Como sempre ocorre, não existe nenhuma ideologia, nem convicções programáticas nessas conversões, reconversões, mudanças e troca de camisas partidárias de última hora, apenas puro e deslavado oportunismo eleitoreito.
Ainda vou fazer uma matéria sobre a psicologia oportunista dos políticos profissionais.
Por enquanto apenas transcrevo uma matéria sobre o tema.
Partidos alternativos à candidatura Dilma ganham adesões de última hora
Raquel Ulhôa, de Brasília
Valor Econômico, 05/10/2009
Ciro: mudança de domicílio eleitoral foi formalizada na sexta-feira com a declaração de que o presidente da Fiesp é um "grande candidato" ao governo paulista
Na última semana para filiação ou troca partidária de quem pretende disputar eleição em 2010, as movimentações mais expressivas do ponto de vista nacional beneficiaram legendas que oferecem alternativas à candidatura de Dilma Rousseff (ministra chefe da Casa Civil) à Presidência da República.
Sem considerar as mudanças nos Estados, a maioria movida por arranjos políticos locais, os partidos que tiveram ganhos políticos importantes foram PSB, PV e até o PSDB, todos com pré-candidatos a presidente. Nas legendas menores, destaque para o PSC (Partido Social Cristão), que integra a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mas não definiu projeto para 2010.
O PSB do deputado Ciro Gomes - que se coloca como candidato a presidente, mas transferiu domicílio eleitoral do Ceará para São Paulo, abrindo possibilidade de disputar o governo paulista - ganhou o presidente da Federação da Indústria de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que levou um grupo de empresários, o vereador mais votado de São Paulo, Gabriel Chalita (ex-PSDB), o ex-ministro Walfrido Mares Guia (MG) e atletas. "O ambiente está adequado ao PSB, porque teve a coragem de apresentar um projeto para o Brasil", afirma o secretário-geral, senador Renato Casagrande (ES).
O partido chegou a marcar a filiação do senador Adelmir Santana (DEM-DF), mas foi pressionado pelo governador José Roberto Arruda - o único do Democratas - e pela direção nacional do seu partido e ficou.
O PV ganhou a senadora Marina Silva (AC), que deixou o PT para se tornar pré-candidata a presidente. Tirou do PT dois deputados federais e levou para o partido líderes políticos estaduais e um grupo de empresários, entre eles o fundador e co-presidente do conselho de administração da Natura, Guilherme Leal, Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos, e Roberto Klabin, acionista minoritário da fabricante de papel Klabin. O PV cogita colocar um empresário como vice numa eventual chapa de Marina.
O PSDB, de oposição mas com cinco governadores e o pré-candidato a presidente até agora favorito, o governador José Serra (SP), ganhou dois senadores - Flávio Arns (PR), ex-PT, e Expedito Júnior (RO), ex-PMDB - e dois deputados federais, Rita Camata (ES) e Marcelo Itagiba (RJ), ambos deixando o PMDB. Rita pode disputar o Senado na chapa do deputado Luiz Paulo Velloso Lucas (PSDB), candidato a governador. O objetivo é fortalecer o palanque de Serra.
O Rio de Janeiro do deputado Marcelo Itagiba é o maior problema do PSDB no momento. O partido tinha acordo com o deputado Fernando Gabeira (PV), que disputaria o governo em aliança com o PSDB. Mas a possibilidade Marina se lançar atrapalhou o projeto dos tucanos, agora sem aliança no Estado.
Para o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de que o mandato pertence ao partido e não ao eleito, inibiu maiores mudanças. "A fidelidade funcionou. Não foi cumprida à risca, mas, na falta dela, a debandada seria maior."
O PSC, partido que não tinha um senador, ganhou o piauiense Mão Santa (ex-PMDB). A bancada da Câmara ganhou quatro deputados (três saíram do PMDB e um do PSB). Em 2006, o partido elegeu nove deputados federais. Cresceu de lá para cá e, com os novos quadros, agora serão 16.
O partido também atraiu líderes estaduais, como a deputada estadual Maria Luiza Carneiro (ex-PMDB), mulher do prefeito de Salvador, João Henrique (PMDB). O prefeito chegou a negociar sua ida, mas foi mantido no PMDB do ministro Geddel Vieira Lima. Para o vice-presidente nacional do partido, pastor Everaldo Pereira, e o vice-líder da bancada na Câmara, Hugo Leal (RJ), o crescimento deve-se ao fato de "não ter dono" e haver "verdadeira integração entre parlamentares e executiva".
O PMDB, maior partido do país mas sem um projeto nacional, ganhou a filiação mais notória: a do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, visto em Goiás como opção para qualquer cargo, de senador a presidente. Em compensação, perdeu cinco deputados federais e um senador. Quase perdeu outros dois - Geraldo Mesquita (AC) e Valter Pereira (MS) - que permaneceram na legenda após resolverem demandas locais.
O PT perdeu dois senadores - Marina e Arns - e dois deputados federais, que haviam sido punidos pelo partido por divergências programáticas, transferindo-se ao PV. A adesão mais representativa nacionalmente foi a do ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), ainda sem projeto eleitoral para 2010. Com Amorim e Meirelles, dos 37 ministros do governo Lula, agora 31 têm filiação partidária.
Ao PT também se filiaram o empresário Ivo Rosset e sua mulher, Eleonora Rosset, donos da Valisère. Rosset apoia Lula desde 2002. O presidente do partido, deputado federal Ricardo Berzoini (SP) afirma que as poucas mudanças no PT devem-se ao fato de "ser um partido programático". Para ele, quem entra é por concordância e não por conveniência eleitoral.
O DEM, com apenas um governador e sem oferecer perspectiva de poder, perdeu deputados federais e estaduais e evitou a saída de mais gente com a decisão de recorrer à Justiça pedindo os mandatos. Além do DEM, o PPS também adotou essa postura. Evitou a ida de dois deputados federais de Minas Gerais para o PSDB. Mas ganhou William Woo (SP), que saiu do PSDB sem ameaça de perder o mandato.
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