merece confiança. Por isto, para assessores governistas, a associação deste episódio com outros, como o dossiê dos cartões corporativos, o erro no currículo profissional da Dilma e o processo de venda da Varig. "Esta pressão só vai acabar quando a oposição achar que há outro ponto para fustigar a candidatura Dilma", acrescenta um aliado.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

67) Marina: uma avaliacao critica sobre a mais nova candidata

Não tenho NENHUMA dúvida que a ex-ministra Marina Silva, senadora do Acre que deixa o PT pelo PV, será candidata em 2010, com imenso potencial para prejudicar a candidatura daquela que foi selecionada exclusivamente pelo presidente Lula para ser ser, supostamente, a candidata de uma ampla coalizão governista (que agora está se desfazendo).
Por isso já pretendo postar aqui comentários e análises que superem a mera visão descritiva para entrar na substância da matéria, como se diz.
Não tenho culpa se a primeira análise que encontro é fortemente crítica.

Marina não me engana!
Rodrigo Constantino
Thursday, August 20, 2009

A grande esperança para muitos brasileiros desolados com a falta de ética na política nacional tem nome: Marina Silva. A ex-ministra do Meio Ambiente durante o governo Lula anuncia sua saída do PT, após 30 anos de militância, para entrar no PV. Marina é vista como uma idealista acima de qualquer suspeita. Será mesmo?

Em primeiro lugar, é preciso lembrar que três décadas de filiação ao PT são suficientes para manchar o currículo de qualquer ser humano, mesmo aquele com a mais ilibada fama. Afinal, não é novidade alguma o uso das práticas imorais do partido em sua busca pelo poder. Relações com o jogo do bicho, parceria com ditadores comunistas, até mesmo afinidade e aproximação com terroristas e traficantes das FARC representam o histórico do PT desde muito tempo. A bandeira da ética sempre foi hipócrita, e está totalmente esgarçada pelas traças do poder.

Os casos mais recentes de apoio incondicional a figuras como Sarney são apenas a ponta do iceberg. O senador Flávio Arns, que também resolveu deixar o partido, afirmou: “O PT deu as costas para a sociedade, para o povo e para as bandeiras. Estou disposto a perder o último ano do meu mandato. O que não estou disposto é a atuar em desacordo com a minha consciência”. Ora, só posso concluir que a consciência do senador estava hibernando durante todo o governo Lula, durante o “mensalão” e tantos outros escândalos. Essa revolta tardia me remete ao caso do escritor Saramago, que “rompeu” com Fidel Castro após uma nova perseguição a intelectuais cubanos, ignorando os milhares de cadáveres acumulados na mais longa ditadura da América Latina.

Portanto, vamos colocar os pingos nos is: Marina Silva resolveu sair do PT apenas quando seu espaço político estava prejudicado. Mas ela é cúmplice desta quadrilha no poder, isso é inegável. Ela fez parte desse governo corrupto, e ainda que não tenha praticado atos ilegais, fez parte da máfia chamada PT durante esse tempo todo. Além disso, Marina mantém profunda admiração pelo partido e por diversos membros do partido. Um de seus gurus intelectuais é Leonardo Boff, da Teologia da Libertação, uma mistura tosca entre cristianismo e marxismo. Marina veste literalmente o boné da organização criminosa chamada MST. E por aí vai.

Muitos enaltecem o foco ambiental de Marina, mas mesmo aqui tenho mais críticas que elogios. Marina pode mesmo acreditar nos seus ideais ambientalistas, mas abraçou o que chamo de “religião verde”, uma postura fanática em relação ao meio-ambiente que representa uma ameaça ao progresso. Nos Estados Unidos, o político que soube explorar bem esse nicho, de forma claramente oportunista, é Al Gore. Essa seita acabou abrigando muitas viúvas do comunismo, que órfãos de uma ideologia, correram para o eco-terrorismo em busca de um meio para continuar atacando o capitalismo. Se essa turma neomalthusiana realmente concentrar mais poder, o retrocesso material será inevitável, colocando em risco o conforto e a própria vida de milhões de pessoas.

Com tudo isso, espero ter deixado claro porque Marina Silva não me convence de forma alguma. Em sua carta de despedida, ela diz: “Hoje lhe comunico minha decisão de deixar o PT. É uma decisão que exigiu de mim coragem para sair daquela que foi até agora a minha casa política e pela qual tenho tanto respeito”. Pois bem: quem tem tanto respeito assim pela corja petista, não merecerá jamais o meu respeito!

66) Em plena campanha eleitoral...

...mas com um sentido da história muito particular. Sinceramente, não consegui entender as correlações entre denúncias do passado distante, impeachment do passado recente e corrupção recentíssima. Certas coisas superam minha capacidade de entendimento.
Ça me dépasse, como dizem os franceses...

Lula compara Sarney a Getúlio e volta a criticar "denuncismo"
Folha de S.Paulo, 19.08.2009

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem o "oba-oba do denuncismo". Declarou que "o Senado tem instrumentos" para conduzir a crise e, ao defender o senador José Sarney (PMDB-AP), disse que "é menos do que apoiar um homem, é apoiar a instituição".
Ele comparou Sarney a ex-presidentes que não concluíram o mandato, como Fernando Collor (cujo afastamento Lula defendeu em 1992), Getúlio Vargas e João Goulart.
Em entrevista à rádio Tupi, do Rio de Janeiro, Lula pediu uma
investigação justa e um julgamento correto para Sarney. "Se a pessoa for condenada, se condena. O que não quero é esse oba-oba do denuncismo", afirmou.
Segundo Lula, Getúlio "foi levado ao suicídio porque era chamado de ladrão e corrupto todo dia. Juscelino Kubitschek era chamado de ladrão todo dia pelos denuncistas da época, a UDN moralizadora -a direita está cheia de ética para vender. Jânio Quadros renunciou por causa de forças ocultas, João Goulart caiu algum tempo depois, depois foi o Collor".
Em Nova Iguaçu, o presidente foi recebido por 200 eleitores com camisetas "em apoio" à ministra Dilma Rousseff. Lula comentou: "Não posso falar em candidatos, senão daqui a pouco eu sou processado".

65) É dando que se recebe...

Tenho uma pequena impressão que o PT vai receber algo nas próximas eleições. Só não sei ainda antecipar o que será, exatamente....
Da coluna do jornalista gaúcho Diego Casagrande, em 19.08.2009:

Fiel da balança, PT garante fim de 11 processos contra Sarney
O PT, partido do presidente Lula, foi fundamental para o arquivamento de todos os 11 processos contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). O placar foi de 9 a 6 pela rejeição dos recursos e arquivamento das representações no Conselho de Ética do Senado. Contaram para o resultado os votos dos senadores petistas Delcídio Amaral (MS) e Ideli Salvatti (SC).

