terça-feira, 25 de agosto de 2009

76) PT em plena campanha (pois é, parece que já começou...)

PT defende grupo para assessorar Dilma
Paulo de Tarso Lyra
Valor Econômico, 25/08/2009

BRASÍLIA - O PT defende a formação de um stafe político para assessorar a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A cúpula do partido e o governo têm dificuldade de reconhecer que a mal explicada divergência entre a ministra e a ex-secretária da Receita Lina Vieira arranhou a candidatura Dilma. Mas são unânimes em admitir que a campanha tende a ser ainda mais violenta a cada dia e que a pré-candidata do PT está precisando de assessoria para não escorregar em questões que têm potencial de complicar a situação.
"Daqui para frente, ela vai precisar cada vez mais de um grupo político para orientá-la em momentos de crise" , diz um estrategista do partido. O PT e o governo trocam responsabilidades por essa falta de proteção à ministra. "Isto não é uma ação de governo. A Casa Civil tem bons assessores para assuntos administrativos. Estafe político é responsabilidade de PT e aliados" , afirmou um ministro próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para o PT, um dos problemas reside no próprio Lula. Foi ele quem ungiu Dilma como candidata à sua sucessão, sem nenhuma consulta interna ao partido. Considera-se " tutor e fiador " da candidatura da ministra, deixando pouco espaço para a legenda. Isso explicaria o fato de, por duas vezes durante o caso Lina, Lula ter vindo a público e, de forma áspera, desafiado a ex-secretária da Receita a provar o que dizia. "O Lula não tem jeito, ele é assim. Mesmo se houvesse este estafe político, ele defenderia Dilma" , minimizou o presidente nacional do PT, deputado federal Ricardo Berzoini (SP).
O PT patina porque será a primeira eleição não só sem Lula como candidato, mas também sem o experiente grupo político que o acompanhou nas últimas campanhas, chefiado por José Dirceu e integrado pelo antigo campo majoritário do partido. Dilma não tem experiência político-eleitoral e tampouco vivência partidária. Por isso não vem amparada por uma tendência específica, que lhe daria apoio político incondicional. Esta deficiência começou a ser sanada em alguns encontros com os militantes estaduais e movimentos sociais. Mas veio a descoberta do câncer, o tratamento e a sua agenda política teve de ser suspensa. "Ela precisa estar bem, inteira, saudável, para enfrentar uma campanha. Senão, não adianta" , reconheceu o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP).
O PT está com dificuldades internas. Em novembro será eleita a nova direção do partido numa disputa que não será tão pacífica como se esperava, já que haverá pelo menos seis candidatos. "A atual direção está apagando as luzes e a futura não existe. Fica complicado pensar numa coordenação para a Dilma neste cenário de incertezas" , afirmou um interlocutor da ministra no PT.
A ministra suspendeu suas agendas oficiais até amanhã, mas não está descartada a possibilidade de sua folga estender-se até o fim desta semana. Caso esta hipótese se confirme, Dilma apareceria em público apenas na segunda-feira, dia 31, quando será realizada a reunião ministerial para apresentar o marco regulatório do pré-sal. "Se eu fosse ela, depois do dia 31 tirava mais uns dias de férias. Daqui para a frente, vai ser só paulada" , ressaltou um ministro ouvido pelo Valor.
A declaração dá a dimensão da preocupação do governo em relação à ministra e denota mudança de estratégia com relação à sua candidatura, até agora em superexposição. Há, também, o fator saúde: a ministra não teria repousado o suficiente depois das sessões de quimioterapia e radioterapia dos últimos meses.

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