sexta-feira, 23 de abril de 2010

418) Candidata oficial: entrevista sobre corrupcao

Dilma: "Corrupção não pode ser confundida com partido"
Edson Sardinha
Congresso em Foco, 22/04/2010 - 13h36

A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse hoje (22) que não se pode associar a corrupção a nenhum partido político brasileiro e que nenhum governo se empenhou mais no combate a esse tipo de crime do que o governo do presidente Lula. Em entrevista à Rádio 730, de Goiânia, a ex-ministra da Casa Civil afirmou que ninguém pode ter a “soberba” de achar que determinada sigla está imune a “desvios de conduta” de seus filiados.

"A questão da corrupção não pode ser confundida com um partido ou uma sigla. Não é possível a gente supor hoje que as pessoas, os seres humanos são diferentes se eles são de um partido. A questão da corrupção é um desvio de conduta da pessoa, isso pode acontecer em todos os lugares. A gente não pode ter essa soberba ao analisar os outros. O PMDB e o PT deram grandes contribuições para o país e a democracia. Onde houve erro, você tem de investigar e punir. Se não, fica só na retórica", disse a petista ao comentar a declaração do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) de que a aliança entre peemedebistas e petistas era "terreno fértil" para escândalos. A ex-ministra declarou que, apesar de admirar o ex-colega de governo, discorda do posicionamento do deputado cearense, que tenta se lançar na corrida ao Planalto.

Operações da PF
Segundo Dilma, as operações da Polícia Federal no governo Lula mostram que "ninguém está acima da lei". "Não só mobilizamos a Controladoria-Geral da União e a Polícia Federal como jamais cerceamos o Ministério Público. Nos oito anos que nos antecederam, houve só 29 operações especiais da Polícia Federal. No nosso período, houve mais de mil, 1012, se não me engano. Nesse período, nós investigamos tudo que se nos apresentou, e punimos o culpado, doesse a quem doesse. Esse é o tema, é investigar e punir pra não ter a questão da impunidade", declarou.

"Nunca antes na história deste país, como diz o nosso presidente, houve caso de prisão de governador, prefeito, deputado, empresário e banqueiro. No Brasil antes só se prendiam os pobres, as pessoas de menos recursos e menos poder. Hoje o governo mostrou que ninguém está acima da lei", acrescentou.

Ouça a entrevista

A pré-candidata petista reafirmou que não se envolverá no processo de escolha do vice de sua chapa. De acordo com a petista, cabe ao PMDB definir o nome que melhor representa o partido. Dilma admitiu, ainda, que em determinados estados não será possível reproduzir nos palanques regionais a aliança que dá sustentação ao governo Lula. "Em muitos estados pode ser que haja dois palanques. Mas na maioria deles vai haver uma tendência a unificar os palanques", destacou."Cada situação regional vai ser diferenciada. Não é possível ter uma regra geral no Brasil. Todo mundo segue aquele modelinho, e aí quando a coisa não dá certo, a pessoa se surpreende. Não pode ser assim. É possível dois palanques."

Pesquisas e reflexões
Na entrevista aos jornalistas Altair Tavares, Eduardo Horácio e Marcelo Heleno, Dilma afirmou que não vai criar "constrangimento"a nenhum instituto de pesquisa, por mais que haja diferença nos dados divulgados, e que os números apresentados até agora são importantes porque geram "reflexões". A pré-candidata do PT disse que espera crescer à medida em que se aproximar mais do eleitorado durante a campanha eleitoral. "Espero que quanto mais eu seja conhecida, os eleitores vão se aproximar de mim. Porque o projeto que represento, que é o do presidente Lula, é amplamente aprovado", declarou.

Dilma atribuiu os altos índices de aprovação ao governo Lula a uma mudança de "lógica". "Uma parte importante se deve ao fato de que o governo do presidente Lula é um governo muito bem avaliado, porque nós mudamos a lógica. Essa avaliação que o presidente tem favorável a nós se deve ao fato de que o país vinha de uma trajetória de desemprego, estagnação e desigualdade. Com a gente, ele muda. Sai dessa trajetória, em que também havia desesperança. As pessoas eram céticas, não acreditavam mais. E passa para uma nova era, que eu chamo de prosperidade."

A ex-ministra da Casa Civil e de Minas e Energia defendeu a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, contestada por ambientalistas, indígenas e Ministério Público. Segundo ela, a energia gerada por hidrelétricas é a menos poluente. "Estamos fazendo Belo Monte e exigindo um padrão de respeito ao meio ambiente que permita que a gente faça hidrelétrica e não destrua o meio ambiente", declarou.

Pais e filhos
Ainda na entrevista, Dilma negou que seja uma pessoa dura e comparou sua postura no governo Lula com a de uma mãe, que precisa às vezes falar coisas que os filhos não querem ouvir. "Não acho que sou dura, não. Eu sou uma pessoa que exijo de mim um trabalho árduo. Se você não exigir de si um trabalho árduo, no Brasil, você não toca as coisas pra frente. Nós, quando chegamos ao governo, devemos isso para o povo", afirmou. "Minha função era coordenar o governo. Eu queria saber por que a obra nesse estado não estava andando, por que a gente não está cumprindo os prazos. Eu cumpria aquele papel em que ninguém é muito simpático fazendo, o da cobrança. É como uma família, mãe tem hora que o filho acha mais duro que o pai. O pai deixa os filhos soltos por aí", acrescentou.

Questionada se o presidente Lula era o pai que deixava as coisas correrem soltas, Dilma evitou a comparação. "Não. O pai, que é o Lula, tem um olho de lince. Ele sabia antes de mim aonde a coisa não estava funcionando. Obviamente, porque ele é o presidente. 'Isso aqui tem de andar, aquilo ali não pode ser assim'", afirmou.

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