A decisão dos petistas, que agiram a mando de Lula, abriu uma crise na bancada do partido. "O PT rasgou a ética. Quero dizer aos meus eleitores que me envergonho de estar no PT", afirmou o senador Flávio Arns (PT-PR), revelando que vai deixar o partido. Aloízio Mercadante (PT-SP), líder da bancada, negou-se a ler uma carta na qual os senadores petistas anunciavam o voto em bloco pela absolvição de Sarney. "Não li a carta porque seria hipocrisia", justificou. "O preço político que o PT está pagando é muito grande". Ele chegou a ameaçar que deixaria a liderança no Senado.

64) Marina, um novo dado na campanha eleitoral

Alguns já estão escrevendo que a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil está enterrada. Talvez. Em todo caso, transcrevo informações e comentários do jornalista gaúcho Políbrio Braga, em sua coluna de 19.08.2009.

Conheça o tamanho do PV no Brasil e no RS
Já era esperada a saída da ex-ministra Marina Silva do PT e seu ingresso no PV para disputar as eleições presidenciais de 2010.
. Marina vai acabar com Dilma Roussef.
. O governador José Serra pode ir preparando o terno da posse.

- Nas últimas eleições, o PV elegeu 34 deputados estaduais e 13 federais, nenhum dos quais no RS. No RS, o Partido possui apenas dois vereadores. O PV terá apenas 2m21s de tempo para Marina Silva, mas no caso de Heloísa Helena, do PSOL, apoiar o PV, como se especula, o tempo dela irá para 4m26s, portanto bem próximo dos 6m48s de Serra, do PSDB. (Dilma terá 9m03s) caso consiga o apoio do PMDB, PDT e PTB)

CLIQUE AQUI para saber mais sobre o Partido Verde e seus resultados eleitorais

Rolim, ex-deputado do PT do RS, está com um pé dentro do PV
O ex-deputado federal pelo PT, Marcos Rolim, está com um pé dentro do novo Partido Verde. Aliás, o PV será refundado.
. O PV do RS gostaria de incluir Rolim na sua lista de candidatos a deputado federal. O Partido acha que com Marina poderá eleger dois estaduais e um federal em 2010.

Dilma amarela. Ela não quer acareação com Lina
Lina Vieira, a ex-secretária da Receita Federal que acusa Dilma Roussef de mentirosa, topou a acareação proposta para o Senado.
. A ministra de Lula já avisou que não quer saber de acareação.
. Dilma amarelou.

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Não comento, por enquanto, apenas registro. Mas, tendo a concordar com o jornalista...

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Outro dado relevante na campanha: Ciro Gomes rides again:

Ciro Gomes afirma que será candidato a presidente em 2010
Coluna do jornalista Diego Casagrande, 19.08.2009

Na última terça-feira, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) afirmou que será candidato a presidente em 2010. Ele disse que tem uma divergência de análise com o presidente Lula sobre a divisão do bloco governista em duas candidaturas à Presidência da República no próximo ano. Segundo Ciro, sua preferência é disputar com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT) a presidência e não concorrer ao governo de São Paulo, como quer Lula.

"O presidente Lula considera que a melhor tática para 2010 é um plebiscito. Consideramos que é ruim. Achamos que a melhor fórmula é o enfrentamento com duas candidaturas", informou Ciro.

63) Continua a guerra dos curriculos...

Bem, não é bem guerra, pois o outro lado não tem nenhum currículo para mostrar...

Mercandante disse que era Doutor. Não é, nem nunca foi...
Reinaldo Azevedo 18/08/09 15:18

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) também pode nos espantar pela capacidade de sobrepor uma inverdade à outra. Tentando responder ao fato óbvio de que as informações sobre o currículo de Dilma eram mentirosas, resolveu atacar o currículo do governador José Serra. Falo disso em outro post. Referindo-se a si mesmo, afirmou o senador: “Eu mesmo pus no meu currículo que era MESTRANDO e saiu lá MESTRADO”. Como se nota, teria sido só um engano, cometido por assessores, naturalmente. Aliás, há sempre gente na periferia do senador praticando desatinos sem que ela saiba. Lembram-se de seu homem de confiança, envolvido com os aloprados, carregando a mala de dinheiro? Mercadante não sabia. Mas voltemos ao currículo. Errado!!! Mercadante está faltando com a verdade. De novo!

No seu currículo, constava que era DOUTOR, não mestre. E ele nunca foi. E o “erro” não estava só no papel, não. Num debate eleitoral da TV Gazeta, em 2006, quando disputava o Governo de São Paulo, ele próprio disse, de viva voz: “Fiz mestrado e doutorado [em economia] na Unicamp”. Ele falou. Não foi nenhum assessor que falou por ele. A Gazeta deve ter a fita. No dia 16 de agosto de 2006, há três anos, escrevi um post a respeito. Destaco um trecho:

No debate da TV Gazeta, aquele que ninguém viu - ou quase, hehe -, o candidato do PT ao governo de São Paulo disse: “Fiz mestrado e doutorado [em economia] na Unicamp”. Ops! Não fez, não. Vai ter de mostrar o canudo. Mas, para mostrar, terá de fabricar um primeiro. Busquem lá as informações na universidade: ele até acompanhou algumas aulas do doutorado, mas, como não apresentou a tese, foi desligado do programa. Vaidoso que é, até pode se considerar um doutor honorário - em economia ou no que quer que seja (ele sempre fala com igual convicção sobre qualquer assunto, especialmente os que desconhece). Mas doutor em economia pela Unicamp, ah, isso ele não é.

Mercadante, a exemplo de Dilma Rousseff, teve de corrigir o seu currículo. Como já escrevi aqui certa feita, o petismo é mesmo engraçado: quem não tem diploma se orgulha de não tê-lo; quem se orgulha de tê-lo não o tem.

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Mercadante e o currículo de Serra
Reinaldo Azevedo 18/08/09 17:44

Na sua intervenção no Senado, Mercadante também resolveu reescrever a biografia intelectual de José Serra, seu ex-professor na Unicamp. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) até especulou sobre uma possível motivação freudiana… Bem, vá lá.

Segundo Mercadante, Serra se diz engenheiro. Não se diz. Sempre deixou claro que teve de interromper o curso na Politécnica da USP por causa do golpe militar — se não me engano, tinha iniciado o quarto e último ano. Mercadante negou que o atual governador de São Paulo seja mestre em Ciências Econômicas pela Universidade do Chile. Só que ele é mestre pela Universidade do Chile, título conferido em 31 de maio de 1972. E também é mestre e PhD em economia pela Cornell University.

