sábado, 15 de agosto de 2009

53) Militares (aposentados) preocupados

Isto também fará parte da campanha eleitoral de 2010...

Declaração (pessoal) do presidente do Clube Militar (uma entidade adequadamente civil)

*EM SE COMPRANDO TUDO DÁ … VOTOS*

Os homens são tão simplórios, e se deixam de tal forma dominar pelas necessidades do momento, que aquele que saiba enganar achará sempre quem se deixe enganar.(Maquiavel)

Nunca na história deste país se fez tão pouco caso da honra, de tal maneira se desprezou a ética, tanto se usou de meios escusos para corromper, para enlamear instituições, para comprar consciências. A amarga sensação que fica é a da total perda, por parte de um grande número de homens públicos, de qualquer noção de honestidade, de dignidade, de honradez.

O atual governo, contrariando todos os princípios apregoados enquanto estava na oposição, abandonou completamente o decoro no trato da coisa pública e partiu para o uso de um verdadeiro rolo compressor, comprando tudo e todos a sua volta, desde que possam, de alguma forma, interferir em seus objetivos.

Recordemos o esquema do mensalão, quando um grupo de aliados do Presidente, gente de dentro do governo, usou meios escusos para organizar a maior quadrilha jamais montada em qualquer lugar do mundo, com o objetivo de comprar o apoio de parlamentares e, em última instância, perpetuar no poder seu grupo político.

O então Procurador-geral da República, Dr Antônio Fernando de Souza, apresentou uma denúncia contundente contra os principais envolvidos no escândalo. Ficou de fora o Presidente da República que alegou desconhecer o esquema. Em termos jurídicos, a desculpa valeu. O Procurador-geral retirou-o da denúncia por não ter encontrado evidências firmes de seu envolvimento.
Agora, firulas jurídicas à parte, parece pouco provável que alguém, dotado de capacidade de reflexão, tenha acreditado na história. A ser verídico o desconhecimento, cairíamos na dúvida que, à época, circulou na internet: será que temos um Presidente aparvalhado, incapaz de entender fatos que acontecem ao seu redor, protagonizados por seus mais íntimos colaboradores?

Em outra vertente, há o Bolsa Família, sem dúvida o maior programa de compra de votos do mundo. Trata-se de um programa que gera dependência, antes de estimular o desenvolvimento humano. As pessoas atendidas, recebendo o benefício sem nenhuma necessidade de contrapartida, ficam desestimuladas até de buscar emprego. Mesmo a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) chegou a afirmar que o programa "vicia" e que deixa os beneficiários "acomodados".

Não é que alguém seja contra a minorar a aflição de quem tem fome. O problema é que o programa parte de uma premissa falsa ao confundir pobreza com fome. A esses últimos é mais do que justo assistir com recursos públicos. Aos pobres, a melhor ajuda que o governo poderia dar é investir corretamente em educação. Mas não, confundindo conceitos, prefere manter um Bolsa Família hiperdimensionado, gastando recursos que fazem falta à educação, uma vez que, assim como está, o retorno nas eleições, em termos de votos, tem sido muito compensador.

A comprovação de que não são todos os pobres no Brasil que estão famintos veio de uma pesquisa do IBGE, realizada em 2004 – Pesquisa de Orçamentos Familiares. Em uma parte dessa pesquisa, ficou constatado que o índice de pessoas abaixo do peso estava menor do que aquele considerado normal pela OMS. E, para a perplexidade dos que acenam com a necessidade de combater a fome para manter e ampliar o programa, verificou-se que, entre nós, a obesidade é um problema mais crítico do que a fome.

Não satisfeito em aliciar parlamentares para sua base de sustentação política e populações desassistidas para aumentar suas possibilidades eleitorais, o governo trata, também, de evitar qualquer problema nas ruas, em termos de manifestações públicas de desagrado contra os muitos desvios de ética praticados por seus correligionários e aliados. Nada melhor, então, do que colocar a União Nacional dos Estudantes igualmente em seu balcão de negócios.

