segunda-feira, 7 de setembro de 2009

94) Lucia Hippolito: PT, a vitória dos pelegos

A vitória dos pelegos
Lúcia Hippolito - 22.8.2009

O PT nasceu de cesariana, há 29 anos. O pai foi o movimento sindical, e a mãe, a Igreja Católica, através das Comunidades Eclesiais de Base. Os orgulhosos padrinhos foram, primeiro, o general Golbery do Couto e Silva, que viu dar certo seu projeto de dividir a oposição brasileira. Da árvore frondosa do MDB nasceram o PMDB, o PDT, o PTB e o PT. Foi um dos únicos projetos bem-sucedidos do desastrado estrategista que foi o general Golbery.
Outros orgulhosos padrinhos foram os intelectuais, basicamente paulistas e cariocas, felizes de poder participar do crescimento de um partido puro, nascido na mais nobre das classes sociais, segundo eles: o proletariado.
O PT cresceu como criança mimada, manhosa, voluntariosa e birrenta. Não gostava do capitalismo, preferia o socialismo. Era revolucionário. Dizia que não queria chegar ao poder, mas denunciar os erros das elites brasileiras.
O PT lançava e elegia candidatos, mas não “dançava conforme a música”. Não fazia acordos, não participava de coalizões, não gostava de alianças. Era uma gente pura, ética, que não se misturava com picaretas.
O PT entrou na juventude como muitos outros jovens: mimado, chato e brigando com o mundo adulto. Mas nos estados, o partido começava a ganhar prefeituras e governos, fruto de alianças, conversas e conchavos. E assim os petistas passaram a se relacionar com empresários, empreiteiros, banqueiros.
Tudo muito chique, conforme o figurino.
E em 2002 o PT ingressou finalmente na maioridade. Ganhou a presidência da República. Para isso, teve que se livrar de antigos companheiros, amizades problemáticas. Teve que abrir mão de convicções, amigos de fé, irmãos camaradas.
A primeira desilusão se deu entre intelectuais. Gente da mais alta estirpe, como Francisco de Oliveira, Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho se afastou do partido, seguida de um grupo liderado por Plínio de Arruda Sampaio Júnior.
Em seguida, foi a vez da esquerda. A expulsão de Heloísa Helena em 2004 levou junto Luciana Genro e Chico Al encar, entre outros, que fundaram o PSOL.
Os militantes ligados à Igreja Católica também começaram a se afastar, primeiro aqueles ligados ao deputado Chico Alencar, em seguida Frei Betto.
E agora, bem mais recentemente, o senador Flavio Arns, de fortíssimas ligações familiares com a Igreja Católica. Os ambientalistas, por sua vez, começam a se retirar a partir do desligamento da senadora Marina Silva do partido.
Afinal, quem do grupo fundador ficará no PT?
Os sindicalistas.
Por isso é que se diz que o PT está cada vez mais parecido com o velho PTB de antes de 64. Controlado pelos pelegos, todos aboletados nos ministérios, nas diretorias e nos conselhos das estatais, sempre nas proximidades do presidente da República. Recebendo polpudos salários, mantendo relações delicadas com o empresariado. Cavando benefícios para os seus. Aliando-se ao coronelismo mais arcaico, o novo PT não vai desaparecer,
porque está fortemente enraizado na administração pública dos estados e municípios. Além do governo federal, naturalmente.
É o triunfo da pelegada!

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Comentário PRA:
Eu acho a Lucia muito otimista. O PT atual é muito pior do que o PTB de antigamente, formado por politicos populistas e demagogos e pela nata do peleguismo sindical.
O PT tem esse componente mafioso do sindicalismo -- que piorou muito desde a era Vargas e da Republica de 1946 -- e tem os guerrilheiros reciclados, que sao outra mafia organizada para roubar o Estado burgues pelos piores meios possiveis e nao apenas pela corrupcao individual e artesanal dos velhos tempos. O PT introduziu o assalto em escala industrial, de maneira sistemica.
Se trata de algo muito pior do que o velho PTB, disso nao devemos ter nenhuma duvida, inclusive porque vive metade ainda na clandestinidade das operacoes secretas...

Um comentário:

  1. Numa democracia uma pessoa como a Lucia Hipolito tem o direito de dizer o que quiser em seus artigos. Mas tem que ouvir - e ler, se fosse mais humilde - também aqueles que não concordam com as suas posições, nitidamente conservadoras, eltitistas e, diria até, preconceituosas. Ela faz uma oposição rancorosa, magoada, contra o governo que derrotou nas urnas o seu Psdb/FHC e está fazendo uma administração muito melhor do que os seus antecessores. Ela mente, manipula informãções, analisa equivocadamente a história social recente do país com ares de pretensa cientista política. Nem vale a pena discutir o conteúdo deste texto cheio de equívocos, manipulações e até mentiras. É sobejamente conhecido que todos os intelectuais de esquerda que sairam do PT, e os que sairam do governo, mas continuam com Lula (isso ela não diz), votaram e votarão num eventual segundo turno contra a aliança DEM(ex Arena?Psdb). E ela omite todos os outros intelectuais e políticos não sindicalistas que permanecem com o governo. E não dizem quantos pelegos estão nos cargos principais (os cargos principais do governo, ao que sei, não são ocupados por sindicalistas). E na hipótese de ser a maioria no governo os pelegos preconceituosamente desqualificados por LH estariam se saindo muito bem, não é verdade. O mundo todo está reconhecendo isso.

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