Se Mercadante for à Unicamp, os documentos estão todos lá, onde não se pode encontrar a prova do “doutorado” feito pelo senador. “Ah, olhem como Reinaldo é serrista”. Pouco me importa o que digam. Se o fosse, não seria por isso, uma vez que o atual governador tem os títulos que diz ter e que Mercadante e Dilma não têm os que diziam que tinham. É uma questão de fato, não de afinidades eletivas.

Os petistas, já faz tempo, desistiram de negar as irregularidades de que são acusados. Eles preferem convidar os adversários para compartilhar os mesmos defeitos, ainda que estes não os tenham. Já resumi aqui a fórmula: no passado, afirmavam: “Ninguém presta, só eu”. Hoje em dia, poderiam dizer: “Eu não presto, mas você também não”. Às vezes, isso não é verdade.

A cabeça de um petista tem lá a sua graça: se Dilma teve de rebaixar o seu currículo para adaptá-lo à verdade, eles acham que só é justo se Serra fizer o mesmo, ainda que seja mentira.

Faz sentido… O outro lado da verdade é a mentira.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

62) Pronto: comecou a guerra dos curriculos

Depois que o Senador Aloysio Mercadante se aferrou ao governador Serra, na tentativa de diluir o problema da mentira sobre o corriculo da ministra-chefe da Casa Civil, o governador reagiu, como abaixo.
Acho que teremos uma guerra de curriculos, mas tambem acho que o Senador Mercadante, pelos registros de sua passagem pela Unicamp, não é a pessoa mais indicada para fazê-lo...

Mercadante é mitômano”, afirma Serra
Por Carolina Freitas, no Estadão Online:
terça-feira, 18 de agosto de 2009

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), reagiu à acusação feita pelo senador Aloizio Mercadante (PT) de que o currículo do governador traria informações falsas. O tucano chamou o petista de mitômano, ou seja, de viciado em mentir, e disse que tem tantos títulos acadêmicos que poderia emprestá-los a Mercadante. Alvo preferido dos petistas desde que teve seu nome posto como o principal candidato tucano à Presidência em 2010, Serra evitou falar sobre as possíveis motivações do senador petista para atacá-lo. “Não vou fazer psicologia ou sociologia do conhecimento, porque um mitômano é um mitômano. A gente tem de pedir para analistas fazerem isso”, disse após evento no
Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista. “Eu acho que é um caso de psicanálise, não de política.” Mercadante afirmou nesta terça-feira, 18, no Senado, durante audiência com a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira, que, à exemplo da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), Serra também cometera erros em seu
currículo. De acordo com Mercadante, o governador se diz formado em Engenharia e Economia sem ser graduado na área ou ter concluído um mestrado.

Serra confirmou não ter diploma de engenheiro, mas reafirmou ser doutor na área de Economia. Segundo o governador, “é um fato mais do que conhecido” ele não ter terminado a faculdade de Engenharia. “Já disse em discursos da minha frustração em não ter podido me formar engenheiro por conta do golpe (militar, em 1964)”, disse o governador, que foi exilado no Chile. “Obtive um mestrado no Chile, outro nos Estados Unidos e um doutorado nos Estados Unidos. Quem teve carreira acadêmica de verdade sabe que ninguém brinca com currículo.”
Ainda nas críticas, o governador disse que Mercadante mentiu ao divulgar seu currículo na campanha eleitoral para o governo paulista em 2006. Mercadante foi derrotado por Serra no pleito. “Ele afirmou que era doutor pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e não era. Foi meu aluno na Unicamp”, disse Serra. “Ele, de alguma maneira,
é um precursor nessa matéria de mexer em currículos.”

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Addendum:
Alguns caçadores de mitos foram na base de dados da Universidade de Cornell (NY, EUA) conferir os registros sobre José Serra:

Blog de Reinaldo Azevedo:
Na biblioteca
terça-feira, 18 de agosto de 2009 | 20:33

Se você clicar aqui, entra na página da biblioteca da Cornell
University, onde está listada a tese de doutorado de José Serra: "Some aspects of economic policy and income distribution in Chile, 1970-1973".
http://cornell.worldcat.org/oclc/4553548&referer=brief_results

“Personal Information
Name: Jose Serra
Home E-mail: jserra@senado.gov.br
Cornell University Academic Career
Degree: MA, PHD
Year: 1976, 1977
School: Arts & Sciences, Arts & Sciences”

61) A estabilidade econômica ameaçada

Editorial econômico do jornal O Estado de S.Paulo, Terça-Feira, 18 de Agosto de 2009

O desserviço de Lula a Meirelles

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve o grande mérito de reconhecer a independência do Banco Central (BC) e de apoiar seu presidente, malgrado as pressões do seu partido (PT) em favor de uma política menos ortodoxa.

Mas justamente quando os senadores petistas reconhecem que a política monetária do BC deu certo é que Lula resolve abandonar sua linha de conduta em relação a essa política...

Ao levar Henrique Meirelles a Goiás, na sua comitiva, e não esconder que ele é o seu candidato a governador daquele Estado, Lula prestou-lhe um desserviço ao forçá-lo a entrar numa campanha eleitoral sem ter-se decidido ainda a disputar de fato o governo de Goiás.

Mas Lula ainda agravou a situação quando, logo depois, declarou que, na sua opinião, existe ainda espaço para uma redução da taxa Selic. Essa declaração contradiz a Ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que deixou bem claro que as autoridades monetárias demorariam para aprovar uma nova redução da taxa básica de juros.

Seguramente, com essa declaração, Lula quis incluir a condução da política monetária em sua estratégia de "bondades eleitorais". Mas, desse modo, criou uma situação delicada para Henrique Meirelles.

De fato, se, diante de fatos altamente positivos, o Copom decide optar por uma nova redução da Selic, a decisão será interpretada como tendo objetivo eleitoral. Por isso, caberia ao presidente do BC apresentar sua demissão logo que escolhesse um partido, o que deixaria clara sua vontade de entrar na luta eleitoral. Não seria legalmente obrigado a isso, podendo esperar até março do próximo ano para sair do BC. Apenas as declarações de Lula tornam sua demissão moralmente necessária.

A posição de Lula é mais preocupante. Ao escolher um novo presidente do BC, agora ou no próximo ano, mostra que sua escolha terá nítido sentido político, esquecido o compromisso da véspera da sua primeira eleição de manter a política econômica ao abrigo da ideologia petista e garantida a independência do Banco Central.

Há várias razões para crer que a escolha do substituto de Meirelles será determinada pelos objetivos eleitorais do PT, visando a acabar com a independência do Banco Central ? que até agora foi apoiada pelo governo Lula. A suspensão dessa independência no período pós-crise, com déficit público crescente, poderá ter graves consequências para a economia.

60) Cronica de uma mentira galopante...

Acho que também fará parte da campanha presidencial de 2010, por isso é postado aqui (bem, talvez não alcance até lá, mas por enquanto já faz parte do cenário político-eleitoral).

