Certas coisas não me dizem respeito: não sou político, não pretendo ser, e vou apenas votar nas eleições do ano que vem por obrigação legal. Sou basicamente um cidadão brasileiro que ama a verdade e a honestidade.
Pois o que o presidente está fazendo contra o eventual candidato Serra não é apenas desonesto intelectualmente, é propriamente odioso, tentando criar um sentimento regional anti-Serra.
Isso é o pior exemplo de política nojenta que se poderia esperar de alguém.
Deixo com alguém mais competente do que eu para rebater. PRA.
LULA, SERRA E OS NORDESTINOS
Reinaldo Azevedo | VEJA.com 16/10/09
Está claro, e os blogueiros de aluguel já insistem na estupidez, que o PT tentará caracterizar José Serra como antinordestino. E a imprensa brasileira vai dizer se vai colaborar ou não com o partido na tática da difamação — que em nada fica a dever a qualquer pregação preconceituosa. Explico-me: o mesmo mecanismo que leva alguém a fazer propaganda contra nordestinos (ou contra mulheres, negros, gays, gordos, sei lá eu…) — e isso seria digno de repúdio — leva a acusar o “outro” de ser contra nordestinos (ou mulheres, negros etc) quando sabe que isso é, obviamente, falso.
Se faço tal acusação contra um adversário meu na esperança de que isso possa prejudicá-lo, espero que eventuais desigualdades sociais ou disparidades regionais sejam usadas como mecanismo de retaliação. Ora, ninguém aciona esse botão para resolver o problema; isso é feito na esperança de que surja um “sentimento coletivo dos discriminados” contra alguém, que é só a força contrária do “sentimento de alguém” contra os “discriminados”. A acusação, entendo, é um crime similar ao do preconceito ele-mesmo. E se trata, é óbvio, de uma vigarice.
Como bem indagou a leitora Yara Chiara, eram os nordestinos que Lula defendia quando emprestou seu apoio a Renan Calheiros, José Sarney e Fernando Collor? Ele estava mesmo pensando na emancipação do povo, no fim da indústria da seca e dos desmandos?Mas não é só isso.
Eis uma briga que Serra deveria comprar. Será mesmo que os “nordestinos pobres de Lula” vivem melhor do que os “nordestinos pobres de Serra”? Será mesmo que Lula deu mais assistência aos nordestinos do Nordeste do que dá São Paulo aos que vivem e trabalham no Estado? Será que os nordestinos de baixa renda do Nordeste, que Lula parece tomar como o fundo do seu quintal, dispõem dos mesmos programas sociais de que dispõem os de baixa renda da cidade de São Paulo?
Pois eu lhes digo — e pouco me importa a popularidade de Lula na região: se o critério for este, então quem não gosta de nordestino é Lula. São Paulo gosta. E ele próprio é o melhor exemplo do que estou dizendo. Há mais programas sociais e escolas na antiga favela de Heliópolis — onde há grande contingente de nordestinos — do que em qualquer cidade pobre daquela região. Mas não só lá.
Nordestinos de todas as faixas de renda se espalham em toos todos os bairros a cidade de São Paulo e dispõem, cada vez mais, de aparelhos públicos com os quais as áreas miseráveis do Nordeste nem podem sonhar. A razão é simples: em vez de pirotecnia, discurso demagógico e megalomania, tem-se assistência social crescente, como hospitais e postos de saúde. Eu desafio Lula a provar que o nordestino pobre do Nordeste, que ele toma como propriedade sua, dispõe de serviços melhores do que o nordestino pobre de São Paulo.
“Ah, você está comparando coisas diferentes! Então os governos dos Estados é que deveriam estar sendo cotejados”. Não estou, não! A ilação vigarista sobre Serra não gostar de nordestinos é de Lula e do PT. Se ele, em vez de torrar bilhões na obra megalômana do São Francisco, tivesse se dedicado à simples construção de cisternas, muitas pessoas que hoje ainda bebem água barrenta estariam bebendo água potável. Muita morte por desidratação teria sido evitada.
Se é assim, o negócio é ir aos números.
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