É assim que o governo, da mesma forma que faz com sindicatos, resolveu patrocinar a UNE. As verbas federais, dessa forma, passaram a irrigar o movimento estudantil, seja em termos de patrocínio, como aconteceu em seu último congresso nacional, seja com a destinação de alguns milhões para a reconstrução de sua sede, seja, ainda, com o pagamento de generosas "mesadas" a seus dirigentes.

Com isso, foi neutralizado o espírito combativo que era a marca do movimento estudantil e eliminou-se toda possibilidade de agitações de rua indesejáveis. Um exemplo disso ocorreu no referido congresso, quando houve um protesto contra a CPI da Petrobras. Em outros tempos, seria a UNE a primeira a se mobilizar para exigir a completa elucidação dos fatos. Agora, sem sequer conhecer os resultados de uma CPI que nem começou, faz o protesto. Passam por cima da necessidade de se investigar denúncias de irregularidades em uma empresa cujo maior acionista é o governo, em um congresso que era patrocinado por esse mesmo governo. E o presidente da UNE tem a desfaçatez de dizer que não vê nada de errado nisso.

Com a prática da compra indiscriminada de todos que possam atrapalhar os desígnios do governo, este foi perdendo todos os escrúpulos. Conseguindo manter níveis elevados de popularidade, julga-se acima do bem e do mal, capaz de tudo, inclusive de defender crimes praticados por aliados, pouco se importando com a ética e com a moralidade pública. Pouco se importando com a evidência de que está corrompendo os brios de toda uma nação que, em um dia não tão distante, teve orgulho de se proclamar brasileira.

*Gen Ex GILBERTO BARBOSA DE FIGUEIREDO*
*Presidente do Clube Militar*

Um comentário:

  1. Ao longo da história do Brasil -- ver, por exemplo, o livro de Franck D. McCann, Soldados da Patria, Uma Historia do Exercito brasileiro -- as forças armadas, em especial os oficiais do Exercito, tem refletido com razoavel adequacao a opiniao das classes medias no Brasil, isto é, daquela fracao da populacao que é medianamente educada (hoje em geral com terceiro ciclo completo), que vota de modo razoavelmente consciente e que só se envolve em politica nos momentos de grave comocao nacional.
    Foi assim ao longo da Republica Velha, na de 1946, e até na conjuntura pré-1964, quando os militares deram o golpe em resposta a certa exasperacao da classe média com a inflacao galopante, o grevismo crescente e a virtual bagunca administrativa e incompetencia que era o governo Goulart. O anti-comunismo das FFAA foi tao importante quanto as preocupacoes de ordem economica no seio da classe media, que depende apenas em diminuta fracao do setor publico e que costuma retirar sua renda do proprio mercado.
    Creio, assim, que a manifestacao do presidente do Clube Militar, cujo artigo, nota, manifestacao -- chame-se como quiser -- reflete exatamente o pensamento e o sentimento de largas fracoes da classe media, embora ele so tenha consultado seus colegas de farda (ou de pijama) para redigir esse texto.
    Nao nos enganemos: o texto foi cuidadosamente preparado em consulta com oficiais da ativa e deles recebeu integral aprovacao.
    Reflete um outro estado espirito, muito diferente daquele existente em 2002, quando largas fracoes dos militares, em especial suboficiais, sargentos e outros de baixa patente, se alinharam com as teses do PT e com as proclamacoes de Lula em defesa da soberania nacional, do papel do Estado, da defesa do interesse nacional, do nacionalismo economico, e outras bandeiras que encantam os militares.
    Todos, ou quase todos, se deixaram enganar pelo discurso empolado e altamente mistificador usado pelos petistas para ganhar as eleicoes. Muitos ficaram depois com raiva, considerando, com razao, que tinha sido enganados por Lula e pelos petistas, ante a onda avassaladora de corrupcao, de revanchismo e de traicoes às causas que os militares defendem, em especial em politica externa.
    Creio que a resposta virá sob forma de votos, em 2010, com a rejeicao macica pelos militares do candidato oficial, qualquer que seja ele...

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