O apagão de Dilma
Ricardo Noblat
O Globo, 17.08.2009

"O voto não é do Serra, nem da Dilma, nem do Lula, nem de ninguém. Ele é do eleitor." (Marina Silva, senadora do PT-AC)

Em que estado se encontravam as lamparinas do juízo da ministra Dilma Rousseff quando ela negou o encontro que teve no final do ano passado, no Palácio do Planalto, com a então secretária da Receita Federal, Lina Vieira? Não teria sido mais fácil confirmar o encontro e negar o que Lina disse ter ouvido dela? Ou afirmar que fora mal entendida?

Lina contou à "Folha de S.Paulo" que fora chamada para uma reunião com Dilma.

O portador do convite — ou da convocação, se preferirem — não foi ninguém menos que Erenice Guerra, secretáriaexecutiva da Casa Civil. Inusitado que tenha sido Erenice. Ela é importante demais para sair dos seus domínios e se ocupar com tarefa tão prosaica.

Mas por inusitado, parece crível. Erenice não discute ordens de Dilma. Está ali para fazer o que ela manda.

O resto da equipe da Casa Civil, também. Alguns assessores veneram a ministra.

A maioria teme seus ataques de cólera. O chefe do Gabinete de Segurança da Presidência, general Jorge Armando Felix, já foi alvo de um deles.

Lina revelou ter ouvido de Dilma a recomendação para que apressasse as investigações em torno dos negócios suspeitos do empresário Fernando Sarney, filho do senador José Sarney (PMDB-AP).

A Polícia Federal chegou a pedir a prisão dele, recusada por um juiz do Maranhão. Lina foi embora do gabinete de Dilma e não falou mais com ela sobre o assunto.

A assessoria da ministra negou tudo — o encontro e a conversa sobre Fernando Sarney. No dia seguinte, foi a própria ministra que negou.

E voltou a negar mais duas vezes. Fala Lina: "Ela me perguntou se eu podia agilizar a fiscalização do filho do Sarney. Fui embora e não dei retorno. Acho que eles não queriam problema com o Sarney."

Fala Dilma: "Eu não fiz esse pedido. Olha, eu encontrei com a secretária da Receita várias vezes, com outras pessoas junto, em grandes reuniões. Essa reunião privada a que ela se refere, eu não tive com ela." Fala de novo Lina: "Ela sabe que eu estive lá e sabe que falou comigo. Não custava nada ela ter dito a verdade."

Vai na bola, Dilma: "Há coisas que a gente não afirma; a gente prova. Não vou fazer avaliação subjetiva quanto a interesses de ninguém". Devolve a bola, Lina: "Qual a dificuldade (de a ministra admitir o encontro)? Na minha biografia não existe mentira".

Por sua vez, Erenice negou ter sido portadora de convite para que Lina se reunisse com Dilma.

Erenice falou por meio de nota oficial: "A secretáriaexecutiva da Casa Civil da Presidência da República afirma que jamais esteve no gabinete de trabalho da exsecretaria da Receita Federal Lina Vieira". Rebateu de viva voz Iraneth Dias, ex-chefe de gabinete de Lina: "Eu confirmo que ela esteve aqui e que a secretária (Lina) falou que iria ao palácio".

Quem fala a verdade? É o que quer saber a Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que convidou Lina para depor amanhã. Lina pediu passagem e hospedagem para voltar a Brasília.

Está de repouso numa praia. Alguns senadores querem ouvir também Dilma e, se possível, acareá-la com Lina. Nem pensar, retruca o governo.

Seria muito fácil para o governo provar que a verdade está do lado de Dilma e Erenice.

Ninguém entra no Palácio sem ser identificado.

Nenhum carro estaciona ali sem ter a placa anotada.

Ninguém circula pelos corredores a salvo de câmeras de televisão. Depois de consultar seus arquivos, por que o governo não disse simplesmente que Lina mentiu?

De duas, uma: não disse porque Lina falou a verdade. Ou porque o apagão nas lamparinas do juízo de Dilma o deixou sem saída. Recolheu-se ao silêncio obsequioso. De resto, Dilma já mentiu em outras ocasiões. Disse, por exemplo, que era mestre e doutoranda pela Universidade de Campinas — falso. Disse que não participou da luta armada contra a ditadura de 64 — falso. Disse que o governo não fez dossiê sobre despesas sigilosas do governo Fernando Henrique — nada mais falso.

domingo, 16 de agosto de 2009

59) PMDB: o mito da grande maquina eleitoral; apenas um mito

Números derrubam mito do grande palanque peemedebista
Daniel Bramatti
O Estado de S.Paulo, Domingo, 16 de Agosto de 2009

Resultados da eleição de 2006 não mostram relação entre apoio do partido e desempenho de candidatos

O valor do PMDB como aliado nas eleições de 2010 costuma ser medido por seu enraizamento pelo País: 1.201 prefeitos, 97 deputados federais, 9 governadores. Mas os resultados da última disputa presidencial não comprovam a tese de que a máquina peemedebista influencia os eleitores de forma significativa. De concreto mesmo, o que o PMDB tem a oferecer aos pré-candidatos à Presidência Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) é seu tempo no rádio e na televisão: 5 minutos e 46 segundos divididos em dois blocos, três dias por semana.

Em 2006, o PMDB não lançou candidato a presidente nem apoiou formalmente os dois principais concorrentes: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB). Mas vários líderes regionais peemedebistas colocaram a máquina do partido a serviço de um ou outro candidato - com resultados discutíveis.

Em Santa Catarina, por exemplo, o governador Luiz Henrique, candidato à reeleição, pôs o PMDB a trabalhar pela candidatura Alckmin. O tucano venceu no Estado, com 54,5% dos votos no segundo turno - mas também venceu no vizinho Paraná, onde o peemedebista Roberto Requião, outro que disputava a a reeleição, aderiu a Lula.

Luiz Henrique exercia influência direta sobre 114 prefeitos eleitos pelo PMDB dois anos antes. Se a máquina peemedebista fizesse diferença na eleição, a lógica indicaria uma vitória mais folgada de Alckmin nessas cidades. Mas os números mostram o contrário: o tucano teve, em média, 51,8% dos votos nos municípios com prefeitos do PMDB, 2,7 pontos porcentuais a menos do que obteve no Estado como um todo. Das 114 cidades, Alckmin perdeu para Lula em 51.

O fenômeno também ocorreu no lado oposto. Lula contou com o apoio do governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB), desde a largada da campanha. Nos municípios governados por peemedebistas, porém, sua média de votação foi inferior à do Estado (82,3% contra 86,8%).

