Não tenho certeza, na verdade não tenho a mínima idéia, se questões éticas e de comportamento político de acordo com certas normas de moral pública, terão ou não algum peso nas eleições de 2010, em especial na campanha presidencial.
Pode ser que sim, pode ser que não, pois talvez interesse à grande maioria dos candidatos manter essa questão à margem do debate aberto e transparente nos meios de comunicação e nos confrontos televisivos, sabedores, eles mesmos, de que todos têm telhado de vidro nesse particular.
Em todo caso, transcrevo abaixo uma matéria de jornal que já revela, preventivamente, que atitude terá um dos partidos majoritários nessa campanha, ou seja, de que eles não acreditam que o debate ético consiga precedência sobre supostos resultados sociais.
Sucessão: Avaliação é de que apoio a Sarney será superado em 2010 por resultados sócio-econômicos
Petistas apostam na aprovação de Lula contra debate ético
Paulo de Tarso Lyra, de Brasília
Valor Econômico,21/08/2009
O PT e o governo apostam que as "realizações econômicas e sociais" do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vão blindar a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, contra o debate ético gerado pela aliança do partido com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Integrantes do partido e do governo lembram que, após a maior crise política da história da legenda - o escândalo do mensalão, em 2005 -, Lula foi reeleito e hoje ostenta 84% de aprovação popular. "Além disso, eles (a oposição) também têm muito a explicar quando o assunto é ética", afirmou o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).
Autor da carta lida pelo senador João Pedro (AM) durante a reunião do Conselho de Ética na qual foram arquivadas as denúncias contra Sarney, Berzoini disse que, durante a campanha, as incongruências de tucanos e demistas também serão expostas. "O PSDB parece que esqueceu que Yeda Crusius (Rio Grande do Sul) está sendo investigada. O DEM quer pegar o Sarney mas esquece as denúncias contra o carlismo na Bahia e as gestões de Efraim Morais (PB) e Heráclito Fortes (PI) na primeira-secretaria do Senado", ressaltou o presidente petista.
Para o líder do PT na Câmara, Cândido Vacarezza (SP) - um dos presentes na reunião no CCBB , sede do provisória do governo federal, na qual a bancada do partido no Conselho de Ética do Senado foi enquadrada - a componente ética é apenas uma das variáveis analisadas em uma eleição. "O eleitor pensa, sim, na ética. Mas pensa também na economia, no social, em como o país está. Com Lula, o Brasil ganhou um peso político e econômico que não tinha antes", completou.
No governo, a sensação é semelhante. Não há receio nem quando confrontados com números de pesquisa recentes, que confirmam uma aprovação de 84% do governo Lula mas mostram também que 68% dos brasileiros defendiam a saída de Sarney da presidência do Senado. A confiança é total no poder de convencimento de Lula no palanque. Aliados do presidente acham que, se o presidente discursar perante a população mostrando que Dilma é a continuidade de todas os avanços dos últimos oito anos, a aprovação de Lula terá mais efeito que a rejeição de Sarney.
Aliados do Planalto também descartam uma estratégia política no desaparecimento da ministra nos últimos três dias - justamente na semana em que a ex-secretária da Receita Federal depôs à Comissão de Constituição e Justiça do Senado mantendo a versão de que se encontrou com a ministra para tratar da investigação contra Fernando Sarney. Pessoas de confiança da ministra afirmaram que a ausência de agendas públicas é decorrente de um efeito colateral da última sessão de quimioterapia.
Dilma estava confirmada na comitiva de Lula para o Rio de Janeiro, na última terça. Mas, por precaução face a uma agenda estafante, optou por permanecer em Brasília. Ontem, Lula visitou o Rio Grande do Norte, Estado no qual a ministra esteve semana passada, realizando um balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Aliados da ministra acrescentam que ela, ao longo de toda a sua trajetória, já provou ser corajosa o suficiente para não fugir de brigas. Mas reconhecem que a pausa médica foi providencial em uma semana de tiroteio político envolvendo a chefe de Casa Civil. "É bom preservar um pouco a imagem dela, uma exposição política neste momento seria desnecessária", afirma um aliado político.
Para o governo, contudo, DEM e PSDB já não fazem mais questão de saber se o encontro ocorreu ou não ou qual teria sido o teor da conversa da ministra com Lina. Esta divergência foi vencida. A oposição quer provar que a palavra da ministra não merece confiança. Por isto, para assessores governistas, a associação deste episódio com outros, como o dossiê dos cartões corporativos, o erro no currículo profissional da Dilma e o processo de venda da Varig. "Esta pressão só vai acabar quando a oposição achar que há outro ponto para fustigar a candidatura Dilma", acrescenta um aliado.
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