quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

222) Ciro só disputa Presidência com o aval de Lula

Ciro só disputa Presidência com o aval de Lula
Raymundo Costa e Cristiane Agostine, de Brasília
Valor Econômico, 14/01/2010
Eleições: Candidatura do deputado só será bancada pelo presidente se for necessária para se chegar ao 2º turno

O PSB aposta no programa de rádio e televisão do partido, em fevereiro, para manter de pé a candidatura do deputado Ciro Gomes a presidente da República. "O PSB não tem estrutura partidária, portanto, o tempo de televisão é fundamental", disse o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, após assinar, em Brasília, os protocolos para investimentos nas cidades-sede da Copa do Mundo de 2014.

Muito embora Campos diga que nada mudou em relação à candidatura Ciro, o Valor apurou que o PSB só está disposto a bancar o nome do deputado se o governo e sua base de sustentação política assumirem Ciro como um "candidato do sistema". Isso significa apoio material e a liberação de dois ou três partidos que devem integrar a coligação da candidata do PT, a ministra Dilma Rousseff, para compor a aliança com o PSB.

Sozinho, o PSB avalia que não tem condições materiais de sustentar uma candidatura presidencial. Entre outras coisas, o tempo de rádio e televisão do partido é pequeno, em torno de dois minutos.

Para transformar Ciro num "candidato do sistema", segundo seus dirigentes, o PSB precisa que Lula libere PDT e PCdoB, entre outros, partidos que já que declaram apoio a Dilma. Isso daria mais tempo de televisão e estrutura para Ciro Gomes nas eleições. PT e PMDB - argumentam os dirigentes - já disporiam de tempo suficiente de rádio e TV para enfrentar os tucanos.

Líderes do PSB pretendiam se reunir para discutir o assunto na noite de ontem, aproveitando-se da presença de Eduardo Campos em Brasília. O governador também deveria conversar com Lula. O presidente insiste em lançar apenas um candidato às eleições, mas já disse aos pessebistas não é "cabeça dura" e que se "curvará aos fatos", caso a candidatura Ciro se mostre necessária para a realização de segundo turno. Em alguns cenários traçados com base nas pesquisas atuais, os índices atribuídos ao candidato do PSDB, José Serra, sugerem vitória do tucano no primeiro turno.

A opção de Ciro - e que é a preferida de Lula - é o governo de São Paulo. O problema é que a demora numa definição levou mesmo os setores do PT paulista que apoiavam o projeto a rever sua posição. Na cúpula do PSDB existe uma avaliação segundo a qual Ciro não disputará nenhum dos dois cargos. O PSB, enquanto isso, prefere manter as providências e propor iniciativas como se Ciro fosse candidato a presidente da República. Aposta que a reabilitação nas pesquisas levará Lula a mudar de ideia.

Por isso o PSB tenta definir um cronograma para a campanha Ciro Gomes (CE) presidente. Na reunião prevista para ontem deveria-se tratar da agenda de viagens do deputado pelo país. A avaliação é que se Ciro voltar a subir nas pesquisas, Lula terá de rever seu ponto de vista a respeito de uma eleição "plebiscitária".

O PSB tem um bom motivo para insistir na candidatura de Ciro Gomes: se ele disputa, ajuda na eleição de uma bancada maior de deputados na Câmara, além de fortalecer o partido nas negociações por espaço no próximo governo federal. "Queremos que o projeto de Lula tenha continuidade, mas é bom ter mais alternativas na campanha", disse o senador Renato Casagrande (ES), integrante da Executiva.

Mas para isso é preciso estrutura e o candidato viável que Ciro demonstrava ser antes de ser superado por Dilma nas pesquisas. Em agosto, o deputado tinha mais de 20% no Datafolha, sempre à frente de Dilma Rousseff nos principais cenários. No fim de 2009, em meados de dezembro, não alcançou 15% e foi ultrapassado pela candidata petista. A última pesquisa do Datafolha indicou que pela primeira vez a candidata de Lula se descolou de Ciro e se consolidou na segunda posição, com 23%.

A possibilidade de Ciro disputar o governo de São Paulo, como querem Lula e os estrategistas da campanha de Dilma, é descartada pelo deputado, segundo aliados, apesar de o pessebista ter transferido o domicílio eleitoral do Ceará para o Estado.

Um comentário:

  1. Partido que se preza disputa eleição. Se ganha tem espaço de poder para implementar as sua idéias, se perde tem o momento eleitoral para divulgar suas propostas e assim ganhar força para disputar a próxima eleição.Só justifica não disputar uma eleição majoritária quando o partido não tem um candidato competitivo e este não e o caso do PSB. Ciro além de competitivo tem bagagem para defender as propostas do partido para a sociedade brasileira.

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