Os números não autorizam, por outro lado, a conclusão de que o PMDB mais atrapalha do que ajuda - apenas não há evidências de que sua influência é decisiva. Em Goiás, por exemplo, onde contou com o apoio de Maguito Vilela, um dos caciques locais do PMDB, Lula teve uma performance levemente superior nas cidades governadas pelo partido (três pontos porcentuais acima da média). Da mesma forma, Alckmin se saiu um pouco melhor nos municípios peemedebistas em Mato Grosso do Sul (um ponto acima da média), onde teve como aliado André Puccineli, candidato vitorioso ao governo estadual.

PODER
"A influência dos prefeitos é mínima", reconheceu o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). "O importante na eleição é o tempo de TV do partido." Ex-governador de Pernambuco, ele lembra que derrotou Miguel Arraes, em 1998, quando o adversário do PSB contava com o apoio de 140 dos 186 prefeitos do Estado.

Apesar de dever grande parte de seu poder no partido à proximidade com prefeitos do interior paulista, Orestes Quércia também admite que o fato de o PMDB governar mais de mil cidades não é tão decisivo em termos eleitorais. "O partido comanda, em geral, prefeituras pequenas", disse ao Estado o ex-governador de São Paulo.

A performance eleitoral do próprio Quércia é outra mostra do baixo poder de influência dos prefeitos, mesmo em uma eleição estadual. Em 2004, o PMDB ganhou 87 prefeituras em São Paulo, e o PP outras 28. Como candidato de uma aliança dos dois partidos ao governo, em 2006, Quércia tinha, portanto, uma base forte em 115 das 645 cidades do Estado. Mas venceu em apenas três, nenhuma governada pelo PMDB ou pelo PP. Teve apenas 4,6% dos votos no total, resultado não muito distante da média obtida nos municípios comandados por seus correligionários (5,7%).

Pode haver várias razões para a ausência de relação direta entre o desempenho eleitoral de candidatos e o apoio de um partido a eles. A primeira hipótese é que os eleitores desconsiderem a opinião de líderes locais no momento de escolher quem vai definir os rumos do País. Também pode haver falta de empenho na campanha. E é possível que um político desconsidere a orientação do partido ao apoiar um candidato - no PMDB, marcado por divisões, isso não seria surpreendente.

Márcia Cavallari, diretora executiva do Ibope, lembra que, numa eleição presidencial, os eleitores são movidos pelas grandes questões do País, e não pelo microcosmo de sua cidade. "Prefeitos são muito mais importantes na eleição de deputados. É por isso que os parlamentares sempre visitam suas bases, reforça o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília.

58) Dicionario Lula de Politica e outras coisas...


Lula, como nunca antes...
Mario Sabino
Revista Veja, Edição 2126 - 19 de agosto de 2009

Num trabalho de pesquisa magnífico, o jornalista Ali Kamel reúne as falas do presidente. É o verbo a espelhar o homem.
Lula, ao fim e ao cabo
"Um brasileiro médio, mais ou menos crente em Deus e que se vê como o proponente de uma sociedade capitalista onde haja mais harmonia entre pobres e ricos".

Está no verbete Discurso(s): "Um dia vão ganhar dinheiro pela quantidade de discursos que eu faço todos os dias. Eu ficaria milionário". É improvável que Ali Kamel, diretor de jornalismo da Rede Globo, fique rico com sua mais nova empreitada, Dicionário Lula – Um Presidente Exposto por Suas Próprias Palavras (Nova Fronteira; 59,90 reais), recém-chegado às livrarias. Porém é certo que se trata de um livro com chance de render bons frutos ao seu autor. Afinal de contas, como nele está contido praticamente todo o pensamento político de Luiz Inácio Lula da Silva, verbalizado e sem a mediação de penas de aluguel, Dicionário Lula é ótima obra de consulta para o presente – e de referência para a posteridade que se debruçará sobre um presidente como nunca houve nesta República. Mais completa reunião das falas do atual ocupante do Palácio do Planalto, é um livraço também no que se refere ao tamanho: 672 páginas.

Ao contrário de seus dois trabalhos anteriores, Não Somos Racistas, de 2006, e Sobre o Islã, de 2007, nos quais Kamel firmava pontos de vista tão racionais quanto intrépidos sobre os temas abordados, neste não há julgamento ideológico e moral. Ele não opina se Lula está certo ou errado, não aponta se mente ou se atém à verdade. Também não se dedica a coligir os erros de português, as falhas de lógica e as metáforas pedestres do presidente. Não é um Lula de anedotário, o que emerge no livro de Kamel. A intenção é registrar, com o máximo de objetividade e, não menos essencial, organização, o que o presidente diz pensar a respeito de uma série de assuntos, inclusive ele próprio e sua trajetória. Desenhada a linha, Kamel desprezou os discursos protocolares de Lula, para concentrar-se naqueles improvisados no todo ou em parte. Para além de o presidente ser o rei do improviso, aspecto incancelável de seu passado de líder sindical acostumado a mobilizar assembleias de trabalhadores, o autor explica que, a seu ver, é na fala espontânea que aparece o Lula por inteiro, "mais real".
Oscar Cabral
Ali Kamel
Para montar o "léxico Lula", ele usou um programa de computador especialmente desenvolvido para esse fim


O Dicionário Lula começou a nascer em 2004, quando Kamel leu um estudo de um acadêmico americano que analisava a cobertura das eleições presidenciais de seu país – naquele ano, o republicano George W. Bush conquistou seu segundo mandato ao derrotar o democrata John Kerry. O estudo procurava identificar o viés ideológico da grande imprensa americana, por meio de um programa de computador que contava quantas vezes as palavras mais associadas ao ideário republicano ou democrata apareciam nas reportagens de cada veículo nos meses que antecederam o pleito. Kamel achou o método um tanto ingênuo, porque uma palavra podia ser contabilizada como "republicana", por exemplo, mesmo quando era reproduzida numa reportagem com o intuito de criticar a visão do partido. Mas ele ficou fascinado com as possibilidades abertas pelo uso do computador para fazer levantamentos de conteúdo, e logo concluiu que os pronunciamentos de Lula seriam um objeto ideal: todas as falas do presidente estão reproduzidas no site da Presidência da República.

Em 2007, resolvido a enfrentar o desafio de montar um "léxico Lula", Kamel chamou o historiador Rodrigo Elias para ajudá-lo. Na fase inicial, que consumiu cinco meses de trabalho, foi colocado num único arquivo de computador tudo o que Lula falou entre janeiro de 2003 e março deste ano – um total de 1 554 textos, dos quais 847 discursos, 503 entrevistas e 204 programas radiofônicos. Depois, por intermédio de um software livre – disponível gratuitamente na internet –, o TextStat, verificou-se a frequência com que certas palavras surgiam. Como o programa era incapaz de cruzar os termos, condição necessária para conferir quando Lula os utilizava no mesmo discurso ou até na mesma frase, Kamel contratou o analista de sistemas Wilson Pacheco de Albuquerque. Ele levou um mês para desenvolver um programa que permitia não apenas contar palavras, mas localizá-las e relacioná-las.

Ao final, o autor chegou a um vocabulário básico das 540 palavras mais usadas pelo presidente. Para refinar ainda mais esse repertório, Kamel contou com a ajuda de uma pesquisadora, Ana Frias, para separar os momentos em que Lula enunciava frases relevantes sobre um assunto de outros instantes em que só citava o vocábulo ou um derivado em contextos desprovidos de importância. Para completar, foi preciso expurgar termos que Lula mencionou de forma recorrente, mas que o contexto revelou serem irrelevantes – e, na direção inversa, incluir na seleção palavras que, embora menos utilizadas, fossem significativas. Entre elas, "mensalão", proferida apenas 35 vezes, mas que, por quarenta motivos de uma obviedade ululante, não poderia ficar de fora. Passado o pente-fino, Kamel chegou aos 345 verbetes que compõem o Dicionário Lula. O trabalho entrou a partir daí na fase final, que consistiu em mergulhar nas falas do presidente para extrair o que o autor chama de "unidade de sentido" – uma espécie de súmula do que o presidente diz pensar sobre determinado assunto. Algumas entradas resumidas podem ser lidas nos quadros que ilustram esta reportagem.

Foi dito no início que Kamel, em seu dicionário, não emite opinião sobre o presidente. Mas ele não cumpriria integralmente a tarefa a que se propôs, expressa no subtítulo do livro, se deixasse de mostrar, tanto na introdução de 87 páginas quanto na edição dos verbetes, as contradições e idas e vindas do presidente que certa feita se autodefiniu uma "metamorfose ambulante". Elas estão lá, para que leitores comuns e historiadores façam sua exegese. Partidários e opositores de Lula continuarão a divergir na interpretação de um fato que, agora registrado em centenas de páginas, se torna mais evidente: o presidente adora falar sobre si próprio e de seu passado de retirante e operário. Para os primeiros, a autorreferência é iluminação; para os segundos, limitação. Equidistante de uns e outros, Kamel arremata que, "muito longe do estereótipo do líder da esquerda operária tradicional – geralmente ateu, arauto de um novo homem, advogado da reestruturação da família em novos moldes, proponente de um regime político-econômico em que haja supremacia dos trabalhadores em relação aos patrões –, Lula acaba exposto, por suas próprias palavras, como um brasileiro médio mais ou menos crente em Deus, defensor do modelo tradicional de família e que se vê como o proponente de uma sociedade capitalista onde haja mais harmonia entre pobres e ricos". E poderia ser acrescentado que, como todo brasileiro médio, ou nem tanto, ele gosta de uma cervejinha, que ninguém é de ferro, companheiro.

VEJA TAMBÉM
Trechos: Dicionário Lula

Aliança(s)
...não devem ser feitas com o diabo: Qual é a hipótese que um candidato à reeleição tem que fazer? Se for uma pessoa honesta, que quer sair do governo do mesmo jeito que entrou, de cabeça erguida, só pode ser candidato se, em primeiro lugar, tiver a convicção muito forte de que o segundo mandato será melhor do que o primeiro. Segundo, se para ser candidato não tiver de vender a alma ao diabo nas suas alianças políticas. Caso contrário, se ganhar é vitória de Pirro, ganha e não governa.
Em dezembro de 2005

...devem ser pragmáticas: Mas eu precisava ampliar a minha base de alianças no Congresso Nacional. Eu percebi, rapidamente, a diferença entre "eu acho" e "eu faço". Quando a gente está teorizando, a gente pode achar tudo, quando a gente está governando, a gente tem que fazer, então precisa deixar de "achar".
Em outubro de 2004

Brasil
Eu digo sempre que o Brasil é um país abençoado, porque Deus nos deu a vantagem comparativa. (...) O que era preciso, na verdade, era a gente fazer a nossa parte. Deus fez a parte dele, os portugueses fizeram a parte deles quando demarcaram tão bem o nosso país, e durante muitos anos ficamos esperando que nós fizéssemos a nossa parte, que o Banco do Brasil fizesse a sua parte, que o ministro da Fazenda fizesse a sua parte, que a Câmara dos Deputados fizesse a sua parte, que o ministro da Agricultura fizesse a sua parte, que os empresários fizessem a sua parte, e isso, graças a Deus, está sendo feito.
Em junho de 2004

...é um país que ninguém segura: Não poderia ter coisa melhor do que um presidente da República saber que uma escola de samba e o carnaval não podem ser tratados de forma pejorativa, como quando a gente encontra às vezes, pelo mundo afora, alguém dizendo: "O Brasil é um país que só tem carnaval, que só sabe jogar bola e que só tem crianças de rua". É verdade, nós temos carnaval, temos futebol, temos criança de rua. Mas este país conquistou o direito de andar de cabeça erguida no mundo e competir, do ponto de vista da tecnologia, com qualquer país do mundo. Quando uma escola de samba, que é o retrato fiel da imagem mais pura do povo brasileiro – normalmente saída dos bairros mais pobres dos estados brasileiros –, adota para si a responsabilidade de colocar um tema da magnitude política que é esse, das Metas do Milênio, como samba-enredo, eu sou obrigado a olhar para vocês e dizer: eu acho que ninguém segura este país.
Em novembro de 2004

...avacalha tudo: Graças a Deus, o sistema financeiro não está envolvido no subprime. Lá, eles falam subprime, se fosse aqui no Brasil era caloteiro, aqui no Brasil nós avacalhamos tudo logo.
Em março de 2008

...é fácil de consertar: Eu confesso uma coisa a vocês, eu tive a impressão, quando cheguei ao governo, que o Brasil era como uma casa. Vocês já entraram numa casa em que você chega no banheiro e a descarga não está funcionando, a torneira da pia está com um monte de pano enrolado e está pingando, vazando, quando na verdade uma borrachinha para consertar custa, acho, dez, quinze centavos? O Brasil é um pouco isso.
Em outubro de 2004

Chefe
...fica com a melhor parte do trabalho: Eu trabalhava no Departamento de Previdência Social, no sindicato, e tinha um advogado que trabalhava comigo, o Luizinho – nem sei se ele está mais no sindicato. E eu falava assim... Eu cuidava das viúvas que iam lá procurar atestado de vida, cuidava de habite-se, cuidava de uma série de documentos que naquele tempo exigiam, não sei se exigem tudo isso hoje ainda. Eu disse para o Luizinho: "Olhe, se aparecer uma viuvinha bonita aqui, você me fala". Porque eu era o chefe do departamento e era justo que eu atendesse. Aí, um dia, ele falou assim para mim: "Ó, Lula, tem uma lourinha aí bonita".
Em dezembro de 2007

...gosta de ganhar crédito pelo trabalho dos bons funcionários: Muitas vezes, eu fico chateado quando eu não vejo lealdade na relação humana, eu fico chateado. Eu quero dizer para vocês que a coisa mais triste que um governante, e não eu, pode viver é ele saber que nas obras para as quais ele deu dinheiro para fazer sequer é citado o nome dele na maioria das cidades e na maioria dos estados brasileiros. Então, é o pior dos mundos, porque, quando a coisa está boa, "fui eu que fiz". Eu aprendi na minha vida com chefe de fábrica. Eu durante muito tempo trabalhei e tinha muito chefe me olhando. Era um peão trabalhando e três em cima, olhando trabalhar. Bem, mas eu não me preocupava. Agora, quando saía uma peça boa, o chefe batia no peito e falava para o outro chefe: "Nós fizemos a peça boa". Quando, por azar, a gente estava cansado e estragava uma peça, ele dizia: "Ele estragou a peça, não fomos nós, foi ele só".
Em fevereiro de 2006

Congresso
...teve os presidentes da Câmara e do Senado "feitos" por Lula: Vocês estão lembrados que diziam assim: "O Lula não vai conseguir trabalhar com o Congresso Nacional, vai ser muito difícil trabalhar com o Congresso Nacional, porque ele não tem maioria". Nós fizemos o presidente da Câmara e o presidente do Senado.
Em março de 2003

...não deve ter os presidentes da Câmara e do Senado "feitos" pelo presidente da República: Ora, todo mundo sabe que a lógica do Congresso Nacional funciona assim: quando um partido tem a Presidência da Câmara, outro partido tem a Presidência do Senado. O PT tem a Presidência da Câmara. O PMDB, como maior partido no Senado, tem o direito de ter a Presidência do Senado. Isso é um problema dos senadores, não haverá hipótese alguma de ingerência do presidente da República na disputa do que vai acontecer no Senado.
Em outubro de 2007

Comunista
Eu confesso que não gosto de rótulo. Eu acho que os mais velhos aqui se lembram que a primeira entrevista que eu dei, ainda no tempo da TV Tupi, tinha o Mesquita (Ruy Mesquita, jornalista, entrevistou Lula em 1978 para a TV Cultura), que me perguntou: Você é comunista? Eu falei: Não, sou torneiro mecânico. Porque eu acho que o rótulo não ajuda. Eu prefiro ser o Lula, torneiro mecânico, pernambucano de Garanhuns, que chegou à Presidência da República.
Em outubro de 2003

...era algo que Lula nunca quis ser: Eu fui para o sindicato na marra. Eu não gostava do sindicato também. Eu achava que lá só tinha comunista. Eu tinha 21 anos de idade. Meu irmão era militante, era muito atuante e tentava me convencer, mas eu nunca tive vontade de ir para o sindicato.
Em maio de 2003

...quando deixa de ser, fica sectário: Muitos desses meninos e meninas que estão protestando são oriundos do PT. Vocês sabem que ex-marido, ex-mulher, ex-fumante, ex-comunista, ex-petista vão ficando cada vez mais sectários, cada vez mais radicais e nós aprendemos a conviver com isso.
Em abril de 2006

Corrupção
...está em todos os setores da sociedade: Em todo setor... o da polícia tem corrupção? Tem, e na política não tem? No empresariado não tem? No Poder Judiciário não tem? Em todo segmento da sociedade tem. O que nós precisamos é separar o joio do trigo.
Em março de 2008

...é uma acusação à qual Lula diz estar imune: Todo mundo tem obrigação de ser honesto. Isso eu herdei da minha mãe e os brasileiros sabem disso, mesmo os adversários mais tenazes sabem. Eles podem acusar qualquer pessoa no Brasil, isso pode chegar até na porta da minha casa, mas eles sabem que não vão me acusar de corrupção porque sabem que eu sou honesto.
Em julho de 2007

Imprensa
...para o bem ou para o mal, é importante na democracia: Nós não teríamos chegado aonde chegamos se não tivéssemos tido a compreensão e, ao mesmo tempo, a incompreensão da imprensa. Porque eu digo sempre que para o bem ou para o mal a imprensa é muito importante para garantir o processo democrático de uma nação.
Em março de 2004

...não conseguiu jogar a opinião pública contra o governo: A existência do mensalão, propalada pela oposição e difundida pela imprensa, não foi comprovada. A despeito da enorme campanha contra o governo, a maioria da opinião pública do país assim o entendeu, e por essa razão continuou apoiando o governo e minha candidatura presidencial.
Em julho de 2006

Lula
...é um homem de sorte: Eu não tenho tempo para levantar de cara feia. Eu sou um homem de muita sorte. Então, eu quero continuar, todos os dias, tendo muita sorte. É o seguinte: tudo o que dá errado é culpa minha, tudo o que dá certo é porque eu tenho sorte. Eu acho que o povo não vai votar num azarado para ser presidente da República, nunca. Tampouco uma mulher vai escolher um marido azarado.
Em março de 2008

...acha que todos que quiseram governar apenas para entrar para a história fracassaram: Eu queria dizer a vocês que tem gente que quer governar uma cidade, um estado ou um país, para marcar seu nome na história ou, quem sabe, construir uma biografia. Eu acredito que todos que pensam assim ou que pensaram fracassaram antes de começar.
Em março de 2003

...sabe como quer entrar para a história: Eu vou passar para a história do Brasil como o presidente que fez a maior política social, como o presidente que mais construiu universidades públicas no Brasil e, ao mesmo tempo, como o presidente que levou mais benefícios para os pequenos agricultores nas regiões mais pobres do país.
Em julho de 2007

Diploma
Eu sou filho de uma mulher analfabeta, que já morreu. E eu, de oito filhos, fui o primeiro a ter um diploma profissional. Por conta desse diploma profissional, eu fui o primeiro a ter uma casa, uma televisão, um carro. Eu fui virando "chique", fui tendo as coisas. E tudo por conta de um diploma.
Em abril de 2003

...não é necessário para governar: Eu quero dizer isto para vocês: eu não tenho um diploma universitário, mas este país vai ficar orgulhoso de ver como é que um torneiro mecânico, formado no Senai, pode cuidar deste país melhor do que alguns doutores que governaram o Brasil durante tantos anos.
Em maio de 2003

...de economia é algo que Lula gostaria de ter: Lamento profundamente não ter tido um diploma universitário, lamento. Não digo isso com orgulho, não, gostaria de ter. Até gostaria de ser economista, viu, Aloizio (Mercadante, senador pelo PT de São Paulo)? Veja que coisa. Até gostaria de ser economista, não fui.
Em junho de 2006

57) Reinaldo Azevedo sobre a pesquisa DataFolha

Apenas transcrevendo:

DATAFOLHA: TUDO NA MESMA, MAS PIOROU PARA DILMA E MELHOROU PARA SERRA

Reinaldo Azevedo, 16 de agosto de 2009 - 07:39

Pesquisa Datafolha publicada hoje pela Folha mostra que o tucano José Serra mantém folgada liderança na disputa pela Presidência da República, com 37% das intenções de voto. Em maio, aparecia com 38%. Como a margem de erro e de 2 pontos para mais ou para menos, não houve alteração na sua posição. A petista Dilma Rousseff também segue no lugar em que estava antes: 16%, empatada com Ciro, com 15%, que igualmente não se moveu. Tudo como era dantes, com alguns detalhes potencialmente interessantes. O Datafolha testa dois cenários com Marina Silva como candidata do PV: ela atinge 3%. É quase nada em números. É um dado significativo considerando que as especulações sobre sua candidatura não têm 15 dias.

Vejam os dados de um dos cenários que, à primeira vista, parece bastante plausível:
Serra (PSDB) - 36%
Dilma (PT) - 17%
Ciro Gomes (PSB) - 14%
Heloísa Helena (PSOL) - 12%
Marina Silva - 3%

Pois bem. Alguém mais apressado pode indagar: “E se Ciro não for candidato? Ele é da base do governo, né? Sem ele na disputa, Dilma não cresceria?”. Segundo a pesquisa, nesse caso, ela pode chegar a 19%, mas Serra salta para 44%. Isso quer dizer que o deputado do PSB não transfere todos os seus votos para a petista — parte migra para Serra. No cenários em que o atual governador de São Paulo é substituído por Aécio Neves, o mineiro chega a 20%, mas é superado por Ciro Gomes, que assume a liderança com até 23%. Dilma não lidera nunca? Sim: desde que Serra e Ciro estejam fora — nesse caso, pode chegar a 24%. Por enquanto, o jeito de Dilma ficar na frente é não tendo com quem concorrer. Mas, mesmo nesse caso, não fica sozinha: se Heloísa Helena estiver na parada, a ministra empata com a candidata do PSOL.

Os números e o que ele dizem
Um petista otimista dirá que nem Dilma nem Serra têm muito o que comemorar porque ambos estão estacionados. O otimismo é um direito. O fato é que a ministra está em campanha aberta, tendo um poderosíssimo cabo eleitoral, Lula, que já está no palanque. Isso lhe garante o que se chama por aí “mídia nacional”. Desde que o presidente lançou seu nome, ela só cresceu nos levantamentos — e sua doença, como analisou com a delicadeza costumeira Marco Aurélio Top Top Garcia, lhe foi eleitoralmente positiva. Mas parou.

Estancou por quê? Alguns poderão dizer que há aí o efeito da crise econômica. A crise existe, sim, mas não me parece ter tradução eleitoral em razão de motivos que não cabe expor aqui sem que se crie um grande desvio. Há uma boa possibilidade de que Dilma não seja uma candidata tão fácil assim de ser passada adiante, mesmo tendo Lula como vendedor. Convenham: fora de um período tipicamente eleitoral, com propaganda oficial, não há como ela aparecer mais do que aparece hoje. Exceção feita ao noticiário dos últimos dias — depois que Lina Vieira, ex-secretária da Receita, a acusou de tentar interferir na investigação das empresas da família Sarney —, seu nome sempre aparece associado a notícias positivas. Mesmo assim, sem trocadilho, ela empacou.

E Serra? Tem muito menos “mídia nacional” do que sua adversária e, na imprensa paulista, como responde por todas as áreas da administração do estado, vê seu nome associado ora a fatos positivos, ora a fatos negativos. Quando indagado sobre eleições, diz que ainda não é candidato etc. Vocês conhecem a resposta. Mas seu nome resiste com liderança folgada. Simulações de segundo turno dariam com mais clareza qual seria hoje a tendência de migração de votos. Infelizmente, não foram feitos.

O fato é que, a despeito da poderosa máquina oficial que embala a candidatura de Dilma, o candidato da oposição segue na frente: no Nordeste, abre até 13 pontos de vantagem (31% a 18%); em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, a dianteira do tucano é de 40 pontos: 51% a 11%. Não custa lembrar: o Datafolha é um instituto que, de fato, faz pesquisa. Há alguns por aí que só produzem delinqüência a soldo para delinqüentes idem.

Marina e o PT?
É muito cedo para dizer que ela “só” tem 3%. Tendo a considerar que “já” tem 3%. E, se for candidata mesmo, a tendência é crescer. Até porque aposto que Heloísa Helena não será candidata — que eu saiba, tem uma eleição garantida para o Senado em Alagoas. Seu partido precisa que ela volte ao noticiário nacional. Boa parte dos eleitores que votam à esquerda do petismo tenderão a migrar para Marina. E a possível candidata do PT tem alguns pontos a ganhar ainda junto a esses setores da classe média que sabem rimar tão bem utopia com melancolia, paixão com desilusão. Já brinquei aqui — e depois li no Radar que Lula disse o mesmo (eu, hein!?): ela é minha candidata a santa.

A senadora produziu algum grande estrago na candidatura de Dilma? Ainda não, mas o PT tem razão em temê-la. Não acho que ela tire votos da petista. Penso que contribui para que a adversária não os ganhe. São fenômenos distintos no tempo. Não creio que a possível candidata do PV tenha, agora, tomado da petista os três pontos que conseguiu. Se for realmente para a disputa, ela concorre para a desvalorização de alguns potenciais ativos eleitorais de Dilma: mulher, destemida, amiga do povo… A candidata do PT perde muito do seu charme. E se vai também qualquer apelo à utopia. Marina torna a candidatura de Dilma mais pesada.

Ciro Gomes
Tendo a achar que Ciro será mesmo candidato à Presidência da República. Se Dilma tivesse disparado, como chegaram a imaginar alguns petistas, seria mais difícil ele justificar a sua decisão. Se tudo estivesse se dando como queria o Planalto — uma disputa plebiscitária —, bastaria a Ciro se juntar à tropa. Mas parece que as coisas não acontecerão desse modo. Marina contribui para desarranjar esse cenário. É por isso que os petistas atribuem a Serra a manobra de lançamento de seu nome.

O deputado do PSB ainda não desistiu da idéia de ser vice de Dilma. Somando apenas os números da pesquisa, parece ser uma grande idéia. Só que Lula é esperto o bastante para saber que, em política, a depender da composição que se faça, em vez de se juntarem os votos, juntam-se as rejeições. De resto, seria preciso saber o que fazer com o PMDB.

Até os petistas sabem que essa rodada de pesquisas foi auspiciosa para Serra e negativa para Dilma. E Marina mal começou a se mexer.